domingo, 24 de abril de 2022

Júlio Vallim - novo acordo ortográfico

 Mudanças no alfabeto:


O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram

reintroduzidas as letras k, w e y.

O alfabeto completo passa a ser: 



A B C D E F G H I

J K L M N O P Q R

S T U V W X Y Z 



As letras k, w e y, que na verdade

não tinham desaparecido da maioria

dos dicionários da nossa língua,

são usadas em várias situações. Por

exemplo:


a) na escrita de símbolos de unidades

de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),

W (watt);


b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros

(e seus derivados): show,

playboy, playground, windsurf, kung

fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka,

kafkiano.

Trata-se de uma oficialização.


Trema: 



Não se usa mais o trema (¨), sinal

colocado sobre a letra u para indicar

que ela deve ser pronunciada nos grupos

gue, gui, que, qui.

Como era / Como fica

agüentar / aguentar

argüir / arguir

bilíngüe / bilíngue

cinqüenta / cinquenta

lingüiça / linguiça

sagüi / sagui

seqüência / sequência

Atenção: o trema permanece apenas

nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.

Exemplos: Müller, mülleriano.


Mudanças nas regras de acentuação: 



1. Não se usa mais o acento dos ditongos

abertos éi e ói das palavras

paroxítonas (palavras que têm acento

tônico na penúltima sílaba).


Como era / Como fica

alcalóide      alcaloide

alcatéia        alcateia

andróide       androide

apóia (verbo apoiar) apoia

apóio (verbo apoiar) apoio

asteróide      asteroide

bóia             boia

celulóide      celuloide

clarabóia     claraboia

colméia       colmeia

Coréia        Coreia

debilóide     debiloide

epopéia       epopeia

estóico         estoico

estréia         estreia

geléia          geleia

heróico        heroico

idéia            ideia

jibóia           jiboia

jóia              joia

odisséia        odisseia


Atenção: essa regra é válida somente

para palavras paroxítonas. Assim, continuam

a ser acentuadas as palavras:

oxítonas terminadas em éis, éu, éus,

ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis,

troféu, troféus, Ilhéus. 



2. Nas palavras paroxítonas, não se

usa mais o acento no i e no u tônicos

quando vierem depois de um ditongo.

Como era / Como fica

baiúca baiuca

bocaiúva bocaiuva

feiúra feiura


Atenção: se a palavra for oxítona e o i

ou o u estiverem em posição fi nal (ou

seguidos de s), o acento permanece.

Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí, teiú.

3. Não se usa mais o acento das palavras

terminadas em êem e ôo(s).


Como era / Como fica

Abençôo                 abençoo

crêem (verbo crer) creem

dêem (verbo dar)   deem

dôo (verbo doar)   doo

enjôo                   enjoo

lêem (verbo ler)    leem

magôo (verbo magoar) magoo

perdôo (verbo perdoar) perdoo

povôo (verbo povoar) povoo

vêem (verbo ver)    veem

vôos                       voos

zôo                         zoo


4. Não se usa mais o acento que diferenciava

os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s)

e pêra/pera.

Como era / Como fica 



Ele pára o carro.                 Ele para o carro.

Ele foi ao pólo Norte.           Ele foi ao polo Norte.

Ele gosta de jogar pólo.       Ele gosta de jogar polo.


Atenção:

• Permanece o acento diferencial em

pôde/pode. Pôde é a forma do passado

do verbo poder (pretérito perfeito do

indicativo), na 3a pessoa do singular.

Pode é a forma do presente do indicativo,

na 3a pessoa do singular.


Exemplo: Ontem, ele não pôde sair

mais cedo, mas hoje ele pode.


• Permanece o acento diferencial em

pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.

Exemplo: Vou pôr o livro na estante

que foi feita por mim.


• Permanecem os acentos que diferenciam

o singular do plural dos verbos

ter e vir, assim como de seus derivados

(manter, deter, reter, conter, convir,

intervir, advir etc.).  



Exemplos:

Ele tem dois carros. / Eles têm dois

carros.

Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de

Sorocaba.

Ele mantém a palavra. / Eles mantêm

a palavra.

Ele convém aos estudantes. / Eles

convêm aos estudantes.

Ele detém o poder. / Eles detêm o

poder.

Ele intervém em todas as aulas. / Eles

intervêm em todas as aulas.


• É facultativo o uso do acento circunfl

exo para diferenciar as palavras forma/

fôrma. Em alguns casos, o uso do

acento deixa a frase mais clara. Veja

este exemplo: Qual é a forma da fôrma

do bolo?


5. Não se usa mais o acento agudo no

u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui,

(eles) arguem, do presente do indicativo

dos verbos arguir e redarguir.


6. Há uma variação na pronúncia dos

verbos terminados em guar, quar e

quir, como aguar, averiguar, apaziguar,

desaguar, enxaguar, obliquar,

delinquir etc. Esses verbos admitem

duas pronúncias em algumas formas

do presente do indicativo, do presente

do subjuntivo e também do imperativo.


a) se forem pronunciadas com a ou i

tônicos, essas formas devem ser acentuadas.


Exemplos:

• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas,

enxágua, enxáguam; enxágue,

enxágues, enxáguem.


• verbo delinquir: delínquo, delínques,

delínque, delínquem; delínqua,

delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico,

essas formas deixam de ser acentuadas.

Exemplos (a vogal sublinhada

é tônica, isto é, deve ser pronunciada

mais fortemente que as outras):


• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas,

enxagua, enxaguam; enxague,

enxagues, enxaguem.


• verbo delinquir: delinquo, delinques,

delinque, delinquem; delinqua,

delinquas, delinquam.


Atenção: no Brasil, a pronúncia mais

corrente é a primeira, aquela com a e

i tônicos, embora coexistam ambas as formas.


Uso do hífen: 



Algumas regras do uso do hífen foram

alteradas pelo novo Acordo. Mas,

como se trata ainda de matéria controvertida

em muitos aspectos, para

facilitar a compreensão dos leitores,

apresentamos um resumo das regras

que orientam o uso do hífen com os

prefi xos mais comuns, assim como as

novas orientações estabelecidas pelo

Acordo.

As observações a seguir referem-se

ao uso do hífen em palavras formadas

por prefixos ou por elementos que podem

funcionar como prefixos, como:

aero, agro, além, ante, anti, aquém,

arqui, auto, circum, co, contra, eletro,

entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra,

inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré,

pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub,

super, supra, tele, ultra, vice etc.


1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen

diante de palavra iniciada por h.

Exemplos:

anti-higiênico;

anti-histórico;

macro-história;

mini-hotel;

proto-história;

sobre-humano;

super-homem;

ultra-humano.


Exceção: subumano (nesse caso, a palavra

humano perde o h). 



2. Não se usa o hífen quando o prefi -

xo termina em vogal diferente da vogal

com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos: 



Aeroespacial;

Agroindustrial;

Anteontem;

Antiaéreo;

Antieducativo;

Autoaprendizagem;

Autoescola;

Autoestrada;

Autoinstrução;

Coautor;

Coedição;

Extraescolar;

Infraestrutura. 



Exceção: o prefixo co aglutina-se em

geral com o segundo elemento, mesmo

quando este se inicia por o: coobrigar,

coobrigação, coordenar, cooperar,

coo peração, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo

termina em vogal e o segundo elemento

começa por consoante diferente de

r ou s.  



Exemplos:

Anteprojeto;

Antipedagógico;

Autoproteção;

Coprodução;

Geopolítica;

Microcomputador;

Pseudoprofessor;

Semicírculo;

Semideus;

Seminovo;

Ultramoderno.

Atenção: com o prefixo vice, usa-se

sempre o hífen. Exemplos: vice-rei,

vice-almirante etc.


4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento

começa por r ou s. Nesse caso,

duplicam-se essas letras. Exemplos: 



Antirrábico;

Antirracismo;

Antirreligioso;

Antirrugas;

Antissocial;

Biorritmo;

Contrarregra;

Contrassenso;

Cosseno;

Infrassom;

Microssistema;

Minissaia;

Multissecular;

Neorrealismo;

Neossimbolista;

Semirreta;

Ultrarresistente;

Ultrassom. 



5. Quando o prefixo termina por vogal,

usa-se o hífen se o segundo elemento

começar pela mesma vogal.

Exemplos: 



anti-ibérico

anti-imperialista

anti-inflacionário

anti-inflamatório

auto-observação

contra-almirante

contra-atacar

contra-ataque

micro-ondas

micro-ônibus

semi-internato

semi-interno 



6. Quando o prefixo termina por consoante,

usa-se o hífen se o segundo

elemento começar pela mesma consoante.

Exemplos: 



hiper-requintado

inter-racial

inter-regional

sub-bibliotecário

super-racista

super-reacionário

super-resistente

super-romântico 



Atenção: 



• Nos demais casos não se usa o hífen.

Exemplos: hipermercado, intermunicipal,

superinteressante, superproteção.


• Com o prefi xo sub, usa-se o hífen

também diante de palavra iniciada por

r: sub-região, sub-raça etc.

• Com os prefixos circum e pan, usa-se

o hífen diante de palavra iniciada

por m, n e vogal: circum-navegação,

pan-americano etc. 



7. Quando o prefixo termina por consoante,

não se usa o hífen se o segundo

elemento começar por vogal. Exemplos: 



hiperacidez

hiperativo

interescolar

interestadual


8. Com os prefixos ex, sem, além,

aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se

sempre o hífen. Exemplos: 



além-mar

além-túmulo

aquém-mar

ex-aluno

ex-diretor


9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu

e mirim. Exemplos: amoré-guaçu,

anajá-mirim, capim-açu.


10. Deve-se usar o hífen para ligar

duas ou mais palavras que ocasionalmente

se combinam, formando não

propriamente vocábulos, mas encadeamentos

vocabulares. Exemplos: ponte

Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.


11. Não se deve usar o hífen em certas

palavras que perderam a noção de

composição. Exemplos: 



girassol

madressilva

mandachuva

paraquedas

paraquedista

pontapé


12. Para clareza gráfica, se no final

da linha a partição de uma palavra ou

combinação de palavras coincidir com

o hífen, ele deve ser repetido na linha

seguinte. Exemplos: 



Na cidade, conta-

-se que ele foi viajar.

O diretor recebeu os ex-

-alunos.

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