domingo, 24 de abril de 2022

Júlio Vallim - figuras de linguagem

 Figuras de Linguagem


São recursos especiais que o falante ou escritor usa para transmitir sua comunicação com mais intensidade e beleza.

Podemos classificá-las em três grupos:


1) Figuras de palavras (ou tropos)

2) Figuras de construção (ou de sintaxe)

3) Figuras de pensamento

Figuras de palavras


a) Metáfora: É uma espécie de comparação. Consiste em usar uma palavra com sentido diferente do que lhe é próprio. É uma comparação implícita sem o conectivo. 


Ex: Nero era um monstro.

Doces crianças.

Com o conectivo expresso, não temos metáfora e sim comparação.


b) Metonímia: É o uso de uma palavra por outra na qual existe uma relação através de uma circunstância.


Ex: Nas horas de folga consultava Herculano. (o autor pela obra)

Tomou uma taça de vinho. (o continente pelo conteúdo)


c) Sinédoque: Consiste em aumentar ou diminuir a significação própria de um vocábulo. 


Ex: Ele não tinha teto. (= lar, casa)


d) Catacrese: É o uso de um termo por empréstimo pela falta de outro específico.


Ex: Os pés da cadeira.

A boca do forno.


e) Perífrase: É uma palavra ou expressão que designa os seres por algum de seus predicados, atributos. Referindo-se a uma pessoa, o termo adequado é antonomásia.


Ex: O príncipe dos poetas. (Olavo Bilac)

Cidade Sorriso. (Porto Alegre)

O Rio da Unidade Nacional. (São Francisco)


Figuras de Construção:


a) Elipse: É quando um dos termos da oração está omisso, mas facilmente podemos identificá-lo.


Ex: Fomos ao cinema ontem. (elipse do sujeito nós)

Os homens fazem as leis, as mulheres os costumes. (elipse do verbo fazer)


b) Pleonasmo: É o emprego de palavras redundantes para reforçar a expressão.


Ex: Vi claramente visto.

Desci para baixo.


c) Polissíndeto: É a repetição do conectivo intencionalmente.


Ex: Corre, e brinca, e canta alegremente.


d) Anacoluto: É a interrupção do fio da frase, ficando termos sintaticamente desligados do resto do período.


Ex: “Eu não me importa a desonra do mundo.” (Camilo)


e) Onomatopeia: São palavras que imitam o som ou a voz dos seres.


Ex: “Tíbios flautins finíssimos gritavam.” (Olavo Bilac)


f) Hipérbato: Consiste em alterar a ordem natural dos termos da oração.


Ex: “Vamos dormir dos astros sob o manto.” (Salvador Mendonça)


g) Reticência: Consiste em interromper o pensamento.


Ex: Jovens todos vocês são... são... não sei se devo dizer.


h) Silepse: É a concordância que fazemos não com os termos expressos mas sim com a ideia que eles associam em nossa mente.


1 – Silepse de gênero:


Ex: Vossa Majestade será notificado de tudo. (a palavra destacada concorda com o sexo da pessoa e não com a palavra Majestade, que é feminina).


2 – Silepse de número:


Ex: Corria gente de todos os lados, e gritavam. (Mário Barreto)

(O sujeito, gente, não concordou com o verbo, pois o verbo concorda com a ideia de mais de uma pessoa).


3 – Silepse de pessoa:


Ex: Dizem que os gaúchos somos exigentes. (há inclusão do autor da frase entre os gaúchos, por este motivo o verbo está na 1ª pessoa do plural e não na 3ª pessoa).


Figuras de pensamento


a) Eufemismo: É a suavização de palavras e expressões ofensivas.


Ex: Sofria do Mal do Século. (tuberculose)

O malandro abotoou o paletó. (morreu)


b) Hipérbole: É uma afirmação exagerada.


Ex: Chorou rios de lágrimas.

Decorou dez mil versos.


c) Antítese: É a aproximação de palavras de sentido contrário.


Ex: O ódio e o amor são duas virtudes.

Enquanto uns nascem outros morrem de fome.


d) Ironia: É quando dizemos o contrário do que estamos pensando ou acreditando.


Ex: Fizeste um ótimo trabalho! (para não dizer péssimo)


e) Apóstrofe: É quando nos dirigimos a pessoas ou coisas ausentes ou presentes. Sintaticamente equivale ao vocativo e pode ser usada no discurso direto.


Ex: Nossa! Como você chegou tão rápido!



f) Prosopopeia ou Personificação: É quando emprestamos vida aos seres inanimados, atribuindo qualidades e ações típicas dos seres humanos, como fala, movimento, raciocínio etc.


Ex: Lá fora no jardim a flor que o luar acaricia.

Gemia a flor branca de terror.

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