quarta-feira, 30 de junho de 2021

Noslen - Verbo

 Você ainda tem dificuldade para compreender a função dos verbos? Fica difícil reconhecer um verbo numa frase, especialmente quando está diante de atividades de língua portuguesa? Saiba que muita gente sente esta mesma dificuldade. Por isso, hoje vamos dar algumas dicas que te ajudarão a compreender e a usar esta palavrinha aparentemente enigmática de uma vez por todas!


Para entender a função dessa classe gramatical, é importante, primeiramente, refletir sobre o que é um verbo. Em nossas interações cotidianas, participamos daquilo a que chamamos de discurso. Cada participante tem seu turno de fala, que, sabemos, na maioria das vezes, se organiza de maneira mais caótica do que a teoria prega. Durante nossas trocas conversacionais, assumimos “postos” diferentes e acabamos realizando o papel de pessoas do discurso. Existem, basicamente, três pessoas:


1ª pessoa (singular ou plural): aquela que fala.


2ª pessoa (singular ou plural): aquela com quem se fala.


3ª pessoa (singular ou plural): aquela ou aquilo sobre quem/o que se fala.

Não entendeu? Pois bem, imagine-se conversando com seu amigo sobre aquele filme comentadíssimo, lançado recentemente no cinema. Você, enquanto estiver comentando a respeito do filme, será a 1ª pessoa (aquela que fala), seu amigo, que ouve sua fala, será a 2ª pessoa (aquela com quem se fala) e o filme, ou seja, o assunto da conversa, será a 3ª pessoa (aquilo sobre o que se fala). Obviamente, tais posições se alternam conforme o turno de fala assumido. 


Os verbos costumam permear todas as nossas conversas, tanto que essas pessoas sobre as quais você acabou de ler são, também, chamadas de pessoas verbais. Os verbos aparecem em nossas conversas como forma de exprimir certos eventos situados num determinado tempo, de um determinado modo e com um certo alguém. Quer entender melhor? Leia a frase a seguir. Suponha que você tenha dito ao seu amigo:


“Ontem, finalmente, assisti ao filme.” 


O verbo assistir exprime uma ação realizada por você. Você foi ao cinema, comprou o ingresso e viu o filme. Podemos afirmar que, na frase em destaque, ele está conjugado na 1ª pessoa do singular (eu – a pessoa que fala), no modo indicativo, que costuma referir-se a ações que certamente aconteceram, estão acontecendo ou vão acontecer. O tempo verbal é o pretérito perfeito, pois se trata de uma ação realizada, já concluída. Isso mostra que uma única palavra pode nos dar muitas informações, perceba que o sujeito não precisou estar explícito na frase para percebermos de quem se trata. O verbo nos deu essa informação.

Resumidamente falando, verbos são palavras que expressam ações, estados e fenômenos, todos situados no tempo. Veja um exemplo para cada situação.


 


João trabalha em seu projeto de mestrado. (o verbo trabalhar expressa uma ação.)


João permaneceu calado diante daquela discussão. (o verbo permanecer indica estado.)


Choveu durante toda a noite. (o verbo chover, impessoal, indica um fenômeno.)


Verbos de ação exprimem ações realizadas pelo sujeito, temos como exemplo os verbos comer, trabalhar, estudar, ouvir, cair, entre outros. Ex.: O grupo auxilia pessoas carentes.


Verbos de estado exprimem uma situação ou condição do sujeito. Quando afirmo, por exemplo, que João fala inglês, estou expondo uma condição a seu respeito. Se digo que João está doente, exponho uma situação sua. Ex.: Ela parece pensativa. / O técnico ficou doente.


Verbos que exprimem fenômenos da natureza são, normalmente, impessoais. Temos como exemplo chover, nevar, ventar, entre outros. Ex.: Trovejou a noite inteira.


Exemplos: Gritos interromperam a palestra. (ação) / Seus olhos estavam inquietos. (estado) / Fiquei nervoso. (mudança de estado) / Nevou em São Joaquim. (fenômeno da natureza)


Preparamos, a seguir, um “resumão” que vai te ajudar a entender tudo sobre o funcionamento dessa classe gramatical fundamental nas situações conversacionais. Leia com atenção para se dar bem!

 


Radical, terminação e vogal temática


Radical = é a raiz da palavra (invariável e que costuma se repetir em todas as estruturas, especialmente nos verbos regulares). Veja: eu cozinho, tu cozinhas, ele/ela cozinha, nós cozinhamos, vós cozinhais, eles/elas cozinham.


Perceba que a estrutura em destaque permaneceu a mesma em todas as conjugações. 


Terminação = é a parte do verbo que flexiona conforme modo, tempo, número e pessoa. Observe: eu cozinhei. Recebem nomes específicos: desinência modo-temporal e desinência número-pessoal.


A estrutura em destaque nos dá as seguintes informações: pessoa (1ª pessoa do plural); modo (indicativo); tempo (pretérito perfeito); número (plural).


Vogal temática = caracteriza a conjugação. Pode ser percebida quando o verbo se encontra no infinitivo. São elas:


1ª conjugação: verbos terminados em -AR (amar)


2ª conjugação: verbos terminados em -ER (correr)


3ª conjugação: verbos terminados em -IR (sorrir)


Verbos com terminação em -OR como pôr e seus derivados pertencem à 2ª conjugação. Livros de gramática costumam justificar essa classificação, afirmando que, em certas conjugações, eles conservam a vogal de forma antiga da palavra, e também em formas como poente (sol poente), poedeira (galinha poedeira) e depoimento. Pus-e-stes (por, na forma antiga, era “poer”) ou compus-e-s-te (compor, na forma antiga, componere) são exemplos. 

 


Modos verbais


São eles:


Indicativo: ideia de certeza, convicção.


Exemplo: Caminhamos ontem na praia.


Subjuntivo: ideia de hipótese, condição, incerteza, dúvida.


Exemplo: Se eu caminhasse mais, perderia aqueles quilinhos. 


Imperativo: ideia de ordem, conselho, pedido, súplica, convite, recomendação, alerta.


Exemplo: Caminhe todos os dias, pois faz bem à saúde. 


Tempos verbais


Cada modo verbal apresenta tempos dentro dos quais o verbo pode ser conjugado. O indicativo apresenta:


Pretérito perfeito: ideia de ação ocorrida no passado e já finalizada. Ex.: Eu cozinhei hoje.


Pretérito imperfeito: ideia de ação contínua no passado, que acontece em relação a um fato passado, fato passado impreciso quanto ao tempo. 


Ex.: No meu tempo, aquele chef cozinhava no meu restaurante. 


Dormia quando você entrou e me acordou.


Era uma vez uma menina que morava no alto da colina...


Pretérito mais-que-perfeito: ação realizada no passado, concluída e anterior ao pretérito perfeito. Também é usado para indicar desejo.


Ex.: Ela cozinhara para seus amigos antes de partir. 


Quem me dera!


Presente: ação que ocorre no momento da fala, que expressa um fato ocorrido no passado, uma verdade universal, a atenuação do tom do imperativo, um fato habitual ou até mesmo um fato futuro (mais comum na linguagem informal) Veja os exemplos:


Cozinho seu prato preferido neste momento. (ação ocorrida no momento da fala)


Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil. (atualidade a fato ocorrido no passado - presente histórico)


Amanhã, cozinho aquele prato especial para você. (futuro próximo, com certeza de que ocorrerá)


Não trabalho aos domingos. (ação habitual)


O Brasil possui um imenso litoral. (verdade universal)


Vocês resolvem esse problema para mim? (tom do imperativo atenuado)


Futuro do presente: indica uma ação que vai ocorrer, dúvida ou incerteza, um desejo ou uma ordem, com valor imperativo. Veja os exemplos: 


Cozinharei para meus amigos amanhã. 


Não terás outros deuses além de mim.


Será que o projeto foi concluído?


Futuro do pretérito (ou condicional): exprime uma ação não realizada que depende de uma condição para acontecer, sugestão ou pedido de uma forma mais educada, surpresa ou indignação sobre um fato, fato incerto com hipótese.


Cozinharia para você se não estivesse ocupada. 


Naquela época, eu teria uns trinta anos. (suposição)


Quem diria! (surpresa)


Nunca faria uma coisa dessas! (indignação)


Você poderia repetir o que acabou de dizer? (polidez de um pedido, em substituição ao imperativo)


O subjuntivo apresenta os tempos:


Presente: É necessário que eu cozinhe amanhã. (fato atual expressando uma possibilidade)


Pretérito imperfeito: Se eu cozinhasse bem, passaria no teste. (fato passado dependente de outro)


Futuro: Quando eu cozinhar bem, vou me candidatar à vaga daquele restaurante. (fato futuro relacionado a outro)


Diferente do indicativo e do subjuntivo, o imperativo não possui tempo verbal, apenas uma forma afirmativa e outra negativa.


Afirmativo: Cozinha a pasta por mais tempo. 


Negativo: Não cozinhe a pasta por tanto tempo.


Formas nominais


Ocorrem quando o verbo perde seu valor de verbo e passa a ter valor de nome, podendo, inclusive, exercer a função de substantivo, adjetivo ou advérbio. 


São elas:


Infinitivo = amar


Gerúndio = amando


Particípio = amado


Locuções verbais


Conjuntos de verbos que, em uma mesma oração, desempenham o papel de um único verbo. São compostas por um verbo auxiliar e um verbo principal.


Exemplo: Estava caminhando.


Verbo auxiliar = estava (indica pessoa, tempo e modo da ação)


Verbo principal = caminhando (indica o significado da ação)

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