É possível que você já tenha produzido paralelismos em suas produções textuais e nem tenha se dado conta disso. Para introduzir de forma clara esse conteúdo, podemos dizer que o paralelismo tem relação com a organização das ideias em um texto. Trata-se de um recurso de coesão textual (ou mesmo de coerência) usado para conferir clareza e objetividade às informações de um texto. O paralelismo é uma sequência de estruturas que se correspondem apresentando semelhança entre si. Muitos gramáticos costumam falar em estruturas paralelas e, portanto, simétricas. Uma redação sem tal recurso pode apresentar problemas quanto ao entendimento daquilo que se deseja afirmar.
Para compreendermos melhor, vamos analisar o paralelismo sintático e o paralelismo semântico, que dizem respeito, respectivamente, à simetria entre estruturas sintáticas (normalmente, com a mesma função sintática) e à simetria entre ideias de um texto. Vejamos de que modo se organizam.
Paralelismo sintático
Como você já sabe, quando nos referimos ao paralelismo sintático (também conhecido como paralelismo gramatical), estamos falando, basicamente, de semelhança entre estruturas. Quando mantemos a simetria entre as elas, deixamos o texto mais claro e organizado para o nosso leitor. Vamos observar uma estrutura sem paralelismo para confirmar o quanto isso pode ser prejudicial a um texto.
“Quer ele deseje organizar a festa ou não, a data do evento não será remarcada.”
Ainda que o período contenha duas conjunções alternativas, não há semelhança entre elas, e isso gera uma assimetria quanto ao que é informado. Como deixarmos as informações relacionadas de maneira mais harmoniosa? Vamos conferir no exemplo a seguir.
“Quer ele deseje organizar a festa, quer não deseje, a data do evento não será remarcada.”
No exemplo acima, a igualdade entre as conjunções acabou por deixar o texto com uma maior correção e, consequentemente, mais compreensível aos olhos de quem o lê. Percebeu como manter a semelhança entre estruturas torna a leitura do texto mais fácil? É uma questão de ter domínio e usar recursos textuais a nosso favor. Vamos ler mais alguns exemplos de estruturas com e sem paralelismo sintático.
Sem paralelismo: Não só demonstrou desprezo pelos vizinhos, mas ignorou as regras do condomínio.
Com paralelismo: Não só demonstrou desprezo pelos vizinhos, mas também ignorou as regras do condomínio.
O correto uso das conjunções mantém a organização das estruturas e confirma seu caráter aditivo entre uma e outra oração.
Sem paralelismo: Eu pedi a ele para me encontrar mais cedo e que trouxesse o guarda-chuva.
Com paralelismo: Eu pedi que ele me encontrasse mais cedo e que trouxesse o guarda-chuva.
No exemplo anterior, fica ainda mais perceptível a semelhança entre estruturas sintáticas.
Sem paralelismo: Depois de muitas horas, eles chegaram ao cume da montanha, mas apresentando grande debilidade física.
Com paralelismo: Depois de muitas horas, eles chegaram ao cume da montanha, mas apresentaram grande debilidade física.
A correspondência quanto à conjugação verbal também cria paralelismo sintático e harmoniza as informações no período.
Paralelismo semântico
Como já verificamos no início do post, esse paralelismo estabelece a semelhança entre sentidos dos termos usados em um texto. Verificamos, assim, a relação entre palavras cujos significados se aproximam. É isso que torna um texto coerente. Vamos observar um exemplo retirado da internet de um fragmento sem paralelismo semântico.
“É preciso que os governantes entendam que uma mudança tão brusca como essa afetará a vida de milhões de brasileiros e crianças que vivem no país.”
A estrutura destacada causa, no leitor, a impressão de que brasileiros exclui crianças, ou seja, teríamos brasileiros e crianças de outras nacionalidades. Estranho, não é mesmo?
A proposta de solução para o problema, também retirada da internet, deixa clara a importância do paralelismo. Vejamos a seguir.
“É preciso que os governantes entendam que uma mudança tão brusca como essa afetará a vida de milhões de brasileiros, quer sejam adultos, quer sejam crianças, que vivem no país.”
A criação de um paralelismo sintático resolveu o problema semântico em questão.
Agora, é importante conferirmos outros exemplos de paralelismo semântico para deixar ainda mais claro de que maneira ele ocorre em uma frase.
Sem paralelismo: Com a fome que estava, João comprou pão, queijo e uma nova ferramenta.
Com paralelismo: Com a fome que estava, João comprou pão, queijo e presunto.
Observe que “uma nova ferramenta” não é coerente com as demais informações do período. Quando a substituímos por “presunto”, mantemos o sentido de alimentos que correspondem adequadamente à informação de que João está com fome.
Sem paralelismo: Joana faz aulas de piano, de violão e costura.
Com paralelismo: Joana faz aulas de piano, de violão e de canto.
Mais uma vez, é preciso manter a coerência textual por meio do paralelismo semântico, procurando por palavras semelhantes quanto ao significado.
Sem paralelismo: A gerente do supermercado pediu que Márcio a acompanhasse na vistoria.
Com paralelismo: A gerente do supermercado pediu que o supervisor de caixa a acompanhasse na vistoria.
Quem é Márcio? O que o faz acompanhar a gerente? É preciso estabelecer semelhança entre as informações, o que se resolve com o último exemplo.
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