SINTAXE
(FUNÇÕES SINTÁTICAS)
Funções do substantivo e do pronome
O substantivo e o pronome (bem como a locução substantiva e a locução pronominal) podem exercer dez funções sintáticas: seis relacionadas ao verbo (sujeito, predicativo, objeto direto, objeto indireto, agente da passiva e adjunto adverbial); quatro não-relacionadas ao verbo (adjunto adnominal, complemento nominal, vocativo e aposto). Em suma, exerce todas as funções sintáticas, exceto a de núcleo do predicado verbal, que só pode ser exercida pelo verbo.
I - DE COMO SE RECONHECE O SUJEITO
Queira ver no capítulo da "Concordância Verbal".
II - DE COMO SE RECONHECE O PREDICATIVO
1º) É necessário que o verbo da oração seja um dos seguintes:
ser, estar, permanecer, ficar, continuar, andar, parecer, virar, viver, tornar-se.
2º) É necessário que haja um elemento não-preposicionado que expresse um estado do sujeito. Tal elemento expressa um estado, quando se pode dizer que ele é igual ao sujeito.
Minha prima continua uma bela moça.
(sujeito) (predicativo)
(Minha prima = uma bela moça)
Minha prima continua o enxoval
(sujeito) (objeto direto)
(Minha prima ¹ o enxoval)
Observação:
O predicativo poderá, eventualmente, estar preposicionado. Isso ocorrerá, quando o elemento preposicionado for substituível, sem quebra de sentido, por um adjetivo.
Ele está com saúde.
(=saudável)
Sua atitude era de respeito.
(=respeitosa)
Nota:
Predicativo não é a mesma coisa que predicativo do sujeito e predicativo do objeto. Essas funções veremos mais adiante.
III - DE COMO SE RECONHECE O OBJETO
Elimine-se, antes de qualquer coisa, a hipótese de haver predicativo, porque, havendo predicativo, não haverá objeto.
Eliminada essa hipótese, será objeto o elemento (preposicionado ou não) que completar o sentido de um verbo de idéia incompleta.
Observem-se os seguintes exemplos:
1º) Para alguns, democracia é sinônimo de desordem.
Não há objeto, porque há predicativo (sinônimo).
2º) O seu amor, um cachorrinho, morreu naquela tarde chuvosa e fria.
Não há objeto, porque o verbo tem sentido completo:
O seu amor morreu.
3º) O hábito não faz o monge.
Paulo gosta da sogra.
Nesses casos "o monge" e "da sogra" são objetos, porque completam o sentido dos verbos "faz" e "gosta".
O hábito não faz.......
Paulo gosta.......
OBJETO DIRETO: quando não vem precedido de preposição: o monge:
OBJETO INDIRETO: quando vem precedido de preposição: da sobra.
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO: quando vem precedido de uma preposição dispensável, seja por razões estilísticas ou por exigência do verbo:
O leão matou ao caçador.
(O leão matou o caçador.)
OBJETO PLEONÁSTICO: quando aparece repetido por motivos de ênfase, reforçando a idéia:
Minhas idéias, defendo-as eu.
(Eu defendo minhas idéias)
minhas idéias – objeto direto
as – objeto direto pleonástico
Aos meus comandados, sempre lhes direi a verdade.
(Sempre direi a verdade aos meus comandados.)
aos meus comandados – objeto indireto
lhes – objeto indireto pleonástico
IV - DE COMO SE RECONHECE O AGENTE DA PASSIVA
Será agente da passiva o elemento introduzido pela preposição POR (pelo, pela, pelos, pelas) ou DE (do, da, dos, das) que pratica a ação expressa por um particípio:
Simone foi beijada pelo namorado.
Ele era um palhaço querido das crianças.
Não havendo particípio, é inútil procurar agente da passiva.
V - DE COMO SE RECONHECE O AD- JUNTO ADVERBIAL
Recolhidos o sujeito, o predicativo, os objetos e o agente da passiva, na medida em que existam, classificar-se-ão como adjuntos adverbiais todos os substantivos (ou pronomes substantivos) que ainda se referirem ao verbo:
Às duas horas da tarde, comprei um livro de poesias na Livraria dos Jesuítas.
Sujeito: "eu" (subentendido);
Objeto direto: "um livro de poesias";
Adjuntos adverbiais: "às duas horas da tarde" e “na Livraria dos Jesuítas”.
VI - DE COMO SE RECONHECEM O ADJUNTO ADNOMINAL E COMPLEMENTO NOMINAL
Havendo, na oração, um substantivo (ou um pronome substantivo) antecedido de preposição e não-relacionado ao verbo, ele ou será adjunto adnominal, ou será complemento nominal.
Examine o amigo os exemplos subseqüentes:
Meu tio comprou uma casa de madeira.
(adjunto adnominal)
O medo da morte às vezes faz a vida breve.
(complemento nominal)
Como se vê, "de madeira" e "da morte", além de estarem antecedidos de preposição, não se referem ao verbo. Referem-se, isto sim, às palavras "casa” e “medo", respectivamente.
Se tivéssemos que "chutar" a classificação agora, "chutaríamos" entre adjunto adnominal e complemento nominal, o que nos daria, em cada caso, 50% de probabilidades de acertar.
Entretanto essas possibilidades atingirão o máximo, se atentarmos para as diferenças que existem entre as duas funções.
Ei-las:
ADJUNTO ADNOMINAL
COMPLEMENTO NOMINAL
Refere-se a uma palavra de idéia completa.
Refere-se a uma palavra de idéia incompleta.
É acessório, dispensável.
É integrante, indispensável.
Geralmente, vem precedido da preposição “de” ou “com”.
Pode vir precedido por qualquer preposição.
Encerra idéia de posse, matéria, finalidade ou propriedade. (Veja observação)
Apenas completa o sentido do substantivo, não encerra essas idéias.
Observação:
Mostramos, a seguir, como se deve proceder para reconhecer a idéia:
a) IDÉIA DE POSSE
de = que pertence a
O marido de Josefa. (O marido que pertence a Josefa.)
b) IDÉIA DE MATÉRIA
de = feito de
Casa de madeira. (Casa feita de madeira.)
c) IDÉIA DE FINALIDADE
de = para
Sala de visitas. (Sala para visitas.)
d) IDÉIA DE PROPRIEDADE
de = próprio para ou próprio de
Livro de filosofia. (Livro próprio para filosofia.)
Memória de prodígio. (Memória própria de prodígio.)
É importante observar, por fim, que o adjunto adnominal e o complemento nominal sempre fazem parte de um conjunto que exerce outra função sintática. Assim, em “Meu tio comprou uma casa de madeira”, “de madeira” é adjunto adnominal pertencente ao objeto direto “uma casa de madeira”; em “O medo da morte às vezes faz a vida breve”, “da morte” integra o sujeito “o medo da morte”.
VII - DE COMO SE RECONHECEM O VOCATIVO E, O APOSTO
O vocativo e o aposto têm duas características comuns:
a) não se referem ao verbo;
b) não são preposicionados:
Sois, amigos, o futuro da Pátria! (vocativo)
Chamaco, o jogador, era um artista. (aposto)
As diferenças entre eles:
VOCATIVO
APOSTO
Apresenta ou admite a interjeição "ó".
Não admite a interjeição.
Estamos falando com o ser. (cara a cara, pessoalmente)
Estamos falando sobre o ser. (repórter)
Observação:
O vocativo pode ser deslocado para o início ou para o fim da frase ("Amigos, sois o futuro da Pátria!”), ao passo que o aposto acompanha sempre o elemento a que ele serve de explicação.
VIII - PREDICADO
Predicado é tudo o que se diz do sujeito. Logo, o predicado de uma oração será tudo, descontados o sujeito e o conectivo oracional, quando houver.
a) CLASSIFICAÇÃO DO PREDICADO
O predicado pode ser:
NOMINAL: tratando-se de verbo, ser, estar, permanecer, ficar, continuar, andar, parecer, tornar-se, viver ou virar e havendo relação de igualdade entre o sujeito e o núcleo seguinte:
Helena era uma excelente moça.
VERBO-NOMINAL: tratando-se de qualquer verbo e havendo a possibilidade de desdobramento, sem quebra de sentido da frase, numa locução formada por ele mesmo e um dos verbos da lista anterior:
O guri saiu satisfeito.
(O guri saiu e estava satisfeito.)
Considero o guri inteligente.
(Considero e ele parece inteligente.)
VERBAL:
Em todos os outro casos.
Gostava muito do namorado.
A moça desapareceu.
b) PREDICATIVO, PREDICATIVO DO SUJEITO E PREDICATIVO DO OBJETO
Quando temos um predicado nominal, o predicativo será chamado simplesmente predicativo, porque ele sempre se refere ao sujeito.
Todavia, se o predicado for verbo-nominal, o predicativo será do sujeito, caso se relacione ao sujeito da oração, e será predicativo do objeto, caso se relacione ao objeto da oração.
Assim, nos exemplos "O guri saiu satisfeito" e "Considero Maria inteligente", "satisfeito" é predicativo do sujeito, porque se relaciona a "guri" que, no caso, é sujeito da oração; e "inteligente" é predicativo do objeto, porque se relaciona a "Maria", que, nosso caso, é objeto direto da oração.
Observação:
Tanto o predicativo do sujeito como o predicativo do objeto podem, excepcionalmente, vir precedidos das preposições "de", "em", "para", ou do conectivo "como"; esses elementos, entretanto, não devem ser considerados no desdobramento:
Chamaram-no de mentiroso.
Elegemos aquele homem para nosso chefe.
Ungiram David em rei.
O vigário escolheu Antoninho como sacristão.
C) NÚCLEO DO PREDICADO
Já vimos que predicado é tudo, menos o sujeito, o vocativo (quando houver) e o conetivo oracional.
E qual é o núcleo do predicado?
1º - No predicado verbal, o núcleo é apenas o verbo.
2º - No predicado nominal, o núcleo é apenas o predicativo.
3º - No predicado verbo-nominal, o núcleo é o verbo + o predicativo (do sujeito ou do objeto).
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO ADJETIVO
Sintaticamente, o adjetivo e a locução adjetiva exercem duas funções:
a) Predicativo (predicativo propriamente dito, predicativo do sujeito ou predicativo do objeto) - nas mesmas condições estabelecidas anteriormente:
A realidade é descomunal. (predicativo)
O menino brinca tranqüilo. (predicativo do sujeito)
Encontrei minha irmã pensativa. (predicativo do objeto)
Chamaram-no de medroso. (predicativo do objeto)
b),Adjunto adnominal - em todos os demais casos.
Seus olhos verdes me encantam.
Observação:
Os pronomes adjetivos serão sempre adjuntos adnominais, enquanto os pronomes substantivos exercem as funções próprias do substantivo.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO ARTIGO
O artigo, em análise sintática, só pode ser adjunto adnominal.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO NUMERAL
Os numerais, sintaticamente, têm um comportamento semelhante aos pronomes:
a) quando acompanham (diretamente ou indiretamente) um substantivo, somente poderão exercer a função de adjunto adnominal;
b) quando não acompanham um substantivo, exercem todas as funções deste, nas mesmas circunstâncias:
Dois foram à broca. (sujeito)
Os últimos serão os primeiros. (predicativo)
Ela teve dois. (objeto direto)
Ela gosta dos dois. (Objeto indireto)
Ela era amada pelos dois. (agente da passiva)
Ela saiu com os dois. (adjunto adverbial)
A cara dos dois era de tolerância. (adjunto adnominal)
Ela era receptível aos dois. (complemento nominal)
Treze, és o número da sorte. (vocativo)
Um número, o treze, não me sai da cabeça. (aposto)
FUNÇÕES SINTÁTICAS DO ADVÉRBIO
Os advérbios, bem como as locuções adverbiais, funcionam única e exclusivamente como adjuntos adverbiais.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DA PREPOSIÇÃO
Sintaticamente, as preposições, bem como as locuções prepositivas (que equivalem a uma preposição apenas), pedem exercer duas funções:
a) conectivo vocabular, quando liga dois vocábulos;
b) conectivo oracional, quando liga duas orações.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS CONJUNÇÕES
As conjunções e as locuções conjuntivas, tal como as preposições, exercem a função de conectivos que ligam palavras (O fumo e a bebida fazem mal) ou orações (Não fumo nem bebo). Têm valor semântico (sentido), com exceção da conjunção integrante, que não têm valor semântico específico, apenas liga as orações.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS INTERJEIÇÕES
As interjeições e as locuções interjetivas são palavras-frase, caracterizadas como uma estrutura à parte no discurso, não exercem função sintática. Também não exercem função sintática as palavras e locuções denotativas, o pronome apassivador, o índice de indeterminação do sujeito, a parte integrante do verbo e a partícula expletiva (com função apenas estilística: de ênfase, expressividade).
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