CONCORDÂNCIA VERBAL
I ¾ PRELIMINARES
É a concordância que se faz do verbo com o seu sujeito.
Disso depreendemos que, para fazer uma concordância correta, é tão importante ter presentes as normas que a regem, como reconhecer o sujeito e conjugar o verbo. De nada nos valerá sabermos que o verbo concorda com o sujeito, se não soubermos qual é o sujeito e qual a forma que o verbo deve assumir.
Repõem-se capas de livros.
A certeza de que o exemplo proposto está correto advém-nos dos seguintes fatos:
1º) O sujeito é “capas de livros” (plural);
2º) A 3ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo “repor” é “repõem”;
3º) O verbo concorda, em pessoa e número, com o sujeito.
Iniciemos, portanto, pelo estudo do sujeito, apenas o essencial para o objetivo pretendido: concordância verbal.
Observação:
O conhecimento do sujeito é útil não só para resolver a concordância, mas também ajuda na virgulação, na colocação pronominal e até na interpretação. Os versos
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante”
muitas vezes não são entendidos por desconhecimento de que o sujeito é “as margens plácidas do Ipiranga”, isto é, “As margens plácidas do (rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico”.
II ¾ SUJEITO
1- Reconhecimento
Formula-se a pergunta
QUE(M) É QUE PRATICA OU SOFRE A AÇÃO? (verbos de ação)
QUE(M) É QUE TEM A QUALIDADE? (verbos de ligação)
com o verbo do qual se quer achar o sujeito. A palavra ou expressão que servir de resposta será o sujeito.
A luz alegre do sol iluminou a paisagem.
¾ Que(m) é que iluminou?
¾ A luz alegre do sol. (sujeito)
Dois cuidados importantes a tomar:
a) Ao formular a pergunta, deve-se colocar o verbo sempre na 3ª pessoa do singular, sob pena de obtermos como resposta outro elemento da oração.
Os raios alegres do sol iluminaram a paisagem.
¾ Que(m) é que iluminou?
¾ Os raios alegres do sol. (sujeito)
Se perguntássemos “Que é que iluminaram?”, obteríamos como resposta “a paisagem” que, na verdade, é objeto direto.
b) Se houver, junto ao verbo, a partícula “se”, esta deve ser incluída na pergunta.
Na serra, bebem-se bons vinhos.
¾ Que é que se bebe?
¾ Bons vinhos. (sujeito)
Outros exemplos:
Eu e minhas primas fomos ao campo.
¾ Quem é que foi?
¾ Eu e minhas primas. (sujeito)
Tu e Margô tratastes-me bem.
¾ Quem é que tratou?
¾ Tu e Margô. (sujeito)
Amarra-se o burro segundo a vontade do dono.
¾ Que é que se amarra?
¾ O burro (sujeito)
Naquela casa, não se lia nada
¾ Que é que se lia ?
¾ Nada. (sujeito)
Notas:
1 - Se o período contiver mais de um verbo (período composto), repete-se a pergunta com cada verbo, pois a cada um pode corresponder um sujeito diferente.
Encontravam-se reunidos os líderes do movimento, porque surgiram, naquele dia,
questões para as quais se exigia resposta imediata.
¾ Quem é que se encontrava?
¾ Os líderes do movimento. (sujeito da 1ª oração)
¾ Que é que surgiu?
¾ Questões. (sujeito da 2ª oração)
¾ Que é que se exigia?
¾ Resposta imediata. (sujeito da 3ª oração)
2 - A rigor, não há necessidade de se fazer a pergunta, se o verbo estiver na 1ª ou 2ª pessoa do singular ou plural, pois, em geral, o sujeito será “eu”, “tu” “nós” ou “vós”. Só não será “nós” ou “vós”, se foram substituídos por uma expressão equivalente: eu, tu e ele (=nós), eu e ele (=nós), tu e ele (=vós).
Morena linda, serei o teu cantor. (eu)
Quando ouvires a minha voz, despertarás. (tu e tu)
Em nossas almas, encontraremos páginas... (nós)
Descrentes, perdoai a nossa fé. (vós)
“Deus, Ó Deus!... Onde estás que não respondes?” (tu e tu)
2 - Verbos Impessoais
Verbos Impessoais são os verbos que não têm sujeito; por isso, evidentemente, não se faz pergunta para achá-lo.
São eles:
Haver
O verbo haver é impessoal:
a) quando significa existir; isto é, quando pode ser substituído por existir:
Ainda há flores.
(Ainda existem flores.)
Havia poucas mulheres na fila.
(Existiam poucas mulheres na fila.)
Haja rapazes solteiros para tantas moças bonitas.
(Existam rapazes solteiros para tantas moças bonitas.)
Haverá momentos melhores que este?
(Existirão momentos melhores que este?)
Se houver lugares, reserve dois, por favor!
(Se existirem lugares, reserve dois, por favor!)
Observação:
Impessoal é o verbo “haver” significando “existir”, mas o verbo “existir” é pessoal e concorda com o sujeito. Também, neste caso, não se deve usar o verbo ter neste sentido, embora seja comum na linguagem coloquial brasileira e em escritores renomados.
Errado: Tem coisas que só a Philco faz para você.
Certo: Há coisas que só a Philco faz para você.
Certo: Existem coisas que só a Philco faz para você.
b) quando indica tempo decorrido, isto é, quando pode ser substituído por fazer:
Li, há dias, um belo livro.
(Li, faz dias, um belo livro.)
Observação:
Na indicação de tempo, é comum ocorrer dúvida entre HÁ ou A. Facilmente verificamos quando se deve usar Há, verbo HAVER, porque, nesse caso, é possível substituí-lo por FAZ. Além disso, o tempo de que se trata já decorreu.
Há dez dias, programou este passeio.
(Faz dez dias, programou este passeio.)
Trabalho há muitos anos.
(Trabalho faz muitos anos.)
Se o tempo for futuro, será impossível usar FAZ. Isso prova que não se trata do verbo HAVER, mas de simples preposição.
Daqui a dez dias, voltará para casa.
Saiu daqui há (= faz) pouco, mas voltará daqui a pouco.
Noutras acepções, o verbo HAVER é pessoal, isto é, possui sujeito.
“Hão de chorar por ela os sinamomos.”
¾ Quem é que há de chorar?
¾ Os sinamomos. (sujeito)
Os ministros houveram por bem decretar o aumento dos impostos
¾ Quem é que houve?
¾ Os ministros. (sujeito)
Fazer
Esse verbo é impessoal:
a) na indicação de tempo cronológico:
Faz duzentos anos que a democracia começou.
Amanhã fará dois meses que iniciamos esse trabalho.
Vinha lutando, fazia muitos anos.
b) na indicação de tempo meteorológico:
Fez muito frio neste inverno.
Fazia dias quentes quando me resfriei.
Observação:
Neste caso, também é impessoal o verbo ESTAR:
Agora está calor.
Ser
Na indicação de tempo (horário e datas), distâncias e estado do tempo, o verbo SER também não apresenta sujeito.
São 10 horas, e ela não vem.
Quando eclodiu a revolta, eram 31 de março de 1964.
De uma praia a outra, são 10 quilômetros.
O gado morria: era inverno.
Chover
E todos os verbos que denotam fenômenos da natureza: anoitecer, nevar, trovejar, gear, relampejar, amanhecer etc.
No verão, anoitece lentamente.
Choveu durante toda a noite.
Empregados em sentido figurado, esses verbos perdem a impessoalidade:
No salão, choviam confetes e serpentinas:
¾ Que é que chovia?
¾ Confetes e serpentinas. (sujeito)
Observação importante:
Todos os verbos impessoais, quando fazem parte de uma locução verbal, transmitem sua impessoalidade aos verbos que os acompanham. Diz o professor Édison de Oliveira que verbo impessoal é doente contagioso.
Poderá haver problemas.
Vai fazer cinco anos que não volto lá.
Está havendo discordância entre os pares.
REGRA
Verbo impessoal (exceto o diferentão do SER) sempre se emprega na 3ª pessoa do singular.
(Observem-se os exemplos dados.)
Classificação do Sujeito
a) Simples - quando há um só núcleo, expresso ou subentendido:
Os pobres não optaram pela pobreza.
Os luminosos raios do sol nascente douravam as copadas das árvores.
Tu venceste pelos teus méritos.
Construiremos uma nação forte. (Nós, subentendido)
Observação:
Não existe a classificação sujeito oculto, embora muitas gramáticas a usem, pois oculto significa que está escondido.
b) Composto - quando houver mais do que um núcleo, caso em que sempre estará expresso:
Saúde e felicidade valem mais que dinheiro.
Tu e eu lutamos pelo mesmo ideal.
Jornal velho e café requentado são pouco apreciados.
c) Indeterminado - quando existe, mas não está expresso, nem pode ser determinado.
Em dois casos, forma-se esse sujeito:
1º - com o verbo na 3ª pessoa do plural, sem precisar o agente da ação:
Andam falando mal de ti.
Bateram na porta.
Observe-se que a concordância se faz com eles (3ª pessoa plural), mas que esse eles pode ser apenas um ele que não se pode precisar. Se disséssemos “Eles andam falando mal de ti”, saberíamos precisamente quem são eles.
2º - com o verbo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do se, não havendo nada na frase que responde à pergunta “Que(m) é que se...?”
Precisa-se de serventes.
Fala-se mal de ti na empresa.
Aqui se vive em paz.
Observação:
No primeiro exemplo, há quem pense que de serventes responde à pergunta “Que(m) é que se precisa?”, escrevendo, por isso, precisam-se. A esses incautos advertimos que o sujeito jamais aparece precedido de preposição, e “de” é preposição. O referido exemplo é diferente de “Exigem-se bons serventes”, em que bons serventes responde à pergunta “Que é que se exige?” e não está precedido de preposição.
Fique, portanto, enfatizado que, nesse tipo de sujeito indeterminado, emprega-se o verbo, obrigatoriamente, na 3ª pessoa do singular.
Pode-se indeterminar o sujeito com verbos transitivos diretos, desde que o objeto direto venha preposicionado.
Bebeu-se do vinho. (do vinho não pode ser sujeito, porque é precedido de preposição)
III — REGRAS GERAIS DE CONCORDÂNCIA
a) Para o sujeito simples
Eis a regra mais importante da concordância verbal:
O verbo concorda em pessoa e número com o seu sujeito.
Assim é que, achado o sujeito, sendo ele simples, só resta colocar o verbo em conformidade com o mesmo:
“Por que Deus fez da mulher o suspiro do moço e o sumidouro do velho?”
“Iam-se os homens como as folhas secas das árvores.”
Soaram 12 horas no sino da matriz.
O sino da matriz soou 12 badaladas.
Bateram 6 horas no relógio da varanda.
O relógio da varanda deu 6 horas.
Nota:
Os erros mais freqüentes na aplicação dessa regra ocorrem quando o sujeito está depois do verbo e no plural:
No mundo, existem milhares de periódicos.
Ouvem-se por toda parte os gemidos dos infelizes.
b) Para o sujeito composto
Sendo o sujeito composto, o verbo vai:
1 - para a 1ª pessoa do plural, se contiver “eu”:
Eu, tu e ele estamos no mesmo nível.
Tu e eu somos velhos amigos.
Eu e Helena assistíamos ao filme.
Maurício, João e eu formamos a comissão de inquérito.
2 - para a 2ª pessoa do plural, se contiver “tu” (sem “eu”):
Tu, minhas primas e teu irmão fazeis maus papéis.
Nesse caso, também se admite a 3ª pessoa do plural:
Tu, minhas primas e teu irmão fazem maus papéis.
3 - para a 3ª pessoa do plural, nos demais casos:
Um homem e uma mulher lançaram-se em sua perseguição.
Observação:
Se o sujeito composto estiver depois do verbo, este pode ir para o plural, segundo o que acima se disse, mas também pode simplesmente concordar com o núcleo que estiver mais próximo:
Já chegaram ao local o professor e sua turma.
Já chegou ao local o professor e sua turma.
Àquela entediosa reunião comparecemos eu, meu chefe e um amigo.
Àquela entediosa reunião compareci eu, meu chefe e um amigo.
IV ¾ REGRAS ESPECIAIS
1 - O sujeito é uma gradação — O verbo fica no singular ou vai para o plural:
Um vento, uma ventania, o maior furacão não os inquietava.
Um vento, uma ventania, o maior furacão não os inquietavam.
2 - Sujeito resumido por pronome indefinido como tudo, nada, alguém, ninguém, cada um etc. ¾ O verbo deve concordar com esse elemento:
O local, o horário, o clima, nada nos favorecia.
3 - Sujeito formado por nome próprio plural — O verbo só vai ao plural, se houver, antes, um artigo no plural. Em caso de títulos de obras, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural:
Vassouras fica no Rio de Janeiro.
O Amazonas preocupa os ecologistas.
Os Andes percorrem a América do Sul.
Os Estados Unidos incluem-se entre as nações democráticas.
Os Sertões contam a saga de Canudos.
Os Sertões conta a saga de Canudos.
4 - O sujeito é que ¾ O verbo concorda com o precedente do que:
São fatos que não ocorrem.
Sou eu que mando aqui.
5 - O sujeito é quem ¾ O verbo concorda com o antecedente ou vai para a 3ª pessoa do singular:
Fostes vós quem errastes.
Fostes vós quem errou.
6 - O sujeito é qual de nós, quais de vós, quantos de nós, quem de vós etc. ¾ Se o pronome interrogativo estiver no singular, o verbo fica no singular. Se o interrogativo estiver no plural, o verbo vai para a 3ª pessoa do plural, ou concorda com o pronome pessoal.
Qual de vós errou?
Quais de vós erraram?
Quais de vós errastes?
7 - O sujeito é mais de..., menos de... ¾ O verbo concorda com o numeral que se segue:
Mais de um apostador acertou.
Mais de dez apostadores acertaram.
Menos de dois apostadores acertaram.
Exceção: Se houver idéia de reciprocidade ou repetição da expressão:
Mais de um parlamentar se criticaram.
Mais de um funcionário, mais de um estagiário tiraram férias.
8 - O sujeito é uma expressão de tratamento ¾ O verbo vai para a 3ª pessoa: do singular, se a expressão de tratamento estiver no singular; do plural, se a expressão de tratamento estiver no plural.
V. S.a fique tranqüilo
V. S.as fiquem tranqüilos.
9 - Núcleos ligados por ou ¾ O verbo vai:
a) para o singular, se houver idéia de exclusão ou sinonímia:
Ou o criminoso ou o réu era chamado a depor cada um por sua vez.
O complemento verbal ou o objeto é um termo integrante da oração.
b) para o plural, se houver idéia de adição e concorda com o núcleo mais próximo, se houver idéia de retificação:
Matemática ou Física exigem raciocínio lógico.
O professor de cada matéria ou os professores devem entregar as notas até o final do trimestre.
10 - Silepse ou concordância ideológica ¾ Quando o sujeito estiver na 3ª pessoa do plural, e a pessoa que fala ou escreve sente-se partícipe dele, o verbo pode (não é necessário) ser empregado na 1ª pessoa do plural:
Os homens somos todos corruptíveis.
Os brasileiros caracterizamo-nos como imprevidentes.
O Presidente da República faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei
11 - O sujeito é um e outro ¾ O verbo tanto pode ir para o plural como para o singular:
Um e outro traziam ilusões na bagagem.
Um e outro trazia ilusões na bagagem.
Mas se o sujeito for um ou outro ou nem um nem outro, o verbo deve ser empregado no singular:
Um ou outro procurará novos rumos.
Nem um nem outro esperava a reconciliação.
12 - Sujeito constituído de dois núcleos ligados por com ¾ O verbo:
a) ficará no singular, se o segundo núcleo estiver entre vírgulas. Neste caso, o sujeito é composto e o com funciona como conjunção aditiva:
A jovem loira, com seu cachorro na coleira, desfilava no parque.
b) irá para o plural, se não houver vírgulas. Neste caso, o sujeito é simples e o termo funciona como adjunto adverbial de companhia:
O Padre com o sacristão olhavam indiferentes.
13 - Parecer mais infinitivo ¾ Há duas construções possíveis:
As nuvens pareciam derramar água.
As nuvens parecia derramarem água.
14 - Haja vista ¾ Nesta expressão, vista permanece invariável; o que varia, concordando com o sujeito, é o verbo. Como conectivo, não existem as formas haja visto, haja vistos e haja vistas:
Haja vista o fato.
Hajam vista os fatos.
Haja visto é tempo composto do verbo ver.
Espero que eles hajam visto o filme.
15 - Concordância facultativa ¾ A concordância do verbo será facultativa:
a) se o sujeito for constituído de núcleos sinônimos:
Medo e temor nos acompanha/acompanham sempre.
b) se o sujeito é um coletivo distanciado do verbo:
A multidão, embora os oradores previamente inscritos prolongassem os seus discursos insípidos, esperou/es-peraram pacientemente a palavra do seu grande líder.
c) se o sujeito for um coletivo seguido de substantivo no plural:
Um grupo de torcedores invadiu/invadiram o gramado:
d) se o sujeito for um dos que:
Eu fui um dos que errou/erraram.
e) se o sujeito for uma expressão numérica aproximativa: cerca de... ou perto de...
Passou-se/Passaram-se cerca de duas horas.
f) se o sujeito for uma expressão partitiva, como “a maior parte de...”, “a maioria de...” etc., um coletivo, número percentual, fracionário ou decimal, seguido de um especificador no plural:
A maior parte dos alunos não estuda/estudam.
V ¾ CONCORDÂNCIA DO VERBO “SER”
1) O verbo “ser” obedece, em geral, às mesmas normas até aqui propostas, mas, se estiver entre dois núcleos das seguintes classes, em ordem: PRONOME PESSOAL ¾ PESSOA ¾ SUBSTANTIVO CONCRETO ¾ SUBSTANTIVO ABSTRATO ¾ PRONOME INDEFINIDO, ele concordará com a classe precedente, sem levar em conta a função por ela exercida. Assim:
Tu és Maria. Maria és tu.
Maria é minhas alegrias. Minhas alegrias é Maria.
As terras são a riqueza. A riqueza são as terras.
Tudo são flores.
Tudo são emoções.
2) Casos Especiais
a) Na indicação de horas, datas e distâncias - Nesses casos, como já vimos, o verbo “ser” é impessoal, isto é, não tem sujeito; portanto, concordará com a expressão central do predicativo:
Agora, são duas horas.
Quando eles chegaram, era meio-dia e vinte.
Hoje, são quatorze de maio.
Hoje, é dia quatorze de maio.
Daqui à vila, são cinco quilômetros.
b) As expressões explicativas e retificadoras “isto é” e “ou seja” são invariáveis:
Vieram três convidados, ou seja, os pais e um irmão.
c) As expressões de quantidade (peso, medida, preço, tempo, valor etc.) como “é muito”, “é pouco”, “é demais” etc. também são invariáveis:
Vinte anos para escrever um livro é muito.
Um é pouco, dois é bom, três é demais.
d) A partícula expletiva é que também não varia. (Expletivo significa dispensável, sem função sintática, com uso apenas estilístico)
Eu é que sei disso.
(Eu sei disso.)
VI ¾ LOCUÇÕES VERBAIS
Há locução verbal, quando o sujeito é comum aos verbos que a constituem:
As artes deverão perpetuar as glórias do homem.
Poderiam surgir conflitos, se nada se fizesse.
A realidade precisa ser encarada corajosamente.
Talvez possam ambos viajar juntos.
Os ideais devem ser perseguidos tenazmente.
Como se observa nos exemplos, apenas o primeiro verbo (auxiliar) entra em conformidade (concorda) com o sujeito, permanecendo o infinitivo invariável. Estão, pois, erradas frases assim:
Talvez possam ambos viajarem juntos.
Os ideais devem serem perseguidos tenazmente.
Poderiam, se nada se fizesse, surgirem conflitos.
Observação:
Quando os verbos têm seu sujeito próprio, com os verbos causativos e sensitivos, há uma falsa locução verbal, quando na verdade são dois verbos, cada um com sua autonomia; por isso, cada verbo concorda com o respectivo sujeito:
O professor mandou os alunos estudarem.
O professor mandou estudarem os alunos.
Desenvolvendo a oração:
O professor mandou que os alunos estudassem.
Causativos são os verbos que expressam uma ação que leva a uma consequência, como deixar, mandar e fazer.
Sensitivos são os verbos que indicam a existência de um dos sentidos, como ver, ouvir e sentir.
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