COLOCAÇÃO DOS
PRONOMES OBLÍQUOS
ÁTONOS
Lista:
me, te, se, o, a, os, as, lhe, lhes, nos, vos.
Estes pronomes são clíticos, isto é, não possuem acento próprio.
Posições:
PRÓCLISE: antes do verbo - proclítico.
Nada se perdeu.
MESÓCLISE: no meio do verbo - mesoclítico.
Dirigir-lhe-emos a palavra.
ÊNCLISE: depois do verbo - enclítico.
Fugiram-nos as palavras.
Formas verbais e posições permitidas:
Particípio - próclise: permite / ênclise: não permite / mesóclise: não permite
Futuro do presente - próclise: permite / ênclise: não permite / mesóclise: permite
Futuro do pretérito - próclise: permite / ênclise: não permite / mesóclise: permite
Futuro do subjuntivo - próclise: permite / ênclise: não permite / mesóclise: não permite
Demais formas - próclise: permite / ênclise: permite / mesóclise: não permite
Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do particípio, do futuro do presente, futuro do pretérito e do futuro do subjuntivo, permitem também ênclise. Somente os tempos futuro do presente e futuro do pretérito permitem mesóclise.
I - REGRAS DE COLOCAÇÃO NAS FORMAS FINITAS
Nota: Formas finitas do verbo são todos os seis tempos simples (presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito) e os quatro tempos compostos (pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito) do MODO INDICATIVO, os três tempos simples (presente, pretérito imperfeito, futuro) e os três tempos compostos do MODO SUBJUNTIVO (pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro), e as duas formas do MODO IMPERATIVO (afirmativo, negativo).
As formas infinitas são o GERÚNDIO, PARTICÍPIO (regular e irregular) e INFINITIVO (pessoal e impessoal).
PRÓCLISE
1. Estamos obrigados a colocar o pronome oblíquo em posição de próclise quando, antes e na mesma oração do verbo em que ele (o pronome) se apóia, existir qualquer uma das seis classes gramaticais seguintes:
a) conjunção subordinativa integrante ou adverbial;
Exemplo: Se me for útil, comprarei o relógio.
b) pronome relativo;
Exemplo: Foi ele que me mostrou tudo.
c) pronome ou advérbio interrogativo;
Exemplo: Quem nos ajudará no concurso?
d) pronome indefinido;
Exemplo: No fim das contas, tudo se esclarece como deveria.
e) pronome demonstrativo;
Exemplo: Esse me deixou feliz.
f) advérbio ou locução adverbial (não seguido de vírgula).
Exemplo: Sempre te contei tudo.
Novo exemplo:
O homem produz pouco, quando se alimenta mal.
Próclise, porque, antes do verbo alimentar, está a conjunção subordinativa quando que a exige. Observe-se que esse quando está na mesma oração do verbo em que se apóia o pronome se.
1ª Oração: o homem produz pouco
2ª Oração: quando se alimenta mal
Veja-se, agora, este outro exemplo:
O homem produz pouco, quando, pela ausência de diversidade de culturas agrícolas e pela falta de orientação, se alimenta mal.
A palavra quando, embora não esteja imediatamente antes do verbo, continua a exigir próclise, porque está na mesma oração do verbo alimentar.
1ª Oração: O homem produz pouco
2º Oração: quando, pela ausência de diversidade de culturas agrícolas e pela falta de orientação, se alimenta mal.
Tomemos, finalmente, o seguinte exemplo:
O homem que trabalha realiza-se.
Não deve ser próclise? Não! O pronome relativo que, embora esteja antes do verbo realizar, está em uma oração diferente deste:
1ª Oração: O homem realiza-se
2ª Oração: que trabalha
Concluímos, pois, que não basta a palavra de força atrativa estar antes do verbo em que se apóia o pronome oblíquo; é necessário também que pertença à mesma oração do verbo.
Se, antes do verbo, existir advérbio, este exigirá próclise, quando não estiver seguido de vírgula:
'Aqui vos trago provisões' (Gonçalves Dias')
Mas:
Talvez, digam-lhe a verdade.
Resulta disso que as palavras e expressões negativas se constroem, quase sempre, com próclise:
Nunca se sabe no que vai dar.
2. Se o sujeito estiver logo antes do verbo, a próclise será facultativa, com pronomes pessoais e possessivos, pronomes de tratamento, conjunções coordenativas, substantivos e numerais:
Ele se feriu. ou Ele feriu-se.
O homem se supera. ou O homem supera-se.
Os três te avisarão. ou Os três avisar-te-ão.
Vossa Excelência se impressionou. ou Vossa Excelência impressionou-se.
Pensou, mas arrependeu-se. ou Pensou, mas se arrependeu.
Os seus te lembraram. ou Os seus lembraram-se.
Nota: Essa faculdade não pode contrariar a REGRA 1. Se o sujeito for um pronome indefinido, a próclise será obrigatória:
Ninguém me convencerá.
Tudo se fez em prol da causa.
3. Faz-se próclise também nas orações interrogativas iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos, orações exclamativas iniciadas por palavra exclamativa e orações optativas (orações que exprimem desejo) e com as formas verbais proparoxítonas e com as orações sindéticas alternativas:
Quem te disse que ele não viria?
Quanto me custa dizer a verdade!
Deus te guie!
Nós a encontráramos antes de ele chegar.
Ou me apresenta o trabalho, ou te reprovarei.
MESÓCLISE
Respeitadas as regras estabelecidas para a próclise, far-se-á mesóclise, caso o verbo esteja no FUTURO DO PRESENTE (cantarei, procuraremos, direis, amará etc.) ou no FUTURO DO PRETÉRITO (cantaria, procuraríamos, diríeis, amaria etc.). É uma colocação restrita à linguagem formal, culta e literária, não ocorrendo na fala espontânea de nenhum falante do português do Brasil, a menos que seja intencional. Geralmente é substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir. Deve ser evitada em textos argumentativos, por conferir um tom cerimonioso ao discurso.
Procurar-te-emos no escritório.
Diante de uma platéia educada, cantar-se-ia melhor.
Os amigos sinceros lembrar-nos-ão um dia.
Ênclise
Nos demais casos.
Arrependeu-se do que fez.
Digam-me a verdade.
II - REGRAS DE COLOCAÇÃO NAS FORMAS INFINITAS
GERÚNDIO
¾ precedido em “EM” ou de advérbio não-virgulado: PRÓCLISE
¾ demais casos: ÊNCLISE
Em se tratando de internet, eu sou um especialista.
Usaremos essa técnica, pouco nos interessando o que a crítica possa dizer.
Ele falou francamente, revelando-nos a verdade.
INFINITIVO IMPESSOAL
¾ negativo ou precedido de qualquer preposição: PRÓCLISE OU ÊNCLISE
¾ demais casos: ÊNCLISE
Para te dizer a verdade, não sei se ele virá. ou
Para dizer-te a verdade, não sei se ele virá.
Sua intenção era não se contrariar. ou
Sua intenção era não contrariar-se.
Convém contar-lhe tudo.
Ofender-te não era minha intenção.
INFINITIVO PESSOAL ou FUTURO DO SUBJUNTIVO
- sempre PRÓCLISE
Para nos realizarmos, devemos seguir nosso ideal.
Quando nos formarmos, teremos um plano novo.
PARTICÍPIO
jamais aceita ÊNCLISE.
Em 'é importante superá-la', parece futuro do subjuntivo, mas na verdade o verbo está no infinitivo.Basta substituir o verbo 'superar', que é regular, por um irregular, como 'fazer', por exemplo. Teremos o seguinte: 'é importante fazê-la'.
III - ÊNCLISE DOS PRONOMES “O”, “A”, “OS” e “AS”
1. Se a forma verbal termina por R, S ou Z, suprime-se esse R, S ou Z e antepõe-se L ao pronome oblíquo:
procurar + o = procurá - lo
dissestes + o = disseste - lo
diz + o = di - lo
2. Se o verbo termina por um ditongo nasal (ão, õe) ou por m, antepõe-se n ao pronome oblíquo:
dão + o = dão-no
repõe + o = repõe-no
dizem + o = dizem-no
3. Nos demais casos, nada varia.
Observação:
Ao colocar o pronome nos após as formas verbais terminadas em –mos, suprime-se o s:
dirigimos-nos = dirigimo-nos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário