PROBLEMAS
ORTOGRÁFICOS
TERMINAÇÕES
1. Terminações -ez (-eza), -ês (-esa)
Observe os exemplos:
Grupo 1 Grupo 2
gentil ........ gentileza campo.......camponês, camponesa
belo .......... beleza barão........ baronesa
mole ......... moleza burgo ........burguês, burguesa
fluido ........ fluidez Pequim......pequinês, pequinesa
insensato .. insensatez Portugal.....português, portuguesa
No Grupo 1, a palavra primitiva é adjetivo, e a derivada, substantivo.
No Grupo 2, a palavra primitiva é substantivo, e a derivada, adjetivo.
Portanto, usa-se -ez(-eza), quando a palavra deriva de um adjetivo, e -ês(-esa), quando a palavra deriva de um substantivo.
2. Terminação -oso(s), -osa(s)
Essa terminação (sufixo) forma muitas palavras adjetivas na Língua Portuguesa. É desnecessário dizer que ela será sempre com “s”: bondoso(s), bondosa(s); gasoso(s), gasosa(s); bilioso(s), biliosa(s); maravilhoso(s), maravilhosa(s).
O substantivo gozo(s) e todas as formas do verbo gozar (eu gozo, tu gozas, ele goza etc.) são com z, mas constitui regra e não exceção, porque essas palavras não têm sufixos, isto é, não são derivadas de outra menor, mas primitivas.
3. Teminações -izar, -(is)ar
Com a terminação izar (sufixo com z), formam-se muitos verbos na Língua Portuguesa:
canal ......... canalizar
bárbaro ..... barbarizar
nacional .... nacionalizar
estilo ......... estilizar
humano ..... humanizar
Observe-se que, realmente, acrescentamos -izar, retirando, quando muito, uma letra da palavra primitiva.
Há alguns verbos que, aparentemente, apresentam a terminação -isar (com “s”):
análise ...... analisar
paralisia .... paralisar
pesquisa .... pesquisar
friso ............ frisar
Observe-se que, nestes exemplos, acrescentamos apenas -ar, pois is já estava na palavra primitiva, o que significa não há sufixo representado por -isar, e sim o acréscimo da terminação verbal -ar da 1ª conjugação. O verdadeiro sufixo é -izar.
Exceções: catequese - catequizar / síntese - sintetizar / hipnose - hipnotizar / batismo - batizar / ênfase - enfatizar (lembre-se da sigla de um famoso banco, só que com E no final: HSBCE)
- IZAR - quando a palavra primitiva não oferece IS.
- ISAR - quando a palavra primitiva oferece IS.
Nota: A conjugação desses verbos, bem como as palavras que se formam a partir deles, evidentemente, mantêm o z ou o s, conforme o caso:
canalizar - canalização, canalizado, canalizamos etc;
paralisar - paralisação, paralisado, paralisaremos, paralisando etc.
4. Terminação -inho
Esse sufixo liga-se ao radical por duas maneiras:
diretamente, eliminando, quando muito, uma vogal da palavra primitiva:
curral + inho = curralinho, dent(e) + inho = dentinho, nariz + inho = narizinho, barc(o) + inho = barquinho, cant(o) + inho = cantinho, lag(o) + inho = laguinho.
As consoantes finais do radical l, z, t, c, (transformada em qu) e g (transformada em gu)] permitem que esta ligação direta aconteça.
Isso igualmente acontece, quando a consoante final da palavra primitiva, tomada no singular, for o “s”. Por isso, temos:
país + inho = paisinho, mes(a) + inha = mesinha, pes(o) + inho = pesinho, Luís(a) + inha = Luisinha.
Nestes exemplos, seria tão absurdo substituir o s por outra letra (z), como seria absurdo substituir as consoantes dos exemplos anteriores.
Entretanto, se o radical não oferecer uma consoante que permita essa ligação espontânea, natural, será preciso recorrer a uma, que se acrescenta; e essa consoante deverá ser o z, e apenas o z:
pai + z + inho = paizinho, mãe + z + inha = mãezinha, guri + z + inho = gurizinho, árvore + z + inha = arvorezinha.
- (S) INHO- quando o radical oferecer S.
- ZINHO- quando o radical não oferecer S ou outra consoante.
Observação: As palavras formadas com sufixos como -ito, -al, -ão, arão, -arrão obedecem à mesma norma ortográfica:
piá + z + ito = piazito, pai + z + ão = paizão, capim + z + al = capinzal, homem + z + arrão = homenzarrão; lápis + ito = lapisito, Luís + ão = Luisão, cas(a) + arão = casarão.
5. Terminações -gem e -gio:
Eis terminações que geralmente se grafam com g: garagem, a viagem, fuligem, ferrugem, vertigem, origem, linguagem, passagem, reportagem, imagem, paisagem, massagem, mensagem, contagem, coragem, pastagem, carruagem. São exceções à regra: pajem, lajem e lambujem.
Mesma regra para as terminações -gio: estágio, pedágio, contágio, plágio, naufrágio, régio, egrégio, colégio, privilégio, sortilégio, sacrilégio, prodígio, litígio, vestígio, necrológio, relógio, refúgio, subterfúgio.
Todavia, os verbos em -ajar, -ijar e -ujar (viajar, alijar, enferrujar etc.) mantêm, na conjugação, o j. Por isso, temos: que eles viajem, que eles alijem, que eles enferrujem etc.
Nota: As pessoas mais desavisadas têm certa dificuldade em distinguir, na frase, o substantivo viagem (com g) do verbo viajem (com j). A elas basta que se diga que o substantivo admite o plural viagens e que o verbo pode mudar para qualquer outra pessoa (viaje, viajemos etc.);
Que viajem! Na próxima vez, viajem vocês.
(Que viagens! Na próxima vez, viaje você.)
6. Terminações -ear, -iar
Muitos são os verbos terminados em -ear e -iar. Eis alguns:
campear passear financiar
veranear acarear aviar
estrear negociar amaciar
recear acariciar copiar
Como evitar trocas entre e e i na hora de empregar essas formas infinitivas?
Conjugando o verbo na primeira pessoa do presente do indicativo: se esta terminar em -eio, o infinitivo será com -ear; se terminar em -io, o infinitivo será com –iar:
eu campeio
eu passeio
eu financio
eu veraneio
eu acareio
eu avio
eu estréio
eu negocio
eu amacio
eu receio
eu acaricio
eu copio
Observação:
Apenas seis verbos fazem “eu -eio”, apresentando, contudo, o infinitivo com -iar. São os da “Regra do MÁRIO”: mediar, ansiar, remediar, intermediar, incendiar e odiar. Só existe um verbo terminado em -eiar: veiar (formar riscas ou estrias).
7. Terminações -(e)eiro -(e)eira, -(i)eiro, -(i)eira
Às vezes, surgem dúvidas entre o emprego de e ou i antes das terminações -eiro, -eira. A dúvida desaparece, se atentarmos para a origem da palavra formada com essas terminações, pois a letra da dúvida (e ou i) será a mesma que estiver na palavra primitiva:
cume .......
cumeeira
estância ....
estancieiro
lume ........
lumeeiro
espécie .....
especieiro
candeia......
candeeiro
frio ...........
frieira
areia ..........
areeiro
8. Terminações -am, -ão
Nas formas verbais, a terminação será -am (e não -ão), se a sílaba tônica for a penúltima (paroxítona): captaram, fizeram, comeram, realizaram. Se a sílaba tônica for a última (oxítona), a terminação será -ão: cantarão, venderão, farão, comerão. A primeira terminação é usada no pretérito perfeito ou no pretérito mais-que-perfeito, a segunda é usada no futuro do presente.
LETRAS
1. X
Jamais use ch em vez de x, se houver ditongo antes:
caixa, faixa, peixe, ameixa, frouxo, baixo, eixo, feixe, frouxo, baixela, paixão, rebaixar.
Em geral, depois de me e mi iniciais:
mexer, mexerica, México, mexilhão, mixaria.
Exceção: a mecha.
Em geral, depois de en.
enxame, enxoval, enxada, enxugar, enxaguar, enxergar, enxaqueca, enxurrada, enxofre, enxerido, enxuto.
Observação:
Se a palavra derivar de uma que tem ch, este se mantém. Trata-se de regra, e não de exceção, como querem alguns:
encher, enchente, enchimento, preencher (cheio), encharcar (charco), enchumaçar (chumaço)
2. Correlação nd x ns / pel x puls / rt x rs / corr x curs
Escreva ns, rt, rg, puls ou curs, se houver outra da família com nd, pel, rt ou corr:
compreensão (compreender), extensão (estender), pretensão (pretender), ascensão (ascender), ofensa (ofender), defesa (defender), apreensão (apreender), repreensão (repreender), suspensão (suspender), distensão (distender), tensão (tender)
impelir (impulsão), expelir (expulsão), repelir (repulsão), compelir (compulsório)
inverter (inversão), verter (versão), converter (conversão), reverter (reversão), divertir (diversão), perverter (perversão), subverter (subversão), imergir (imersão), aspergir (aspersão), emergir (emersão), submergir (submersão)
correr (curso), concorrer (concurso), discorrer (discurso), recorrer (recurso), percorrer (percurso)
Atenção se escreve com ç porque é derivado de ater-se, e não de atender. O ato de atender é atendimento.
3. Correlação c x z
Na dúvida entre z ou s em certos vocábulos, basta ver se há uma família que se escreve com c:
atroz (atrocidade), falaz (falácia), vizinho (vicinal).
Vocabulário: falaz = enganador
4. Correlação to, tor e tivo x ç, -r + ç, ar x ç
Outra correlação entre palavras da mesma família que soluciona muitas dúvidas:
exceção (exceto), torcer, torção (torto), isenção (isento), conjunção (conjunto), intenção (intento), erudição (erudito), junção (junto), extinção (extinto)
redação (redator), condução (condutor), eleição (eleitor), instrução (instrutor), trator (tração), seção (setor).
relação (relativo), intuição (intuitivo), ação (ativo), introspecção (introspectivo).
preparar (preparação), combinar (combinação), significar (significação), abreviar (abreviação), predicar (predicação)
investigar (investigação), marcar (marcação), exclamar (exclamação), fundar (fundação), tentar (tentação), nadar (natação), aceitar (aceitação), experimentar (experimentação), revelar (revelação), exportar (exportação).
E também os substantivos derivados de verbos terminados em uzir:
reduzir (redução), produzir (produção), conduzir (condução), seduzir (sedução), traduzir (tradução), deduzir (dedução), induzir (indução), reproduzir (reprodução), introduzir (introdução).
5. Correlações ced x cess, prim x press, gred x gress, tir x ssão
concessão (conceder), cessão (ceder), sucessão (suceder), processo (proceder), retrocesso (retroceder), acesso (aceder), excesso (exceder), agressão (agredir), progressão (progredir), transgressão (transgredir), regressão (regredir), opressão (oprimir), impressão (imprimir), reprimir (repressão), deprimir (depressão), suprimir (supressão), exprimir (expressão), discussão (discutir), repercussão (repercutir), eletrocussão (eletrocutir), admitir (admissão), demitir (demissão), permitir (permissão), transmitir (transmissão), emitir (emissão), omitir (omissão)
Vocabulário: eletrocutir = eletrocutar
6. “H” mudo no meio só na bahia dos baianos
desonesto, desonra, desarmonia, desumidificar, inábil, reabilitar, reidratar, reaver, subumano, exaurir, lobisomem, biebdomadário, carboidrato.
7. K, W, Y
São usadas apenas em palavras estrangeiras (show, marketing) abreviaturas (W.C. - “water-closet”), símbolos (kg - quilograma) e nomes próprios (Kant, Byron) ou palavras derivadas deles (kantismo, byroniano).
8. S e NÃO Z
Depois de ditongo, usa-se sempre s. Somente nomes próprios aceitam dupla grafia:
lousa, maisena, Sousa (Souza), náusea, Neusa (Neuza), causa, ausência, pausa, aplauso, faisão, Luís (Luiz), Luísa (Luíza), Inês (Inez), Eliseu (Elizeu), Teresa (Teresa, Theresa ou Thereza), Isabel (Izabel), Tomás (Tomáz ou Thomas), Baltasar (Baltazar), Queirós (Queiroz).
Se a palavra não for oxítona, jamais use z no fim, exceto em nomes próprios:
ourives, lápis, ônibus, grátis, pires, tênis, Álvares, Ramires, Rodrigues.
Com uma exceção:
A terminação triz é sempre com z:
cicatriz, aprendiz, imperatriz, geratriz, embaixatriz, Beatriz, diretriz
III - PALAVRAS E EXPRESSÕES
JEITO é com “j”, porque não tem outro jeito. E assim seus derivados: jeitoso, ajeitar, desajeitado, conjectura, dejeto, dejetar, ejetar, injeção, injetar, interjeição, interjetivo, objeção, objetivo, objeto, projeção, projetar, projeto, projétil, projetor, rejeitar, rejeição, sujeito, subjetivo, trajeto, trajetória
REIvindicar - REI, depois “vindicar”, assim como reivindicação, reivindicado, reivindicante, reivindicador, reivindicável, reivindicativo, reivindicatório etc. Não existe 'revindicar'.
Nada tem a ver com o prefixo RE de reinvenção, reintegração. Se reinventar é inventar novamente e reintegrar é integrar de novo, reinvindicar, se existisse, deveria ser 'invindicar de novo'.
3. Se laranja é com j, laranjeira também será. Se cume é com e, cumeeira manterá o e. Se candeia tem e depois do d, candeeiro manterá o e. E, assim, a grafia correta de muitas palavras depende apenas de observação inteligente.
4. A FIM DE (QUE) - Se há DE ou QUE separado, separe o A. AFIM (junto) significa afinidade e, geralmente, é usado no plural, no singular só é usado na matemática, na expressão função afim:
Nós temos idéias afins.
5. QUIS (com S) e FIZ (com Z). Por quê? Ligue-se no infinito, no nome do verbo. Se este contiver Z, está na cara que ele não deve ser trocado por S na conjugação. Se o infinitivo não contiver Z, então, na conjunção, devemos usar S. Quiz existe, mas significa jogo de perguntas e respostas, questionário, programa de TV que segue esse formato:
FAZER (com Z) - fiz, fizemos, fizesse etc.
DIZER (com Z) - diz, dizemos, dizia etc.
APRAZER (com Z) - apraz, aprazia etc.
TRAZER (com Z) - traz, trazia, trazem.
Mas:
QUERER (sem Z) - quis, quiseste, quisera etc.
PÔR (sem Z, e derivados) - pus, pôs, repusemos, compusera etc.
USAR (sem Z) - usou, usara, usasse etc.
6. EXPECTATIVA (com X), que significa espera.
ESPECTADOR, o que assiste a um espetáculo, é que é com S, daí derivam espetacular e telespectador.
7. Os verbos terminados em uir mantêm o i na 3ª pessoa do singular:
possui, constitui, inclui, contribui, atribui, retribui, evolui, substitui, instrui. Construir, destruir e reconstruir são exceções (constrói, destrói e reconstrói).
8. PRIVILÉGIO (com i) vem de PRIVADO (com i), os derivados também serão com i: privilegiar, privilegiado, desprivilegiar, desprivilegiado.
9. CONSCIÊNCIA todo mundo sabe que é com sc; logo, os derivados serão com sc:
consciente, conscientizar, inconsciente, subconsciente, conscientização etc.
10. ATRASADO, segundo o Prof. Édison de Oliveira, é quem escreve atrasado com z.
11. EXCESSO - Não confundir com exceção. Excesso é o resultado do ato de exceder (o que excede o normal, exagero ou descomedimento, abuso ou violência, cúmulo) e exceção é o ato de excluir (condição privilegiada, desvio dos padrões convencionais ou de uma regra e generalização, defesa indireta do réu)
12. A PAR x AO PAR - A expressão de uso comum é a par. Ao par usa-se no mundo financeiro para indicar equivalência de moedas e títulos. A par de (=ao lado de) é sinônimo de de par com:
A par da (ou De par com a) beleza, devemos ressaltar sua inteligência.
13. AFORA
Andava pelo mundo afora.
Afora o líder, todos riram.
Existem de fora, por fora, em fora; mas não existe à fora. É, pois, erro grosseiro escrever: “Andava pelo mundo à fora”.
14. TAMPOUCO x TÃO POUCO - Tampouco significa nem:
Não fuma, tampouco bebe.
Tão pouco traz a idéia de muito pouco:
Ele estuda tão pouco, que não passará no concurso.
15. TÃO-SÓ e TÃO-SOMENTE - São expressões que tão-somente servem para reforçar somente. Empregam-se com hífen.
16. ACERCA DE x HÁ CERCA DE x A CERCA DE - As três expressões são usadas: a primeira significa a respeito de (Só falava acerca de suas aventuras); a segunda indica tempo transcorrido, em que há é igual a faz (Há cerca de dez anos, estávamos no início desta obra); a terceira indica um tempo futuro (Daqui a cerca de três meses iniciaremos a obra).
17. IR AO ENCONTRO DA NAMORADA ou IR DE ENCONTRO À NAMORADA?
É muito melhor ir ao encontro da namorada (na direção, a favor). Ir de encontro a significa ir contra, em sentido contrário:
O automóvel foi de encontro ao barranco.
Minha opinião vai de encontro à sua.
18. AO INVÉS DE x EM VEZ DE - Aproximam-se no significado, mas não são exatamente iguais. Ao invés de traz a idéia de ao contrário de:
Quando ouviu a piada, ao invés de rir, chorou.
Em vez de significa em lugar de:
Em vez de trabalhar, foi ao cinema.
19. PORVENTURA Significa por acaso. Por ventura existe, mas significa por sorte.
20. EMPECILHO (com e e lh) - Não vem de impedir, e sim de empecer, que significa estorvar, criar obstáculos.
IV - EMPREGO DO HÍFEN
1 - Certos prefixos, às vezes, exigem hífen.
Examinemos este quadro:
Palavra iniciada por:
PREFIXOS
VOGAL
h
r
s
a) pseudo, auto, neo, infra, supra, extra, proto, intra, contra, ultra, semi
SIM
SIM
SIM
SIM
b) circum, pan, mal
SIM
SIM
NÃO
NÃO
c) ante, anti, arqui, sobre
NÃO
SIM
SIM
SIM
d) super, inter, hiper
NÃO
SIM
SIM
NÃO
e) sub (também se separa antes de b.)
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
Exemplos:
a) pseudo-homem, auto-retrato, neo-sectário, infra-assinado, supra-renal, extra-oficial, (“extraordinário” é uma exceção consagrada pelo uso), proto-história, intra-uterino, contra-revolucionário, ultra-som, semi-reta, semi-índio;
b) circum-adjacente, circum-hospitalar, pan-americano, pan-helenismo, mal-estar, mal-humorado; mas: circunsessão, circunrodar, pansexual, panruralismo, malroupido, malsão;
c) ante-histórico, ante-sala, ante-republicano, arqui-rabino, arqui-secular, sobre-humano, sobre-restar; mas: anteontem, antimperialista, arquiavô, sobreaviso, sobreminência.
d) super-homem, super-resistente, inter-humano, inter-radical: mas: superativo, superinfluente, superunião, interurbano, interagir, intersindical.
e) sub-reitor, sub-ramo, sub-base, sub-biblioteca; mas: subalimentado, subalugar, suboficial, subumano, subsolo, subseção.
Observação:
Atente-se bem para o fato de que todos esses prefixos se unirão à palavra radical, se esta não começar por vogal, h, r, ou s (HORAS - o e a representam as vogais).
Sem HORAS, não haverá hífen.
Neoclássico, autodidata, internacional, pseudoprogresso, superbase, infravermelho, circumpolar, malcriado, supermercado, subchefe, subdiretor, antebraço, anticristo.
2 - Sempre exigirão hífen:
a) prefixos tônicos, com acento: além, aquém, recém, pré, pró, pós, grã, grão: além-túmulo, além-mar, aquém-fronteira, pró-creches, pós-guerra, grão-mestre, grã-finagem. Se átonos, não haverá hífen: posposição, predefinido, progredir.
b) soto, sota, vice: soto-mestre, sota-piloto, vice-governador, vice-presidente, vice-prefeito, vice-campeão, vice-reitor, vice-diretor, vizo-rei.
c) bem, sem: bem-humorado, sem-vergonha, bem-amado, bem-estar, sem-cerimônia (informalidade, grosseria), sem-teto, sem-fim (infinidade), sem-número (imensidão), sem-terra. Exceção: sensabor.
d) ex, significando estado anterior, que já foi: ex-colega, ex-presidente, ex-empregado, ex-diretor, ex-funcionário, ex-esposa, ex-namorado, ex-marido, ex-ministro, ex-juiz.
Atenção: excursão (ex = movimento para fora - sem hífen) / extraordinário (prefixo extra)
e) não e quase, quando empregado como prefixo: não-agressão, não-alinhado, não-violência, não-participação, não-fumante, quase-posse, quase-domicílio, quase-delito, quase-irmão.
3 - Nunca exigirão hífen outros elementos de composição que não têm vida própria na língua, tais como: micro, macro, termo, bi, tri, tetra, penta, hexa, hepta, aero, angi, bio, cis, ego, eletro, fisio, hemi, hidro, mono, multi, mini, maxi, neuro, oni, psico, quadri, radio, retro, sesqui, tele, termo, turbo, zoo: microônibus, macroatacado, termodinâmica, bicampeão, aeroespacial, anfiteatro, bioexaustor, cisplatino, egocentrista, eletromagnético, fisioterapia, retropropulsor, telejornalismo, turboélice, zoobotânica.
Observação: Quando os elementos que não exigem hífen se ligam a palavras iniciadas por h, r, e s poderá ser necessário fazer adaptação ortográfica:
sub + humano = subumano (não há “h” mudo no meio),
turbo + hélice = turboélice,
mini + série = minissérie; tele + sala = telessala (sem ss teríamos de ler 'minizérie' e 'telezala')
radio + repórter = radiorrepórter (sem rr teríamos de ler 'radiorepórter')
V - POR QUE - POR QUÊ - PORQUE - PORQUÊ(s)
Não se trata, como dizem por aí, da mesma palavra com grafias diferentes; trata-se, na verdade, de palavras de categorias diferentes, cujo emprego depende da frase em que se inserem.
Vejamos cada caso:
POR QUE
Funciona como advérbio interrogativo, nas frases interrogativas diretas ou indiretas:
Por que discordas de mim? (interrogativa direta)
Gostaria de saber por que discordas de mim. (interrogativa indireta)
Por que há tanta celeuma? (interrogativa direta)
Dize-me por que há tanta celeuma. (interrogativa indireta)
Pode ser, ainda, a preposição por e o pronome relativo que. Ora, se pode ser pronome precedido de preposição, à semelhança de a que, de que, em que etc., está errado quem diz que se usa por que somente nas perguntas:
A causa por que lutamos vencerá.
Os caminhos por que andamos são tortuosos.
Comprova-se, na prática, o uso de por que (preposição e pronome separados), substituindo-os pela expressão PELO QUAL (PELOS QUAIS, PELA QUAL, PELAS QUAIS):
A causa pela qual lutamos vencerá.
Os caminhos pelos quais andamos são tortuosos.
Embora não seja necessário, porque as frases interrogativas são fáceis de reconhecer, artifício semelhante pode ser aplicado ao advérbio interrogativo:
Por qual razão há tanta celeuma?
Dize-me a razão pela qual há tanta celeuma.
Resumindo, usa-se por que, sempre que for possível substituí-lo por uma expressão onde apareça QUAL ou QUAIS.
POR QUÊ
Só pode ser advérbio interrogativo:
Vieste tão tarde, por quê ?
Podes sair, mas quero saber por quê.
Por quê, afinal ?
O acento se justifica pelo fato de o quê haver adquirido tonicidade, o que acontece quando for insulado ou está em final de frase. Pelos exemplos, observa-se que é muito freqüente nos diálogos das narrativas.
Seu reconhecimento, na prática, faz-se pelo mesmo artifício do anterior. Receberá o acento, se bater num sinal de pontuação.
PORQUE
É sempre conjunção. Em geral, é substituível por POIS e nunca é substituível por uma expressão em que aparece QUAL ou QUAIS:
Trabalha, porque o trabalho enobrece.
Há pessoas que não se abatem, porque possuem muita força de vontade.
Na prática, se não for substituível por POIS, reconhece-se pela exclusão de POR QUE e POR QUÊ:
Neste capítulo, há muitos porquês, mas é porque ele versa sobre eles e não porque o autor seja maníaco
PORQUÊ(S)
Trata-se de uma substantivação. Como ocorre com os substantivos em geral, admite ser pluralizado, ao contrário dos casos anteriores em que temos palavras invariáveis. Vem precedido de um artigo ou outro determinante, como pronome, numeral ou adjetivo:
Não é fácil compreender o porquê desse comportamento.
Eram muitos porquês, que começamos a duvidar.
Se o pomos ou podemos pô-lo no plural, usemos PORQUÊS ou PORQUÊ.
VI - QUE, QUÊ(S)
O “que” é a palavra que mais funções pode exercer na frase (pronome, preposição, conjunção, advérbio, partícula expletiva etc.). Isso, entretanto, não nos interessa analisar aqui. Para os objetivos deste capítulo, basta que saibamos os raros casos nos quais deve ser acentuado por adquirir tonicidade.
Esses casos, podemos reduzi-los a dois:
1)quando encerra a frase ou for exclamativo (expressa espanto, admiração, surpresa), circunstâncias em que virá necessariamente seguido de um sinal forte de pontuação:
Disseste o quê?
Quê! Não acredito.
2) quando for substantivado, caso em que admite ser pluralizado:
Tinha um quê estranho no olhar.
(Tinha uns quês estranhos no olhar.)
Fora esses casos, o que não é acentuado.
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