FONÉTICA
É a parte da gramática que estuda os sons da fala humana, ou seja, os fonemas.
1. Fonemas
Fonemas são sons da fala humana que, sós ou combinados, formam as sílabas que, por sua vez, formam as palavras.
2. Fonemas e Sílabas - Diferença
Não há que confundir fonema e sílaba, coisas bem diferentes. Uma sílaba pode conter um (a-go-ra), dois (a-go-ra), três (es-tre-la), quatro (cris-tão) e até cinco (felds-pa-to) fonemas.
3. Letras
Letras são as representações gráficas (símbolos convencionados) dos fonemas.
4. Fonema e Letra - Diferença
Fonema pronuncia-se e ouve-se; letra escreve-se e vê-se. Fonema é som, letra é representação do som.
Uma palavra pode ter igual número de fonemas e letras:
cabelo - 6 letras e 6 fonemas.
O número de letras pode ser maior do que o número de fonemas:
hoje - 4 letras e 3 fonemas, pois o “h” não é pronunciado, é letra meramente histórica;
guerra - 6 letras e 4 fonemas, pois os dígrafos “gu” e “rr” representam apenas um fonema cada um;
tanto - 5 letras e 4 fonemas, pois o “n” apenas faz com que o “a” seja nasalizado.
Há, ainda, palavras que possuem mais fonemas do que letras:
tóxico - 6 letras e 7 fonemas, pois o “x” equivale a /cs/.
Por outro lado, um mesmo fonema pode ser representado por letras diferentes, como podem, também, fonemas diferentes ser representados por uma mesma letra:
mesa, beleza - as letras s e z representam o mesmo fonema /z/;
expectativa (x = /s/), exame (x = /z/), táxi (x = /cs/), próximo (x = /ss/), caixa (x = /ch/) - em cada uma o “x” representa fonemas diferentes.
Por aí se vê que não há, rigorosamente, um símbolo gráfico (letra) para cada fonema de nossa língua. Essa discrepância entre fonemas e letras é a responsável pela maior parte das dificuldades ortográficas que enfrentamos.
5. Nome da letra
Não se confunda o nome da letra com o fonema respectivo. Assim, ele, eme, erre, cê são os nomes das letras l, m, r, c.
Os fonemas são os sons que a leitura dessas letras produz na palavra.
6. Classificação dos Fonemas
a) VOGAIS
Não são simplesmente as letras a, e, i, o, u. Em quilo, a letra u nem é fonema.
A vogal é fonema básico de toda sílaba. Não há sílaba sem vogal e não pode haver mais de uma vogal numa sílaba. Por outra, o número de vogais de um vocábulo é igual ao número de sílabas; inversamente, o número de sílabas é igual ao número de vogais.
b) CONSOANTES
Como o próprio nome sugere, consoantes são os fonemas que, para serem emitidos, necessitam do amparo de outros fonemas, ou seja, das vogais.
Cabe relembrar que, para haver consoante, é necessário o fonema (ruído) e não a letra (escrita). Assim, em “hipótese”, não há a consoante “h”, mas apenas essa letra; em “ilha”, a consoante única é o fonema representado pelas letras “lh”; em “manga”, o “n” não é consoante, porque não constitui fonema, mas apenas indica a nasalização do “a”.
c) SEMIVOGAIS
Constituem os fonemas intermediários entre as vogais e as consoantes: não têm a fraqueza destas nem a autonomia daquelas. São, na prática, o “i” e o “u”, quando, ao lado de uma vogal autêntica, soam levemente, sem a força de vogal. O “e” e o “o”, sempre que, na mesma circunstância, forem pronunciados, respectivamente, como “i” e “u”, também serão semivogais.
Comparem-se as diferenças de intensidades dos fonemas grifados, nas palavras que seguem:
Semivogais
Vogais
Pais
país
Mau
baú
Mágoa
pessoa
Vídeo
Leo
Mário
Maria
Observações:
1ª) O a é sempre vogal, aberto ou fechado, oral ou nasal.
2ª) Qualquer uma das letras a, e, i, o, u, isolada ou entre duas consoantes, será vogal.
3ª) O fonema que receber o acento tônico será obviamente vogal.
4ª) Pode haver duas vogais juntas, mas jamais se juntarão duas semivogais.
7. Grupos ou Encontros Vocálicos
Chamam-se assim os grupos ou encontros constituídos de dois ou mais fonemas vocálicos (vogais e semivogais).
a) DITONGO
É o grupo constituído de uma vogal e uma semivogal ou vice-versa.
O ditongo pode ser:
crescente - quando a semivogal vem antes: série, água, vítreo, nódoa, quando, freqüente;
decrescente - quando a semivogal vem depois: leite, baixo, céu, herói, mão, mãe, põe, muito.
Qualquer ditongo ainda pode ser:
oral - quando emitido sem a participação das fossas nasais: série, água, vítreo, nódoa, quase, leite, baixo, céu;
nasal - quando há participação das fossas nasais: quando, freqüente, põe, muito, esperam, vem, comunhão.
Na prática, os ditongo nasais são:
1 - os que levam o til: sabão, anões, mãe, cãibra;
2 - os que vêm seguidos de “m” ou “n” na mesma sílaba: quando, guampa;
3 - o “ui” de mui e muito;
4 - os grupos “em”, “en”, “ens” e “am” no final de vocábulos: também, éden, edens, armam.
b) HIATO
É o encontro de duas vogais: pessoa, guria, saúde, saída, coordenar.
Observação:
Todas as vogais repetidas constituem hiatos e, por isso, devem ser pronunciadas separadamente: crêem, caatinga, vôo, niilismo, reencontro.
c) TRITONGO
É o grupo formado por uma vogal entre duas semivogais: quais, saguão, Uruguai.
Observação:
Uma vogal ladeada por semivogais é o único jeito possível de haver tritongo. Acautele-se, pois, o leitor contra a falsa impressão de tritongo que podem dar palavras como “raio”, “tamoio”, “veraneio”, “bóia”, “idéia”. Observe-se que não há tritongo pelo simples fato de que é uma semivogal que está entre duas vogais. Tem sido norma gramatical separar as sílabas dessas palavras assim: rai-o, ta-moi-o, ve-ra-nei-o, bói-a, i-déi-a, formando, portanto, ditongos decrescentes.
Os tritongos podem ser:
orais - quando emitidos sem a participação das fossas nasais: Paraguai, desiguais;
nasais - quando emitidos com a participação das fossas nasais: saguão, enxáguam, ágüem.
8. Encontros Consonantais
São as seqüências de duas ou mais consoantes: vidro, digno, escrita. Podem ser perfeitos (na mesma sílaba), como em Brasil e claro, imperfeitos (em sílabas diferentes), como em magnético e objetivo ou mistos (que misturam os dois modos descritos), como em destreza, filtração e displicência
Observação:
Os encontros consonantais disjuntos (separados silabicamente), como os de “advogados”, “ritmo”, “opção”, “digno”, por serem de difícil elocução, têm proporcionado verdadeiras aberrações fonéticas e até ortográficas. É comum ouvirmos e às vezes até vemos tais palavras escritas assim: “adevogados”, “rítimo”, “opição”, “diguino”. Note-se que, assim, são acrescidas de um fonema e uma sílaba.
9. Dígrafos
São os grupos de duas letras representando um fonema apenas. Não confundamos dígrafo (2 letras = 1 fonema) com encontro consonantal (cada letra = 1 fonema).
Estes são os dígrafos:
ch, lh, nh ¾ cheio, filho, ninho;
gu, qu, (com o u mudo) ¾ guindaste, querido, requinte, segue;
rr, ss ¾ terra, morro, isso, passa;
sc, xc (antes de e e de i) ¾ piscina, exceto;
sç ¾ nasça, desça;
am, an, em, en, in, im, om, on, um, un, desde que não sejam ditongos nasais (ver ditongo nasal) ou façam parte de tritongo nasal (ver tritongo nasal) ¾ também, canto, sempre, entre, ímpio, pintura, combate, onda, álbum, funda. Em outras palavras: as vogais seguidas de m ou n na mesma sílaba, uma vez que estes, nesse caso, são meros índices de nasalização.
SEPARAÇÃO SILÁBICA
1 - A divisão de sílabas se processa pela soletração das palavras, jamais pelos seus elementos formadores segundo sua etimologia. Sabemos, por exemplo, que bisavô se forma de bis + avô, mas, na silabação, teremos bi-sa-vô, sendo esta a separação correta.
2 - Toda consoante precedida de vogal forma sílaba com a vogal seguinte:
janela ............... ja-ne-la
ético ................ é-ti-co
desumano ....... de-su-ma-no
subumano ....... su-bu-ma-no
subabitação ..... su-ba-bi-ta-ção
superativo ........ su-pe-ra-ti-vo
hiperácido ........ hi-pe-rá-ci-do
Observação:
Como vimos nos dígrafos, as letras m e n muitas vezes são índices de nasalização da vogal anterior. Para efeitos fônicos, é como se fossem til: transandino, consorte, sentido, bomba, campo, lindo. Por isso, justificam-se por essa mesma regra as separações: tran-san-di-no, tran-sa-ma-zô-ni-co, con-sor-te, sen-ti-do, bom-ba, cam-po, lin-do.
3 - O que se pode e o que não se pode separar:
Não se separam:
os ditongos e os tritongos: lei, fai-xa, a-zei-te, fé-rias, lé-gua, nó-doa, cha-péu, ji-bói-a, mai-o, a-ve-ri-güei, quais, pa-ra-guai-a;
os dígrafos do “h” e do “u”: cha-ve, fi-lho, ne-nhum, a-qui-lo, se-gue, se-quer;
c) os encontros consonantais no início de palavras: gno-mo, mne-mô-ni-co, pneu-má-ti-co, psi-có-lo-go;
em geral, os grupos consonantais em que a segunda letra é “l” ou “r”: a-tle-ta, o-blí-quo, a-tri-to, sa-cro, le-tra, a-dro.
Separam-se:
a) os hiatos: vô-o, ga-ú-cho, fi-lo-so-fi-a, ca-no-a, a-í, Le-o;
b) os dígrafos “rr”, “ss”, “sç”, “sc” e “xc”: bar-ro, os-so, des-ça, nas-ce, ex-ce-to;
c) os encontros consonantais pronunciados disjuntamente: ad-vo-ga-do, dig-no, ar-te, per-cus-são, sub-di-re-tor, sub-li-nhar (pronuncia-se como sub-lo-car);
d) as consoantes duplas: oc-ci-pi-tal, fric-ção;
e) os encontros consonantais (de mais de duas consoantes) em que aparece “s” separam-se depois do “s”: es-tre-la, des-pres-tí-gio, in-ters-tí-cio, felds-pa-to, pers-cru-tar, ins-tru-ir.
4 - É claro que, se a palavra já for separada por hífen, essa separação será respeitada, e, na passagem de uma linha para a outra (translineação), tal hífen até deve ser repetido:
..................................... ex-
-atleta ..................................
................................... disse-
-nos .....................................
.................................... obra-
-prima ..................................
.................................... auto-
-retrato ................................
5 - Na translineação, devem-se evitar separações de que resultem, no fim de uma linha ou no início da outra:
a) letras isoladas:
......................................... e-
duca................................... ....................................... ba-
ú ..........................................
b) termos grosseiros:
.....................................cus-
toso .....................................
....................................puta-tivo.......................................
................................... após-
:
tolo ......................................
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