Um dos aspectos que mais “assusta” os concurseiros e as concurseiras na hora de estudar é Língua Portuguesa é a tal da “coesão”, seja para a prova objetiva, questões dissertativas ou a redação. Mas coesão, trocando em miúdos, é “fazer sentido”, dar elementos para que o leitor entenda o que você está dizendo.
E o melhor amigo de quem escreve e de quem interpreta textos é o conectivo. O “posto que” é um conectivo que pode ajudar muito na coesão, além de garantir pontos a mais se você souber identificar o uso correto dessa conjunção.
Causa x concessão
A conjunção “posto que” é comumente utilizada para indicar causalidade, no sentido de “visto que”, como no exemplo:
Não conseguirei terminar a limpeza hoje, posto que a casa está muito suja.
Contudo, esse não é o sentido correto da conjunção. “Posto que”, na verdade, é uma conjunção concessiva, de oposição ideológica. Ou seja, equipara-se a expressões como “ainda que”, “embora”, “mesmo que”.
A ideia que ela transmite, portanto, não é de explicação. Se substituirmos o “posto que” pela expressão sinônima “ainda que”, veremos claramente que a conjunção não foi corretamente utilizada no exemplo acima:
Não vou terminar a limpeza hoje, ainda que a casa esteja muito suja.
Ora, se a casa está muito suja, justifica-se que a faxina não seja terminada no mesmo dia, ou seja, não existe oposição entre as orações. Por isso, a conjunção concessiva não se encaixa bem nesse caso.
O correto seria efetivamente um elemento de ligação causal, como “visto que” ou “porque”:
Não vou terminar a limpeza hoje, visto que a casa está muito sujo.
Não vou terminar a limpeza hoje porque a casa está muito suja.
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Uso correto do “posto que”
O uso correto do “posto que”, então, deve ser em casos de oposição de ideias. Ou seja, “apesar de (que)” uma coisa, a outra acontece.
Consegui a aprovação, posto que (apesar de que) o concurso estivesse super concorrido.
Vale destacar que, em razão da ideia de oposição ideológica transmitida, a conjunção “posto que” deve vir acompanhada de um verbo flexionado no subjuntivo (assim como a conjunção “embora”). Veja outro exemplo abaixo:
Consegui terminar a faxina no meio da tarde, posto que (embora) a casa estivesse muito suja.
Em suma, é fato que a conjunção “posto que” é bastante utilizada no sentido causal, de causa, mas ainda que informalmente isso seja comum, não é correto na linguagem formal. Seu uso nesse sentido é influência do espanhol.
Portanto, atente-se para o correto significado da expressão, a fim de evitar confusão na hora da prova, tanto nas questões objetivas quanto em respostas dissertativas, ou mesmo na redação.
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