A conjunção é uma palavra invariável, que não exerce função sintática alguma, mas participa de construções coordenadas e subordinadas, ligando termos, orações, períodos e parágrafos, numa relação lógica.
Por ter esse papel de conectar partes do texto, a conjunção também é chamada de conector, conectivo, elemento coesivo, síndeto e operador argumentativo.
Cuide na hora da sua prova, caso falem em oração coordenada/subordinada sindética, estão falando de uma oração com conjunção. Veremos orações em detalhes em posts futuros, mas por ora, cuide com isso.
Veja esse texto:
A mulher e o homem se complementam, mas essa relação é (não raro) cercada de desavenças. Por isso ocorrem muitas separações, resultando em dificuldades emocionais, financeiras e até físicas. Não obstante, o quadro não é só pessimista; muitos casais conseguem viver em harmonia e com amor durante toda a sua vida.
Note que os termos e, mas, Por isso, Não obstante, e:
- Apresentam, respectivamente, valores semânticos de adição, oposição, conclusão, oposição e adição; observe a relação lógica e semântica entre as partes do texto;
- Não variam de forma;
- Ligam termos de mesma função sintática coordenados, orações coordenadas, períodos, parágrafos e termos de mesma função sintática coordenados.
Não se preocupe, por ora, com termos que você ainda não conhece como orações coordenadas, veremos isso em posts futuros.
Identificação
Identificar uma conjunção é fácil! Basta que você decore todas elas. Sério.
Outro modo de identificar uma conjunção é saber qual a sua função na língua portuguesa. Como falamos, seu objetivo é ligar partes do texto.
– Farei exames pré e pós-operatórios. (liga prefixos) – Paradoxalmente, Vítor está contra e a favor do novo acordo ortográfico. (liga preposição a locução prepositiva) – Uma luz bruxuleante mas teimosa continuava a brilhar nos seus olhos. (liga vocábulos, termos de mesma função sintática) – Nós esperamos que você estude mais. (liga orações) – Fale com ela assim que chegar de viagem. (liga orações) – Desejo que venha comigo. E desejo ainda mais que se deixe seduzir. (liga períodos)
É importante ressaltar que a conjunção pode mudar de posição na frase. Ela não precisa necessariamente vir no meio dos termos que está conectando. Exemplos:
– Podem sair; voltem às onze, porém. – Enquanto as coisas não se resolverem por aqui, jamais te deixarei só. – Tudo concluído enfim; podemos, pois, comemorar até o dia seguinte!
Por fim, lembramos que algumas conjunções coordenativas são correlatas, ou seja, aparecem em dupla, formando uma unidade de sentido. No caso das conjunções subordinativas um dos termos tem sua própria classificação gramatical.
Coordenativas – Ora atrapalha o professor, ora atrapalha a classe. – Não só mudamos a perspectiva de enxergar o mundo mas também o mudamos. – Tanto me empenho no trabalho quanto nos estudos. Subordinativas – Era mais (adv) corajoso que muito lutador profissional. – Falou tanta (pronome) bobagem, que a todos incomodou. – Quanto mais conhecimento religioso adquiria, mais (adv) conflitantes os dogmas lhe pareciam.
Locução conjuntiva
A locução conjuntiva é um grupo de vocábulos, geralmente terminados pela conjunção que, que tem o papel de uma conjunção única.
não obstante, no entanto, só que, por conseguinte, em vista disso, por isso, sendo assim, assim como, com isso, pois que, visto que, já que, ao passo que, para que, logo que, assim que, a menos que, a fim de que, à medida que…
A substituição e a equivalência entre conjunções e locuções conjuntivas é assunto recorrente nas provas.
Classificação
Existem dois tipos de conjunção: coordenativas e subordinativas.
As coordenativas ligam orações ou termos sintaticamente independentes, enquanto que as subordinativas, em princípio, ligam orações sintaticamente dependentes. Elas se subdividem em:
Coordenativas:
- Aditivas;
- Adversativas;
- Alternativas;
- Conclusivas;
- Explicativas;
Subordinativas:
- Integrantes;
- Adverbiais;
- Causais;
- Comparativas;
- Concessivas;
- Condicionais;
- Conformativas;
- Consecutivas;
- Finais;
- Proporcionais;
- Temporais;
Para que você entenda melhor, observe essas frases com conjunções coordenativas:
– Em grandes livrarias, são vendidos livros, CDs e DVDs. – Um temporal está chegando, portanto fique atento!
Ambas as conjunções tem o papel de ligar os termos. Mas podem ser retiradas das frases, pois estão ligando partes independentes entre si.
– Em grandes livrarias, são vendidos livros, CDs, DVDs. – Um temporal está chegando – fique atento!
Agora observe essas frases com conjunções subordinativas:
– Não sei se tudo mudará depois das eleições. – Nunca desista da vida, embora ela esteja difícil.
Ambas as conjunções não apenas ligam os termos, mas também os completam (ou determinam). Logo, não podem ser retiradas das frases, pois estão ligando termos dependentes entre si.
– Não sei tudo mudará depois das eleições. (?!) – Nunca desista da vida, ela esteja difícil. (?!)
Por fim, um último detalhe, para ajudar a identificar as conjunções subordinativas. A primeira oração será a principal e as demais serão subordinadas à ela, ou seja, as orações subordinadas fazem parte da oração principal, atuando como complemento ou adjunto da mesma.
Conjunções coordenativas aditivas
Exprimem ideia de soma, acréscimo, adição. O e exprime outros valores.
e, nem... (e não), nem... nem, tampouco, não só... mas (também), não só... mas (ainda), não só... (bem) como, não só... como (também), não só... como (ainda), não só... senão (também), não só... senão (ainda), bem como, tanto... quanto, tanto... como, mais (em linguagem matemática ou como regionalismo).
Exemplos:
– Estudo e trabalho. – Não estudo nem trabalho. – Nem eu nem você estudamos. – Não estudo, tampouco trabalho. – Não só estudo mas também trabalho. – Não apenas estudo bem como trabalho. – Não somente estudo senão ainda trabalho. – Tanto estudo quanto trabalho. – Dois mais dois são quatro. Por isso, nós mais vocês formamos um quarteto.
Sobre o e
Além de apresentar a ideia de adição, também pode ter outros valores semânticos, como adversidade (mas, porém), ou conclusão (portanto, por isso, então).
Ele pode ser usado após um ponto para imprimir ênfase ao conteúdo da oração que se segue: “Você é importante para mim. E será sempre”. A ênfase pode ser conseguida também quando o e vem após a vírgula: “Concordo com ele, e muito”.
O e, no final de uma enumeração, pode ser dispensado, colocando-se vírgula em seu lugar: “Comprei maçã, uva, figo e banana” > “Comprei maçã, uva, figo, banana”.
O e repetido dá a ideia de acúmulo: “Eles são abusados, e desbocados, e impertinentes, e aproveitadores, e muito mais!”.
Usamos a construção e nem quando o nem equivale a não, neste caso o e é uma conjunção aditiva e o nem é um advérbio de negação.
Sobre o nem
Pode ser conjunção aditiva, alternativa (uso mais literário) e advérbio de negação. Aparece em outras construções também, mas veremos isso mais adiante.
Correlações aditivas
As correlações aditivas equivalem ao e. Dizer “Não só estudo mas trabalho” equivale a dizer “Eu estudo e trabalho”.
Às vezes, o início da correlação vem implícito, caso em que o mas tem valor aditivo: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” = “Não só não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
Às vezes os termos da correlação vêm afastados dentro da frase: “A conjunção não liga só orações, mas liga termos também.”.
Conjunções coordenativas adversativas
Indicam uma ideia de adversidade, oposição, contraste, ressalva, quebra de expectativa, compensação, restrição, retificação, advertência, mudança na direção argumentativa. Essas conjunções realçam o conteúdo da oração que introduzem.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, só que (coloquial), senão (mas sim), agora, antes, ainda assim.
Exemplos:
– Não para de comer, mas nunca fica satisfeito. – Fuja daqui, porém tome cuidado! – O filme agradou ao público, contudo não foi louvado pelos críticos. – Perdi todos os meus bens, todavia me alegrei com a separação. – Paixão não me faz bem, entretanto não vivo sem ela. – Ele está cansado, no entanto terá de trabalhar amanhã cedo. – Sorria sem pudor, não obstante se aquietava diante do pai. – Atendeu a todas as exigências, só que não foi convocado no fim do processo. – Não se dizia um professor, senão um reprodutor de informações. – Falar de mim é fácil, agora ser como eu é difícil. – O rapaz não estudava, antes devorava os livros. – O livro é ruim, ainda assim preciso lê-lo até o fim.
O mas pode apresentar diferenças no sentido:
– Os fariseus oprimiam o povo, mas Jesus exercia seu amor a eles. (contraste/contraposição) – Amor, eu sei que eu te traí, mas saiba que eu te amo. (compensação) – Casou-se, mas não com a primeira namorada. (restrição) – Foi em direção ao beijo, mas desistiu por timidez. (quebra de expectativa) – Outra pessoa, mas não eu, deverá cobrir a reportagem. (ressalva) – Entre, mas sem fazer barulho. (realce/ressalva)
O mas não pode ser deslocado na frase. Porém, as conjunções porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante podem:
- Não pude sair hoje; fiquei assistindo a um filme com minha esposa, porém. - Não pude sair hoje; fiquei, contudo, assistindo a um filme com minha esposa. - Não pude sair hoje; fiquei assistindo, entretanto, a um filme com minha esposa.
Pontuação
Apenas uma prévia do nosso futuro post sobre pontuação. Ao trocarmos a conjunção de lugar na frase, devemos separá-la por vírgulas. E ainda, no lugar onde a conjunção deveria estar originalmente, sempre deverá aparecer um ponto e vírgula (;). Exemplo:
- Maria acordou cedo, porém não foi trabalhar. - Maria acordou cedo; não foi trabalhar, porém.
Na definição das adversativas dissemos que elas realçam o conteúdo da oração que introduzem. Isso ocorre porque ela dá relevância ao conteúdo da oração que a segue, de modo que podemos chegar a conclusões diferentes.
– Maria, eu sei que João é carinhoso, mas ele é alcoólatra. – Maria, eu sei que João é alcoólatra, mas ele é carinhoso.
Conjunções coordenativas alternativas
Exprimem ideia de exclusão, alternativa, alternância, escolha, inclusão, retificação.
ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja, já... já, umas vezes, outras vezes, talvez... talvez.
Exemplos:
– Você quer suco ou deseja tomar refrigerante? (alternativa/exclusão) – Ou faço a festa ou pago a viagem. (sempre exclusão) – Ora assiste à TV, ora cuida dos filhos. (sempre alternância) – Quer estude, quer trabalhe, é bem-sucedido. (alternância) – Seja neste mês, seja no próximo, iremos saldar as dívidas. (exclusão) – Já sobe nas árvores, já brinca com o cão, você nunca para? (alternância) – O dinheiro umas vezes traz felicidade, outras vezes traz desgraça. (alternância) – Talvez chore, talvez ria, não saberemos. (exclusão/alternância)
Assim como o mas, o ou pode apresentar diferenças de sentido.
– Ou sobe, ou desce. (exclusão) – O Flamengo ou o Vasco continuam sendo bons times. (inclusão/adição; = e) – O Brasil tem 25 estados, ou 26. (retificação; = ou melhor) – A parte da frente do navio, ou proa, está avariada. (precisão) – Abram a porta ou todos serão repreendidos severamente! (exclusão-condição)
Atente-se para o fato de que não pode haver combinação de correlatas diferentes.
- Seja homem ou mulher, todos gostam de música. (errado). - Seja homem seja mulher, todos gostam de música. (certo).
Ainda sobre o seja, a maioria dos gramáticos não tolera a sua flexão. Afinal, conjunção é uma palavra invariável.
- Sejam dias frios, sejam dias quentes, sempre toma banho gelado. (inadequado) - Seja dias frios, seja dias quentes, sempre toma banho gelado. (adequado).
Conjunções coordenativas conclusivas
Exprimem ideia de conclusão, consequência lógica, ilação, dedução, inferência, fechamento, finalização.
logo, portanto, por isso, assim, pois, por conseguinte, então, em vista disso.
Exemplos:
– Preciso sair depressa, logo me ligue mais tarde. – A adoção nunca deixará de ser um gesto nobre. Portanto, abracemos a causa! – Ele não passou no concurso dessa vez, por isso terá de conciliar o estudo com o trabalho. – Você não pode engordar, assim evite comer de uma em uma hora. – Você cumpriu sua palavra; terá, pois, sua recompensa. (= portanto;)
Algumas conjunções conclusivas podem vir separadas por vírgula quando deslocadas. Menos o logo, que vem sempre iniciando a segunda oração.
- Ela se casou com um homem rico; não passará necessidades, portanto.
Não confunda os advérbios de tempo logo e então com conjunções conclusivas.
- Ela volta logo; vamos preparar-lhe uma surpresa. (advérbio de tempo) - Ela volta hoje, logo vamos preparar-lhe uma surpresa. (conjunção conclusiva) - Como é bom relembrar o passado; namorava-se então no portão de casa. (advérbio de tempo) - O mestrando perdeu totalmente o fio do discurso, então a banca de professores o reprovou. (conjunção conclusiva).
Conjunções coordenativas explicativas
Exprimem ideia de explicação, justificativa. Normalmente vêm após orações imperativas, que indicam ordem, pedido, desejo, ou que expressam dedução.
porque, que, porquanto, pois (antes do verbo).
Exemplos:
– Os funcionários já chegaram, porque as luzes estão acesas. – Estude, que valerá a pena. – Ela devia estar com frio, porquanto tremia. – Come a sopa toda, pois está muito boa.
Cuide para não confundir portanto (conclusão) com porquanto (explicação)!
Além disso, cuide para não confundir com as conjunções subordinativas causais, que expressam uma relação de causa e consequência.
- Choveu, porque estava muito calor. (causa/consequência) - Choveu, porque o chão está molhado. (explicação/dedução)
Conjunções subordinativas integrantes
Introduzem orações subordinadas substantivas que funcionam como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo, aposto ou agente da passiva da oração principal. Conectam uma oração incompleta a uma oração que vai completá-la. Se você conseguir substituir a oração iniciada por uma das integrantes por isso/isto, tais conectivos serão conjunções subordinativas integrantes.
que, (indica certeza) se. (indica dúvida)
Exemplos:
– Não sei se devo estudar mais. ("Não sei" o quê? Isto: "se devo estudar mais".) – Verifiquei se faltava água aqui. ("Verifiquei" o quê? Isto: "se faltava água aqui".) – Eu o informei de que a prova será amanhã. ("Eu o informei" de quê? Disto: "de que a prova será amanhã".) – Percebe-se que ela é uma boa aluna. (O que "se percebe"? Isto: "que ela é uma boa aluna".)
Conjunções subordinativas adverbiais
Todas as conjunções subordinativas que veremos a partir de agora são chamadas de adverbiais porque introduzem orações subordinadas adverbiais.
Conjunções subordinativas causais
Exprimem a causa, motivo ou razão de um efeito.
porque, que, porquanto, pois, como (=visto que. Só no início de oração), pois que, dado que, visto que, visto como, já que, uma vez que, na medida em que, sendo que,
Exemplos:
– Nós brigamos não apenas porque temos personalidades diferentes mas também porque não nos amamos mais. – Se não nos amamos mais, é porque nunca abrimos concessões. – Não é porque eu não te amo que eu vou me separar de você. – Porque eu te amo intensamente, muitas pessoas sentem ciúmes de nós. – Nunca mataria ninguém, que não é de sua índole. – Não almoçou porquanto não tinha fome. – A menina não comprou o vestido, pois era muito caro. – Como estudamos dia e noite, alcançamos o êxito. – Preciso amar-te, pois que sem ti nada sou. – Dado que a metade da população vive na pobreza, precisamos ajudar. – Não participarei da aula, visto que não gosto deste professor. – Visto como não podia entrar na prefeitura, fez um protesto. – Já que lhe ficou proibida a participação, teve de se resignar. – Ele deixou de estudar uma vez que teve de começar a trabalhar. – Na medida em que não conseguiu resolver a prova, ficou bem nervoso. – Sendo que a classe política perde credibilidade a cada dia, aumenta a tendência do voto nulo nas eleições deste ano.
Dica: se vier um verbo no infinitivo antes, tais conjunções serão sempre explicativas: “Vem, que eu te espero!”.
Não confunda o como causal com o aditivo, comparativo e conformativo.
- Como fizesse frio, pus um casaco. (causa) - Tanto nado como pedalo. (adição) - Como age o pai, age o filho. (comparação) - Como já dissemos, acalmem-se! (conformidade)
Cuidado para não confundir por quanto (preposição + pronome) com porquanto (conjunção causal ou explicativa).
Conjunções subordinativas comparativas
Exprimem comparação, analogia, paralelo, associação.
tal qual, tal e qual, qual, tal como, (tão)... como/quanto, tanto... como, como, assim como, como se.
Exemplos:
– Os homens, tal qual as mulheres, são sentimentais. (igualdade) – Gosto de cinema tal e qual teatro. (igualdade) – Corria qual um touro. (igualdade) – É excelente esportista, tal como o irmão. (igualdade) – Viva o dia de hoje como se fosse o último. (igualdade) – Casa é mais confortável do que apartamento. (superioridade) – Apartamento é menos confortável que casa. (inferioridade) – Este apartamento é maior que aquela casa. (superioridade) – Esta casa é menor do que aquele apartamento. (superioridade) – Tu sempre serás melhor que minha ex-esposa. (superioridade) – Ela sempre será pior pessoa que você. (superioridade) – A programação da TV aberta é tão interessante como/quanto a da TV a cabo. (igualdade) – Nenhum atleta treinou tanto ao longo da vida como o Ricardo. (igualdade) – Acho-o submisso como um cão. (igualdade) – Assim como chegou, partiu: em silêncio. (igualdade)
A expressão tal qual quando varia, é analisada como pronome demonstrativo + pronome relativo. Por isso que tais vocábulos variam com seus referentes.
- Os filhos agem tais qual o pai. - O filho age tal quais os pais. - Os filhos agem tais quais os pais.
É normal que os verbos das orações iniciadas pelas conjunções estejam elípticos (implícitos). “O governo daqui é tão corrupto quanto os de lá” (quanto são os governos de lá).
Dentro de um contexto, pode haver elipse total de uma oração e, ainda assim, haver duas orações: “João Rosa e Pedro Orósio estão disputando o segundo turno. Os dois candidatos não param de discutir sempre que têm uma chance. No entanto, na última vez que se viram, Pedro parecia mais calmo. (ou seja, Pedro parecia mais calmo do que parecia João).”
Não confunda a construção “tanto… quanto” comparativa com a aditiva.
- Ela tanto ri quanto chora (adição). - Ela chora tanto quanto ri (comparação).
Lembre-se que maior, menor, melhor, pior… que é construção própria de comparativo de superioridade. Reveja o grau dos adjetivos.
Conjunções subordinativas concessivas
Exprimem contrariedade, ressalva, oposição, contraste, consentimento, licença, permissão, quebra de expectativa a uma ideia sem invalidá-la.
Embora, malgrado, conquanto, ainda que/quanto, mesmo que, em que (pese), se bem que, posto que,
não obstante, (inobstante é muito usada em linguagem jurídica) nem que, apesar de que, por (mais, menos, melhor, pior, maior, menor, muito) que.
Exemplos:
– Embora viaje o mundo inteiro, nunca conhecerá sua terra profundamente. – Malgrado haja problemas em casa, não os leve para o trabalho. – Conquanto eu trabalhe, nunca paro de estudar. – Ainda que/quando ela faça tudo por você, não se cansa em rejeitá-la, não é? – Conseguiu chegar ao cume do morro, mesmo que se sentisse fraco. – Nunca iremos esmorecer, em que pese a falta de incentivo deles. – O comportamento da turma é satisfatório, se bem que alguns alunos continuem a perturbar as aulas. – A taça foi para outros, posto que se achassem capazes para ganhar o campeonato. – Iremos ao jogo, nem que caia um temporal – Tornou-se um ótimo professor, apesar de que seu carisma não fosse grande. – Por mais que o tempo mude, não mudarão seus planos para hoje. – Não desista, por pior que esteja sua vida! – Por muito que chamasse sua atenção, não era possível ser notado.
Todas as locuções conjuntivas concessivas terminadas em que sempre vêm seguidas de verbo no modo subjuntivo!
Semanticamente as conjunções adversativas são muito próximas às concessivas. Há duas maneiras de diferenciarmos uma da outra:
- Memorizar o grupo de ambas.
- Perceber que a oração que segue a conjunção adversativa tem peso argumentativo.
Não confunda com quanto (preposição + pronome) com conquanto. Também não confuda conquanto (concessão) com porquanto (explicação ou causa).
Conjunções subordinativas condicionais
Exprimem condição, pré-requisito, hipótese, algo supostamente esperado.
se, caso, contanto que, exceto se, salvo se, desde que + verbo no subjuntivo, a menos que, a não ser que, sem que (=se não), uma vez que + verbo no subjuntivo.
Exemplos:
- Se tu parares de estudar, precisarás trabalhar. – Caso eu fizesse suas vontades, certamente mudaria seu jeito comigo. – O mundo mudará contanto que as pessoas mudem. – Os produtos daqui não poderão ser exportados, exceto se houver prévio acordo. – Salvo se meu livro não for publicado por uma grande editora, publicá-lo-ei independentemente. – Desde que você estude, obterá êxito. – Ele chegará até nós, a menos que você o impeça! – Estude, a não ser que pretenda trabalhar. – Sem que se aproxime do diretor, não conseguirá ascender na empresa. – Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o documento.
A locução sem que pode variar de sentido.
– Saiu sem que se despedisse. (modo) – Sem que estudasse, passou. (concessão) – Sem que estude, dificilmente passará. (condição) – Não sai sem que leve um casaco. (consequência)
Pode haver elipse do verbo auxiliar da locução verbal ou elipse da própria conjunção se:
- Se (for) reeleito, transformará a saúde carioca. - (Se) Tivesse eu os votos do povo, mudaria sua vida.
Conjunções subordinativas conformativas
Exprimem acordo, maneira, conformidade, regra, caminho, modelo, consonância, igualdade / semelhança, concordância.
conforme, consoante, segundo, como (=consoante).
Exemplos:
– Você enfim agiu conforme nós acordamos. – Consoante falamos, dedique-se ao estudo. – Segundo havíamos combinado, você inicia o curso amanhã. – Como se pode ver, é impossível tirar o cinturão deste lutador.
Conjunções subordinativas consecutivas
Exprimem resultado, produto, efeito, consequência.
tão... que, tanto... que, tamanho... que, tal... que, de tal modo/maneira... que, a tal ponto... que, tanto assim... que, de sorte que, de modo que, de maneira que, de forma que,
Exemplos:
– Meu filho é tão inteligente que passou em 1o lugar no ITA. – Estudei tanto o famigerado Português que acabei tendo uma estafa. – Tamanha foi a sua coragem que pulou no mar em ressaca. – Tal foi sua postura antes da prova que conseguiu um bom resultado. – Sua apresentação aconteceu de tal modo que todos não paravam de rir. – Ambos ligaram-se a tal ponto ao longo da amizade que pareciam o mesmo ser. – Eles não se prepararam para a competição, tanto assim que ficaram em último lugar. – Não gostava de estudar, mas queria se estabilizar na vida, de sorte que começou a investir nos livros.
Conjunções subordinativas finais
Exprimem finalidade, objetivo, intuito, intenção, propósito, fim.
Final não é de terminal nem de novela, e sim de finalidade.
para que, a fim de que, porque (=para que), de modo/maneira/forma/sorte que (=para que).
Exemplos:
– Estou estudando para que eu melhore a vida. – A fim de que as pessoas se amem de verdade, é preciso incluir Deus na vida. – Ore porque não caia em tentação. – Viaja sempre à janela do ônibus de maneira que pegue uma brisa.
Conjunções subordinativas proporcionais
Exprimem proporcionalidade, proporção, simultaneidade, concomitância.
À proporção que, À medida que, Ao passo que, quanto mais/menos/menor/maior/melhor/pior (tanto) mais/menos/menor/maior/melhor/pior.
Exemplos:
– A temperatura sobe à proporção que o verão se aproxima. – O meio ambiente sofre à medida que a população ignora os impactos do progresso. – Ao passo que estudava o assunto, mais dúvidas lhe apareciam. – Quanto mais conheço os homens, mais estimo meus cachorros. – Quanto mais estudo Matemática, menos a entendo. – Quanto menos esforço fizer, tanto melhor será. – Quanto maior é o tamanho, pior é a queda. – Quanto melhor for seu tempo, mais chance terá de se classificar.
Conjunções subordinativas temporais
Exprimem tempo, momento, ocasião, época.
Quando, enquanto, mal (=logo que), apenas (=logo que), depois que, antes que, sempre que, logo que, assim que, agora que, todas as vezes que, cada vez que, ao mesmo tempo que, primeiro que (antes que), até que, desde que.
Exemplos:
– Mal entrei em sala, começaram os aplausos! – Ela me reconheceu apenas apertei sua mão. – Depois que a sala de cinema ficou lotada, ninguém quis sair de lá. – Antes que o mundo acabe, quero marcar meu nome na história. – Ficas excitada sempre que Augusto te olhas? – Logo que os índios viram os portugueses, assustaram-se. – Assim que você acordar, peço que me ligue, urgentemente. – Agora que vocês chegaram, podemos ir. – Todas as vezes que dançam bolero, os velhinhos sentem-se realizados. – Cada vez que a Lua completa uma volta no céu, o Sol muda de signo. – Come ao mesmo tempo que lê. – Primeiro que falecesse, deixou um legado. – Até que se cumpram suas palavras, continuarei confiando em ti. – Desde que essas explicações chegaram à minha vida, nunca mais fui o mesmo estudante.
Valor Discursivo
A função das conjunções e ligar termos, tornando explícitos diversos nexos semânticos entre eles, dando coesão ao texto. É importante que você perceba que as relações entre os termos e as orações já existem sem que haja uma conjunção explicitando-a, mas ao colocarmos o conector a relação fica mais clara.
- Ano passado estudei demais: consegui a valiosa classificação. - Ano passado estudei demais, logo consegui a valiosa classificação.
Para encerrar reiteramos, leia e releia esse post quantas vezes forem necessárias. Estude! Decore as conjunções! Todas podem cair na sua prova.
Se você dominar conjunção, acertará qualquer questão de coesão e coerência textual, reescritura de frases, orações coordenadas e subordinadas, pontuação. É uma classe coringa.
Ah! a interjeição! A menor e mais simples das classes gramaticais.
Do ponto de vista semântico, a interjeição pode apresentar muitos valores, pois ela exprime estados emocionais, sensações ou estados de espírito do falante. Do ponto de vista morfológico, a interjeição é uma palavra invariável. E, do ponto de vista sintático, a interjeição não exerce função alguma.
Identificação
A interjeição é facilmente identificada porque é uma palavra ou mais (locução interjetiva), seguida de ponto de exclamação (!). E, nos casos raros onde não há pontuação, a entonação indicará que se trata de uma interjeição.
Antes dos exemplos, atente para o fato de que depois de interjeição seguida de exclamação numa frase igualmente exclamativa, usa-se letra minúscula após o ponto. Lembre-se também que muitas onomatopéias são interjeições (Bum!, Pou!, Pluft!, Tibum!, Atchim!, Pum!, etc).
Ah! Lá vem ela bela
Oh! Ri meu coração de satisfação
Olá! Dizem meus lábios a ela
Olé! Diz a presença a solidão.
Avante! Avante! Coragem! Coragem!
Cala meu medo, fala meu coração
Viva! Que maravilha de paisagem
Psiu! É ela chamando minha atenção.
Chi! Tomou-me paixão
Pudera! Estava diante de meu desejo
Silêncio! Era demais a emoção
Bis! Acabara de receber um beijo.
Te amo, disse sua boca
Não resisti à vontade louca
Gritei alto: ooooooooooooooba!
(Karl Marx Valentim Santos)
Classificação:
As interjeições não possuem uma classificação rígida, visto serem polissêmicas, ou seja, uma interjeição possui diversos significados, expressando diversos sentimentos e sensações, conforme o contexto em que ocorre.
Interjeições de
alegria Oh!, Ah!, Oba!, Viva!, Opa!, Eta!, Eita!, Eh!, Eba!, Aleluia!, Gol!, Iupi!,…
Interjeições de
estímulo Vamos!, Força!, Coragem!, Ânimo!, Adiante!, Avante!, Eia!, Força!, Firme!, Toca!,…
Interjeições de
aprovação Apoiado!, Boa!, Bravo!, Parabéns!, Ótimo!, Isso!, Perfeito!,…
Interjeições de
desejo Oh!, Tomara!, Oxalá!,…
Interjeições de
dor Ai!, Ui!, Ah!, Oh!,…
Interjeições de
surpresa Nossa!, Cruz!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Oh!, Puxa!, Quê!, Ué!, Barbaridade!, Xi!,…
Interjeições de
impaciência Diabo!, Puxa!, Pô!, Raios!, Ora!, Irra!, Hum!, Arre!,…
Interjeições de
silêncio Psiu!, Silêncio!, Caluda!, Quieto!, Shh!, Basta!, Chega!, Pare!, Stop!, Não mais!,…
Interjeições de
alívio Uf!, Ufa!, Ah!, Puxa!,…
Interjeições de
medo Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!, Jesus!, Ai!,…
Interjeições de
advertência Cuidado!, Atenção!, Olha!, Alerta!, Sentido!, Fogo!, Calma!, Devagar!,…
Interjeições de
concordância Claro!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!, Certo!, Ótimo!, Perfeito!,…
Interjeições de
desaprovação Credo!, Francamente!, Xi!, Livra!, Fora!, Safa!, Irra!, Chega!, Basta!, Ora!, Droga!, Porcaria!, Bah!,…
Interjeições de
incredulidade Hum!, Epa!, Ora!, Qual!, Ué!,…
Interjeições de
socorro Socorro!, Aqui!, Piedade!, Ajuda!, Acuda!,…
Interjeições de
cumprimentos Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Adeus!, Até!, Inté!, Salve!, Ave!, Viva!,…
Interjeições de
afastamento Rua!, Xô!, Fora!, Passa!, Sai!, Arreda!, Roda!, Vaza!,…
Interjeições de
agradecimento Obrigado!, Grato!, Valeu!,…
Interjeições de
desculpa Perdão!, Opa!, Desculpa!, Sinto muito!, Lamento!,…
Locução interjetiva:
Duas ou mais palavras com valor de interjeição
Ai de mim!
Alto lá!
Até logo!
Claro que sim!
Com certeza!
Com mil diabos!
Cruz credo!
Em frente!
Foi mal!
Fora daqui!
Graças a Deus!
Isso aí!
Macacos me mordam!
Meu Deus!
Meus parabéns!
Minha nossa!
Muito bem!
Muito obrigado!
Nossa Senhora!
Ó de casa!
Ora bolas!
Pobre de mim!
Puxa vida!
Que alegria!
Que alívio!
Que bom!
Que chato!
Que coragem!
Que dor!
Que horror!
Que maravilha!
Que pena!
Queira Deus!
Quem dera!
Quem me dera!
Raios te partam!
Santa Maria Mãe de Deus!
Santo Deus!
Se Deus quiser!
Sem dúvida!
Tomara eu!
Vá em frente!
Valha-me Deus!
Virgem Maria!
Virgem Santa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário