quarta-feira, 1 de junho de 2022

Vícios de linguagem - classificação e exemplos

 Os vícios de linguagem são desvios das normas gramaticais ocasionados por desconhecimento ou má assimilação da norma culta por parte de quem fala ou escreve.


Neste artigo, vamos falar sobre 12 vícios de linguagem que você deve evitar. Vejamos!


Índice do artigo:


Ambiguidade;

Arcaísmo;

Barbarismo;

Cacofonia;

Colisão;

Eco;

Estrangeirismo;

Hiato;

Pleonasmo vicioso;

Preciosismo;

Plebeísmo;

Solecismo;

Vício de linguagem x Licença poética.

Ambiguidade (Anfibologia)

Também chamada de anfibologia, a ambiguidade consiste em deixar uma frase com mais de uma interpretação. É o famoso “duplo sentido”.


– Visitou a amiga e depois saiu com seu namorado. (O namorado é de quem?)


– A filha quer o intercâmbio logo, mas a mãe não quer. (Não quer o intercâmbio ou não quer que seja logo?)


Arcaísmo

O arcaísmo é o uso de palavras ou construções que já caíram em desuso na nossa língua.


“Se parece sempre igual o aspecto do caminho, em compensação mui variadas se mostram as paisagens em torno.”  (mui = muito)


(Inocência, Visconde de Taunay)


 “Os três dias de nojo tinham passado.” (nojo = pesar, luto)


(A Capital, Eça de Queirós)


Barbarismo

São barbarismos os erros de escrita e de pronúncia. Eles dividem-se em:


a) Cacografia: erro na grafia ou na flexão da palavra.


– excessão (em vez de exceção)


– mindingo (em vez de mendigo)


– quizer (em vez de quiser)


– interviu (em vez de interveio)


b) Silabada: deslocamento indevido da sílaba tônica.


– rúbrica (em vez de rubrica)


– íbero-americana (em vez de ibero-americana)


– uréter (em vez de ureter)


– nóbel (em vez de nobel)

 

Incluem-se também os desvios semânticos - uso inadequado de homônimos ou parônimos: insipiente no espanhol (em vez de incipiente), acidente já resolvido (incidente).


Cacofonia (Cacófato)

Chamamos de cacofonia ou de cacófato o som desagradável, por vezes cômico, provocado pela união de duas ou mais palavras numa frase.


– Nunca gaste mais do que recebe. (nunca gaste = cagaste)


– Como ela está linda! (como ela = com moela)


– Há dez vagas no ensino superior por cada mil habitantes. (por cada = porcada)


– A boca dela não sai do meu pensamento. (boca dela = cadela)


Colisão

A colisão é o efeito sonoro desagradável resultante da repetição de fonemas consonantais iguais ou semelhantes (aliteração).


– Era necessário que você permitisse que a Clarice fizesse por você. (repetição do fonema /s/)


Eco

O eco é o efeito sonoro desagradável resultante da repetição de fonemas iguais no fim das palavras.


– Naquele armazém ninguém o conhecia também.


– Realizaram uma sessão para tratar da organização da nomeação da comissão.


Estrangeirismo

O estrangeirismo é o uso de palavras ou expressões próprias de outros idiomas. Este vício divide os gramáticos, pois para alguns mais puristas, todo estrangeirismo é, na verdade, um barbarismo, exceto quando a palavra não possui correspondente em português, ou quando este é pouco usado; enquanto para outros, mais modernos, é um processo natural de renovação da língua.


– Hoje, a nossa call será às 16h. (em vez de ligação ou chamada)


– Amei as t-shirts da nova coleção! (em vez de camisetas)


– Nos falamos no coffee break. (em vez de intervalo ou horário do café)


– Para superar os obstáculos, você precisa desenvolver um mindset de crescimento. (em vez de mentalidade)


Hiato

O hiato já é o efeito sonoro desagradável resultante de uma sequência de palavras com os mesmos fonemas vocálicos.


– Vou à aula disposta a ajudá-la.


– Ou ouço–o ou mando–o ouvir-me.


Pleonasmo vicioso (tautologia ou redundância)

Também conhecido como tautologia ou redundância, o pleonasmo vicioso é o uso de palavras ou expressões desnecessárias, as quais repetem uma ideia já expressa no enunciado, sem valor estilístico.


– Preciso fazer a conclusão final do meu trabalho.


– Houve consenso geral em relação às dúvidas do condomínio.


– Fizeram uma surpresa inesperada no meu aniversário.


– Ele vai analisar o resultado do laudo.


Preciosismo

Preciosismo é o rebuscamento desnecessário da linguagem, o que torna a comunicação artificial. É o famoso 'falar difícil', muito comum nos cursos de Direito.


– O desvirtuamento de recursos é a óbice da nação. (em vez de “A corrupção é o problema da nação.”)


– Minha progenitora tem doença crônica baseada em adiposidade. (em vez de “Minha mãe tem obesidade.”)


Plebeísmo

Por outro lado, o plebeísmo é o uso de gírias e demais palavras e expressões muito informais. Em alguns casos, pode soar como linguajar vulgar.


– Tá me tirando, irmão?


– Vamos meter o louco na festa!


– Esse troço tá caro pra burro.


– Peguei ranço e que se dane!


Solecismo

Solecismo é o desvio sintático relativo à concordância, regência ou colocação pronominal.


a) erro de concordância: 


– Haviam muitos manifestantes pelas ruas. (em vez de Havia)


b) erro de regência:


– Vamos assistir o Fla x Flu juntos. (em vez de Assistir ao)


c) erro de colocação:


– Convidarei-o para o encontro. (em vez de Convidá-lo-ei)


Vícios de linguagem x licença poética

Na literatura, a licença poética consiste na liberdade do escritor de transgredir a norma culta para transmitir mais facilmente o que deseja. Nesses casos, portanto, não se trata de desvios linguísticos, como os vícios de linguagem, mas, sim, de recurso estilístico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Anvisa discute regulamentação de cigarro eletrônico, nesta sexta-feira

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária vai se reunir nesta sexta-feira (1º), para avaliar se coloca em consulta p...