1) Conceito de Pronome Demonstrativo. Pronomes demonstrativos são os que localizam os seres em relação às três pessoas do discurso (no tempo, no espaço, ou no próprio texto).
Imaginemos esta situação: Três pessoas conversam : João diz a Felipe: "ESTA (minha) bola é melhor do que ESSA (tua). Porém, AQUELA (a de Zico) é a melhor de todas”. João é a primeira pessoa do discurso; Felipe é a segunda; Zico é a terceira. Usou-se ESTA para a bola que está na mão de João, ESSA para a que está na mão de Felipe e AQUELA para a que está na mão de Zico. É nessa situação (localização) dos objetos que estão pertos da pessoa que fala (João), da pessoa com quem se fala (Felipe) e da pessoa de quem se (Zico) onde está a essência do que se deve entender sobre os PRONOMES DEMONSTRATIVOS. As demais informações derivam dessa idéia básica.
Digamos que nessa mesma confabulação, cada pessoa tivesse mais de uma bola. Os pronomes demonstrativos então seriam: ESTAS, ESSAS, AQUELAS. Se, em vez de bola, fossem cadernos, os demonstrativos seriam: ESTE, ESSE, AQUELE. No plural: ESTES, ESSES, AQUELES. Todos esses demonstrativos são chamados pronomes demonstrativos adjetivos pois eles acompanham os objetos (os substantivos) a que se referem. Caso o falante quisesse ser mais sucinto, poderia dizer apenas assim: ISTO, ISSO, AQUILO, que são pronomes demonstrativos substantivos, pois estariam substituindo os nomes dos objetos a que se referem.
2) QUADRO GERAL DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS:
A) Pronome demonstrativo invariável da 1ª Pessoa: ISTO
B) Pronome demonstrativo invariável da 2ª Pessoa: ISSO
C) Pronome demonstrativo invariável da 3ª Pessoa: AQUILO
D) Pronome demonstrativo variável da 1ª Pessoa: ESTE (S), ESTA(S)
E) Pronome demonstrativo variável da 2ª Pessoa: ESSE (S), ESSA(S)
F) Pronome demonstrativo variável da 3ª Pessoa: AQUELE(S), AQUELA(S)
G) O, OS, A, AS quando equivalem a ISTO, a ISSO, a AQUILO, a AQUELE (S), a AQUELA (S): O que mais padece com o aborto voluntário é precisamente quem culpa alguma tem no caso: O embrião ou o feto.
H) O Demonstrativos MESMO e PRÓPRIO como reforçador do Pronome Pessoal, ou referindo-se a algo expresso antes: Ela MESMA pintou sua casa. Ela foi embora; o MESMO fez ele.
I) TAL, significando ESSE, ESSA, AQUELA, e SEMELHANTE como demonstrativo de identidade. SEMELHANTE atitude só o desabona. TAL ação é digna de virar manchete jornalística, tal (= tamanha: tal é adjetivo) a grandeza do gesto. Em TAIS circunstâncias, é comum o “salve-se quem puder”.
3) EMPREGO DOS DEMONSTRATIVOS. Claro está que a função básica desses pronomes é indicar no espaço a posição de qualquer ser, em relação às três pessoas do discurso. ESTE (e variantes) indica que algo está próximo da primeira pessoa (a que fala); ESSE (e variantes), próximo da segunda pessoa; AQUELE (e variantes), perto da terceira pessoa, ou seja, longe da pessoa que fala e da com quem se fala. Mas, os demonstrativos têm outras funções:
a) Demonstrativo no Interior do Discurso (no texto). Refere-se a : A) Algo que já foi dito: ESSE (A,S): Vivemos numa sociedade injusta. ESSA sociedade é a maior culpada pela pobreza e pela violência que grassam o país. Sábado e domingo, ESSES são meus dias preferidos. O filho bateu no pai; ISSO não se faz! As moças viajaram. ESSAS meninas foram representar o Brasil num jogo importante de futebol. O garoto comeu tudo. ESSE menino é guloso; B) Algo que ainda vai ser dito ESTE(a,s) : Só sei ISTO: Nada sei. Fiz ESTA afirmação: O Brasil jamais deixará a condição de país primário, enquanto o conluio entre os Poderes contra o povo permanecer. Faço agora ESTAS: Nossa cultura eleitoralmente mercenária é culpada. O analfabetismo, particularmente o político, é culpado. Os empresários da política (e não os empresários na política) são culpados. Enfim, nosso abjeto sistema político-eleitoral é culpado. ESTE comentário de Lula, quando era Presidente, foi infeliz: “Deixei de ser bravateiro”; C) Finalmente faço ESTES comentários: I) O Acordo LU-LU, em São Paulo, só mostra ISTO: Na prática, nossos políticos só usam a ideologia para chegar ao Poder. Os Partidos Políticos são apenas ISTO: Sopinha de letras, rótulos sem conteúdo; II) A colcha de retalhos do Brasil significa ISTO: Não há planos nem projetos de Brasil "in totum", nem de médio nem de longo prazos. Cada político só ver seu reduto eleitoral, para onde destina verbas, onde faz uma ou outra obrinha "superfaturadona", de onde sai o numerário que custeará sua campanha à reeleição; III) O resultado é ESTE: O Brasil é um barco à deriva, onde furos pipocam por todo o casco, enquanto as varbas somem como que num encanto. ESSA realidade impede ISTO: Que o Brasil se desenvolva. Um dia ele pode deixar de existir! ESSA é uma consequência possível, lamentavelmente!
b) ESTE e AQUELE, num texto (num discurso, num frase ou num período), pode retomar elementos já citados: ESTE para o elemento mais próximo; AQUELE, para o mais distante: Investir em educação é excelente e aplicar em infraestrutura, também. Porém, nem ESTE nem AQUELE é proveitoso se não for de forma equilibrada, planejada. Formados e técnicos sem indústrias ou serviços é inútil; ESTES sem AQUELES ou AQUELES sem ESTES e nada é a mesma coisa. Isto é: Mister se faz, então, ter recursos humanos e materiais. ESTES são necessários para que AQUELES tenham o que fazer. Do contrário, o Brasil forma cérebros para desenvolver outros países, ou seja, AQUELE arca com o ônus (da formação de profissionais) e ESTES se servem dos bônus da profissionalização. Desgraçadamente, nem temos bons profissionais (por isso muitas indústrias não conseguem pessoas preparadas) nem grande desenvolvimento industrial: ESSA é a pura realidade. Mas, ISTO vem aí: A Copa e as Olimpíadas: Mais um investimento grande no Sudeste do País, em detrimento das outras regiões.
c) MESMO e PRÓPRIO como pronomes demonstrativos: Os privilegiados sociais do Brasil não mudam: São sempre os MESMOS. Estes são OS que detêm cargos públicos, em quaisquer Poderes. Ou os grandes bancos, que lucram barbaridades com os juros que o Executivo Federal lhes paga diariamente em juros. ESTES são as riquezas DAQUELES. Nós PRÓPRIOS é quem paga a conta. Cerca de 40% dos custos das mercadorias que consumimos são impostos, de onde o Governo Federal tira o suficiente para o pagamento dos altíssimos juros bancários, que custeia a máquina pública. Portanto, o PRÓPRIO governo é o grande responsável pela desigualdade social: Transfere dinheiro do suado imposto pago pelo povão para os bancos, que obtém gordos e fáceis lucros sem nada fazer ou produzir. O PRÓPRIO povo não sabe disso. Os PRÓPRIOS bancos sabem. Nós MESMOS é quem sofremos sem saúde, sem educação, sem segurança, sem infra-estrutura, sem as MESMAS coisas de sempre (nota: percebi agora que já discutira sobre mesmo e próprio, aqui MESMO, nESTE PRÓPRIO texto. Deixo assim mesmo. Serve de reforço!).
d) Em Relação ao Tempo: A) ESTE (A,S), ISTO se refere ao tempo em a pessoa fala: ESTE ano não vou viajar. ESTA semana choveu muito. NESTE momento, estou bem; B) ESSE (A,S), ISSO se refere a um futuro ou passado relativamente ao falante: ESSA semana passada foi muito chuvosa. ESTA semana está ensolarada. ESSA semana que vem não sei como estará; C) AQUELE (A,S), AQUILO pode se referia a um tempo remoto e/ou vago: NAQUELES tempos gregos, tudo era explicado fantasticamente pela mitologia. Depois, vieram os filósofos. AQUILO era um tempo bom: Brincar, brincar, brincar! D) FUTURO INCERTO: Amanhã, à tarde, ele chegará ao sopé da montanha. AQUELE momento será crucial: Ele a escalará o não o paredão?
e) NISTO (AÍ) em vez de ENTÃO. Na linguagem coloquial: NISTO (então, aí), acabou o filme .
f) ISSO significando desprezo: ISSO já deu o que tinha de dar. Nada mais vale
g) ESSE e ESTE, para colocar em relevo um substantivo anteposto: Antônio, ESSE sabia das coisas!
h) ESTE, ESSE, AQUELE com valor indefinido. Era muita gente para almoçar: ESTE sentava no chão, ESSE na rede, AQUELE à mesa;
i) REFORÇO: E ESSE troço aí, garoto! ESTE aqui já pagou, AQUELE de lá, não.
j) AGLUTINADO com OUTRO: ESTOUTRO, ESSOUTRO, AQUELOUTRO. Embora corretas, essas combinações são mais usadas em Portugal que no Brasil.
k) ESPANTO, SURPRESA: ESSA NÃO!
l) ADMIRAÇÃO: AQUILO é pés de valsa!
m) INDIGNAÇÃO: A mãe esbravejava com a filha: ESTA BURRA! “ISTO não vai ficar assim!” disse o garoto esbofeteado. O brutamontes pergunta: “E por que não?”. O Menino: “É porque ISTO vai inchar muito ainda...”
n) COMISERAÇÃO: “AQUELA mulher, flor da poesia, era agora AQUILO” (A. M. Machado).
o) MALÍCIA: “Tenho AQUILO roxo!” (Collor).
p) IRONIA, DEPRECIAÇÃO, DESPREZO, ASCO: ISSO, ISTO, INDIGNAÇÃO. AQUILO: “ISSO é uma vergonha!”
q) FORMAS FIXAS (elípticas: em relação a): ISTO de política! Ora ESSA! ESSA é boa! ESSA não!
r) AO QUE ESTÁ EM NÓS: ESTE bigode, hoje branco, já foi um encanto. ESTE coração.... ESTA cabeleira, hoje escassa e grisalha, é ainda um chamariz de primeira.
s) ESTE AQUI, ESTA AQUI, ESSA AÍ, AQUELA LÁ e não: ESTE DAQUI, ESSE DAÍ, ESTA DAQUI, AQUELA DELÁ.
4) PALAVRAS COMPLICADAS E “DIFÍCEIS” PARA COISAS FÁCEIS E SIMPLES: FUNÇÃO EXOFÓRICA (DÊITICA) E ENDOFÓRICA (CATAFÓRICA E ANAFÓRICA), que tratam de recursos textuais. Essas palavras escalafobéticas saíram da lavra dos linguistas para assustar os estudantes menos sofisticados. O pior é que elas costumam aparecer em concursos públicos, vestibulares, Enem e exame da OAB. Muitas dessas funções são realizadas pelos pronomes demonstrativos, sem que haja necessidades dos gramáticos a elas se referirem. As palavras endofórica e exofórica são gêneros, das quais derivam as específicas. Aquela se relaciona com termos do próprio texto e se classifica em anafórica ou catafórica. Esta tem a função de antecipar algo que ainda será citado: ISTO, ESTE (a,s) cumprem uma função catafórica (como as palavras “seguintes”, “ a saber”, etc.), pois contém uma ideia antecipadora de algo ainda a ser citado no texto, sem repetição da palavra. Comprei ESTES objetos: Cadernos, livros, lápis, compassos, borrachas. Pronto, função catafórica é isso! Um aposto, em que se usa um pronome demonstrativo de primeira pessoa (Ex: este, isto) com dois pontos para enumerar os seres cuja citação já era esperada, apenas não sabendo quais. Faz o mesmo papel do anjo Gabriel: anuncia. Claro está que não é apenas o pronome demonstrativo que realiza função catafórica, mas ele pode realizar, e o aposto, idem. Essa é uma das funções do aposto, a de antecipar algo a ser citado dentro do texto e logo a seguir. Uma palavra anafórica retoma algo já mencionado no texto, para evitar repetições das palavras já citadas. Os pronomes demonstrativos ESSE, ESTE e AQUELE (num discurso) são especialistas nessas funções: Comprei melancia e cebola. Esta foi cara; aquela, muito barata. Um casal namorava na praça: Ele, um trintão; ela, uma adolescente de quinze anos (nesse caso são pronomes pessoais cumprindo função anafórica). “ESTA” e “AQUELE”, ELE, ELA retomaram dois termos já citados sem necessitar repetir os nomes deles. Essa é a famosa anáfora, que também é uma figura de linguagem que consiste na repetição da mesma palavra no início de versos ou frases. Posso ainda dizer assim: Lavei o tapete, a toalha e o lençol. Este deu pouco trabalho; esse, um tanto, mas aquele, deu muito. Esse uso , com três demonstrativos anafóricos simultâneos, talvez não traga muita beleza ao texto; daí, ser raro o uso, mas não é errado. O pronome relativo QUE também exerce função anafórica, porquanto tem um antecedente, que foi retomado sem a repetição viciosa da palavra a que ele se refere. O ladrão, que foi preso no ato do furto, já está solto. O “QUE” evitou a repetição do nome ladrão. Ele, assim, cumpriu uma função anafórica. CUJO, por sua vez, exerce função oposta a do pronome relativo QUE. Aquele( o ”cujo”) exerce uma função catafórica. Já este (o “que”) é uma anáfora. A função dêitica (ou exofórica) é aquela da ilustração do início do texto: A de mostrar a localização dos seres (se perto da 1ª, da 2ª ou 3ª P) sem nomeá-las.
Em resumo, a função endofórica se refere a algo dentro do texto: São palavras que retomam ou antecipam outra ou outras. Quando ela é anafórica, retoma elementos do texto sem necessitar repetir seus nomes. QUE (pr. relativo), ESSE, ESTE e AQUELE (demonstrativos) podem cumprir tais funções. Já a função catafórica antecipa elementos sem nomeá-los, funções que podem ser cumpridas pelo p. relativo CUJO e pelo demonstrativo ISTO, ESTE(a,s). A função dêitica (exofórica) dos demonstrativos é localizar um ser considerando as três pessoas do discurso (1ª,2ª,3ªp).
O ESTE faz o papel do anjo Gabriel - anuncia.
Essas funções não são exclusivas dos pronomes demonstrativos, nem estes têm apenas essas funções.
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