As figuras de linguagem são estratégias estilísticas que visam expressar sentimento e emoção. De acordo com o gramático Rocha Lima, as figuras são recursos que autores usam para conferir vivacidade e beleza ao estilo.
Elas se dividem em quatro grupos:
Figuras de palavra;
Figuras de construção;
Figuras de pensamento;
Figuras fônicas.
Neste artigo, vamos detalhar cada um desses grupos. Vejamos!
Figuras de palavra
Nas figuras de palavra ou tropos, os vocábulos assumem significados diversos daqueles que originalmente possuem. Vejamos quais são essas figuras.
1) Metáfora
É quando um termo adquire outro significado em decorrência de uma comparação implícita. De acordo com Rocha Lima, a metáfora transporta o nome de um objeto a outro, em decorrência de uma característica que é comum aos dois.
Por exemplo, a folha da árvore dá nome à folha de papel, porque ambas têm uma espessura pequena.
ex: A tribo vivia no coração da floresta.
2) Comparação
Diferente da metáfora, a comparação ou símile é uma associação explícita. Por isso, nessa figura, usamos o conectivo ou a expressão que estabelece a comparação.
ex: Ele é alto como uma montanha.
3) Metonímia
Nessa figura, temos uma relação de troca do todo pela parte e vice-versa.
ex: O país (a população da país) vibrou com aquele gol.
4) Catacrese
Trata-se de uma metáfora que, de tão usada, perdeu seu valor estilístico.
ex: Asa da xícara, pé do sofá, perna da mesa.
5) Perífrase
Trata-se do uso de mais palavras para expressar uma ideia que poderia ser dita com menos termos. Referindo-se a pessoas, o termo adequado é antonomásia.
ex: O rei da selva (em vez de “o leão”) é um dos animais mais admirados do mundo.
6) Sinestesia
É uma mistura dos sentidos ou das impressões sensoriais.
ex: voz áspera, cheiro doce, som aveludado.
Figuras de construção
As figuras de construção ou figuras de sintaxe envolvem a alteração da ordem sintática das orações para expressar determinados sentidos ou provocar sentimentos. Vejamos quais são essas figuras.
1) Hipérbato
De acordo com o professor Fernando Pestana, trata-se de uma inversão da ordem direta da frase.
Um exemplo clássico é o hino nacional brasileiro:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante.
Ordem direta - As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
OBS: No campo das inversões sintáticas, há ainda a anástrofe e a sínquise. Esta é uma inversão mais branda. Já aquela é uma inversão tão violenta, que deixa a frase sem sentido.
2) Pleonasmo
É uma das figuras de linguagem mais conhecidas. Segundo Pestana, trata-se da repetição da significação de palavras ou de termos oracionais.
ex: Chorou um choro profundo.
Há casos em que o pleonasmo é um vício de linguagem, isto é, uma repetição desnecessária, não intencional e sem valor estilístico. Nesse caso, dizemos que se trata de um pleonasmo vicioso.
ex: Fato real, elo de ligação, certeza absoluta, acabamento final, comparecer pessoalmente, amanhecer o dia, prefeitura municipal.
3) Anacoluto
É uma quebra na ordem direta da frase que deixa um termo sem função sintática – normalmente no início da oração, funcionando como um tópico.
ex: Nosso amor, aquilo era apenas passageiro.
4) Elipse
É a omissão de um termo ou de uma expressão.
ex: Saímos da sala apressados (o pronome “nós” está elíptico).
5) Zeugma
Trata-se de um tipo específico de elipse, que consiste na omissão de um termo anteriormente mencionado.
ex: ex: Paulo trabalha com informática; Júlio, com comunicação (o verbo trabalhar está elíptico na segunda oração).
6) Assíndeto
É a ausência de síndeto, ou seja, do conectivo que liga orações.
Ex: Fui à feira e comprei: mamão, laranja, maça, goiaba.
7) Polissíndeto
É o contrário do assíndeto. Nessa figura de linguagem, há a repetição do conectivo.
Ex: Acordei, e comi, e saí, e trabalhei, e voltei, e dormi.
8) Anáfora
É a repetição de uma palavra no início da frase.
ex: Quando não tinha nada, eu quis/Quando tudo era ausência, esperei.
O professor Fernando Pestana faz uma ressalva importante: “não confunda anáfora, figura de linguagem, com anáfora, processo de coesão. Nesta, um vocábulo tem o papel de retomar outro termo já especificado”.
Figuras de pensamento
Nas figuras de pensamento, de acordo com Pestana, exploram-se mais as ideias do que as palavras em si ou a disposição delas na frase. Vejamos abaixo quais são elas.
1) Antítese
É um contraste entre duas expressões, pensamentos ou palavras (antônimas). O objetivo é criar uma ideia de oposição.
ex: Ele adora me odiar.
2) Paradoxo (oxímoro)
É uma contradição extrema, que implica falta de lógica.
ex: Na sala, havia uma gritaria silenciosa.
3) Hipérbole
Trata-se de um figura que indica um exagero.
Ex: Ela chorou rios de lágrimas.
4) Gradação (clímax)
Refere-se a uma enumeração que indica crescimento ou diminuição.
Ex: Não quero, não posso, não devo.
Ex: É um pássaro, é um avião, não… é o super-homem.
5) Eufemismo
É uma suavização da linguagem. É o ato de usar uma expressão mais branda para expressar uma ideia mais pesada.
Ex: Ele virou uma estrelinha (em lugar de “ele morreu”)
6) Ironia
É uma forma de falar o oposto daquilo que realmente se falou. Em geral, essa figura de linguagem carrega um tom de deboche.
Ex: Ele é um ótimo colega de trabalho, porque fala mal de todo mundo.
7) Prosopopeia (personificação)
É a atribuição de características humanas a seres não humanos.
Ex: A floresta sofre com a destruição.
Ex: As paredes dessa empresa ouvem cada coisa.
8) Apóstrofe
É um chamamento ou uma invocação que se faz no início da frase. Equivale sintaticamente ao vocativo. É muito frequente nas orações religiosas.
Ex: Márcia, venha que estou te esperando!
Não confunda com apóstrofo (sinal gráfico)
Figuras fônicas
Nas figuras de som, a ideia é explorar a camada sonora da linguagem para, segundo Pestana, produzir determinados efeitos. Vejamos quais são elas.
1) Aliteração
É a repetição de uma mesma consoante em várias palavras da frase.
Ex: A louça luzia a luz da lâmpada.
2) Assonância
Assonância é, de acordo com Pestana, a repetição da vogal tônica ou do encontro vocálico na sequência da frase.
Ex: Ana ama Anderson.
Ex: Juro que não acreditei/ Eu te estranhei/ Me debrucei…
Se quiser saber mais sobre essa figura de som, confira o vídeo abaixo:
3) Paranomásia
É um jogo de palavras que consiste na aproximação de termos pela semelhança da forma ou da pronúncia. É o famoso trocadilho.
Ex: Exportar é o que importa.
4) Onomatopeia
São as palavras que imitam sons.
Ex: O zum-zum das pessoas pelas ruas era intenso.
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