Os colchetes, também chamados de parênteses retos, são símbolos gráficos. São uma variedade de parênteses.
Na língua portuguesa, os colchetes são considerados sinal de pontuação e estão intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva. Isto é, em muitos casos é possível utilizar tanto um quanto outro. Contudo, os parênteses são mais utilizados no dia a dia, sendo os colchetes encontrados mais facilmente em textos filosóficos, científicos e didáticos - e também na matemática, quando precedem os parênteses em uma equação.
Quando utilizar os colchetes?
Os colchetes podem ser utilizados para:
1. introduzir uma observação em construções já isoladas por parênteses:
– Existem dois tipos de regência: a nominal (quando um nome exige uma preposição) [essa é a mais fácil] e a verbal (quando um verbo exige uma preposição [essa é a mais cobrada em concursos]).
2. introduzir intervenção nossa na citação de texto alheio:
“O colchete é usado para indicar a inserção de palavras nossas no texto escrito por outrem. Podem ser simples observações de caráter bibliográfico ([está assim no original], [o grifo é do autor], [segue-se uma linha ilegível]), mas também podem ser comentários que introduzimos na citação para condicionar a interpretação do leitor ([como se fosse verdade], [eu que o diga!], [de novo!]). Como essas intromissões no texto alheio constituem a mais radical de todas as intercalações, devemos dar a elas uma sinalização reforçada, para evitar que o leitor incorpore nossas palavras ao texto original que estamos citando. Normalmente, como reforço visual, as palavras que ficam entre colchetes vêm grafadas em outro tipo de fonte.”
[Extraído de Português para Convencer, de Cláudio Moreno e Túlio Martins. São Paulo: Ática, 2006.]
3. Introduzir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra citada.
Dom Casmurro. Por Machado de Assis, da Academia Brasileira. H. Garnier, Livreiro-Editor – 71, Rua Moreira César, 71, Rio de Janeiro – 6, rue des Saints-Pères, 6 – Paris [1899].
4. sinalizar partes suprimidas de uma citação direta. Neste caso, é utilizado junto às reticências:
“[…] e se estabelece uma cousa que poderemos chamar — solidariedade do aborrecimento humano.”
Machado de Assis
“Três décadas atrás […] eu ostentava ideias claras sobre o Vietnã (os dois), o peronismo, Lumumba, a Albânia, os bororós e a chegada do homem à Lua. Conflitos entre árabes e judeus em territórios bíblicos não encerravam para mim nenhum segredo […] Agora mal me atrevo a opinar sobre aquilo que vivo e sofro diretamente. Por isso tenho um pouco de inveja e muita desconfiança de meus colegas intelectuais europeus e suas claras certezas […]”
Fernando Savater
5. sinalizar a transcrição fonética de uma palavra.
– cozinha [kuˈziɲɐ]
– mundo [ˈmũdu]
– roupa [ˈʀo(w)pɐ]
– sombra [ˈsõbrɐ]
6. indicar a etimologia da palavra em alguns dicionários:
Cozinha:
[F.: Do lat. tard. coquina, pelo lat. vulg. *cocina. Hom./Par.: cozinha (fl. de cozinhar)]
Fonte: Dicionário Caldas Aulete.
7. isolar o termo latino sic (“assim”) a fim de indicar que, por mais estranho ou errado que pareça, o texto original é assim mesmo:
– “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro alugado.” (Machado de Assis)
– “O homem disse que a briga foi por causa de ‘dez real’ [sic]”
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