Há casos em que a vírgula é facultativa e tem apenas uma função estilística na frase. Neste artigo, vamos mostrar quando isso acontece. Vamos lá!
1) Antes do adjunto adverbial
A vírgula antes do adjunto adverbial é optativa quando a oração está na ordem direta, ou seja, sujeito + verbo + objeto + adjuntos adverbiais.
ex1: Ela saiu correndo hoje pela manhã.
ex2: Ela saiu correndo, hoje pela manhã.
2) Depois de objeto direto ou indireto no início da oração
Nesse caso, o objeto virá anteposto ao verbo, invertendo a ordem direta – da qual falamos no tópico anterior.
ex1: Os meus filhos eu educo.
ex2: Os meus filhos, eu educo.
3) Antes da conjunção “e” ligando orações coordenadas com sujeitos diferentes
Como explica o professor Fernando Pestana, esse caso de vírgula facultativa não é consenso entre os gramáticos. Assim, há parte dos estudiosos da língua portuguesa que considera essa vírgula obrigatória.
ex1: Paulo chegou e Maria se foi.
ex2: Paulo chegou, e Maria se foi.
4) Após o adjunto adverbial de curta extensão
Se o adjunto adverbial de curta extensão estiver deslocado na frase, ele pode ser separado por vírgula.
ex1: Pela manhã, Marta faz meditação.
ex2: Pela manhã Marta faz meditação.
Segundo a Academia Brasileira de Letras (ABL), o adjunto adverbial de curta extensão é aquele formado por até dois termos.
5) Expressão opinativa
São aquelas expressões que indicam um ponto de vista (para mim, na minha opinião, a meu ver, etc).
ex1: Esse caso para mim está resolvido.
ex2: Esse caso, para mim, está resolvido.
6) Antes de orações subordinadas adverbiais
Quando a oração subordinada adverbial vier na ordem direta, a vírgula é facultativa.
Essa regra segue a mesma linha do tópico 1, que abordamos anteriormente.
ex1: Eu vou à sua casa se você me convidar.
ex2: Eu vou à sua casa, se você me convidar.
7) No final da oração adjetiva restritiva
Quando a oração subordinada adjetiva restritiva tiver um tamanho considerável e o verbo estiver próximo do da principal, é possível usar a vírgula.
Esse é caso polêmico, pois configura uma situação de separação de sujeito e verbo. Por isso, como ressalta Pestana, não há consenso entre os gramáticos – sendo que parte deles considera errado o uso do sinal de pontuação.
Outros, porém, como Napoleão Mendes de Almeida, abonam essa construção.
ex1: As pessoas que felizmente já tiveram a sorte de conseguir um emprego devem ser gratas à oportunidade.
ex2: As pessoas que felizmente já tiveram a sorte de conseguir um emprego, devem ser gratas à oportunidade.
8) Após as conjunções adversativa no início do período
Se a conjunção adversativa estiver deslocada para o início do período, a vírgula é optativa.
ex1: O caso estava decidido. Porém surgiram novos fatos que podem levar à reabertura da investigação.
ex2: O caso estava decidido. Porém, surgiram novos fatos que podem levar à reabertura da investigação.
Vale destacar que, com a conjunção “mas”, essa regra não se aplica e a vírgula nunca deve ser utilizada.
ex3: O caso estava decidido. Mas surgiram novos fatos que podem levar à reabertura da investigação.
9) Antes do “ou” ligando orações
Antes da conjunção “ou” ligando orações é possível utilizar a vírgula para dar ênfase a um trecho.
ex1: Vamos resolver esse problema de qualquer jeito ou morreremos tentando.
ex2: ex1: Vamos resolver esse problema de qualquer jeito, ou morreremos tentando.
10) Sujeito oracional introduzido por “quem”
O professor Pestana explica que esse é um posicionamento minoritário, defendido somente pelos gramáticos Luiz Antônio Sacconi e Pasquale Cipro Neto.
Ressalta-se que, como no caso abordo no ponto 7, estamos diante de uma situação na qual se separa sujeito do verbo. O objetivo da vírgula é dar mais clareza à frase.
ex1: Quem lê aprende mais.
ex2: Quem lê, aprende mais.
Destaca-se por fim que o professor Carlos Moreno também defende o uso facultativo da vírgula nesse tipo de frase.
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