quarta-feira, 1 de junho de 2022

Regência verbal – conceito e principais casos

 Regência verbal é a relação entre o verbo e os seus possíveis complementos, o que pode ou não ocorrer com auxílio de preposição.


O verbo é considerado o termo regente e os seus complementos são os termos regidos. Como complementos do verbo temos o objeto direto (não preposicionado) e o objeto indireto (preposicionado). Veja por qual tipo de verbo cada um deles é exigido:


– Verbo transitivo direto (VTD): exige apenas objeto direto;


– Verbo transitivo indireto (VTI): exige apenas objeto indireto;


– Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): exige tanto o objeto direto quanto o objeto indireto.


Obs.: verbos intransitivos não exigem complemento.


Confira alguns exemplos de regência verbal:


1. Este aparelho aspira o pó.


Aqui o verbo aspirar significa sorver, sugar. Nesse sentido, quem aspira, aspira algo, portanto o complemento do verbo é o objeto direto “o pó”, que não apresenta preposição.


2. Esses homens apenas aspiram ao lucro.


Agora, o verbo aspirar significa desejar, almejar. Nesse sentido, quem aspira, aspira a alguma coisa, por isso o complemento do verbo é o objeto indireto “ao lucro”, introduzido pela preposição a.


Por meio desses dois exemplos já é possível perceber como a mudança de regência de um verbo pode acarretar também na mudança de seu sentido. 


Regência dos verbos mais utilizados

Como existem mais de 11 mil verbos, não podemos abordar todos aqui, para isso existem dicionários de regência. Separamos a regência dos principais verbos utilizados no dia a dia e também muito cobrados em provas. 


Chegar, ir, voltar

Verbos que indicam deslocamento constroem-se com a preposição a:


– Os fãs costumam chegar cedo ao show.


– O político voltou a Brasília esta manhã.


Ir a x ir para

Quem vai a acaba por voltar, mas quem vai para não tem a intenção de regressar:


– Elisa vai a Vitória toda semana. (Pressupõe-se que ela vai a passeio.)


– Elisa vai para Vitória no fim do mês. (Pressupõe-se que ela vai para morar.)


Agradar

No sentido de acariciar, é VTD:


– A mãe agradava sua filha todos os dias pela manhã.


No sentido de contentar, deixar feliz, é VTI. A preposição que rege o complemento, nesse caso, deve ser a:


– O aluno agradou ao professor com sua aprovação.


Assistir

No sentido de ajudar, é VTD:


– A enfermeira assistiu seus pacientes durante o plantão.


No sentido de ver, exige complemento introduzido pela preposição a:


– Assistimos a filmes durante toda a madrugada.


No sentido de pertencer, é VTI e também é introduzido pela preposição a:


– Assiste ao ser humano o direito à vida.


No sentido de morar, é verbo intransitivo e deve ser empregado com a preposição em, a fim de montar a locução adverbial de lugar:


– Há dez anos, assisto em Florianópolis.


Corroborar

Muita gente emprega incorretamente esse verbo, utilizando a preposição com. Porém, saiba que esse emprego é vicioso e não deve ocorrer, pois corroborar é VTD, embora seja semelhante ao verbo 'concordar':


– A fala da professora corroborou a visão da diretora.


Ensinar

No sentido de ensinar algo, é VTD:


– Só devemos ensinar o essencial.


No sentido de ensinar algo a alguém ou ensinar alguém a fazer algo, é VTDI e pede preposição a:


– Ensinei as quatro operações matemáticas aos meus alunos.


Esquecer, lembrar

São VTD quando forem utilizados sem pronome e sem preposição:


– Esqueceu que havia reunião.


– Lembrou que havia reunião.


São VTI quando forem utilizados com pronome e com preposição:


– Esqueceu-se de que havia reunião.


– Lembrou-se de que havia reunião.


Informar, avisar, certificar, cientificar, notificar, prevenir, aconselhar, impedir, incumbir, proibir

São VTDI e podem admitir as preposições a, de ou sobre.


– Informaram ao chefe o que se passara.


– Notificaram o chefe do que se passara.


– Certificou o chefe sobre o que se passara.


Namorar

É VTD, por isso se usa sem preposição:


– Isabela namora seu amigo de infância.


No registro coloquial, costumamos dizer assim, pela semelhança com os verbos 'casar' e 'noivar':


– Isabela namora com seu amigo de infância.


A literatura já registra esse uso. No entanto, o emprego da preposição com altera o sentido do termo consequente, que passa a ser adjunto adverbial de companhia.


Preferir

Quando é VTDI, usa-se a preposição a e não admite a locução conjuntiva do que nem os advérbios mais, mil vezes, muito mais. Esse uso se explica pela semelhança com o verbo 'gostar' usado em comparações:


– Prefiro Espanhol a Inglês.


No sentido de dar primazia, é VTD:


– Confere à mulher o direito de preferir o trabalho ou a dedicação ao lar.


Visar

No sentido de mirar, dar visto, é VTD e emprega-se sem preposição:


– O atirador visava o alvo menor.


– É necessário visar o passaporte antes do embarque.


No sentido de ter em vista, é VTI e emprega-se com a preposição a:


– A jovem estudante visava ao cargo público.

Às vezes um erro se repete tanto, que algumas pessoas passam a achar que ele é um acerto. É o caso do verbo implicar. Neste artigo, vamos analisar a regência deste verbo.


Transitivo direto x Transitivo indireto

Ele pode ser transitivo direto ou transitivo indireto. No primeiro caso, ele não exige o uso da preposição e é sinônimo de acarretar. Então, o certo é dizer:”aumento da inflação implica aumento de preços”, e não “implica em aumento de preços”.


Já como transitivo indireto, o verbo é sinônimo de ter implicância ou envolver-se.


ex1: Os parlamentares implicaram-se em escândalos.


ex2: Os vizinhos implicam com o novo morador.

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