Pronome é uma palavra que substitui ou retoma o nome (por isso, ele é chamado de "pronome substantivo": Onde ele estiver, o substantivo estará ausente) ou o acompanha (por isso se chama "pronome adjetivo": Onde ele estiver, lá estará também o substantivo) indicando a pessoa gramatical (1ª, 2ª e 3ª pessoas). Caso de pronomes pessoais que substituem um nome: Roberto caiu. ELE caiu. A cadeira é de madeira. ELA é de madeira. Casos de pronomes acompanhando o nome: MEU casaco se rasgou. MINHA camisa, não. Há vários tipos de pronomes. Hoje estudaremos o pronome pessoal, um dos que substitui o nome:
1) Pronomes Pessoais. Designam as três pessoas do discurso. Eu ,tu, ele . Podem estar no caso reto (EU fui ao teatro) ou no caso oblíquo (Eu O mandei sair). Os oblíquos subdividem-se em: A) Átonos: Me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes (não são acompanhados de preposição): Trouxe-LHE o brinquedo; B) Tônicos: Pronome: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, si, eles, elas, que são antepostos de preposição: Nada deram A ELES. Mandaram essa encomenda PARA TI;
Eu e tu são sempre pronomes retos. Os demais podem ser retos ou oblíquos.
1ª pessoa: quem fala - locutor
2ª pessoa: com quem se fala - locutário
3ª pessoa: de quem se fala - assunto
2) Número dos pronomes pessoais: A) Primeira pessoa do singular: Eu, me, mim, comigo; B) Segunda pessoa do singular: Tu, te, ti, contigo;
C) Terceira do singular: Ele (ela), se, si, consigo, o, a, lhe; D) Plural da primeira pessoa: Nós, nos, conosco; E) Plural de segunda pessoa: Vós, vos, convosco; F) Plural da terceira pessoal: Eles (elas), se, si, consigo, os, as, lhes;
3) Pronomes de tratamento: São usados cerimoniosamente quando nos dirigimos a um interlocutor ou falamos sobre ele. Então, eles são de segunda pessoa e os verbos são de terceira (embora haja gramáticos que os considerem de terceira pessoa, Celso Cunha, por exemplo. Não acho tal opinião correta, pois, com esses pronomes nos dirigimos a uma segunda pessoa na interlocução, embora os verbos fiquem na terceira pessoa). Se falamos com a autoridade, usamos VOSSA. VOSSA excelência sabe disso. Se falamos dela: SUA . SUA Excelência, o juiz, de nada SABE. Os pronomes de tratamento são usados com o verbo na terceira pessoa, assim como os verbos. Você, (vossa Excelência, vossa Majestade, Alteza) chegou atrasada.
Os mais comuns são: Vossa Senhoria (pessoas de cerimônia, funcionários graduados, linguagem comercial), Vossa Excelência (altas autoridades e oficiais), Vossa Excelência Reverendíssima (bispos e arcebispos), Vossa Eminência (cardeais), Vossa Alteza (príncipes e duques), Vossa Santidade (papa), Vossa Reverendíssima (sacerdotes e religiosos em geral), Vossa Paternidade (superiores de ordens religiosas), Vossa Magnificência (reitores de universidades), Vossa Majestade (reis e imperadores), senhor (respeito), senhora (respeito), senhorita (moças solteiras), você (intimidade).
4) Usos dos pronomes pessoais: Conosco e convosco. Se vierem seguidos de outros, todos, ambos, mesmos, próprios, numeral ou oração subordinada adjetiva, são substituídos por COM NÓS e COM VÓS: Elas desejam que fiques CONOSCO. Elas desejam que fiques com NÓS mesmos. Elas desejam que fiques com todos.
5) O (e variantes), usados encliticamente com verbos terminados em R, S, e Z, estas consoantes desaparecem e os oblíquos mudam para LO, LA, LOS, LAS: Amá-LO, fizemo-LAS, trá-LOS, pedi-LAS, comê-LAS, pô-LAS. Também usamos LO e variantes com o designativo EIS. Eis a mercadoria: EI-LA. Eis os brinquedos: Ei-LOS. Se a terminação verbal for em som nasal (M, ÃO e ÕE) aqueles oblíquos (o, a, os, as) mudam para NO, NAS, NOS, NAS. Perderam- NA. Em situações cerimoniosas ou quando se pretende evitar o tom arrogante da linguagem, NÓS e VÓS podem substituir EU e TU. Vós SOIS o Senhor.
Nós já escrevemos todo o trabalho (EU): Plural da modéstia.
6) Oblíquos como objetos (complementos de verbos). O, A ,OS, AS são sempre objetos diretos. “LHE” é sempre objeto indireto. Dei-lhe o livro. Amo-a de coração. Já os pronomes átonos ME, TE, SE, NOS, VOS, e os tônicos A MIM, A TI, A SI, A NÓS, A VÓS podem funcionar como OD (objeto direto) e OI (objeto indireto). Se puderem ser trocados por um substantivo SEM preposição, são OD; caso precise da preposição, são OI: As palavras dela ME ofenderam. As palavras dela ofenderam A MIM. As palavras dela ofenderam o juiz. No caso, ME é OD; A MIM, Objeto Direto Preposicionado (ODP). (Nota: Para os casos principais do Objeto Direto Preposicionado, há um texto de minha autoria no RL. Sugiro uma leitura). Caso na troca do pronome (tônico ou átono) por um substantivo, este exija preposição, o oblíquo é OI: O trabalho ME convinha. O trabalho convinha A MIM. Caso haja a troca do oblíquo por substantivos, estes pedem uma preposição. Portanto, esses oblíquos, no caso, são objetos indiretos." A MIM” é objeto direto preposicionado (OIP) e ME é Objeto Indireto (OI).
7) Os OD e OI podem combinar-se entre si: Ele NOS deu a chave. NOS + A: Ele NO-LA deu. Ele ME entregou a caneta. ME + A: Ele MA entregou. Eu doei o terreno a João: Eu lho doei. Ela vos entregou a borracha: Ela VO-LA entregou. Ela nos deu os livros: Ela no-los deu. Ela me deu o lápis: Ela mo deu.
Essas combinações são mais usadas em Portugal que no Brasil.
O pronome SE não se combina com os pronomes O, A, OS, AS. 'Não se o quer' é invenção. Para tornar essa frase correta, retira-se o segundo pronome: 'Não se quer'.
8) Objetos pleonásticos ( ODP e OIP): É a repetição do mesmo objeto numa frase por razão estilística (ênfase, expressividade): Aquele jogo, guardei-O indelevelmente na memória. Aos adversários, dou-LHES apenas trabalho. "O" é Objeto Direto. "LHES" é OIP (Objeto Indireto Preposicionado).
9)O pronome pessoal VÓS vem caindo em desuso e tende a desaparecer da comunicação, com exceção dos tratamentos oficiais (Vossa Senhoria, Vossa Excelência). “VOCÊS” já reina absoluto. Porém, para se dirigir a Deus, alguns cristãos (sobretudo os católicos) não usam TU nem VOCÊ. Usam VÓS. E quase todos os cristãos, ao usarem um pronome (reto ou oblíquo) referente a Ele geralmente o faz com letra inicial maiúscula: Ele, dEle, nEle, O, No, Lhe, etc.
10) Depois da preposição, jamais poderemos usar o pronome do caso reto. Sempre usaremos o oblíquo tônico. Por isso, não devemos dizer: Entre EU e TU, mas sim, entre MIM e TI. Além disso, EU e TU só se usa antes de verbo. Porém, há um caso, depois da preposição, que é vedado o uso do oblíquo: Se depois da preposição houver um verbo no infinitivo (e sempre só aparece no infinitivo). É errado eu dizer: Ela trouxe o chocolate para EU (depois de preposição jamais deveremos usar o pronome reto. É certo: Ela trouxe o chocolate para MIM. É errado: Ela trouxe o chocolate para mim comer (“comer” aqui pede um sujeito e, nunca, um oblíquo pode funcionar como tal; ele é sempre objeto). O certo: Ela trouxe o chocolate para EU comer (“EU” aí é sujeito de comer). É errado também: Chegou a hora DELE dormir (dormir requer sujeito, que não pode ser DELE, pois nunca uma preposição pode introduzir uma oração, isto é, servir de sujeito desta). O certo: Chegou a hora de ele dormir ( O sujeito da segunda oração deste período é “ele dormir”. Temos que ter em mente também que DE pertence à primeira oração “chegou a hora de” e não à oração seguinte.). A opinião DELE foi favorável (nesse caso, DELE é pronome possessivo, não é sujeito de nenhum verbo).
11) SI e CONSIGO são pronomes reflexivos: Ele só pensa em SI mesmo. Ela levou CONSIGO toda fortuna. Usos errados: Eu confio muito em SI. Fiquei pensando CONSIGO mesmo. O certo: Eu confio muito em MIM. Fiquei pensando COMIGO mesmo.
12)Uniformidade de tratamento. Sempre que numa oração, num período, num texto, numa carta, num discurso começarmos a tratar alguém com um pronome, durante todo o texto teremos que usar o mesmo pronome. Os verbos devem estar em perfeita concordância com o pronome escolhido, do início ao fim. Dizer: Não tragas pedra no peito, para você levar nele o meu amor. Ora, pelo imperativo, o autor da frase tratou o interlocutor por TU (tragas), depois usou VOCÊ. Errado também: Já disse a VOCÊ, meu bem, eu TE amo. Não usar a uniformidade de tratamento é prova de grande incompetência linguística. Imperdoável! O erro também está naquele famoso slogan 'Vem pra Caixa você também'
13) A GENTE, em vez de NÓS e de EU. É correto. É necessário ficar atento a duas coisas: Jamais usar AGENTE e ter cuidado com a concordância verbal. A gente vai. Nunca: A gente vamos. Nós iremos. Nunca: A gente iremos. Esta dói: Agente vamos! Mas, por incrível que pareça há muitos “acadêmicos” por aí cometendo tais barbaridades, mesmo existindo o corretor gramatical no Word e no Google Docs. Quem sabe um artigo no código penal por crimes de lesa-gramática não nos faria ter mais respeito com o idioma!
14) Pronomes reflexivos e recíprocos. O sujeitos reflexivos praticam e recebem a ação. Têm três formas próprias de obíquos reflexivos: SE, SI, CONSIGO (tanto para o plural quanto para o singular): Elas trouxeram CONSIGO um moderno computador. Consigo ele trouxe uma calculadora. Ele se vestiu rápido, mas elas se vestiram vagarosamente. Quando os núcleos de um sujeito agem uns sobre os outros (ação recíproca) trata-se de um pronome recíproco. A reciprocidade da ação fica clara, isto é, evita ambigüidades (já que a construção parece com a reflexiva), com o uso de advérbios ou de expressões reforçativas: um ao outro (s) , entre si, mutuamente, reciprocamente: Jó e Tó enganaram-se (perceba a ambigüidade); Jó e Tó enganaram-se entre si (ou: um ao outro, mutuamente, reciprocamente, a si mesmos, ele e ela entreolharam-se. Para os reflexivos podem usar: A mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, retirando-se o pronome: Eles pentearam a si mesmos. Se, si e consigo são sempre reflexivos, os demais podem ser simples pronomes átonos.
ME e TE podem ser reflexivos, NOS, VOS e SE podem ser recíprocos.
Todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, mas nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco.
15) Emprego dos pronomes retos: A) Sujeito: Eu estudava e brincava quando era criança; B) Predicativo do sujeito: Eu serei TU; eu não sou mais EU. C) TU e VÓS podem ser vocativos: TU, Nina, podes vir comigo. Vós, depravados, podeis sair!
16) Omissão do pronome sujeito. É possível, por questão de economia, porquanto as desinências verbais indicam a pessoa e o número. Por ênfase, é que ele é mantido: Eu, um agonizante, despeço-me de todos. Ou quando a forma verbal para a primeira e terceira pessoas do singular é a mesma: “É preciso que eu REPITA o que ele DISSE? É preciso que ele REPITA o que eu DISSE” (Celso Cunha).
17) Realce do Pronome Sujeito: MESMO, PRÓPRIO, É QUE: Tu mesmo farás tudo. Ele próprio disse. Eu É QUE devo sair.
18) Por civilidade e se o sujeito inclui EU, este pode estar no fim: Neco, Leandro,e EU fomos promovidos. Contudo, tratando-se de algo desagradável ou se o conteúdo da frase implicar responsabilidade, a ordem pode ser invertida: EU, Leandro e Neco somos os culpados. Não se trata de certo e errado, são regras de cortesia.
17) Realce do Pronome Sujeito: MESMO, PRÓPRIO, É QUE: Tu mesmo farás tudo. Ele próprio disse. Eu É QUE devo sair.
18) Exceto em algumas regiões do Brasil, o pronome TU vem aos poucos caindo em desuso. O uso de VOCÊ vem se alastrando, inicialmente por demonstrar mais intimidade entre parentes e amigos próximos, e hoje por se usar até entre pessoas de níveis sociais e profissionais diferentes. Há inclusive uma tendência, salvo principalmente no Congresso Nacional, de essa asneira de pronome de tratamento ir cada vez sendo menos usado. Basta notar que quando falamos com um sacerdote, com um reitor, com um ministro, com altas autoridades do exército, etc. já começa a soar estranho o uso de seus respectivos pronomes de tratamento especiais, a não ser em reuniões por demais cerimoniosas. Outra é que, pelo menos também no Nordeste, o TU ainda é muito usado, substituindo inclusive nos lares a forma tradicional do uso do SENHOR, quando se dirige ao pai, os tios e os avós etc. Não sei se há influência, mas talvez a aumento da consciência cidadã e, portanto, do sentimento de igualdade, na essência, entre todos os membros da sociedade, a antiga diferença que se fazia entre uma profissão e outra já não é tão significativa. O uso do pronome TU é de suma importância para dois fatos: Tonar as orações mais sucintas e mais claras e, além disso, evita muitas ambigüidades. É uma pena que esteja caindo em desuso.
Tu + conjugação correta de segunda pessoa -> Falado no Pará e no litoral de Santa Catarina.
Tu + conjugação errada de terceira pessoa -> Falado no restante de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no sul do Paraná, em Minas Gerais, na região metropolitana de Santos, no estado do Rio de Janeiro, no Distrito Federal, na região Nordeste inteira menos a Bahia e no restante da região Norte inteira.
Você -> Região Centro-Oeste menos Brasília, na Bahia, e na maior parte dos estados de São Paulo, Paraná e Espírito Santo.
19) Extensão de Emprego dos Pronomes Retos. A) O plural da majestade. NÓS em vez de EU começou a ser usado por questão de modéstia: O rei era porta-voz da nação e em nome desta falava; o prelado, solidarizando-se com os fiéis, mostrava humildade, usando NÓS. Depois, perdeu-se esse valor i, e o pronome se tornou uma expressão de grandeza do rei ou prelado: O plural da majestade. B) O plural da modéstia: Ocorre quando escritores e oradores usam-na para tirar o tom impositivo e pessoal. “NÓS” passa a impressão de o pensamento deles é perfeitamente compartilhado com seus leitores e ouvintes; C) Fórmula de cortesia: Usa-se a 3ª pela 1ª. Por deferência a quem nos dirigimos, é comum começarmos assim: “José Lula, associado deste clube, requer a V. Sª se digne a...” D) O VÓS de cerimônia: Usado por pastor ou padre, implícito também no verbo “oremos” ao senhor, “podei” sentar, “ficai” de pé.
20) Quando um oblíquo é objeto de vários verbos de igual regência, ele não precisa ser repetido: Ela ME viu e sorriu. Ela ME viu e Me sorriu (não está errado, mas apenas um ME seria necessário). Porém: Ele ME ouviu e desobedeceu, tal oração está errada, pois os verbos são de regências diferentes (um pede OD e o outro OI). A oração certa seria: Ele ME ouviu e ME desobedeceu. Outras orações erradas: Entrei e sai de casa e ninguém viu (O certo: Entrei em casa e sai dela e ninguém viu). Fui e vim do bar em 20 minutos (o certo: fui ao bar e voltei dele em 20 minutos). Ainda que os verbos tenham a mesma regência, a colocação do oblíquo tem que ser repetida, caso este seja enclítico ao primeiro verbo: Ele viu-me e sorriu-me.
21) Emprego e valores do SE: A) Objeto Direto: Ele SE viu no espelho. Elas SE abraçaram. B) Objeto Indireto: Ela deu-SE um presente. C) Sujeito de um infinitivo - com verbo causativo ou sensitivo: Ela deixou-SE enganar. D) Pronome apassivador: Vendeu-SE o apartamento. E) Índice de indeterminação do sujeito: Precisa-SE de voluntários. Vive-SE bem no interior. Era-SE mais feliz antigamente. F) Partícula expletiva ou de realce: Vão-SE os anéis, ficam-SE os dedos. G) Parte integrante do verbo: Ajoelhou-SE no chão e rezou. I) Conjunção integrante: Perguntou SE tudo foi resolvido. J) Conjunção adverbial condicional: SE não chover, irei à igreja. L) Substantivo: O SE é uma palavra com várias classificações.
Se o SE for IIS, depois dele vem uma preposição, um advérbio ou um adjetivo.
Causativos são os verbos que indicam uma ação que levam a uma consequência - deixar, mandar e fazer.
Sensitivos são os verbos que indicam a existência de um dos sentidos - ver, ouvir e sentir.
22) Colocação pronominal: A) Próclise: Eu a vi; Mesóclise: Vi-la-ei. C) Ênclise: Vi-a.
23) Colocação do pronomes átonos. Para Luiz Antônio Sacconi ( Gramática Essencial Ilustrada), no português do Brasil, a regra de colocação é a próclise. Há só quatro proibições: A) Iniciar período com pronome oblíquo : Me dê o lápis. Se apresse! Se o texto for escrito, devemos preferir a ênclise: Dê-me o lápis. Apresse-se! B) Ênclise ao futuro: Enviá-lo-ei pelo correio. Perdoá-lo-ia pela ofensa que me causou. Nestes casos, usa-se a mesóclise, que pode ser substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir: Eu vou enviar pelo correio. Eu ia perdoar pela ofensa. C) Não usar a ênclise de particípio: Estas são obrigatórias, apesar de, no Brasil, sobretudo quando há locuções, as pessoas preferirem o oblíquo solto entre os dois verbos: A polícia tem espancado-o. A ênclise do infinitivo é sempre correta: Luzia vai casar-se com João. D) Em orações reduzidas de gerúndio (ele vive atrapalhando-A) e de infinitivo (ele costuma irritar-se facilmente), devemos usar sempre a ênclise com tais verbos. Mas, com a preposição EM+ gerúndio, pode-se usar o oblíquo assim: Em SE tratando de Brasil, há muito o que ser mudado. Respeitando-se tais exceções, a próclise é soberana. Só para reforçar: Nas locuções verbais e tempos compostos, o oblíquo pode ficar solto entre os verbos, mesmo havendo partículas atrativas antes da locução. Chega a ser um erro a ênclise com o verbo auxiliar, pois o oblíquo se associa ao verbo principal.
Pronomes retos podem começar frases, pronomes oblíquos só começam sob licença poética ou quando se pretende reproduzir a fala coloquial, as conjunções - coordenativas e subordinativas - também podem começar frases.
24) Pronome oblíquo funcionando como possessivo: A queda rasgou-lhe a calça (a calça dele ou dela). O acidente quebrou-te a perna (tua perna). Esse é um excelente recurso de estilo.
25) MESMO E PRÓPRIO como reforços dos pronomes pessoais: Ele MESMO construiu a casa dele. Ela PRÓPRIA fez todo o trabalho dela. Obs.: "Mesmo" e "próprio" aqui são palavras expletivas, isto é, têm objetivos enfáticos (e não sintáticos). Seu uso é apenas estilístico (ênfase, expressividade), mas não constitui erro.
Nota:
1) Uso adequado como pronomes demonstrativos:
a) Ela mesma, ele mesmo, eles mesmos, elas próprias fez (fizeram) o almoço. Aqui, tais palavras concordam, como visto nos exemplos, com o pronome.
b) O robô nunca inova: Faz sempre os mesmos movimentos.
2) "Mesmo" como advérbio de afirmação: Ele disse que ia fazer e fez 'mesmo'.
3) Uso inadequado: Ele fez uma série de afirmações. As "mesmas" não procedem.
Já dissemos que pronomes são as palavras que substituem o nome (José caiu: ELE caiu) ou o acompanha. O Pronome possessivo é um tipo de pronome que pode ou não acompanhar o substantivo (um nome):
Esse é TEU carro. Este é MEU. TEU: Acompanha o nome: É pronome possessivo adjetivo. MEU não acompanha nome algum (embora, pelo contexto, saibamos que se trate da palavra “carro”): É pronome substantivo.
Os pronomes possessivos dão ideia de posse (há um ser possuidor e outro possuído) e indicam as pessoas do discurso (Eu, nós, tu, vós, ele/eles/elas), com que mantêm íntima relação: MEU (“EU” é possuidor), TEU ( “TU” é o possuidor); DELE (A, S) : “ELE/ELAS/ ELES” é o possuidor; NOSSO: “NÓS” é o possuidor; VOSSO: “VÓS” é o possuidor.
Em pessoa, conforme está claro, o possessivo concorda com o possuidor (meu: eu; teu: tu; ele: seu; eles: seu; ela: seu; elas: seu; vós: vosso). Em número e gênero, com a coisa possuída: MINHA cal: MEU carro; MINHAS cais; MEUS carros).
São sempre pronomes possessivos, com exceção de nossa (que pode ser usado como interjeição por derivação imprópria), vossa e sua (que podem fazer parte de pronomes de tratamento).
1) Possuidor da primeira pessoa do singular (EU) e coisa possuída no masculino singunlar: MEU.
2) Possuidor da primeira pessoa do singular (EU) e coisa possuída no feminino singunlar: MINHA
3) Possuidor da primeira pessoa do singular (EU) e coisa possuída no masculino plural: MEUS.
4) Possuidor da primeira pessoa do singular (EU) e coisa possuída no feminino plural: MINHAS
5)Possuidor da primeira pessoa do singular (EU) e coisa possuída no feminino plural: MINHAS
6) Possuidor da segunda pessoa do singular (TU) e coisa possuída no feminino plural: TUAS
7) Possuidor da segunda pessoa do singular (TU) e coisa possuída no masculino plural: TEUS
8) Possuidor da segunda pessoa do singular (TU) e coisa possuída no masculino singular: TEU
9)Possuidor da segunda pessoa do singular (TU) e coisa possuída no feminino singular: TUA
10)Possuidor da terceira pessoa do singular (ELA, ELE) e coisa possuída no feminino plural: SUAS
11) Possuidor da terceira pessoa do plural (ELAS, ELES) e coisa possuída no feminino plural: SUAS
12) Possuidor da terceira pessoa do singular (ELA, ELE) e coisa possuída no masculino singular: SEU
13) Possuidor da terceira pessoa do singular (ELA, ELE) e coisa possuída no masculino plural: SEUS
14) Quando a coisa possuída é uma parte do corpo, uma peça do vestuário e qualidades do espírito, o artigo já denota posse: Machuquei o braço. Rasguei a saia. Ele perdeu a razão. Nesse caso, o possessivo é desnecessário.
15) É facultativo o uso ou não do artigo antes dos possessivos. Daí ser também facultativo o uso ou não da crase antes deles. Quando há elipse do substantivo, o artigo será obrigatório.
16) Antes da palavra CASA (no sentido de lar e não de edificação) não se usa o possessivo. Usa-se o oblíquo: Ela está em casa. Eu estou em casa. Só em caso de ênfase, cabe o possessivo: Na MINHA casa é que você não vai ficar!
17) O problema da ambiguidade com os possessivos SEU, SUA, SEUS, SUAS: SUA presença lá é indesejável. Presença de quem: Da pessoa com quem se fala ou da pessoa de quem se fala? Essa ambiguidade poderia ser eliminada se fosse usada uma das seguintes alternativas: DE VOCÊ, DELE: A presença de você lá é indesejável. A presença dele lá é indesejável. Outra medida desambiguadora é mudar o pronome pessoal com o qual o falante usa para conversar com o interlocutor: Em vez de usar VOCÊ, usaria TU. A frase ficaria assim: Tua presença lá é indesejável. Seria uma perda muito grande para o idioma se o uso do "TU" fosse extinto, por essa e outras razões, inclusive de natureza eufônica e de construção frasal. Outra possibilidade de ambiguidade com o possessivo "SEU" (e derivados): O médico informou à secretária que SUA proposta não foi aceita. O “SUA” refere-se ao médico ou à secretária? Tal dúvida inexisteria se, em vez de SUA, fosse usada DELA ou DELE.
18) Outros valores dos possessivos: A) Aproximação: Paulo terá seus 40 anos; B) Pronome de tratamento: Vossa Excelência está bem. C) Intimidade: Bom escritor, NOSSO Machado a todos admiravam. Nesses três casos, a ideia de POSSE já foi esquecida. Em 'Passei o Ano Novo com os meus', o possessivo como pronome substantivo significa parentes, familiares;
19) SEU como corruptela de SENHOR: SEU Gabriel chegou. “SEU” aqui não é possessivo, não dá ideia de posse. Ele é uma alteração fonética de SENHOR. Nossa Senhora e 'minha nossa' são locuções interjetivas usadas para expressar surpresa, espanto ou indignação.
20)Quando aludimos ao pronome de tratamento, o verbo fica na terceira pessoa do singular: Vossa Excelência e SUA esposa vão viajar?
21) Concordância. O possessivo concorda com o substantivo mais próximo. Conto com SUA ajuda e apoio. Conto com SEU apoio e ajuda.
22) O possessivo pode vir antes ou depois do ser possuído. Todavia, o mais comum é vir antes do substantivo. Porém, quando o pronome vem depois dele, ocorre uma diferença semântica - interpretativa / de sentido.
”Minhas saudades de Beatriz” e “Beatriz sente saudades minhas?” têm valores semânticos diferentes. O mesmo acontece em ”Estou com tua foto” e “Tenho uma foto tua”.
1 - saudades que eu sinto / saudades que Beatriz sente
2 - a foto te pertence / tu estás na foto
23) O Possessivo Como Ofensa, Cortesia, Afetividade, Ironia e não POSSE: MEU querido professor, por que o Brasil, sendo tão grande, é tão pequeno? MINHA amada, você terá que refazer seu trabalho. Olha, SEU cavalo, para entender, tem que prestar atenção! Não carecia tanto esforço, MINHA senhora!
24) NOSSA como interjeição de susto, admiração por derivação imprópria - também chamada de conversão:
_ olha, aquele avião está caindo!
_ NOSSA!
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