O que é um verbo no infinitivo?
É o verbo na sua forma não conjugada, o verbo normal com a desinência R. Dependendo da vogal temática (A, E, I), a vogal que fica entre o radical do verbo e a desinência R, os verbos podem ser de primeira (andAr), segunda (falecEr) e terceira conjugação (pedIr). O radical com sua vogal temática (o infinitivo sem o R) se chama TEMA: Anda, falece e pedi são os temas dos verbos andar, falecer e pedir.
É na forma infinitiva que os verbos aparecem nos dicionários. Não aparece 'dorme', mas sim dormir, não aparece 'sonhou', mas sim sonhar.
Qualquer verbo, quando conjugado, diz-se que ele está na forma finita. Quando não flexionado, ele se encontra no INFINITIVO. Um verbo conjugado sempre tem um sujeito. O infinitivo, não.
Porém, em português, o infinitivo pode ser conjugado, caso em que ele se chama INFINITIVO PESSOAL.
Exemplo: Andar é um bom exercício para conservarmos a saúde.
Aqui, “andar”, usado substantivamente (o andar) e como sujeito da oração, encontra-se no infinitivo impessoal. Porém “conservarMOS”, está no infinitivo pessoal (o sujeito é nós, indicado pela desinência MOS).
Enfim, um verbo do infinitivo impessoal é o verbo sem conjugação, terminado em AR, ER ou IR. Ele não tem marcação de tempo e pessoa (a desinência de tempo e pessoa). O R é sua marcação de modo.
O infinitivo impessoal é um “tempo” primitivo. Dele, derivam-se três tempos do indicativo:
a) Futuro do presente: Troca-se o R pelas desinências: REI, RÁS, RÁ, REMOS, REIS, RÃO: Irei, irás, irá, iremos, ireis, irão. São exceções a essa regra os verbos dizer, fazer e trazer (direi, farei, trarei) e seus derivados.
b) Futuro do pretérito: Troca-se o R por: RIA, RIAS, IRIA, RÍAMOS, RÍEIS, RIAM: Iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam. São exceções a essa regra os verbos dizer, fazer, trazer (diria, faria, traria) e seus derivados.
c) Pretérito imperfeito: Troca-se o R pelas desinências VA, VAS, VA, VAMOS, VEIS, VAM, se o verbo for de primeira conjugação (andava, andavas, andava, andávamos, andáveis, andavam), ou por IA, IAS, IA, AMOS, EIS, AM, se o verbo for de segunda e terceira conjugações: Comia (pedia), comias (pedias), comia (pedia), comíamos (pedíamos), comíeis (pedíeis), comiam (pediam). São exceções a essa regra os verbos ser, ter, vir e pôr (era, tinha, vinha e punha).
Do infinitivo impessoal derivam ainda:
a) O gerúndio: Troca-se o R pela desinência NDO: AndaNDO, comeNDO, pediNDO;
b) O particípio: Troca-se o R por DO (se o particípio for regular) ou, se o verbo for de segunda conjugação, troca-se o ER por IDO : AndaDO, comIDO, pedIDO.
c) O infinitivo pessoal: O R permanece e se acrescenta as desinências número-pessoais: ES, MOS, DES, EM: Andar, andarES, andar, andarMOS, andarDES, andarEM. Na 1ª e 3ª pessoa do singular, as formas são idênticas às do impessoal.
Nos verbos regulares, o infinitivo é igual ao futuro do subjuntivo, nos verbos irregulares, é diferente.
Um adendo: Os verbos que estão no infinitivo (pedir), no gerúndio (pedindo) e no particípio (pedido), dizemos que eles estão na forma nominal. Eles perdem a flexão de tempo/modo (uma característica essencial dos verbos), mas ganham características dos nomes, podendo serem usados como substantivos (nadar é um bom exercício), como adjetivos (ele é um sacrificado!) e advérbios (ele, chegando a São Paulo, está bom. Veja: Chegando: QUANDO chegar).
Alhures, estudamos o PRESENTE DO INDICATIVO e seus tempos derivados. Aqui, veremos o PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO e os tempos derivados deste: O IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO, O MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO e o FUTURO DO SUBJUNTIVO.
O perfeito do indicativo se refere a uma ação iniciada e totalmente concluída no passado. Daí o nome “perfeito”, que nada falta para ser concluído e acabado. (O “imperfeito” significa não concluído, inacabado. Se refere à uma ação em processo, continuada no passado). O “mais-que-perfeito” se refere a uma ação iniciada e concluída no passado, anterior a outra também passada, isto é, anterior à ação do pretérito perfeito. Exemplos: Pretérito perfeito: Ontem FUI ao Acre. Pretérito mais-que-perfeito: Minha filha FORA anteontem. Pretérito imperfeito: Ontem, a esta hora, eu me EXERCITAVA na academia (a ação estava em progresso).
1) CONJUGAÇÃO DO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO. Por ser um tempo primitivo, não tem desinência de modo e tempo. Apenas de pessoa e número: I, STE, U, MOS, STES, RAM:
a) PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO (1ª conj.: AR): Falei, falaste, falou, falámos, falastes, falaram.
b) PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO (2ª conj.: ER): Comi, comeste, comeu, comémos, comestes, comeram
c) PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO (3ª conj.: IR): Parti, partiste, partiu, partímos, partistes, partiram
Nota: “STE” é a marca da 2ª p do sing. do perfeito do indicativo (não há outro tempo verbal com tal desinência). “STES” é da 2ªp do plural. A vogal temática “A” (1ª conj.) da 1ªp e da 3ªp do singular sofre alterações: o A é substituído por E na 1ª pessoa, e por O, na 2ª pessoa. Notar também: O sinal de acento agudo na 1ªp do plural desse tempo é uma novidade do último acordo ortográfico entre Brasil e Portugal. Ele é importante para distinguir tal conjugação da 1ªp do plural presente do indicativo, nos verbos regulares da 1ª conjugação (amamos / amámos). Esse é facultativo, e não obrigatório.
Será que hoje amamos os inimigos? - presente do indicativo
Será que, no passado, amamos os inimigos? / Será que, no passado, amámos os inimigos? - pretérito perfeito
2) CONJUGAÇÃO DOS TEMPOS DERIVADOS DO PRETÉRI]TO PERFEITO DO INDICATIVO
Para formar o mais-que-perfeito do indicativo, é só acrescentar ao tema (verbo no infinitivo sem o R: Cantar: Canta. Comer: Come. Partir: Parti) as desinências modo-temporal (RA) e as desinências números-pessoais: S, MOS, IS, M. A desinência modo-temporal do imperfeito do subjuntivo é SSE. As números-pessoais são também: ( ), S, MOS, IS, M. As desinências de modo e tempo do futuro do subjuntivo são: R, RES, RMOS, RDES, REM. As de número e pessoa são: ES, MOS, DES, EM.
Resumindo, para conjugar os verbos no mais-que-perfeito do indicativo, no imperfeito do subjuntivo e no futuro do subjuntivo, é só adicionar aos temas as respectivas desinências:
a) PRETÉRITO-MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO (1ª conj): Cantara, cantaras, cantara, cantáramos, cantáreis, cantaram.
b) PRETÉRITO-MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO (2ª conj): Comera, comeras, comera, comêramos, comereis, comeram.
c) PRETÉRITO-MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO (3ª conj): Partira, partiras, partira, partíramos, partíreis, partiram.
d) IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO (1ª CONJ.): Cantasse, cantasses, cantasse, cantássemos, cantásseis, cantassem.
e) IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO (2ª CONJ.): Comesse, comesses, comesse, comêssemos, comêsseis, comessem.
f) IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO (3ª CONJ.): Partisse, partisses, partisse, partíssemos, partísseis, partissem.
g) FUTURO DO SUBJUNTIVO (1ª CONJ.): cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantardes, cantarem
h) FUTURO DO SUBJUNTIVO (2ª CONJ.): Comer, comeres, comer, comermos, comerdes, comerem
i) FUTURO DO SUBJUNTIVO (3ª CONJ.): Partir, partires, partir, partirmos, partirdes, partirem
Obs: Os verbos haver, ser, estar, ir, querer e saber, no presente do subjuntivo, não seguem essa regra. Eles são conjugados assim: (que eu) haja, seja, esteja, dê, vá, queira e saiba. Verbos defectivos não se conjugam no presente do subjuntivo, porque não possuem a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo.
A formação e o uso do imperativo é um assunto que gera muitas dúvidas. No entanto, ele não é tão complicado assim. O essencial é que saibamos conjugar os verbos nestes dois modos/tempos: Presente do indicativo e presente do subjuntivo. Conjuguemos alguns verbos (de conjugações diferentes) nesses dois tempos:
1) Presente do indicativo: Eu ando, tu andas, ele anda, nós andamos, vós andais, eles andam (1ª conj.)
2) Presente do indicativo: Eu como, tu comes, ele come, nós comemos, vós comeis, eles comem (2ª conj.)
3) Presente do indicativo: Eu sorrio, tu sorris, ele sorri, nós sorrimos , vós sorris, eles sorriem (3ª conj.)
4) Presente do indicativo : Eu parto, tu partEs, ele partE, nós partimos, vós partis, eles partEm (3ª conj.)
Notar: Na conjugação de PARTIR, houve alteração fonética: o “E” alterna como “I”. Veja por que: Em “ele parte”, se não ocorresse a alteração, ficaria: "(Ele) parti". Não poderia, pois “parti” é a 1ª p.s. do pr. perfeito do indicativo. “(Tu) partes” ficaria igual a “(vós) partis”. Finalmente, “eles partem” ficariam “eles partim”!
5) Presente do subjuntivo: (que) eu ande, tu andes, ele ande, nós andemos, vós andeis, andem (1ª conj.)
6) Presente do subjuntivo: (que) eu coma, tu comas, ele coma, nós comamos, vós comais, eles comam (2º conj.)
7) Presente do subjuntivo: (que) eu parta, tu partas, ele parta, nós partamos, vós partais, eles partam (3ª conj.)
Notar que, no presente do subjuntivo, os verbos de segunda e terceira conjugações têm a mesma terminação.
Para formar o imperativo, basta isto: Busquemos do presente do indicativo a segunda pessoa (do singular e do plural) sem o S. Do presente do subjuntivo, a terceira pessoa (singular e plural) e a primeira pessoa do plural.
É necessário que se saiba: As pessoas do imperativo são diferentes das pessoas dos demais modos verbais.
Não se usa o QUE do subjuntivo.
Os pronomes são colocados após o verbo, diferente do indicativo e do subjuntivo, em que os pronomes aparecem antes do verbo.
Até por uma questão de bom senso, entendemos que a pessoa EU não pode existir. Já que o imperativo (lembra imperador) é o modo da ordem, do conselho e do pedido que um interlocutor faz a outro, não faz sentido que alguém dê ordem ou faça um pedido, conselho, súplica, convite, proíba ou recomende algo a si próprio.
Nas gramáticas aparece um traço. Não é verbo defectivo. É o imperativo do modo imperativo.
Como não há a terceira pessoa no imperativo (singular, ele; e plural, eles), os verbos do subjuntivo a ela relacionados (ande, andem) concordam com você (ande) e vocês (andem).
Assim, temos imperativo:
Anda (tu)
Ande (você)
Andemos (nós)
Andai (vós)
Andem (vocês).
Esse é o imperativo afirmativo. Como vimos, vêm dois verbos das conjugações da segunda pessoa (tu, vós) do presente do indicativo e os outros três (que se conjugam com você, vocês e nós) do presente do subjuntivo (tirados das pessoas ele, nós e eles).
Já o imperativo negativo vem integralmente do presente do subjuntivo. É Ctrl C e Ctrl V. Usa-se o NÃO ou qualquer outra palavra negativa.
Não andes (tu)
Não ande (você)
Não andemos (nós)
Não andeis (vós)
Não andem (vocês)
Notas: O presente do indicativo é um tempo primitivo. Nele não há desinências de modo e tempo. Há apenas a de pessoa e número. A desinência “O” é a marca da primeira pessoa do singular ( não há outro tempo verbal que tenha tal terminação). O presente do subjuntivo é formado com a troca da desinência “O” por desinências próprias (e, es, e, emos, eis, em, para os verbos de primeira conjugação; a, as, a, amos, ais, am, para verbos de segunda conjugação). Por exemplo: Eu cantO (que eu cantE,...). Eu como (que eu comA ,...). Eu peçO (que eu peçA,...). Já a ausência de desinência é a marca da terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Eu canto, ele canta: Na 1ª pessoa (eu cantO), a vogal temática “A” está ausente; ela foi substituída pela desinência “O”; na 3ª pessoa, não existe desinência (a desinência zero é a marca da terceira pessoa do singular); o “A” de cantA é vogal temática (e não desinência). Enfim, conclui-se que o presente do subjuntivo deriva diretamente do presente do indicativo, mais particularmente da primeira pessoa do singular desse tempo.
Alguém uma vez me perguntou por que o subjuntivo é conjugado sempre com a presença explícita ou subentendida de um QUANDO (EX.: Quando tu FALARES, quando eu VIR), um QUE ( que eu FALE, que tu VEJAS) ou um SE (se eu falasse, se tu visses). Aproveito aqui para esclarecer esse ponto sobre o subjuntivo, que é o modo da incerteza e da dúvida: Ele é usado em orações subordinadas, que são introduzidas por conjunções (subordinativas). Num período composto por subordinação, há sempre pelo menos uma oração principal e uma subordinada. A oração subordinada é sempre iniciada com uma conjunção subordinativa:
SE ele VISSE a ex-namorada com outro lá, ele ficaria doido.
Eu só vou sair daqui, QUANDO o médico CHEGAR.
Não falo mais nada QUE não SEJA o estritamente necessário.
Vamos conjugar os verbos SER, PRECAVER , IR e ABOLIR no imperativo, por conterem certas dificuldades.
Verbo SER
a) Presente do indicativo: Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
b) Presente do subjuntivo: Seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam.
c) Imperativo afirmativo: SÊ tu, seja você, sejamos nós, SEDE vós, sejam eles.
Perceber: Para tu e vós, o imperativo afirmativo do verbo SER não segue o esquema normal de sua construção.
“SÊ COMO O SÂNDALO” (título de um livro de contos da escritora Rejane Romani Rech)
SEDE conforme Cristo ensinou: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16, 15).
d) Imperativo negativo: Não sejas ( tu), não seja(você), não sejamos (nós), não sejais (vós), não sejam (vocês).
Verbo PRECAVER:
a) Presente do indicativo: Eu ( ), tu ( ), ele ( ), nós precavemo-nos, vós precavei-vos, eles ( ).
b) Presente do subjuntivo. Não há, pois não existe a 1ª do sing. do ind.
c) Imperativo negativo. Também não há, uma vez que não existe o presente do subjuntivo.
d) Imperativo afirmativo: Precavei-vos (vós).
Observação. Para as conjugações faltosas, podem ser usados os verbos prevenir-se ou acautelar-se. Existem outros verbos iguais a precaver-se, como adequar, ressarcir, reaver, computar, falir. Nos outros tempos, esse verbo é regular, como vender.
Verbo IR.
a) Presente do indicativo: Eu vou, tu vais, ele vai, nós vamos, vós IDES, eles vão.
b) Presente do subjuntivo: Vá, vás, vá, vamos, VADES, vão.
c) Imperativo afirmativo: Vai , vá, vamos, ide, vão.
d) Imperativo negativo: Não vá, não vás, não vamos, não vades, não vão.
Verbo ABOLIR:
a) Presente do indicativo: Eu ( ), tu aboles, ele abole, nós abolimos, vós abolis, eles abolem.
b) Presente do subjuntivo: Por não haver a primeira pessoa do indicativo singular, também não há o este tempo.
c) Imperativo afirmativo: Abole (tu), aboli (vós).
Há muitos verbos defectivos iguais a abolir, entre eles colorir, demolir, explodir, extorquir. Nos outros tempos, tem conjugação regular, como partir.
Nota: No português lusitano, se admite a forma “eu abulo” para a primeira pessoa do singular do modo indicativo. Então, já que não é defectivo nessa pessoa, existem o presente do subjuntivo e o imperativo completos.
============================================
Tentativa de resposta ao amigo Raychaves, sobre o verbo AQUELAR:
Chaves, li tal verbo no iDicionário Aulete:
"v.
1. Lus. Palavra-ônibus a que se recorre para suprir um verbo que foi momentaneamente esquecido ou que se desconhece, e que expressa múltiplos significados, como arranjar, fazer, compor, preparar, perceber etc."
Assim, trata-se de uma muleta para um falante quando esquece a palavra apropriada num dado momento da fala, em que ele se apoia quando percebe que vai capengar. No Brasil, temos também nossas moletas verbais: FAZER, DIZER e até COISAR. Palavras como NÉ, TIPO (tipo isso, tipo aquilo...), COISA, TROÇO, TRECO, BAGULHO, NEGÓCIO, TREM (para o mineiro), PARADA (para o carioca), LEGAL, BACANA e outras também servem de socorro na hora de um "branco" de quem fala.
A conjugação de AQUELAR é completa, pois ela existe na primeira pessoa do singular indicativo (eu aquelo) e, portanto, no subjuntivo presente e no imperativo, que foram os tempos estudados neste tópico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário