J
JUNTO
Atualmente, está se empregando a palavra "junto" de maneira totalmente imprópria, como nos exemplos a seguir:
"Ele está negociando um empréstimo junto ao banco"; "Ela está discutindo a questão junto ao Ministério da Fazenda"; "O Vasco comprou o jogador junto ao Flamengo"; "O clube está tentando junto ao jogador a renovação do contrato". Nada disso é correto. "Junto" significa "pegado, anexo, unido, ao lado": "Junto à minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia...". É o início de uma bela canção de Chico Buarque ("Até pensei").
Nas frases do parágrafo anterior, o correto seria: "Ele está negociando um empréstimo com o banco"; "Ela está discutindo a questão com o Ministério da Fazenda"; "O Vasco comprou o jogador do (ou "ao") Flamengo"; "O clube está tentando com o jogador a renovação do contrato".
JUROS
"Juros" é plural de "juro", assim como "óculos" é plural de "óculo". Então, diga e escreva: "o óculo", "os óculos", "meus óculos", "estes óculos", "aqueles óculos"; "o juro", "o menor juro", "o juro mais baixo", "juro baixo", "os juros", "os menores juros", "os juros mais baixos", "juros baixos".
O mesmo processo vale para "saudade" e "ciúme", palavras que, para muitos puristas, não deveriam ser usadas no plural. De qualquer maneira, diga "a saudade" ou "as saudades"; "o ciúme" ou "os ciúmes".
K
A LETRA K
Na Língua Portuguesa, a letra "k" só deve ser usada em símbolos como:
K = potássio, Kr = criptônio;
e em abreviaturas:
kg = quilograma, km = quilômetro, kw = quilowatt (sempre em minúsculas e no singular).
L
LEGISFERAR ou LEGIFERAR?
A palavra certa é "legiferar" = fazer leis. Por influência de palavras como legislar, legislação e legislativo, há quem escreva assim.
LENDÁRIO ou LEGENDÁRIO?
Segundo nossos dicionários, lendário e legendário podem ser usados como sinônimos.
Está registrado no dicionário Michaelis: Legendário 1. Que se refere a legenda. 2. Que é da natureza das lendas; lendário."
Lendário é derivado de lenda (história fantasiosa sobre personagens exemplares ou seres sobrenaturais e que fazem parte da tradição de um povo; história sobre uma pessoa famosa criada pela imaginação popular; personagem notório); legendário é relativo a legenda (texto que traduz as falas de um filme ou programa estrangeiro, texto que explica e comenta uma imagem, partido político ou sua sigla, inscrição em moeda ou medalha, sinais usados em um mapa, relato da vida de santos).
M
MADEREIRA ou MADEIREIRA?
A forma correta é "madeireira".
MACÉRRIMO / MAGÉRRIMO / MAGRÍSSIMO
Macérrimo é um dos superlativos de "magro". Uma pessoa macérrima é apenas uma pessoa muito magra. "Magro" vem do latim ("macer") e pertence à mesma família de "macerar", "macerado", "maceração", "macérrimo", etc. Em todas essas palavras, existe a noção de "amolecer", "enfraquecer", "debilitar", etc. Por se apoiar na raiz latina, "macérrimo" é considerada a forma erudita do superlativo absoluto sintético de "magro". Outra flexão possível é "magríssimo", que se apóia na forma portuguesa do adjetivo. No Brasil, é muito comum o emprego de "magérrimo". O "Aurélio" diz que essa forma é "anormal (...), apesar de muito comum"; o "Houaiss" diz que essa forma "vem sendo usada como se o étimo fosse mager, magris, e não macer, macris, macre , sendo, pois, menos recomendável".
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa , da ABL, registra somente duas formas: magérrimo e macérrimo.
MAIS BOM DO QUE MAU
Quando se intensifica uma qualidade de determinado ser, tem-se o adjetivo no grau superlativo absoluto, que pode ser analítico ("Ele é muito alto") ou sintético ("Ele é altíssimo").
Existem tambem outras formas de se intensificar um adjetivo. Pode-se fazê-lo com prefixos ("Ele é supersensível"; "Ela é ultracompetente"), com o diminutivo ("Ele joga uma bola redondinha"), com o aumentativo ("O chefe é distraidão"), etc. Na língua do dia-a-dia, não falta criatividade para intensificar o adjetivo ("podre de rico", "chato de dar dó", etc.).
Quando se destaca a qualidade de um ser em relação a um conjunto de seres da mesma espécie, o adjetivo é flexionado no grau superlativo relativo ("Ela é a mais alta da turma"; "Ele é o menos eficiente da família").
O outro grau do adjetivo é o comparativo: "O Amazonas é mais extenso do que o Tapajós"; "Ele é tão aplicado quanto ela". Com essa flexão de grau do adjetivo, pode-se comparar uma qualidade em dois seres, como se viu nos últimos exemplos, ou duas qualidades no mesmo ser ("Ele é mais honesto do que competente").
E é justamente quando se comparam duas qualidades no mesmo ser que surge uma surpresa interessante. Sabemos que não se diz que uma casa é "mais grande" do que outra. Substitui-se "mais grande" por "maior". Diz-se, portanto, que uma casa é maior do que outra. Mas suponha que se queira falar do tamanho e do conforto de determinada casa. A casa é grande, mas o espaço não foi bem aproveitado, ou seja, a casa é grande, mas é pouco confortável. Pode-se dizer que a casa é mais grande do que confortável. Sim, é mais grande; não é maior. Não se comparam duas casas; comparam-se duas qualidades que pertencem ao mesmo ser, já que se quer saber que qualidade predomina nessa casa.
Isso também pode ser dito a respeito de "bom" e "melhor". Diz-se que Pedro é melhor do que Paulo, mas não se diz que Pedro é melhor do que mau. Diz-se que Pedro é mais bom do que mau, quando se acredita que em Pedro a bondade supera a maldade. Por falar em "mau", tome cuidado com "mal". A dica para evitar confusões é velha e conhecida: "mau" se opõe a "bom" ("Não é mau escritor"/"Não é bom escritor"); "mal" se opõe a "bem" ("Ele escreve mal"/"Ele escreve bem").
Voltando às comparações, é bom lembrar que "mais pequeno" é construção comum em Portugal e também encontra registro em grandes autores brasileiros. O "Aurélio" dá estes exemplos: "Amo-te até nas coisas mais pequenas" (de Manuel Bandeira); "Quando era mais pequeno, metia a cara no vidro" (de Machado de Assis). Nos dois casos, também caberiam as formas sintéticas ("menores" e "menor", respectivamente), talvez menos expressivas nos exemplos em questão, sobretudo no de Bandeira.
Também é bom lembrar que são igualmente possíveis as formas "que" ou "do que" para introduzir o segundo elemento da comparação e fechar a estrutura: "Ele é mais alto do que eu" ou "Ele é mais alto que eu"; "Ela é mais calma do que você" ou "Ela é mais calma que você".
Por fim, uma informação importante para quem vai fazer qualquer concurso público, formulado por examinadores que adoram as malditas "pegadinhas". Quando se diz que uma casa é menor do que outra, o comparativo é de superioridade. Pode parecer estranho, mas é de superioridade mesmo, já que "menor" equivale a "mais pequeno" e, se é "mais", é superior. Também em "Este carro é pior do que aquele" há comparativo de superioridade, já que "pior" substitui "mais mau". Se é "mais", é superioridade. O ideal seria que não se fizessem mais questões desse tipo, mas, como elas ainda são abundantes, é melhor prevenir-se. (P.C.N.)
O MAIS ... (= ADJETIVO) POSSÍVEL (PLURAL)
Há duas possibilidades de se flexionar esta expressão:
1. Pode-se flexionar apenas o adjetivo que vem antes de "possível", sem a variação do artigo e da palavra "possível".
Exemplos: Praias o mais belas possível. Imagens o mais claras possível.
Mulheres o mais formosas possível.
Observação: Na verdade, a ordem pode ser alterada, desde que não se alterem as formas: "Mulheres o mais possível formosas"; "Mulheres formosas o mais possível".
2. Pode-se flexionar todos os elementos.
Exemplos:
Mulheres as mais formosas possíveis.
Praias as mais belas possíveis.
Imagens as mais claras possíveis.
Como se vê, neste caso não se deve deixar invariável a palavra "possível", ou seja, não se deve dizer ou escrever algo como "Mulheres as mais formosas possível".
O MAIS DAS VEZES / AS MAIS DAS VEZES
Estas são as duas formas que encontram registro na língua culta.
Exemplo: Seus argumentos são, o mais das vezes (ou "as mais das vezes"), simples repetições do que dizem seus mestres.
MUITA VEZ ou MUITAS VEZES?
As duas formas são corretas. Nos textos clássicos, é comum o emprego de "muita vez" no lugar de "muitas vezes", como se poderá observar em obras de Machado de Assis.
Também causa dúvida a expressão "de quando em vez", tão boa quanto "de vez em quando".
MAIZENA ou MAISENA?
O certo é "maisena" (mesmo que na famosa caixa amarela apareça grafada com z).
MANTEGUEIRA ou MANTEIGUEIRA?
A forma correta desta palavra é "manteigueira".
MAL-OLHADO ou MAU-OLHADO?
Na verdade, as duas palavras existem, mas apresentam significados diferentes:
- MAL-OLHADO (adjetivo): é o "que não é bem visto, malvisto; detestado, odiado" (Dicionário Michaelis ).
- MAU-OLHADO (substantivo): é a "qualidade que a crendice popular atribui a certas pessoas de causarem desgraças àquelas para quem olham".
Observação: O adjetivo "mal-olhado" não aparece no dicionário Aurélio, mas está registrado no dicionário Michaelis e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL.
CONCORDÂNCIA DA PALAVRA "MEIO"
De início, é preciso lembrar que essa palavra pode aparecer com diversos valores e significados.
Em "Esse não é o melhor meio de resolver o problema", por exemplo, funciona como substantivo e significa "método", "modo", "maneira". Nesse caso, ela sofrerá apenas a flexão de número.
Outros exemplos: Acho o metrô o melhor meio de transporte de massa.
"Os fins justificam os meios." (Maquiavel)
Em "Comprei meio quilo de feijão", é numeral fracionário e significa "metade de". Nesse caso, concorda em gênero e número com o termo modificado: "duas meias porções de batatas", "meia dúzia de laranjas", "meio litro de água mineral", "pegue aquela meia garrafa de vinho e encha meio copo para mim", "ela só sabe dizer meias verdades".
É nesse caso que se enquadram expressões como "meio-dia e meia", "duas e meia", "cinco e meia", etc. Em todas elas, está implícito o substantivo feminino "hora", com o qual concorda o numeral fracionário "meia".
Atenção para quando se usar "meio" com valor de advérbio, com o sentido de "um pouco", "um tanto", "mais ou menos". Sabe-se que advérbios não costumam apresentar variação de gênero (masculino/feminino) ou de número (singular/plural). Não se diz, por exemplo, algo como "Aquela mulher está muita cansada" ou como "A menina ficou muita nervosa", muito menos algo como "Elas pareciam muitas inquietas". Nos três casos, emprega-se a palavra "muito", que modifica um adjetivo ("cansada", "nervosa" e "inquietas", respectivamente) e, por isso, tem valor de advérbio e não apresenta variação de gênero e de número. Quando modifica um substantivo, "muito" varia ("Havia muitas mulheres na sala"; "Revi muitos amigos nesse encontro").
Quando funciona como advérbio, "meio" deveria seguir o mesmo caminho que segue a palavra "muito", ou seja, não deveria variar nos casos em que modifica um adjetivo: "Ela estava meio nervosa"; "Elas pareciam meio inquietas". Na língua oral, no entanto, não é o que se costuma verificar; predomina o uso da forma flexionada ("Ela está meia nervosa", "Ele fez uma jogada meia besta"), o que também se vê em alguns registros clássicos, como este, de Machado de Assis (citado no "Aurélio"): "A cabeça do Rubião meia inclinada".
No português formal moderno, no entanto, parece mais do que estabelecida a invariabilidade de "meio" quando essa palavra é empregada com valor de advérbio, ou seja, com o sentido de "mais ou menos", "um pouco", etc.
O dicionário "Houaiss" não menciona o que ocorre nos clássicos e dá estes exemplos de "meio" como advérbio: "Uma tarefa meio acabada"; "Hoje ela acordou meio tristonha".
Lançado neste ano (2003), o "Guia de Uso do Português", da professora Maria Helena de Moura Neves, diz que, como advérbio, "meio" tem o significado de "um pouco", "um tanto" e "é invariável". Em seguida, o "Guia" dá dois exemplos ("...eu estava meio indisposta" e "Os óculos de lentes já meio fracas..."), retirados do "corpus" em que se apóia a pesquisa da eminente professora da Unesp.
No "Dicionário de Usos do Português do Brasil", do insigne professor Francisco S. Borba, também da Unesp, o exemplo de "meio" como advérbio é este: "A cacimba ficava meio escondida".
Lançado em 2001, o "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, também segue a linha do "Houaiss": não menciona os clássicos e, a julgar pelo exemplário, dá o advérbio "meio" como invariável.
Bem, ao que parece, não faltam documentos e fontes que atestam a predominância da invariabilidade do advérbio "meio" nas variedades formais do português moderno. Em outras palavras, quando se trata de língua padrão (ou "exemplar", como diz o ilustre professor Evanildo Bechara), parece mais adequado optar por "meio" (no lugar de "meia") em frases como "A economia do país ainda está meio debilitada" ou "A advogada parecia meio confusa".
MENOR ou DE MENOR?
A expressão correta é simplesmente "menor", não existindo assim a forma "de menor". Isso também vale para "maior".
Exemplos:
Eu ainda sou menor.
Ela já é maior.
MESMO (usado como pronome substantivo)
Para os gramáticos mais rigorosos, existe erro em usar o vocábulo "mesmo" para substituir termos expressos anteriormente numa oração. Só poderíamos usar a palavra "mesmo" como pronome de reforço.
Exemplos:
Espera-se que os deputados empenhem-se nos trabalhos das diversas comissões , fazendo com que os mesmos sejam resolvidos o mais rápido possível. (incorreto)
Eu mesmo (= eu próprio) fiz este trabalho. (certo)
Ela mesma (= ela própria) resolverá o problema. (certo)
Eles feriram a si mesmos (= a si próprios). (certo)
Atente-se, nessa circunstância, que a palavra "mesmo" varia de acordo com o termo modificado.
Outros exemplos: "Eles mesmos prepararam a refeição para os convidados"; "Elas mesmas compuseram a canção e fizeram o arranjo".
Esse procedimento também se aplica quando se emprega a palavra "próprio": "Eles próprios prepararam..."; "Elas próprias compuseram...".
Entretanto, devido ao uso consagrado, muitos estudiosos da língua portuguesa já aceitam o uso do "mesmo" como pronome substantivo (substituindo um termo anterior).
É recomendável, porém, evitar o uso do pronome "mesmo" em lugar de algum termo já expresso. Ainda que não seja erro gramatical, caracteriza pobreza de estilo. Muitas vezes usa-se a palavra "mesmo" porque falta vocabulário ou porque não se sabe usar outros pronomes.
MESMO / IGUAL
- Mesmo: o próprio, análogo.
Exemplo: Estamos com o mesmo problema do ano passado. (= É um problema
só. Significa que o problema do ano passado não foi resolvido)
- Igual: com o sentido de outro.
Exemplo: Estamos com um problema igual ao do ano passado. (= É outro
problema, com as mesmas características do problema do ano
passado)
META / OBJETIVO
Segundo nossos dicionários, as duas palavras poderiam ser consideradas sinônimas. No entanto, no meio empresarial faz-se diferença entre "meta" e "objetivo"; assim temos que:
- Meta: é um objetivo quantificado;
Exemplo:
"O objetivo é aumentar a venda dos nossos produtos."
"A meta é aumentar em 20% a venda dos nossos produtos, ou
vender mensalmente no mínimo x unidades do produto y."
"O objetivo do governo é acabar com o analfabetismo no Brasil."
"A meta é acabar com o analfabetismo até o fim do ano 2005."
MIOSOTES / MIOSÓTIS
As duas formas são corretas. Miosótis são pequenas flores azuis, também denominadas "não-te-esqueças-de-mim".
Observação: A palavra "miosotes" é paroxítona e não leva acento porque não há regra que o justifique. Todavia, a palavra "miosótis" também é paroxítona e é acentuada porque existe regra que justifique o acento: todas as paroxítonas terminadas originalmente em "i", "is" são acentuadas. Exemplos: lápis, táxi(s), íris, cútis, júri, tênis, grátis, hortifrúti, etc.
MISSA DO SÉTIMO DIA
Deve-se dizer "missa do sétimo dia", e não "missa de sétimo dia", como vê-se publicado em obituários de muitos jornais, revistas e outros impressos.
MIXTO QUENTE ou MISTO-QUENTE?
Deve-se escrever "misto-quente" (com s e com hífen).
A MORAL / O MORAL
- A MORAL: referente a um "conjunto de regras de comportamento".
Exemplo: Diante de algumas denúncias, foi colocada em dúvida a moral daquele candidato a prefeito.
- O MORAL: relativo a "ânimo, disposição".
Exemplo: O técnico tentava, com suas brincadeiras, levantar o moral do time, após a terceira derrota seguida.
MORTANDELA ou MORTADELA?
O certo é "mortadela".
MOZARELA / MUÇARELA / MOZZARELLA
O Dicionário Aurélio - Século XXI - traz as duas formas: mozarela e muçarela. Mussarela é um brasileirismo, ou seja, invenção do povo.
A forma "muçarela" é preferível, porque é a pronúncia brasileira mais usual para a forma italiana "mozzarella".
"MÚSICO" TEM FEMININO?
"Músico" é um substantivo sobrecomum, isto é, um substantivo uniforme, pertencente a um único gênero (masculino ou feminino), podendo designar os dois sexos.
Exemplos: a criança, a pessoa, a testemunha, o apóstolo, o ídolo, o carrasco, o indivíduo, o músico, etc.
Assim, tanto podemos dizer que "Rafael é um músico excelente, como "Adriana é um músico excelente".
N
NACIONALIDADE / NATURALIDADE
- NACIONALIDADE: país de nascimento, condição própria de cidadão de uma nação;
- NATURALIDADE: município ou estado de nascimento.
NEÓFITO
Este termo significa novato, principiante, noviço. O neófito, na igreja primitiva, era o indivíduo recentemente convertido ao cristianismo. O prefixo neo vem do grego e significa "novo". Daí o tal de neoliberalismo (doutrina nova, em voga nas últimas décadas do século 20, que prega a redução do Estado na economia e na esfera social).
NUMERAIS
Existem quatro tipos de numerais:
1) CARDINAIS - aqueles que expressam quantidade: um, dois, três, quatro, cem, mil, etc.
2) ORDINAIS - servem para expressar ordem: primeiro, segundo, terceiro, décimo-quinto, centésimo-nono, etc.
3) MULTIPLICATIVOS - designam multiplicação: duplo, triplo, quádruplo...
4) FRACIONÁRIOS - servem para designar as frações ou partes de um todo: meia, metade, terço, um quarto, um sexto...
Por ser uma classe de palavra, nunca substitua os numerais pelos algarismos na hora de escrever, com exceção para as horas, as datas, as medidas, os resultados esportivos e de votação, as séries e sequências, os endereços, as idades, as enumerações e as operações matemáticas.
Exemplos:
Comprei três (e não 3) CDs, ontem, no shopping. Ali vão duas (e não 2) irmãs muito bonitas.
Agora são 8 horas do dia 25 de dezembro de 1997.
São Paulo fica à cerca de 400km do Rio de Janeiro.
Normalmente, os numerais ordinais têm função de adjetivo e se antepõe ao substantivo: primeira edição, segundo caderno, oitavo passageiro, quinto ano, etc.
No entanto, existem alguns casos em que o numeral ordinal deve ficar obrigatoriamente depois do substantivo, como nas referências de soberanos, príncipes, reis, imperadores, séculos, capítulos, ou indicando a sucessão de papas, e que deve ser indicado com algarismos romanos:
Príncipe Charles I, rei Dom João VI, papa João Paulo II...
Observação: Na pronúncia, deve-se usar o numeral ordinal até o número DEZ. De onze em diante, utiliza-se o numeral cardinal.
O
OCTAGÉSIMO ou OCTOGÉSIMO?
O termo "octagésimo" é um típico caso de contaminação. O ordinal relativo a quarenta é "quadragésimo", o que se refere a cinqüenta é "qüinquagésimo", o de sessenta é "sexagésimo", o de setenta é "septuagésimo" (ou "setuagésimo") e o de noventa é "nonagésimo". Como se vê, todos os cardinais citados geram ordinais em que antes da terminação "-gésimo" aparece a letra "a", fato que leva a maioria dos falantes a estender o sistema ao ordinal de oitenta e, conseqüentemente, dizer "octagésimo". Isso explica, mas não autoriza o uso dessa forma, que não encontra registro em nenhum dicionário, nem no "Vocabulário Ortográfico", da Academia Brasileira de Letras. A forma registrada é "octogésimo", com "o" antes da terminação "-gésimo". É bom lembrar que quem tem oitenta anos é "octogenário" (e não "octagenário"). Agora, o contraponto: um poliedro de oito faces é um "octaedro", com "a" mesmo.
ÓCULO / ÓCULOS
Palavra que deve ser empregada sempre no plural, apesar de existir a forma singular "óculo".
Exemplos:
Esqueci meus óculos no táxi em que viajei ontem.
Ou ainda: Esqueci um par de óculos...
Outras palavras que devem ser empregadas sempre no plural: BRUÇOS ("Dormir de bruços"), COSTAS ("Dor nas costas"), HEMORRÓIDAS, PARABÉNS, PÊSAMES.
Observação: Existem palavras que têm seu significado alterado quando passam para o plural, é o caso de: BEM = VIRTUDE - BENS = PATRIMÔNIO; FÉRIA = SALÁRIO - FÉRIAS = PERÍODO DE DESCANSO. Aliás, tanto faz dizer que "ela saiu de férias" ou "ela saiu em férias". As duas formas estão corretas.
ÓTICO / ÓPTICO
Segundo o dicionário Aurélio - Século XXI - temos:
- Ótico: Relativo ou pertencente ao ouvido;
- Ótico 2: v. óptico;
- Óptico: Relativo à visão, ou ao olho; ocular.
Assim, o adjetivo "ótico" que deveria ser usado somente para o ouvido, por ser também uma forma variante de "óptico", pode ser usado para a visão, para o olho. O adjetivo "óptico", porém, só pode ser usado para a visão. Ótica já se usa para as lojas que vendem óculos. Todavia, um exame ótico deve ser um exame de ouvido.
Quando relativo ao ouvido, o adjetivo "ótico" (de origem grega) pertence à família de que fazem parte palavras como "otite" (inflamação do ouvido), "otorrino" (médico especialista em ouvido, nariz e garganta), "otalgia" (dor no ouvido), etc.
P
O PLURAL DE "PAI-NOSSO"
O plural é "pais-nossos": "Ele já perdeu a conta dos pais-nossos que rezou." Essa oração também pode ser chamada de "padre-nosso", que admite dois plurais: "padre-nossos" ou "padres-nossos". Algumas gramáticas dizem que o plural 'pai-nossos' é correto.
Não custa lembrar também que o plural de "ave-maria" é "ave-marias": "Reze duas ave-marias." O elemento latino "ave" significa "salve".
PARÊNTESE / PARÊNTESES / PARÊNTESIS
A forma "parêntese" é singular; "parênteses" é plural. Já "parêntesis", forma igualmente correta, é singular e plural: "o parêntesis", "os parêntesis".
PASSAR DE ANO ou PASSAR O ANO?
Embora a forma "passar de ano" já esteja muito incorporada à linguagem do nosso dia-a-dia, o certo é falar "PASSAR O ANO". A primeira é imitação de construção italiana.
Exemplo: Nilza, por não ter estudado muito, não passou o ano.
(Ver também: "REPETIR DE ANO ou REPETIR O ANO?")
PERCA / PERDA
- Perda: tem, entre outros, o sentido de "ato de perder", "prejuízo", "dano".
Exemplo: Por causa das fortes chuvas, foram muito grandes as perdas dos agricultores.
- Perca: é a forma do verbo "perder".
Exemplo: Espero que você não perca a paciência.
Alguns dicionários chegam a registrar "perca" como sinônimo de "perda", com a ressalva de que se trata de uso popular. Em linguagem culta, não convém empregar expressões como "perca de tempo", "as percas foram grandes", etc.
PENALIZAR / PUNIR
Na maioria de nossos dicionários, "penalizar" não é sinônimo de "punir", "castigar". Penalizar significa "causar pena ou desgosto".
O novo dicionário Aurélio, porém, admite para a palavra penalizar também o sentido de "infligir pena a": "O juiz penalizou o time".
PEQUENEZ / PEQUINÊS
"Pequenez" é a qualidade possuída por quem é pequeno. Vários dicionários registram também a forma paralela "pequeneza". Assim, podemos ter as expressões "pequenez d'alma" e "pequeneza d'alma".
Já o cidadão natural de Pequim, capital da China, é "pequinês". assim também o conhecido cãozinho da mesma origem é chamado "pequinês".
PERGUNTAR / QUESTIONAR
Perguntar não é Questionar. "Pergunta-se" quando se quer saber alguma coisa, e "questiona-se" Quando se põe alguma coisa em dúvida.
Exemplos:
Os alunos perguntaram ao professor quando seriam realizadas as provas.
Quem é a favor do projeto? perguntou o diretor.
O novo sócio daquela empresa questionou a validade dos contratos firmados com o Governo.
Os deputados questionaram o valor do orçamento federal apresentado pelo presidente.
Observação: só a coisa pode ser perguntada, pois quem pergunta pergunta alguma coisa (= objeto direto) a alguém (= objeto indireto). Isso significa que, na voz passiva, só a coisa pode ser perguntada.
Exemplos:
O deputado foi perguntado sobre o desvio de verbas públicas. (errado)
Ao deputado foi perguntado... (certo)
Foi perguntado ao governador se ele seria o candidato de seu partido a presidente do Brasil.
FEMININO DE "PILOTO"
Apesar de a última edição do Dicionário Aurélio - Século XXI - não registrar "pilota" como feminino de piloto, o "Vocabulário Ortográfico", da ABL, é categórico: registra "pilota", "engenheira", "árbitra", etc.
AS POETAS ou AS POETISAS?
Muitas mulheres que escrevem poemas não querem ser chamadas de "as poetisas", preferindo a forma "as poetas", como se a palavra poeta fosse comum de dois gêneros: "o poeta" e "a poeta". Entretanto, nossos dicionários só registram a forma "poetisa" para o feminino de poeta.
POPULAÇÃO / POVO
- POPULAÇÃO: conjunto de habitantes;
Exemplo: A população daquela cidade teve que ser retirada às pressas por causa do acidente na usina nuclear.
- POVO: conjunto de cidadãos.
Exemplo: As últimas eleições revelaram um povo bem mais conscientizado politicamente.
DIFERENTES EMPREGOS DO "PORQUE"
tanto nas orações interrogativas diretas quanto nas indiretas.
Exemplos:
Por que você fez isso? Quero saber por que você fez isso. Por que você não foi à festa? Gostaria de saber por que você não foi à festa.
O "QUE" pode ser ainda um pronome relativo, podendo ser substituído por "O QUAL", "A QUAL", "OS QUAIS", "AS QUAIS".
Exemplos:
A razão por que (pela qual) não fui à sua festa, você logo saberá. "Só eu sei as esquinas por que (pelas quais) passei." É um drama por que (pelo qual) muitos estão passando.
Observação: também quando houver a palavra "motivo" antes, depois ou subentendida.
Exemplos:
Desconheço os motivos por que (pelos quais) a viagem foi adiada. Não sei por que motivo ele não veio. Não sei por que (por que motivo) ele não veio.
seguido de um sinal de pontuação forte (pontos de interrogação, de exclamação, final, reticências).
Exemplos:
Você vai sair a esta hora da noite por quê? Ele não viajou por quê? Se ele mentiu, eu queria saber por quê!
"Mãe, preciso de cem reais?" "Por quê?"
Equivale à "PORQUANTO", "POR CAUSA DE".
Exemplos:
Não saí ontem porque estava chovendo muito (causal) Ele viajou, porque foi chamado para assinar o contrato. (explicativa) Ele não foi porque estava doente. (causal) Abra a janela, porque o calor está insuportável. (explicativa) Ele deve estar em casa, porque a luz está acesa. (explicativa)
artigos "O" ou "UM". equivale à "a razão".
Exemplos:
Não estou entendendo o porquê de tanta alegria em você hoje. Quero saber o porquê da sua decisão. Estamos esperando que você nos dê um porquê para tal atitude.
PRÁ ou PRA?
"Pra" é redução de "para + a", não tendo acento gráfico, porque se trata de monossílabo átono. Também não deve ser escrito com apóstrofo (pr'a).
Exemplo: "Pra frente, Brasil!"
PRAXE / PRÁXIS
Estas duas palavras vêm da mesma raiz grega ("práxis"), que significa "ação". Tome cuidado com a pronúncia do "x". O de "praxe" se lê como o de "relaxar". Já o de "práxis" se lê como o de "táxi". Na prática, a palavra "praxe" é mais usada e significa "rotina, procedimento costumeiro": "Estabeleceu a praxe de almoçar com o irmão". "Práxis" se usa também em filosofia. É conceito fundamental no pensamento marxista. Trata-se do conjunto de atividades que criam condições para a ação prática, a produção material.
PRAZEIROSO ou PRAZEROSO?
O termo correto é "prazeroso", sem o "i". Vem de prazer, não de prazeir.
PREÇO
Deve-se dizer que "o preço" de um produto "passará a ser de ...", e não "passará a custar...". Um preço é sempre "mais alto" ou "mais baixo", "elevado" OU "excessivo", nunca "mais caro" ou "mais barato".
Exemplos:
O preço da passagem de ônibus passou de R$0,80 para R$1,00.
Os preços daquele supermercado são mais altos que deste outro.
PREVILÉGIO ou PRIVILÉGIO?
A forma correta é "privilégio", como a do verbo é "privilegiar".
PROVA DOS NOVE ou PROVA DOS NOVES?
Os nomes dos algarismos, quando usados como substantivos, devem ser flexionados em número, isto é, vão para o plural.
Exemplo: Fim de século e de milênio: é hora da prova dos noves para a humanidade.
PSIQUÊ ou PSIQUE?
A forma correta é "psique", sem acento e com força de pronúncia no "i". Significa: "alma", "espírito", "mente".
Q
QUITE / QUITES
Os dicionários informam que "quite" é o particípio irregular de "quitar". No uso comum, no entanto, essa palavra se transforma em adjetivo, em frases como "Estou quite com a Justiça Eleitoral" ou "Você está quite com o Fisco?", por exemplo. Quem está quite está livre de obrigações, pagou (quitou) o que devia.
O emprego do particípio com valor de adjetivo não é privilégio de "quite", como se vê em "filme proibido", "árbitro isento", "candidato eleito", "mar revolto", "jogador suspenso", "vulcão extinto" etc. Talvez seja bom esclarecer: "proibido" vem de "proibir", "isento" vem de "isentar", "eleito" vem de "eleger", "revolto" vem de "revolver", "suspenso" vem de "suspender" e "extinto" vem de "extinguir".
Voltando a "quite", convém ressaltar que esse adjetivo não tem variação de gênero, ou seja, emprega-se para um homem ou para uma mulher ("Ele está quite", "Ela está quite"), mas tem variação de número (singular/plural), isto é, deve ajustar-se ao número do substantivo ou pronome por ele modificado: "Ele pagou a última parcela do empréstimo, portanto está quite com o banco"; "Eles pagaram a última parcela do empréstimo, portanto estão quites com o banco". Uma pessoa não está "quites"; está "quite": "Nada mais lhe devo; estou quite com você". Só duas pessoas ou mais estão "quites". Se acertarem as pendências que há entre si, poderão terminar a conversa com esta frase: "Estamos quites".
QUOTIDIANO ou COTIDIANO?
Existem palavras que podemos escrever com "c" e também com "qu".
Exemplos: catorze / quatorze, cociente / quociente, cota / quota, cotidiano / quotidiano.
Observação: As palavras a seguir, porém, possuem uma grafia somente: "cinqüenta, cinqüentenário, cinqüentão, cinqüentona."
"OS QUINTOS DOS INFERNOS"
Existem algumas hipóteses para a origem desta expressão. Uma delas associa o termo "quintos" ao imposto de 20% cobrados pela Coroa portuguesa sobre todo o ouro fundido no Brasil. Falava-se em quintos mais ou menos como hoje ainda se fala em décimas , no sentido tributário. Em Parati, por exemplo, até hoje existe a velha Casa dos Quintos . O navio que levava a Lisboa o produto dessa arrecadação era a nau dos quintos . Por causa da antipatia que os brasileiros sentiam por esse tributo, teria sido agregada a locução "dos infernos" , ficando então completa a expressão.
Outra hipótese revela que Quintos é uma das freguesias de Beja, em Portugal. Como estava situada, na Idade Média, no limite do território português, a localidade era alvo constante das investidas dos chefes árabes que dominavam grande parte da Península Ibérica, o que tornava infernal a vida nessas paragens. Daí teria vindo o hábito de execrar os desafetos e inimigos, mandando-os para " os Quintos dos infernos ".
Ambas as hipóteses usam a forma "quintos" no plural, e não no singular, mantendo o sentido de "amaldiçoar alguém".
Popularmente, outro significado para esta expressão serve para indicar algo que fica muito longe, "nos cafundós do Judas", "lá onde o diabo perdeu as botas" , "lá onde o vento faz a curva ".
R
RACIONAR / RACIONALIZAR
- Racionar vem de ração. É distribuir em rações, é repartir regradamente.
- Racionalizar vem de racional (relativo à razão) + izar (tornar). É tornar racional. É usar segundo a razão.
Racionar alimento, água, luz elétrica ou gasolina significa limitar a distribuição e o consumo de alimento, de água, de luz elétrica ou de gasolina.
Racionalizar o consumo de energia elétrica significa tornar mais eficientes os processos de consumo, ou seja, ensinar meios para que a energia elétrica seja consumida de um modo racional (usando a razão, com consciência), sem desperdícios, sem abusos, com sabedoria (sem ignorância). (S.N.)
RAPAR / RASPAR
Deve-se "rapar" bigode, barba, axilas e pêlos em geral. O que se "raspa" são paredes, portas, tacos, etc.; e até mesmo bilhete de loteria ("raspadinhas").
RECEIOSO ou RECEOSO?
Embora a palavra primitiva, isto é, O substantivo "receio" possua um "i" no seu interior, no adjetivo e no verbo esse "i" desaparece. Assim, temos o adjetivo "receoso/ receosa" e o verbo "recear". O mesmo acontece com o substantivo estreia, que se escreve com i, mas o adjetivo estreante e o verbo estrear, que se escrevem sem i, e também recheio, recheado e rechear.
REFUTAR / REJEITAR
- Refutar: contestar.
Exemplo: Os alunos refutaram os argumentos do diretor.
- Rejeitar: negar, não aceitar.
Exemplo: A nossa proposta de um novo curso foi rejeitada.
REIVINDICAR / REIVINDICAÇÃO
Os termos corretos são "reivindicar" e "reivindicação", e não "reinvindicar" e "reinvindicação", como normalmente ouvimos e lemos por aí. Talvez por associação com reinventar e reintegrar (inventar novamente e integrar novamente), há quem fale e escreva assim. Não existe o verbo 'invindicar', nesse caso o RE pertence ao radical, não é prefixo.
REPETIR DE ANO OU REPETIR O ANO?
A forma correta é "repetir o ano".
Exemplo: Os alunos que estão com notas baixas correm o risco de repetir o ano.
(Ver também: "PASSAR DE ANO ou PASSAR O ANO?")
RERRATIFICAÇÃO
Rerratificação é um neologismo já registrado em nossos dicionários mais atuais e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa , da Academia Brasileira de Letras. Vem de (re)tificar + ratificar. É "a ação de retificar em parte uma certidão, contrato,, etc., e ratificar os demais termos não alterados".
É um termo muito usado na área jurídica. Em linguagem mais simples, rerratificar é corrigir ou alterar (retificar) parte de um documento e confirmar (ratificar) o restante. Existe a forma variante retirratificar, formada por reti (redução de retificar) + ratificar, registrada em muitos manuais de português jurídico.
Não significa, como alguns imaginam, uma "nova ratificação". Não é uma "reconfirmação". Rerratificar não é "ratificar de novo". O elemento "re" é uma redução de retificar (corrigir, alterar); não é, portanto, o prefixo "re" (novamente), que aparece em palavras como refazer, rever, repor...
É importante lembrar a "velha" distinção entre retificar e ratificar. Retificar é "tornar reto, corrigir, consertar, reparar, alterar" e ratificar é "confirmar, validar, reafirmar, autenticar". Dica: ratificação de tratado internacional e retífica de motores.
RISCO DE MORTE / RISCO DE VIDA
Se o risco é sempre de coisa ruim ("risco de infecção", "risco de contaminação", "risco de não se classificar para a fase final do campeonato", "risco de ficar desempregado", "risco de adoecer" etc.), parece cabível que se dêem como legítimas as construções "risco de morte" e "risco de morrer" ("Fulano ainda corre risco de morte"; "Fulano corre risco de morrer").
No entanto, há pelo menos duas explicações para o emprego de "risco de vida" no lugar de "risco de morte". A primeira delas se baseia no inegável horror que a palavra "morte" causa, o que talvez nos faça fugir dela como o diabo foge da cruz. A segunda explicação (talvez mais plausível) se assenta na idéia do cruzamento de construções ("Sua vida corre risco" com "Ele corre risco de vida", por exemplo) ou ainda na pura e simples omissão ("Correr o risco de [perder a] vida"). O nome técnico dessa omissão (de termo que se subentende facilmente pelo contexto) é "elipse", que também é um termo da geometria.
O fato é que, nesses casos, não parece sensato remar contra a maré. O uso mais do que difundido da expressão "risco de vida" é motivo mais do que suficiente para que a aceitemos pacificamente. É bom que se diga que não lhe faltam registros nos dicionários. O "Dicionário Houaiss" dá três exemplos do emprego de "risco" com o sentido de "probabilidade de perigo" ("risco de vida", "risco de infecção", "risco de contaminação"). Publicado em 2001, o "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, dá "risco de vida" e "perigo iminente de morte" como expressões equivalentes, exemplificadas com esta frase: "O doente encontra-se em risco de vida".
ROUBAR / FURTAR
- Roubar: com violência.
Exemplo: Parou num sinal vermelho e teve seu carro roubado por dois bandidos.
- Furtar: sem violência, ameaça, constrangimento.
Exemplo: O cleptomaníaco é aquele que tem a mania de furtar.
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