O substantivo é a classe gramatical que utilizamos para designar ou nomear os seres e as ações em geral.
De acordo com Celso Cunha e Cintra, os substantivos podem ser:
os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de um gênero, de uma espécie ou de um de seus representantes (ex: homem, cidade, Senado, animal, cavalo, Maria, Lisboa, etc.);
os nomes de noções, ações, estados e qualidades – quando tomados como seres (ex: justiça, colheita, velhice, otimismo, doçura, limpeza, opinião, etc.).
Neste artigo, vamos detalhar as classificações, as flexões e as funções dessa classe gramatical. Vejamos!
Classificação
Os substantivos podem ser classificados em:
Comuns e próprios;
Concretos e abstratos;
Coletivos;
Epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros;
Simples e compostos;
Primitivos e derivados.
Flexão do substantivo
O substantivo é uma classe gramatical variável. Isso significa que os substantivos, em geral, apresentam flexão de número (singular x plural), de gênero (masculino x feminino) e grau (aumentativo x diminutivo).
Exemplos de flexão de número
Carro – Carros;
Margem – Margens;
Gravidez – Gravidezes;
Palavra-chave – Palavras-chave ou Palavras-chaves;
Guarda-roupa – Guarda-roupas.
Exemplos de flexão de gênero
Homem – Mulher;
Cão – Cadela;
Aluno – Aluna;
Professor – Professora;
Padrinho – Madrinha;
Cidadão – Cidadã.
Exemplos de flexão de grau
Nariz – Narigão;
Homem – Homenzarrão;
Mulher – Mulherão;
Caixa – Caixinha;
Rio – Riozinho;
Folha – Folheto.
Funções do substantivo
De acordo com Cunha e Cintra, o substantivo pode exercer diferentes funções. Vejamos as principais.
Funções sintáticas do substantivo
Sintaticamente, o substantivo pode aparecer na oração como:
Sujeito: Marcos saiu de casa apressado.
Predicativo do sujeito: Ele não é mais prefeito da cidade.
Predicativo do objeto direto: De toda parte, aclamavam-no herói. (R. Pompéia)
Predicativo do objeto indireto: Eram capazes de me chamar sacristão. (F.Namora)
Objeto direto: Paulo lavou o carro.
Objeto indireto: Eu entreguei o presente às crianças.
Complemento nominal: O ataque ao Iraque foi devastador.
Adjunto adverbial: De São Paulo, voltamos ao Rio.
Agente da passiva: O carro foi lavado por Paulo.
Aposto: Eles chegaram ao Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa.
Vocativo: Deus, ajude-me a sair desta situação.
Adjunto adnominal: Ele tinha uma vontade de ferro.
Substantivo como caracterizador de um adjetivo
Quando se referem a cores, os adjetivos podem ser modificados por um substantivo que defina melhor sua tonalidade ou seus matizes.
Ex: amarelo-canário, branco-gelo, roxo-batata, azul-petróleo.
Substantivo como núcleo de frases sem verbo
Nas frases nominais, aquelas que não possuem verbos, o núcleo é sempre representado por um substantivo. Isso ocorre, por exemplo:
Nas exclamações: Ó minha amada, que olhos mais belos.
Nas indicações sumárias: Fim de tarde, início de noite.
Em títulos: Amanhã, duelo de Corinthians e São Paulo em Itaquera.
Substantivos comuns
Os substantivos comuns, segundo Celso Cunha e Cintra, são aqueles que designam a totalidade dos seres de uma espécie (animais, pessoas, lugares, fenômenos, frutas, plantas, etc.). Eles fazem a chamada designação genérica.
Esses termos devem sempre ser grafados com letra minúscula, exceto em início de frases. Vejamos alguns exemplos de substantivos comuns:
ex: homem, país, cidade, homem, bairro, maçã, vaca, cachorro, mulher, menino, árvore, capim, chuva, sol.
Substantivos próprios
Os substantivos próprios, de acordo com Cunha e Cintra, são os que designam um indivíduo específico de uma determinada espécie. Eles fazem a chamada designação específica e têm o papel de particularizar determinado ser, distinguindo-o do grupo.
Esses termos devem ser sempre escritos com letra maiúscula. Eles se dividem, principalmente, nos seguintes grupos:
Nomes de pessoas: Alice, Marcos, Joana, Rafael, etc.
Nomes de entidades e instituições: Ministério da Educação, Organização das Nações Unidas, Estação Primeira de Mangueira, etc.
Nome de lugares: Brasília, Congo, São Paulo, Paris, Alemanha, etc.
Nome de continentes, planetas e oceanos: África, Marte, oceano Índico, Europa, etc.
Esses substantivos são chamados de próprios, porque se aplicam a uma determinada pessoa, localidade ou entidade.
1) Concretos
De acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra, chamam-se concretos os termos que designam os seres propriamente ditos. De forma simplificada, esse grupo indica as coisas que conseguimos ver no mundo real.
Exemplos de substantivos concretos
a) Nome de pessoas: Pedro, Maria, José;
b) Nome de lugares: cidade, Lisboa, Brasil, Avenida Paulista;
c) Nome de instituições: Senado, fórum, igreja;
d) Nomes de gênero: plantas, animais, fungos;
e) Nome de espécies: cedro, cavalo, cachorro;
f) Nome de objetos: mesa, cadeira, geladeira, micro-ondas.
g) Nome de frutas: maçã, abacaxi, mamão.
2) Abstratos
Cunha e Cintra explicam que os abstratos são aqueles substantivos que designam noções, estados, qualidades, ações e sentimentos.
Exemplos de substantivos abstratos
a) Sentimentos: raiva, felicidade, tristeza;
b) Estados: riqueza, pobreza, gravidez, cansaço;
c) Noções: altura, largura, dimensão, comprimento;
d) Qualidades: bondade, doçura, esperteza;
e) Ações: transporte, corrida, giro, investimento.
Epiceno
Substantivo epiceno é o que possui apenas um gênero. Em geral, refere-se a animais. A distinção dá-se pelo designação macho ou fêmea.ex¹: O jacaré macho x O jacaré fêmea (sempre no masculino);ex²: A cobra macho x A cobra fêmea (sempre no feminino);ex³: A onça macho x A onça fêmea (sempre no feminino).
Exemplos de animais epicenos
Os gramáticos Celso Cunho e Lindley Cintra enumeram alguns nomes de animais que são indicados por substantivos epicenos:a) Femininos: a águia, a formiga, a baleia, a borboleta, a mosca, a pulga, a sardinha.b) Masculinos: o besouro, o condor, o crocodilo, o gavião, o polvo, o rouxinol, o tatu.
Sobrecomum
De acordo com Cunha e Cintra, substantivos sobrecomuns são aqueles cujo gênero é o mesmo para ambos os sexos.ex¹: Marcelo era uma testemunha do processo.ex²: Marina era uma testemunha do processo.
Exemplos de substantivos sobrecomuns
Os gramáticos elencam outros termos que têm essa classificação:
o algoz;
o apóstolo;
o carrasco;
o cônjuge;
o indivíduo;
o verdugo;
a criança;
a criatura;
a pessoa;
a testemunha;
a vítima;
o boia-fria.
Comum de dois de gêneros
O substantivo comum de dois gêneros é aquele em que a distinção de gênero é feita somente pelo determinante (artigo, numeral, pronome ou adjetivo).ex¹: O cliente sempre voltava ao restaurante por causa do ótimo atendimento.ex²: A cliente saiu insatisfeita com o serviço da loja.
Exemplos de substantivos comum de dois gêneros
Cunha e Cintra enumeram alguns casos de substantivos que seguem essa classificação:
o agente – a agente;
o artista – a artista;
o assistente - a assistente;
o camarada – a camarada;
o colega – a colega;
o colegial – a colegial;
o compatriota – a compatriota;
o dentista – a dentista;
o estudante – a estudante;
o gerente – a gerente;
o herege – a herege;
o imigrante – a imigrante;
o indígena – a indígena;
o intérprete – a intérprete;
o jovem – a jovem;
o jornalista – a jornalista;
o mártir – a mártir;
o patriota - a patriota;
o repórter - a repórter;
o selvagem – a selvagem;
o servente – a servente;
o suicida – a suicida.
De acordo com os gramáticos, todos os substantivos e adjetivos derivados de termos comuns de dois gêneros, também terão essa mesma classificação.
A personagem x O personagem
Cunha e Cintra explicam que “o personagem” e “a personagem” podem ser usados, indiferentemente, para se referir a um homem ou uma mulher.ex1: Chicó é uma personagem do Auto da Compadecida.ex2: Chicó é um personagem do Auto da Compadecida
Primitivos
Os substantivos primitivos são aqueles que não derivam de outra palavra. Eles dão origem a outros termos.ex: pedra, vidro, madeira, tarde.
Derivados
Os substantivos derivados são os que nascem de outros.ex: pedreira, vidraça, madeireiro, entardecer.Esses termos tem origem em um processo de formação de palavras chamado derivação.
5 tipos de derivação
Existem cinco tipos de derivação que podem dar origem aos substantivos derivados. Vejamos.
Derivação prefixal: nesse processo, acrescenta-se um prefixo a uma palavra já existente (Desnecessário = des- + necessário);
Derivação sufixal: nesse processo, acrescenta-se um sufixo a uma palavra já existente (Rapidamente = rápido + -mente) .
Derivação parassintética: nesse processo, temos o acréscimo de prefixo e sufixo ao mesmo tempo (entardecer = en- + tarde + -cer).
Não confunda com a derivação prefixal e sufixal, em que o acréscimo não é simultâneo (infelicidade - existem infeliz e felicidade).
Derivação regressiva: é aquela que forma substantivos abstratos a partir de um verbo – os chamados deverbais. Nesse processo, há a retirada de uma ou mais letras (Caça = caçar – r).
Derivação imprópria: é um processo de formação de palavras que consiste na mudança da classe gramatical de determinado termo (ex: usar o adjetivo “independente” no lugar do advérbio “independentemente”).
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