segunda-feira, 30 de maio de 2022

Pronomes demonstrativos, possessivos e interrogativos - o que é e como usá-los

 Os pronomes interrogativos são palavras que empregamos em perguntas diretas (com ponto de interrogação) ou perguntas indiretas (sem ponto de interrogação). São considerados pronomes interrogativos: que, quem, qual e quanto.


Exemplos de uso dos pronomes interrogativos

Exemplos de perguntas diretas:


– Quem mexeu na minha carteira?


– Quanto custa esta calça?


Exemplos de perguntas indiretas:


– Quero saber quem mexeu na minha carteira!


– Pergunte quanto custa esta calça.


Flexão dos interrogativos

a) São pronomes interrogativos invariáveis:


– que


– quem


b) São pronomes interrogativos variáveis:


– qual / quais (flexão em número)


– quanto / quanta / quantos / quantas (flexão em gênero e número)


Pronomes substantivos x pronomes adjetivos

Os interrogativos podem ser pronomes substantivos e pronomes adjetivos.


São pronomes interrogativos substantivos quando substituem o substantivo ao qual se referem, e são pronomes interrogativos adjetivos quando acompanham o substantivo ao qual se referem. Para ficar claro, acompanhe o exemplo a seguir.


Imagine que você está numa adega com um amigo e ele pergunta:


– Qual vinho você quer?


Nesse contexto, o interrogativo qual acompanha o substantivo vinho, portanto ele é um pronome adjetivo. Contudo, se o seu amigo, diante de tantas opções, apenas pergunta:


 – Qual você quer?


Nesse caso, perceba que o interrogativo não só pergunta, mas também assume o lugar do substantivo. Dessa forma, qual passa a ser um pronome substantivo.


Valor semântico e emprego dos interrogativos

1. Que


O interrogativo que, quando significa “que coisa”, é pronome substantivo.


– Que pretende fazer quando terminar sua leitura?


– Não sei que respondeu a menina.


Quando significa “que espécie de”, é pronome adjetivo e pode fazer referência a pessoas e a coisas.


– Que cachorro ele é?


– Ainda estou tentando descobrir que gente é aquela…


A fim de dar ênfase à pergunta, utiliza-se “o que”, sendo o artigo “o” uma partícula expletiva:


– O que é isso, mãe?


– Diga-me o que você está assistindo.

 

Esse O não tem função sintática. Seu uso é apenas estilístico, mas não constitui erro.


2. Quem


O interrogativo quem é pronome substantivo e só pode fazer referência a pessoas ou algo personificado.


– Mas a ideia é de quem?


– Perguntei ao professor quem foi Pedro Álvares Cabral.


3. Qual


O interrogativo qual pode ser pronome substantivo ou adjetivo e pode fazer referência a pessoas e a coisas.


– Qual casa é a sua?


– Qual criança é a sua nesta foto?


Como pronome adjetivo, nem sempre estará próximo ao substantivo.


– Qual é a sua sugestão?


Qual seguido da preposição de indica seleção.


– Qual desses dois é melhor?


4. Quanto


O interrogativo quanto pode ser tanto pronome substantivo quanto pronome adjetivo. Refere-se a um quantitativo indefinido e pode ser usado com pessoas e coisas.


– Quanto custa isso?


– Gostaria de saber quantas pessoas você convidou para a festa.


Emprego exclamativo dos interrogativos

Os pronomes interrogativos também podem ser facilmente encontrados em frases exclamativas que expressam admiração, surpresa, desejo e outros valores afetivos.


– Que amor, hein!


– Quem me dera ser médica!


– Quanta vida ainda temos pela frente!


Pronomes interrogativos x advérbios interrogativos

Pronomes interrogativos são comumente confundidos com os advérbios interrogativos. No entanto, fazer a distinção entre eles é bem fácil.


Advérbio é uma classe que modifica ou amplia o sentido de um verbo, um adjetivo ou de outro advérbio, e o pronome, como já vimos, substitui ou acompanha um substantivo.


Os advérbios interrogativos são: quando, como, onde e por que, ou seja, são vocábulos diferentes dos pronomes interrogativos. Além disso, cada um deles expressa tempo, modo, lugar e causa, respectivamente.


– Viajaremos quando?


– Como viajaremos com pouco dinheiro?


– Onde está localizado o hotel?


– Por que decidiu conhecer a Itália?

Os pronomes demonstrativos indicam a posição temporal ou espacial em que se encontram os seres em relação às três pessoas do discurso.


São pronomes demonstrativos:

1) Variáveis: este, esta, estes, estas esse, essa, esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas.

2) Invariáveis: isto, isso e aquilo.

Emprego dos pronomes demonstrativos

Analisemos agora o emprego dos demonstrativos no tempo (função temporal), no espaço (função espacial) e no discurso (função referencial).


1. Este, estes, esta, estas e isto


a) No espaço: referem-se a um ser próximo à pessoa que fala.


– Esta bolsa é nova.


– Estes documentos são meus.


b) No tempo: indicam tempo presente em relação à pessoa que fala.


– Este é o dia mais divertido da minha vida!


– Esta é a hora de sentar e estudar.


c) Quando se redige um texto: referem-se ao que ainda será falado ou escrito (elemento catafórico).


– A regra principal do jogo é esta: passar mais tempo com a bola que o adversário.


– Isto é o que acredito: Deus existe!


Também são usados quando o autor de um texto deseja referir-se ao próprio texto.


– Esta pesquisa é um estudo de caso. 


2. Esse, esses, essa, essas e isso


a) No espaço: referem-se a um ser próximo à pessoa com quem se fala.


– Isso daí é a sua prova?


– Essas roupas ficam lindas em você!


b) No tempo: indicam um passado recente ou futuro.


– Semana passada saímos para jantar. Esse foi nosso último passeio.


– Sei que a festa desse final de semana será gigante.


c) Quando se redige um texto: referem-se a algo que já foi falado ou escrito (elemento anafórico).


– Concordo com isso que você disse.


– Disciplina e foco: esses foram os principais ensinamentos do meu pai.


3. Aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo


a) No espaço: referem-se a um ser distante tanto de quem fala quanto de com quem se fala.


– Que saudade daquela praia!


– Aquele homem era o seu pai?


b) No tempo: indicam um passado remoto, um tempo distante e vago.


– Pena que aqueles anos de infância não voltam mais.


– Até hoje me lembro daquela vitória do Brasil em 2002.


Função distributiva dos demonstrativos - em um período ou parágrafo

Utilizamos os pronomes demonstrativos este e aquele para retomar dois elementos que já foram ditos no texto.


Este retoma o elemento mais próximo ou citado por último.


Aquele retoma o elemento mais afastado ou citado em primeiro lugar.


– Pedro e Tiago são excelentes alunos. Este se destaca mais em Matemática e aquele em Português.


Este = Tiago


Aquele = Pedro


No entanto, quando temos três ou mais elementos, devemos utilizar os numerais de retomada: primeiro, segundo, terceiro etc.


– Maria, Pedro e Tiago são excelentes alunos. A primeira se destaca em Química, o segundo em Português e o terceiro em Matemática.


Outros pronomes demonstrativos

Algumas palavras de outras classes gramaticais, dependendo do contexto, podem ter valor de pronome demonstrativo:


a) mesmo(a/s): quando tiver sentido de “idêntico, exato, em pessoa”.


– A mesma pessoa que vende faz a entrega. (= pessoa exata)


b) próprio(a/s): quando tiver sentido de “idêntico, exato, em pessoa”.


– Ele próprio cultiva as frutas que consome. (= em pessoa)


c) tal/tais: quando puder ser substituído pelos demonstrativos tradicionais (este, esse, aquele e variações).


– Nunca mais diga tais baboseiras. (= essas baboseiras)


d) semelhante(s): quando puder ser substituído pelos demonstrativos tradicionais (este, esse, aquele e variações).


– Jamais vi semelhante tolice. (= essa tolice)


e) o, a, os, as: quando puderem ser substituídos por “aquele(a/s), aquilo, isso”.


– Os que foram pontuais, pegaram os melhores lugares no auditório. (= Aqueles que foram pontuais…)


Contrações com demonstrativos

Os pronomes demonstrativos podem se contrair com as preposições a, de, em:


a + aquele / aquela / aquilo = àquele / àquela / àquilo

de + este e variações = deste / desta / disto…

de + essa e variações = desse / dessa / disso…

de + aquele e variações = daquele / daquela / daquilo

em + este e variações = neste / nesta / nisto…

em + esse e variações = nesse / nessa / nisso…

em + aquele e variações = naquele / naquela / naquilo…

Os pronomes possessivos são palavras que acompanham ou substituem o substantivo, estabelecendo uma relação de posse (na maioria das vezes) entre o item possuído e as pessoas do discurso. 


São pronomes possessivos:


A imagem mostra um quadro com todos os pronomes possessivos. São eles:

- 1ª pessoa:   meu, minha, meus, minhas, nosso, nossa, nossos, nossas

- 2ª pessoa:   teu, tua, teus, tuas, vosso, vossa, vossos, vossas

- 3ª pessoa:   seu, sua, seus, suas

Concordância nominal dos pronomes possessivos

Os possessivos concordam em pessoa com o substantivo que representa o possuidor, além de concordarem em gênero e número com o substantivo que designa a coisa possuída. Exemplo:


– José deixou uma bela casa como herança para suas filhas.


Possuidor: José (substantivo)


Item possuído: filhas (as filhas de José)


Pronome possessivo: suas (3ª pessoa do singular / feminino e plural)


Note que suas faz referência à 3ª pessoa do singular, que é José, ao mesmo tempo em que é feminino e plural, pois também concorda com filhas.


Emprego dos pronomes possessivos

1. Diferenças semânticas:


Em alguns contextos, os possessivos não indicam relação de posse, mas sim, de respeito, afetividade, estimativa, ironia, indefinição entre outros.


– Com licença, meu senhor. (respeito)


– Minha Maria, como você está linda! (afetividade) 


– Lá pelos seus dezoito anos, faça um intercâmbio. (estimativa)


– Meu bem, lava essa boca antes de falar de mim! (ironia)


– Ele bem que tem tido suas regalias no trabalho. (indefinição)


2. Nosso de modéstia e de majestade (Plural majestático)


A fim de evitar um tom impositivo ou muito pessoal no discurso, é comum o tratamento de nós em vez de eu. Dessa forma, o possessivo meu (minha) muda para nosso(a).


a) Nosso de modéstia:


“Nossa pesquisa foi realizada com base no último censo demográfico do IBGE…”


b) Nosso de majestade (plural majestático):


“Nossos homens não deixarão passar um inimigo sequer pelas portas do nosso reino.”


3. Vosso de cerimônia


Num tratamento cerimonioso, é comum utilizarmos o pronome vosso(a), ainda que estejamos falando com uma única pessoa.


“Nunca vosso avô, meu senhor e marido, achou que me não fosse possível compreender o ânimo dum grande português.”


(José Régio em “El-Rei Sebastião”)


4. Ambiguidade


Os possessivos de terceira pessoa – seu(s), sua(s) – podem causar ambiguidade em certas frases.


– O pai discutia com a filha o seu futuro. (O futuro do pai ou da filha?)


Para desfazer a ambiguidade, é necessário reescrever o trecho mudando os termos da oração de ordem ou acrescentando dele(s), dela(s) sempre que possível.


– O pai discutia o seu futuro com a filha.


– O pai discutia com a filha o futuro dela.


5. Pronomes oblíquos como possessivos


Os pronomes oblíquos me, te, lhe, lhes, nos e vos assumem valor de pronomes possessivos em algumas construções. Esse uso confere elegância e desenvoltura ao texto.


– Ardiam-me os olhos. (= Meus olhos ardiam)


– Segurei-lhe a mão. (= Segurei a sua mão)

 

Muitas vezes, o artigo substitui o possessivo em nomes de partes do corpo, peças de vestuário e qualidades do espírito.

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