Os pronomes interrogativos são palavras que empregamos em perguntas diretas (com ponto de interrogação) ou perguntas indiretas (sem ponto de interrogação). São considerados pronomes interrogativos: que, quem, qual e quanto.
Exemplos de uso dos pronomes interrogativos
Exemplos de perguntas diretas:
– Quem mexeu na minha carteira?
– Quanto custa esta calça?
Exemplos de perguntas indiretas:
– Quero saber quem mexeu na minha carteira!
– Pergunte quanto custa esta calça.
Flexão dos interrogativos
a) São pronomes interrogativos invariáveis:
– que
– quem
b) São pronomes interrogativos variáveis:
– qual / quais (flexão em número)
– quanto / quanta / quantos / quantas (flexão em gênero e número)
Pronomes substantivos x pronomes adjetivos
Os interrogativos podem ser pronomes substantivos e pronomes adjetivos.
São pronomes interrogativos substantivos quando substituem o substantivo ao qual se referem, e são pronomes interrogativos adjetivos quando acompanham o substantivo ao qual se referem. Para ficar claro, acompanhe o exemplo a seguir.
Imagine que você está numa adega com um amigo e ele pergunta:
– Qual vinho você quer?
Nesse contexto, o interrogativo qual acompanha o substantivo vinho, portanto ele é um pronome adjetivo. Contudo, se o seu amigo, diante de tantas opções, apenas pergunta:
– Qual você quer?
Nesse caso, perceba que o interrogativo não só pergunta, mas também assume o lugar do substantivo. Dessa forma, qual passa a ser um pronome substantivo.
Valor semântico e emprego dos interrogativos
1. Que
O interrogativo que, quando significa “que coisa”, é pronome substantivo.
– Que pretende fazer quando terminar sua leitura?
– Não sei que respondeu a menina.
Quando significa “que espécie de”, é pronome adjetivo e pode fazer referência a pessoas e a coisas.
– Que cachorro ele é?
– Ainda estou tentando descobrir que gente é aquela…
A fim de dar ênfase à pergunta, utiliza-se “o que”, sendo o artigo “o” uma partícula expletiva:
– O que é isso, mãe?
– Diga-me o que você está assistindo.
Esse O não tem função sintática. Seu uso é apenas estilístico, mas não constitui erro.
2. Quem
O interrogativo quem é pronome substantivo e só pode fazer referência a pessoas ou algo personificado.
– Mas a ideia é de quem?
– Perguntei ao professor quem foi Pedro Álvares Cabral.
3. Qual
O interrogativo qual pode ser pronome substantivo ou adjetivo e pode fazer referência a pessoas e a coisas.
– Qual casa é a sua?
– Qual criança é a sua nesta foto?
Como pronome adjetivo, nem sempre estará próximo ao substantivo.
– Qual é a sua sugestão?
Qual seguido da preposição de indica seleção.
– Qual desses dois é melhor?
4. Quanto
O interrogativo quanto pode ser tanto pronome substantivo quanto pronome adjetivo. Refere-se a um quantitativo indefinido e pode ser usado com pessoas e coisas.
– Quanto custa isso?
– Gostaria de saber quantas pessoas você convidou para a festa.
Emprego exclamativo dos interrogativos
Os pronomes interrogativos também podem ser facilmente encontrados em frases exclamativas que expressam admiração, surpresa, desejo e outros valores afetivos.
– Que amor, hein!
– Quem me dera ser médica!
– Quanta vida ainda temos pela frente!
Pronomes interrogativos x advérbios interrogativos
Pronomes interrogativos são comumente confundidos com os advérbios interrogativos. No entanto, fazer a distinção entre eles é bem fácil.
Advérbio é uma classe que modifica ou amplia o sentido de um verbo, um adjetivo ou de outro advérbio, e o pronome, como já vimos, substitui ou acompanha um substantivo.
Os advérbios interrogativos são: quando, como, onde e por que, ou seja, são vocábulos diferentes dos pronomes interrogativos. Além disso, cada um deles expressa tempo, modo, lugar e causa, respectivamente.
– Viajaremos quando?
– Como viajaremos com pouco dinheiro?
– Onde está localizado o hotel?
– Por que decidiu conhecer a Itália?
Os pronomes demonstrativos indicam a posição temporal ou espacial em que se encontram os seres em relação às três pessoas do discurso.
São pronomes demonstrativos:
1) Variáveis: este, esta, estes, estas esse, essa, esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas.
2) Invariáveis: isto, isso e aquilo.
Emprego dos pronomes demonstrativos
Analisemos agora o emprego dos demonstrativos no tempo (função temporal), no espaço (função espacial) e no discurso (função referencial).
1. Este, estes, esta, estas e isto
a) No espaço: referem-se a um ser próximo à pessoa que fala.
– Esta bolsa é nova.
– Estes documentos são meus.
b) No tempo: indicam tempo presente em relação à pessoa que fala.
– Este é o dia mais divertido da minha vida!
– Esta é a hora de sentar e estudar.
c) Quando se redige um texto: referem-se ao que ainda será falado ou escrito (elemento catafórico).
– A regra principal do jogo é esta: passar mais tempo com a bola que o adversário.
– Isto é o que acredito: Deus existe!
Também são usados quando o autor de um texto deseja referir-se ao próprio texto.
– Esta pesquisa é um estudo de caso.
2. Esse, esses, essa, essas e isso
a) No espaço: referem-se a um ser próximo à pessoa com quem se fala.
– Isso daí é a sua prova?
– Essas roupas ficam lindas em você!
b) No tempo: indicam um passado recente ou futuro.
– Semana passada saímos para jantar. Esse foi nosso último passeio.
– Sei que a festa desse final de semana será gigante.
c) Quando se redige um texto: referem-se a algo que já foi falado ou escrito (elemento anafórico).
– Concordo com isso que você disse.
– Disciplina e foco: esses foram os principais ensinamentos do meu pai.
3. Aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo
a) No espaço: referem-se a um ser distante tanto de quem fala quanto de com quem se fala.
– Que saudade daquela praia!
– Aquele homem era o seu pai?
b) No tempo: indicam um passado remoto, um tempo distante e vago.
– Pena que aqueles anos de infância não voltam mais.
– Até hoje me lembro daquela vitória do Brasil em 2002.
Função distributiva dos demonstrativos - em um período ou parágrafo
Utilizamos os pronomes demonstrativos este e aquele para retomar dois elementos que já foram ditos no texto.
Este retoma o elemento mais próximo ou citado por último.
Aquele retoma o elemento mais afastado ou citado em primeiro lugar.
– Pedro e Tiago são excelentes alunos. Este se destaca mais em Matemática e aquele em Português.
Este = Tiago
Aquele = Pedro
No entanto, quando temos três ou mais elementos, devemos utilizar os numerais de retomada: primeiro, segundo, terceiro etc.
– Maria, Pedro e Tiago são excelentes alunos. A primeira se destaca em Química, o segundo em Português e o terceiro em Matemática.
Outros pronomes demonstrativos
Algumas palavras de outras classes gramaticais, dependendo do contexto, podem ter valor de pronome demonstrativo:
a) mesmo(a/s): quando tiver sentido de “idêntico, exato, em pessoa”.
– A mesma pessoa que vende faz a entrega. (= pessoa exata)
b) próprio(a/s): quando tiver sentido de “idêntico, exato, em pessoa”.
– Ele próprio cultiva as frutas que consome. (= em pessoa)
c) tal/tais: quando puder ser substituído pelos demonstrativos tradicionais (este, esse, aquele e variações).
– Nunca mais diga tais baboseiras. (= essas baboseiras)
d) semelhante(s): quando puder ser substituído pelos demonstrativos tradicionais (este, esse, aquele e variações).
– Jamais vi semelhante tolice. (= essa tolice)
e) o, a, os, as: quando puderem ser substituídos por “aquele(a/s), aquilo, isso”.
– Os que foram pontuais, pegaram os melhores lugares no auditório. (= Aqueles que foram pontuais…)
Contrações com demonstrativos
Os pronomes demonstrativos podem se contrair com as preposições a, de, em:
a + aquele / aquela / aquilo = àquele / àquela / àquilo
de + este e variações = deste / desta / disto…
de + essa e variações = desse / dessa / disso…
de + aquele e variações = daquele / daquela / daquilo
em + este e variações = neste / nesta / nisto…
em + esse e variações = nesse / nessa / nisso…
em + aquele e variações = naquele / naquela / naquilo…
Os pronomes possessivos são palavras que acompanham ou substituem o substantivo, estabelecendo uma relação de posse (na maioria das vezes) entre o item possuído e as pessoas do discurso.
São pronomes possessivos:
A imagem mostra um quadro com todos os pronomes possessivos. São eles:
- 1ª pessoa: meu, minha, meus, minhas, nosso, nossa, nossos, nossas
- 2ª pessoa: teu, tua, teus, tuas, vosso, vossa, vossos, vossas
- 3ª pessoa: seu, sua, seus, suas
Concordância nominal dos pronomes possessivos
Os possessivos concordam em pessoa com o substantivo que representa o possuidor, além de concordarem em gênero e número com o substantivo que designa a coisa possuída. Exemplo:
– José deixou uma bela casa como herança para suas filhas.
Possuidor: José (substantivo)
Item possuído: filhas (as filhas de José)
Pronome possessivo: suas (3ª pessoa do singular / feminino e plural)
Note que suas faz referência à 3ª pessoa do singular, que é José, ao mesmo tempo em que é feminino e plural, pois também concorda com filhas.
Emprego dos pronomes possessivos
1. Diferenças semânticas:
Em alguns contextos, os possessivos não indicam relação de posse, mas sim, de respeito, afetividade, estimativa, ironia, indefinição entre outros.
– Com licença, meu senhor. (respeito)
– Minha Maria, como você está linda! (afetividade)
– Lá pelos seus dezoito anos, faça um intercâmbio. (estimativa)
– Meu bem, lava essa boca antes de falar de mim! (ironia)
– Ele bem que tem tido suas regalias no trabalho. (indefinição)
2. Nosso de modéstia e de majestade (Plural majestático)
A fim de evitar um tom impositivo ou muito pessoal no discurso, é comum o tratamento de nós em vez de eu. Dessa forma, o possessivo meu (minha) muda para nosso(a).
a) Nosso de modéstia:
“Nossa pesquisa foi realizada com base no último censo demográfico do IBGE…”
b) Nosso de majestade (plural majestático):
“Nossos homens não deixarão passar um inimigo sequer pelas portas do nosso reino.”
3. Vosso de cerimônia
Num tratamento cerimonioso, é comum utilizarmos o pronome vosso(a), ainda que estejamos falando com uma única pessoa.
“Nunca vosso avô, meu senhor e marido, achou que me não fosse possível compreender o ânimo dum grande português.”
(José Régio em “El-Rei Sebastião”)
4. Ambiguidade
Os possessivos de terceira pessoa – seu(s), sua(s) – podem causar ambiguidade em certas frases.
– O pai discutia com a filha o seu futuro. (O futuro do pai ou da filha?)
Para desfazer a ambiguidade, é necessário reescrever o trecho mudando os termos da oração de ordem ou acrescentando dele(s), dela(s) sempre que possível.
– O pai discutia o seu futuro com a filha.
– O pai discutia com a filha o futuro dela.
5. Pronomes oblíquos como possessivos
Os pronomes oblíquos me, te, lhe, lhes, nos e vos assumem valor de pronomes possessivos em algumas construções. Esse uso confere elegância e desenvoltura ao texto.
– Ardiam-me os olhos. (= Meus olhos ardiam)
– Segurei-lhe a mão. (= Segurei a sua mão)
Muitas vezes, o artigo substitui o possessivo em nomes de partes do corpo, peças de vestuário e qualidades do espírito.
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