Verbo é uma palavra que exprime ação, fenômeno natural, estado, mudança de estado ou um fato. Também é uma classe gramatical que varia em modo, tempo, número e pessoa. Veja alguns exemplos:
– O menino joga bola como um profissional. (ação / fato – presente)
– Trovejou demais durante a viagem. (fenômeno natural – passado)
– Estou feliz por você. (estado – passado)
Estrutura do verbo
Do ponto de vista morfológico, o verbo apresenta os seguintes elementos:
1. Radical: é a base do verbo, parte invariável que contém o sentido que ele carrega. Identificamos esta parte apenas retirando as terminações –ar, –er ou –ir do infinitivo.
and-ar corr-er emit-ir
2. Vogal temática: é a vogal que se junta ao radical, indicando a qual conjugação o verbo pertence.
-a- (indica verbos da primeira conjugação): and-a-r
-e- (indica verbos da segunda conjugação): corr-e-r
-i- (indica verbos da terceira conjugação): emit-i-r
Importante: verbos terminados em –or, como pôr e seus derivados como propor, expor, depor, impor, compor, repor, decompor etc., são de segunda conjugação. No português arcaico, esse verbo era poer e tinha o –e– como vogal temática, porém essa letra desapareceu da palavra com o passar do tempo.
3. Tema: é a junção do radical + vogal temática.
anda-mos corre-rei emiti-u
4. Desinências modo-temporais: parte variável do verbo que se anexa ao radical e à vogal temática para indicar o modo e o tempo a que ele pertence.
anda-va: indica o pretérito imperfeito do indicativo
corre-sse: indica o pretérito imperfeito do subjuntivo
emitir-ei: indica o futuro do presente do indicativo
5. Desinências número-pessoais: parte variável do verbo que se anexa ao radical e à vogal temática para indicar o número e a pessoa do discurso a que ele faz referência.
and-o: 1ª pessoa do singular – eu
corre-s: 2ª pessoa do singular – tu
emiti-mos: 1ª pessoa do plural – nós
Formas rizotônicas e arrizotônicas
Chamamos de rizotônicas as formas verbais que apresentam a vogal da sílaba tônica no radical:
am-o com-es part-o
Chamamos de arrizotônicas as formas verbais que apresentam a vogal da sílaba tônica na desinência:
am-ava com-esse part-isse
Flexões do verbo
O verbo é a classe gramatical com mais flexões: número, pessoa, modo e tempo.
1. Número: o verbo varia em singular e plural para concordar com o sujeito a que se refere.
– A roupa está molhada. (singular)
– As roupas estão molhadas. (plural)
2. Pessoa: o verbo varia em primeira, segunda e terceira pessoa do discurso, indicando assim o emissor, o receptor e o referente.
Singular:
1ª pessoa – Eu amo.
2ª pessoa – Tu amas.
3ª pessoa – Ele(a) ama.
Plural:
1ª pessoa – Nós amamos.
2ª pessoa – Vós amais.
3ª pessoa – Eles(as) amam.
3. Modo: o verbo se conjuga no indicativo, no subjuntivo e no imperativo devido às diferentes maneiras de um fato se realizar.
Modo indicativo – exprime certeza, afirmação, convicção.
– Meus filhos estudam todos os dias em casa.
Modo subjuntivo – exprime hipótese, condição, incerteza, possibilidade.
– Pedi para que meus filhos estudassem todos os dias em casa.
Modo imperativo – exprime ordem, pedido, conselho, súplica, convite, recomendação, proibição.
– Filhos, estudem todos os dias em casa!
4. Tempo: o verbo varia em presente, pretérito (passado) e futuro para indicar o momento em que se dá o fato por ele expresso.
Tempos do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito (antigo condicional).
Tempos do modo subjuntivo: presente, imperfeito e futuro.
Tempos do modo imperativo: afirmativo e negativo.
Formas nominais do verbo
As formas nominais do verbo são formas verbais que se comportam como nomes (substantivo, adjetivo ou advérbio) em alguns contextos e não apresentam flexão de tempo e modo.
1. Infinitivo:
a) impessoal: verbo terminado em –r. Pode apresentar valor de substantivo.
– É proibido fumar neste local.
b) pessoal: verbo conjugado em uma das pessoas do discurso.
– É bom (tu) cantares mais baixo neste horário.
2. Gerúndio: verbo terminado em –ndo. Pode apresentar valor de advérbio ou adjetivo, exceto quando está em uma locução verbal.
– O bêbado andava cambaleando pela rua.
3. Particípio: verbo terminado em –do, normalmente. Pode apresentar valor de adjetivo, exceto quando forma tempo composto. Flexiona em gênero, número e grau.
– Somos pessoas honradas.
Classificação dos verbos
1. Regulares: apresentam o mesmo radical em todos os tempos e modos, além de as desinências seguirem um paradigma (modelo) nas três conjugações (-ar, -er, -ir).
– eu amo, tu amas, ele ama…
– eu vendo, tu vendes, ele vende…
– eu parto, tu partes, ele parte…
2. Irregulares: quando o radical e/ou as desinências se alteram e não seguem o paradigma da conjugação a que pertencem.
Querer: radical quer-
– eu quis, tu quiseste, ele quis…
3. Anômalos: apresentam mais de um radical diferente. É o caso dos verbos ser e ir, apenas.
– eu sou, tu és… eu fui…eu era… (que) eu seja… (se) eu fosse…
4. Defectivos: não apresentam conjugação completa, como os verbos computar, falir, adequar, precaver, reaver, ressarcir, colorir, abolir, explodir, extorquir, demolir etc.
Pessoa Presente do Indicativo
Eu –
Tu –
Ele(a) –
Nós falimos
Vós falis
Eles(as) –
Existem outros dois tipos secundários. Os impessoais são aqueles que não possuem sujeito. Esse grupo é formado pelos verbos que indicam fenômenos da natureza, do verbo “haver” no sentido de existir, acontecer e realizar-se e do verbo “fazer” no sentido de tempo decorrido. Os unipessoais são aqueles que indicam a voz dos animais, acontecimento, necessidade ou urgência. Eles normalmente ficam na terceira pessoa — do singular ou do plural.
5. Abundantes: apresentam mais de uma forma na mesma parte da conjugação.
Comprazer (pretérito perfeito do indicativo):
– Eu comprouve ou eu comprazi.
Ocorre, na maioria das vezes, no particípio:
– pago e pagado
– aceito e aceitado
– frito e fritado
6. Pronominais: conjugam-se acompanhados de pronomes oblíquos.
– queixar-se, arrepender-se, atrever-se, candidatar-se, esforçar-se, etc.
Podem ser essencialmente pronominais - só podem ser conjugados com pronome ou eventualmente pronominais - podem ou não ser conjugados com pronome.
Vozes verbais são as relações do verbo com seu sujeito. Por essa razão, não há voz verbal em orações sem sujeito.
São três as vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva.
Voz ativa
Ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica que o sujeito a que se refere é o agente da ação. Ou seja, a ação é praticada pelo sujeito.
Exemplos de voz ativa:
– A mãe chamou o filho.
– Um tsunami destruiu aquele país.
– O funcionário resolveu todas as pendências do dia.
– Eu escrevo o livro.
Voz passiva
Ocorre voz passiva quando o verbo (ou locução verbal) indica que o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo. Nesse caso, diz-se que o sujeito é paciente da ação verbal.
Existem dois processos de voz passiva:
a) Voz passiva analítica: é a locução verbal formada por ser/estar/ficar + outro verbo no particípio.
Exemplos de voz passiva analítica:
– O filho foi chamado pela mãe.
– Aquele país foi destruído por um tsunami.
– As pendências do dia foram resolvidas pelo funcionário.
– O livro é escrito por mim.
b) Voz passiva sintética (ou pronominal): é formada por um verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto na 3ª pessoa do singular ou do plural + pronome apassivador se.
Exemplos de voz passiva sintética:
– Formou-se uma grande fila na entrada do cinema.
– Formaram-se grandes filas na entrada do cinema.
– Apresentou-se o resultado da eleição.
– Apresentaram-se os resultados das eleições.
Voz reflexiva
Uma das vozes verbais é a voz reflexiva. Ela ocorre quando o verbo indica que o sujeito pratica e sofre a ação verbal simultaneamente. Nesse caso, os verbos são sempre transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos e estão sempre acompanhados de um pronome pessoal oblíquo da mesma pessoa do sujeito a que se refere, possuindo o valor de a si mesmo(a).
Na voz reflexiva, o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo.
Exemplos de voz reflexiva:
– O jogador feriu-se em campo. (feriu a si mesmo)
– Eu me arrumo muito bem. (arruma a si mesmo)
– O empreendedor se deu o direito de tirar férias. (deu a si mesmo)
– A jovem se maquiou lindamente. (maquiou a si mesma)
Há ainda outro tipo de voz reflexiva que se chama voz reflexiva recíproca.
a) Voz reflexiva recíproca: ocorre quando há dois ou mais seres praticando a mesma ação verbal e essa ação é mútua entre eles. Ou seja, esses seres praticam a ação verbal uns nos outros.
Na voz reflexiva recíproca, o verbo se encontra no plural, normalmente, e vem acompanhado dos pronomes oblíquos átonos com valor reflexivo recíproco (se, nos, vos). Nesse caso, esses pronomes equivalem a um ao outro, uns aos outros.
– Os rivais encaravam-se raivosos. (olhavam uns aos outros)
– Eles se amam fortemente! (amam uns aos outros)
– Nós nos cumprimentamos felizes demais! (cumprimentaram uns aos outros)
– Espero que vós vos faleis novamente. (falem uns aos outros)
Conversão da voz ativa para voz passiva e vice-versa
Em alguns casos, é possível converter a voz ativa para a voz passiva, ainda que algumas mudanças sejam necessárias, mas em outros casos não.
1. Conversão da voz ativa para voz passiva analítica:
– O sujeito da voz ativa se transforma em agente da passiva.
– O objeto direto da voz ativa se transforma em sujeito da voz passiva.
– O verbo transitivo da voz ativa se transforma em locução verbal.
Voz ativa: O CEO alterou o logotipo da empresa.
Voz passiva analítica: O logotipo da empresa foi alterado pelo CEO.
2. Conversão da voz ativa na voz passiva sintética:
– O objeto direto da voz ativa se transforma em sujeito da passiva.
– O sujeito da voz ativa se transforma em partícula apassivadora se.
Voz ativa: O CEO alterou o logotipo da empresa.
Voz passiva sintética: Alterou-se o logotipo da empresa.
Voz passiva é uma forma verbal, enquanto passividade é ideia. Em alguns casos, pode ocorrer voz ativa embora o sujeito tenha sofrido a ação.
Em outros, pode haver reflexividade sem que haja voz reflexiva.
Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos.
A palavra passivo tem a mesma raiz latina de paixão, com o significado de sofrimento (Paixão de Cristo). Daí a voz passiva como aquela que expressa a ação sofrida pelo sujeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário