domingo, 1 de maio de 2022

Palavras e expressões que causam dúvidas no dia a dia

  


 A / HÁ (em função do espaço de tempo)


- A (preposição): "Ela voltará daqui a meia hora." (tempo futuro)


- HÁ (verbo haver): "Ela saiu há dez minutos." (tempo decorrido)


ABAIXO-ASSINADO / ABAIXO ASSINADO


O documento coletivo, reivindicatório, chama-se "abaixo-assinado" e deve ser escrito com hífen. O plural é "abaixo-assinados".


Exemplo: Os empregados da empresa entregaram um abaixo-assinado,  reivindicando aumento de salário.


Escreve-se "abaixo assinado", sem hífen, quando se faz referência a cada uma das pessoas que assinam o documento.


Exemplo: João da Silva, abaixo assinado, reconhece que...


ACATAR / ACOLHER


- Acatar: obedecer;


Exemplo: Os empregados acataram a ordem do chefe.


- Acolher: aceitar, receber.


Exemplo: O juiz não acolheu a nossa ação.


AO AGUARDO DE ou NO AGUARDO DE?


Em verdade, as pessoas ficam "à espera", e não "na espera" de alguém ou de alguma coisa. Assim, o correto é dizer que "alguém está ao aguardo de..."


A CERCA / ACERCA / HÁ CERCA


- A CERCA: significa "a uma distância de".


Exemplo: Este restaurante fica a cerca de 20km daqui.


- ACERCA (locução prepositiva): igual a "sobre, a respeito de".


Exemplo: Ele falou na reunião acerca de informática.


- Há CERCA DE: equivalente a "existe, ou faz aproximadamente".


Exemplos:


Há cerca de cem candidatos para cada vaga neste concurso.


Não vejo aquele professor há cerca de dez anos.


Observação: A expressão "cerca de" quando indicar uma quantidade aproximada, deve ser acompanhada de um número arredondado, nunca de um número preciso. Faz sentido dizer "Cerca de 300 (ou qualquer número redondo) pessoas estavam na conferência". Quando se sabe o número exato, dispensa-se o "cerca de": "Na conferência havia 321 pessoas."


À CUSTA DE / AS CUSTAS DE


- À CUSTA: no singular, significa "por meio de", "na dependência de".


Exemplos:


Ana já tem mais de trinta anos e ainda vive à custa do pai.


Antônio conseguiu sua fortuna à custa de muito trabalho.


- AS CUSTAS: no plural, tem sentido jurídico específico, significando "despesas feitas com um processo criminal ou cível".


Exemplo:


 Pedro foi obrigado a pagar as custas do processo de seu divórcio.


ADIAMENTO


Adia-se somente eventos. Datas são trocadas.


Exemplos:


A festa foi adiada para domingo (e não a data da festa);


A data da reunião passou de 15 para 18 de julho (e não a reunião).


Observação: Já PRAZOS podem ser ampliados ou encurtados, nunca adiados.


 ADJETIVOS PÁTRIOS E GENTÍLICOS


Muitos gramáticos chamam os adjetivos que nomeiam o local de nascimento das pessoas de adjetivos pátrios ou gentílicos. No entanto, existe diferença de significado entre os termos:


- Pátrio: refere-se a cidades, estados, países e continentes;


- Gentílico: refere-se a raças e povos.


Exemplos:


Israelense = adjetivo pátrio, referente a Israel;


Israelita = adjetivo gentílico, referente ao povo de Israel.


UM AGRAVANTE ou UMA AGRAVANTE?


A palavra "agravante", como substantivo, é do gênero feminino, porque subentende a palavra 'circunstância'.


Exemplo: O fato de João dirigir alcoolizado é uma agravante no caso de um acidente.


O mesmo acontece com a palavra "atenuante".


Exemplo: O advogado alegou a existência de algumas atenuantes, para justificar o pedido de redução de pena de seu cliente.


AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A


- AO ENCONTRO DE: indica situação favorável, harmonia.


Exemplos:


Esta sua decisão veio ao encontro das minhas pretensões.


Ana foi toda feliz ao encontro do namorado.


- DE ENCONTRO A: indica contrariedade, oposição, choque.


Exemplos:


Naquela questão, as idéias do PT vieram de encontro às do PSDB.


O carro foi de encontro ao poste.


No antológico "Samba da bênção", Vinícius dizia: "A vida é a arte do encontro, embora haja muito desencontro pela vida." Tinha razão o poeta. Quando você quer uma coisa e ela acontece, ela vem ao encontro dos seus interesses, e não de encontro. (P.C.N.)


A FIM / AFIM


- A FIM: igual a "finalidade".


Exemplo: Ari estava a fim daquela garota.


- AFIM: equivalente a "semelhante", parente por afinidade ou função matemática.


Exemplo: Meu gosto não é afim ao seu em matéria de comida.


AO INVÉS DE / EM VEZ DE


- AO INVÉS DE: significa "ao contrário de".


Exemplos:


Maura, ao invés de Alice, resolveu se dedicar à música. (opções de estudo contrárias)


Entrou à direita ao invés de entrar à esquerda. (Direita e esquerda se opõem)



EM VEZ DE: igual a "em lugar de".


Exemplos:


Em vez de Pedro, Paulo foi o orador da turma. (Um tomou o lugar do outro)


João foi à praia em vez de ir ao jogo." (Ir à praia e ir ao jogo não são coisas opostas, e sim lugares diferentes).


ALEIJADO ou ALEJADO?


Deve-se dizer e escrever "aleijado".


AMAZONA ou CAVALEIRA?


De fato as gramáticas e os manuais de redação costumam trazer "amazona" como feminino de "cavaleiro", mas é bom saber que os dicionários registram também a forma "cavaleira".


À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE


- À MEDIDA QUE: significando "à proporção que".


Exemplo: Senhas eram distribuídas aos candidatos à medida que eles entravam nas filas de inscrição.


- NA MEDIDA EM QUE: equivalente a "porque".


Exemplo: A pesquisa dever ser feita antes de dezembro na medida em que vamos estar de férias nesse período. 


ANARQUIA/AUTARQUIA/OLIGARQUIA


- Anarquia: Ausência de governo;


- Autarquia: Auto (= si mesmo) + arquia (= governo);


- Oligarquia: governo de poucos.


ANEXO / EM ANEXO


Com as formas "anexo", "anexa", "anexos" etc., temos aí mais um particípio que freqüentemente se usa como adjetivo. Como tal, deve ajustar-se ao substantivo que modifica: "O/s comprovante/s segue/m anexo/s"; "A/s fotocópia/s segue/m anexa/s". É importante observar que, nos exemplos dados, a alteração na ordem não afetaria os mecanismos de concordância: "Seguem anexos os comprovantes"; "Seguem anexas as fotocópias". Em textos da correspondência comercial, são mais do que comuns frases (duplamente erradas) como "Segue anexo os comprovantes" ou "Segue anexo as faturas". Há um erro de concordância verbal (o verbo está no singular, mas deveria ficar no plural) e um de concordância nominal (o adjetivo "anexo" deve concordar em gênero e número com o substantivo que modifica).


Por fim, convém dizer que alguns autores rejeitam a expressão "em anexo", de uso mais do que vivo (e compreensível) na língua. Numa frase como "As fotocópias seguem em anexo", por exemplo, "anexo" funciona como substantivo e forma com a preposição "em" uma expressão adverbial. O professor Evanildo Bechara é um dos gramáticos que registram o uso regular de "em anexo". Em sua "Moderna Gramática Portuguesa", o autor dá estes exemplos: "Vai em anexo a declaração"; "Vão em anexo as declarações". Publicado em 2001, o "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, registra a locução adverbial "em anexo", que dá como equivalente a "em apenso", "em forma de aditamento". O exemplo é este: "A errata vai em anexo".


Em resumo: o adjetivo "anexo" varia ("As notas seguem anexas"; "Os comprovantes seguem anexos"); a expressão "em anexo" não varia ("As notas seguem em anexo"; "Os comprovantes seguem em anexo").


A NÍVEL DE ou EM NÍVEL DE?


Em verdade, a forma "a nível de" está incorreta. Deste modo, devemos usar a expressão "em nível de", mesmo assim somente quando houver "níveis".


Exemplos:


Este problema só poderá ser resolvido em nível de diretoria (assessoria, secretaria...).


As decisões tomadas em nível federal (estadual, municipal) poderão ser definitivas.


Observação: Quanto ao mar, é aceitável dizer "ao nível do mar" ou "no nível do mar".


ANTÁRTICA ou ANTÁRTIDA?


Veja o que dizem alguns dicionários sobre o adjetivo Antártico:


1. "Oposto ao pólo ártico, o pólo meridional do mundo" (Caldas Aulete);


2. "Oposto ao pólo ártico, do pólo sul" (Aurélio);


3. "Do pólo sul, oposto ao pólo ártico, relativo à Antártida" (Luft).


Assim sendo, a região é antártica, temos o Oceano Glacial Antártico e o Círculo Polar Antártico. Tradicionalmente, o nome do continente é "Antártida", porém pelo seu emprego constante, tanto na linguagem falada quanto na escrita, a forma "Antártica" já vem sendo aceita sem restrições.


 AONDE / ONDE / DE ONDE


- AONDE: com verbos que indicam movimento, um destino, como o verbo ir.


Exemplos:


Aonde você vai?


Aonde você quer chegar?


- ONDE: com verbos que indicam permanência, como o verbo estar.


Exemplos:


Onde você está?


A casa onde moro é muito antiga.


- DE ONDE ou DONDE: com verbos que indicam procedência.


Exemplos:


De onde você saiu?


Donde você surgiu?


ESTOU A PAR ou AO PAR DO ASSUNTO?


Apesar de alguns registros de "a par de" e "ao par de" como equivalentes a "ao corrente de", a expressão mais recomendada e abonada é "a par de". O dicionário "Aurélio" diz que "ao par de" é "forma menos preferível"; o "Dicionário Prático de Regência Nominal", de Celso Luft, dá as duas expressões como equivalentes. O "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, e o de Caldas Aulete, entre outros, só abonam a expressão "estar a par do assunto". Ao par deve ser usada apenas para equivalência ou igualdade cambial.


AO PERSISTIREM... / A PERSISTIREM...


Analisemos duas construções que se ouvem e lêem, atualmente, em peças publicitárias de medicamentos: "Ao persistirem os sintomas, o médico..."/"A persistirem os sintomas, o médico...". Qual é a melhor? Ou tanto faz? Na propaganda do remédio do laboratório X se diz 'a persistirem' e na propaganda do remédio do laboratório Y se diz 'ao persistirem'.

Raciocinemos juntos. Quando se diz "Ao sair, apague a luz", quer-se dizer algo equivalente a "Quando sair, apague a luz". A idéia predominante em orações introduzidas por "ao" é a de tempo: "Ao chegar, telefone" ("Quando chegar, telefone"); "Ao ouvir o sinal, não cruze a linha férrea" ("Quando ouvir o sinal, não cruze a linha férrea"). Então a frase "Ao persistirem os sintomas, o médico..." equivale a "Quando persistirem os sintomas, o médico...". Essa construção não é incorreta, mas será que é exatamente isso o que se quer dizer, ou seja, será que a idéia predominante é a de tempo ("Quando persistirem os sintomas, o médico...")? Ou é a de condição ("Se persistirem os sintomas, o médico..."; "Caso persistam os sintomas, o médico...")? Se a intenção é dizer que o médico deverá ser consultado no caso de persistirem os sintomas, deve-se trocar o "ao" por "a": "A persistirem os sintomas, o médico...".


Não custa lembrar duas coisas. A primeira é que, se a opção for por "se", a forma verbal é "persistirem"; se for por "caso", é "persistam".


A segunda é que nem sempre a troca de "a" por "se" deixa intacta a forma verbal. Nesses casos, a preposição "a" põe o verbo no infinitivo ("A manter a calma, resolverá tudo em pouco tempo"), enquanto a conjunção "se" o põe no subjuntivo ("Se mantiver a calma, resolverá tudo em pouco tempo"). E por que no caso de "persistir" a forma não muda ("A persistirem"/"Se persistirem")? Porque o verbo é regular, o que significa que o futuro do subjuntivo tem formas semelhantes às do infinitivo. Veja outros exemplos: "A continuar assim, será excluído"/"Se continuar assim, será excluído"; "A aceitar nossas condições, será contratado"/"Se aceitar nossas condições, será contratado". Veja agora o que ocorre com verbos irregulares: "A ser convocado, partirá imediatamente"/"Se for convocado, partirá imediatamente"; "A haver o perdão..."/"Se houver o perdão...".


Por fim, resta dizer que as construções condicionais com o "a" são eruditas. Comuns em textos clássicos, ainda se encontram em obras jurídicas ou filosóficas, e também em ensaios literários. (P.C.N.)


A PRINCÍPIO / EM PRINCÍPIO


- A PRINCÍPIO: significa "inicialmente, no começo, num primeiro momento".


Exemplos: A princípio, havia dez operários trabalhando naquela obra.


A princípio, o casamento de Vera e Filipe ia bem.


- EM PRINCÍPIO: igual à "em tese, antes de qualquer consideração, teoricamente".


Exemplos:


Em princípio, sou contra a presença de políticos nessa festa.


Em princípio, sou a favor do Parlamentarismo no Brasil.


Assim, quando se quer dizer "num primeiro momento", prefira dizer "a princípio". Agora, quando se quer dizer "teoricamente", prefira dizer "em tese", para maior clareza do enunciado: "Em tese, sou contra a pena de morte." 

Para que complicar se você pode simplificar? É mais claro. A expressão em princípio pode ser facilmente dispensada.


DECISÃO ARBITRADA ou ARBITRÁRIA?


Segundo a maioria dos nossos dicionários, devemos fazer a seguinte distinção:


a) "Uma decisão arbitrada" é aquela que foi julgada por um árbitro. Arbitrar é decidir na qualidade de árbitro; sentenciar como árbitro. Árbitro é o juiz nomeado pelas partes para decidir as suas questões.


b) "Uma decisão arbitrária" é resultante de arbítrio pessoal, ou sem fundamento em lei ou em regras. Portanto, uma decisão arbitrada não é necessariamente arbitrária.


ARREBALDES ou ARRABALDES?


As duas palavras existem e constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. O termo "arrabalde" significa cercania, subúrbio, e é mais usado.


AO REDOR DE / DE REDOR DE


Quando se está em volta de algo, pode-se usar não só estas duas expressões como também: "ao redor de", "em redor de", "em torno a", "em torno de". E existe ainda a expressão "em derredor de".


Exemplo: "Os meninos quedos e taciturnos olhavam em derredor de si com tristeza". O trecho é de "O Seminarista", de Bernardo Guimarães, citado no dicionário Aurélio. "Quedo" é sinônimo de "quieto"; "taciturno" significa "silencioso, calado, sem palavras".


ATERRISSAR / ATERRIZAR / ATERRAR


O velho dicionário Caldas Aulete só registra a forma "aterrissar". No entanto, a forma "aterrizar" já está devidamente registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa , publicado pela Academia Brasileira de Letras, e por vários dicionários, entre eles o "Michaelis" e o "Aurélio" .


Além das formas "aterrissar" e "aterrizar", existe também o termo "aterrar", com o mesmo significado. Pode-se dizer, então, que o avião "aterrissou", "aterrizou" ou "aterrou".


Não foi por acaso que, em seu inesquecível "Samba do Avião" (maravilha o compositor Tom Jobim empregou "aterrar" ("E vamos nós aterrar"). E mudou para pousar, porque aterrar poderia ser confundido com aterrorizar.


Também são três os substantivos: "aterrissagem", "aterragem" e "aterrizagem" (este registrado no "Aurélio" e no dicionário da Academia de Lisboa; o "Houaiss" e o vocabulário da nossa Academia não o registram).



Nota: aterrizar (ou aterrissar, ou ainda aterrar) significa pousar na terra; pousar no mar é "amerissar"; e na lua, "alunissar".


ARTIGO DEFINIDO


Numa frase em que haja uma relação de itens, ou se precede todos com o artigo definido ou nenhum deles.


Exemplos:


Os líderes do PT, PSDB, PDT E PMDB estão se reunindo hoje. (errado)


Os líderes do PT, do PSDB, do PDT e do PMDB estão ... (correto)


Os líderes de PT, PSDB, PDT e PMDB estão... (correto)


AS PARTÍCULAS "ATÉ" E "NEM"


"Até" é uma partícula que traz a idéia de inclusão.


Exemplo: Até o diretor estava presente no show dos alunos.


"Nem" deve ser usado quando houver idéia de exclusão.


Exemplo: Nem o diretor estava presente no show dos alunos.


À TOA / À-TOA


O Dicionário "Aurélio", o "Michaelis Melhoramentos", o de Antenor Nascentes e o de Caldas Aulete, entre outros, informam que a palavra "toa" vem do inglês "tow". Todos dão como primeiro sentido de "toa" o de cabo ou corda com que se reboca uma embarcação, e incluem a expressão "à toa" no verbete "toa".


Quando tem valor adverbial, a expressão "à toa" se grafa sem hífen, ou seja, em duas palavras. Esse valor se verifica quando a expressão significa "a esmo", "sem razão", "ao acaso": "Gosto de andar à toa"; "À tarde, ele passa horas à toa"; "Briga à toa, com quem quer que seja".


Quando significa "desprezível", "sem importância", "inútil", ou seja, quando tem valor de adjetivo, a palavra "à-toa" é composta, grafada com hífen: "Foi um gesto à-toa"; "É um homem à-toa", "Cantou uma música à-toa".


Convém salientar que, nesse caso, a expressão "à-toa" não varia, isto é, tem plural e singular iguais: "Um homenzinho à-toa"; "Vários homenzinhos à-toa".


EMPREGO DA LOCUÇÃO PREPOSITIVA "ATRAVÉS DE"


Silva diz que nas "normas escritas" em seu trabalho se empregava "através de" com o sentido de "por intermédio de" ou "por meio de", mas recentemente esse uso foi abolido.


Até 1998 os dicionários brasileiros só davam à expressão "através de" com o sentido de "pelo meio de", "por dentro de", "de um lado para o outro", etc.


Exemplos:


"Ele escapou através da janela do banheiro."


"Os pássaros voavam através dos galhos das árvores."


 


Apesar do largo uso (oral e escrito) de "através de" com o sentido de "por intermédio de" ou "por meio de", nossos dicionários insistiam em não registrar esse valor da expressão. Salvo engano, é da última edição do "Aurélio" ("Novo Aurélio Século XXI", publicada em 1999) o primeiro registro de "através de" com o sentido de "por intermédio de". O "Houaiss" (lançado em 2001) registra a expressão com o sentido (classificado de "figurado") de "por meio de", "mediante", com estes exemplos:


"Educar através de exemplos."


"Conseguiu o emprego através de artifícios."

Classifica como figurado, por isso evite em textos argumentativos.


 


O "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", lançado em 2001 pela Academia das Ciências de Lisboa, não faz cerimônia e dá à locução "através de" o sentido de "por meio de", com estes exemplos:


"Conseguiu o seu intento através de um estratagema."


"Soube a notícia através dela."


O recém-lançado "Dicionário de Usos do Português do Brasil", do professor Francisco S. Borba, também registra exemplos do emprego de "através de" com o sentido de "por meio de", como restrito à linguagem informal e literária, devendo ser evitado em redações, notícias, reportagens, artigos científicos, correspondências oficiais e empresariais.


Exemplo:


"O encantamento se faz através da magia e do mistério", de "O Lobisomem e Outros Contos", de H. Sales.


O que não ganha legitimidade ou registro é esta extravagância, comum em textos do jornalismo esportivo: "O gol do Fluminense foi marcado através de Romário". Alguém teria coragem de dizer que o gol do Fluminense foi marcado por intermédio (ou "por meio") de Romário? Se alguém pensou em dizer que sim, é bom desistir. O gol não foi marcado "por intermédio" ou "por meio" de quem quer que seja, por uma razão muito simples: o gol foi marcado por (simplesmente "por") Romário. O que temos aí é uma expressão ("por Romário") que indica o agente do processo expresso pela expressão verbal passiva "foi marcado". Alguém diz que a mercadoria foi roubada "através de um homem alto, magro, calvo"? Certamente, não. Se dizemos que a mercadoria foi roubada "por um homem alto, magro, calvo", nada de dizer "gol marcado através/por meio/por intermédio de Romário". No uso culto, não há registro de "através de" para introduzir o agente de formas verbais passivas. (P.C.N.)


AUMENTOS "ENTRE ...% A...%" ou "DE ...% A ...%"?


Quando se deseja dizer, por exemplo, que as vendas de um produto tiveram um aumento de 15%, ou 16%, ou 17%, ou qualquer fração entre 15% e 17%, deve-se preferir a expressão "as vendas aumentaram de 15% a 17%.


Utilizando-se a expressão "entre 15% a 17%", parecerá que o aumento foi de 16% ou qualquer fração entre 15% e 17% (dando sempre a impressão de ser mais que 15% e menos que 17%).



 B


 


 


BASTANTE / BASTANTES


"Bastante", literalmente, Significa "que basta". Assim "dinheiro bastante" nada mais é do que "dinheiro que basta". Essa palavra é formada com a terminação "-nte" (de origem latina), presente em um sem-número de palavras da nossa língua: "pedinte", "dormente", "cintilante", "extenuante", "cortante", "crente", "ouvinte", "sobrevivente", "fluente", "entorpecente", "servente", "amante", "distante", "poente", "flagrante", "oponente", "existente", "falante", "tangente", "dependente", "delinqüente" etc. Que é um "delinqüente" senão aquele que delinqüe (do verbo "delinqüir"), ou seja, age de forma criminosa? Essa forma "-nte" vem da terminação latina do particípio presente, de que resultaram, em nossa língua, inúmeros substantivos e adjetivos que encerram a idéia de "aquele que executa determinado processo" ("pedinte" significa "que pede", "caminhante" equivale a "que caminha", "distante" corresponde a "que dista" e assim por diante).


Em relação à concordância, age-se com a palavra "bastante" como se age com qualquer adjetivo, ou seja, faz-se sua flexão de acordo com o substantivo modificado: "Não há público bastante para que o espetáculo comece"; "Não há deputados bastantes para que a sessão se inicie". Na prática, porém, é pouco comum entre nós o emprego da forma "bastantes", porém é correto. É raro ouvir-se, por exemplo, um jogador de futebol ou alguém do jornalismo esportivo dizer que o time perdeu "bastantes oportunidades". O que se ouve mesmo é "bastante oportunidades", o que talvez se explique pelo fato de que ao falante parece desnecessária a flexão de "bastante", uma vez que sua carga semântica (de significado) é de algo copioso, abundante, isto é, de plural. Não custa repetir: quando modifica substantivo, "bastante" tem flexão de número ("Não há livros bastantes nesta biblioteca"). Convém lembrar que "bastantes" pode equivaler a "muitos/muitas" ou "suficientes".


Quando modifica adjetivo, advérbio ou verbo, ou seja, quando funciona como advérbio (de intensidade), "bastante" não varia, como não variam os demais advérbios que exercem esse papel: "As atletas estavam muito/bastante nervosas"; "Eles ficaram muito/bastante contrariados"; "Elas escrevem muito/bastante bem", "Os torcedores sofreram muito/bastante com a derrota da equipe". (P.C.N.)


BÊBADO / BÊBEDO


As duas formas desta palavra estão corretas. Assim, tanto faz escrever: "Ele saiu bêbado da festa", como  "ele saiu bêbedo da festa".


BENVINDO ou BEM-VINDO?


A forma correta é "bem-vindo". Como saudação, não existem as formas "benvindo" e "ben-vindo", porque o advérbio "bem" é com "m", e por serem duas palavras autônomas, formando uma palavra composta, são escritas separadamente e ligadas por hífen. Benvindo existe apenas como nome próprio.


BENEFICENTE ou BENEFICIENTE?


O termo correto é "beneficente", e não "beneficiente". Assim também, deve-se dizer "beneficência", ao invés de "beneficiência", e o superlativo é beneficentíssimo. As pessoas escrevem assim, por influência das palavras eficiente e eficiência.


Exemplo: No domingo, aquele clube vai promover um almoço beneficente para ajudar as crianças carentes.


BEM-QUISTO ou BENQUISTO?


A forma correta é "benquisto" que significa bem-visto.


Exemplo: Aquele policial é muito benquisto pela vizinhança.


BIMENSAL / BIMESTRAL / BIENAL


- BIMENSAL: o que acontece ou aparece duas vezes no mês, quinzenal;


- BIMESTRAL: quando o intervalo é de dois meses;


- BIENAL: intervalo de dois anos.


BUJÃO / BOTIJÃO DE GÁS


As duas palavras existem e constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL.


 C


 


CABEÇADA / CABECEADA


- CABEÇADA (substantivo).


Exemplos:


Zico deu uma cabeçada muito forte na bola.


Sandra andava pela rua distraída e deu uma cabeçada no "orelhão".


- CABECEADA (particípio do verbo CABECEAR).


Exemplo:


A bola foi cabeceada para o fundo das redes.


CABELEIREIRO ou CABELEREIRO?


O termo correto é "cabeleireiro", derivado de "cabeleira". É comum pensar que cabeleireiro vem de cabelo.


CALEFAÇÃO / CALAFETAÇÃO


- Calefação: aquecimento;


- Calafetação: ação de calafetar, tapar, vedar.


CAMINHONEIRO ou CAMIONEIRO?


Diz-se corretamente "caminhoneiro". Do mesmo modo deve-se falar também "caminhonete".


CARANGUEJO ou CARANGUEIJO?


A forma correta é "caranguejo".


CASAS GERMINADAS ou GEMINADAS?


Casas duplicadas, feitas aos pares, devem ser chamadas de "casas geminadas". "Geminadas" e "geminar" são palavras da mesma família. E "geminado" é sinônimo de "gêmino": casas gêminas ou geminadas. Não vem de germinação.


CATACLISMA ou CATACLISMO?


A forma correta é "cataclismo", que significa "Grande inundação, dilúvio". Figurativamente, pode significar "convulsão social, revolta". E ainda "grande desastre, derrocada, ruína". Na prática, a palavra é quase sempre empregada com este último sentido.


CESÁREO / CESARIANO (em relação a parto)


Devemos dizer que o parto é "cesáreo" ou "cesariano" e a cirurgia é "cesárea" ou "cesariana".


Exemplos:


Aquele médico só faz uma cesárea (ou cesariana) por dia.


Podendo-se, deve-se preferir o parto natural ao cesáreo (ou cesariano).


Observação: Ainda em relação a parto, lembramos que existe aquele feito a "fórceps", ou com a forma variante "fórcipe" (=instrumento cirúrgico).


CHINELAS / CHINELOS


As duas formas estão corretas.


CHOPARIA ou CHOPERIA?


As duas formas podem ser consideradas corretas, pois para a ABL é "choparia"; para o "Aurélio" , "choperia".


CÍRCULO ou CICLO VICIOSO?


A expressão correta é "círculo vicioso". Da mesma forma, círculo virtuoso.


COMERCIALIZAR / VENDER


- Comercializar: comprar, vender, alugar, emprestar...;


Exemplo: Esta empresa comercializa automóveis e caminhões em todo o país.


- Vender: é uma das atividades da comercialização de um produto.


Exemplo: O Vectra está sendo vendido por um preço bem em conta.


 COMPANHIA


A forma correta desta palavra é "companhia", e não "compania", significando tanto "empresa", "firma", quanto "presença de uma pessoa", "convívio com alguém".


COMPLEMENTAÇÃO / SUPLEMENTAÇÃO


- Complementação: segunda parte, o que completa.


Exemplo: A etapa complementar daquele jogo foi melhor que o primeiro  tempo.


- Suplementação: extra, adicional.


Exemplo


 Para dar o aumento salarial, foi necessária uma verba suplementar. 


COMUNICAR / INFORMAR


A regência padrão do verbo comunicar é: "Alguém comunica algo a alguém" ou "Algo é comunicado a alguém".


Exemplos:


O Governador comunicou os fatos ao Presidente da República (voz ativa)


Os fatos foram comunicados ao Presidente da República pelo Governador (voz passiva)


Como se vê, na língua padrão o que se comunica é a coisa, o fato, e não a pessoa. São cada vez mais comuns, no entanto, construções como "Alguém comunica alguém de algo" ("O secretário comunicou o governador da rebelião"), na voz ativa, e "Alguém é comunicado de algo por alguém" ("O governador foi comunicado da rebelião pelo secretário"). Essas construções ainda não são registradas nos dicionários de regência ou de sinônimos.


Esse uso (freqüente) de "comunicar" certamente se explica pela influência da regência de sinônimos, entre os quais se destaca "informar", que na língua padrão ocorre com as construções "Alguém informa alguém de algo" ("O secretário informou o prefeito dos fatos") e "Alguém informa algo a alguém" ("O secretário informou os fatos ao prefeito").


COM RESERVAS / RESERVADAMENTE


- Com reservas: com cuidado, com restrições.


Exemplo: Tratou do assunto com reservas. (= Não abriu o jogo, não disse tudo que sabia)


- Reservadamente: sigilosamente, confidencialmente.


Exemplo: Tratou do assunto reservadamente. (= a sós, confidencialmente)


 CONFERÊNCIA (Palestra)


Pessoas não "dão" uma conferência nem uma palestra, e sim as "fazem" ou as "proferem".


Exemplo: Dr.ª Luzia fez (proferiu) uma conferência (palestra) sobre direito do trabalho ontem.


Observação: No entanto, pessoas "dão recitais".


CONFISCAR / DESAPROPRIAR


- Confiscar: apreender algo, privar alguém de um bem sem indenização.


Exemplo: A Justiça Federal confiscou os bens daquele juiz corrupto.


- Desapropriar: privar alguém de alguma coisa, mas com indenização.


Exemplo:


 Para a construção do metrô, vários imóveis foram desapropriados.


CONSIDERAR


O correto é dizer que "fulano foi considerado o melhor", e não "como o melhor".


Exemplo:


Guga foi considerado o melhor tenista do mundo.


CONTAR COM...


Esta expressão significa "ter a favor"; portanto, não se deve dizer que "uma idéia conta com as objeções de outra pessoa", mas sim que "sofre as objeções de alguém".


Exemplo:


A proposta de realização de uma Olimpíada no Rio conta com o apoio de todos os hoteleiros e sofre as objeções de quem teme atentados terroristas.


CONTACTO / CONTATO


As duas formas estão presentes no "Novo Aurélio" e no "Vocabulário Ortográfico".


Estranhamente, o "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa" não registra "contacto", embora o "Dicionário Houaiss de Sinônimos e Antônimos" registre "contacto" e "contato" como equivalentes.


Assim também com: "contactar / contatar", "corrupção / corrução", "aspecto / aspeto", "estupefacto / estupefato".


Já a forma "aficcionado" não existe. O certo é "aficionado", com a pronúncia igual a "acionado". Aficionado vem de ofício. A pessoa aficionada cultiva uma arte como se fosse seu trabalho, sua profissão.


Exemplo:


 Ele é um aficionado por cinema.


(Ver também "detector/detetor"; "veredicto / veredito".)


CONTESTAR


Deve-se empregar este verbo em relação a acusações, argumentos, alegações. Para SE FAZER OPOSIÇÃO A pessoas, é mais indicado usar o verbo "enfrentar".


Exemplos:


Os alunos contestaram os argumentos apresentados pelos donos de escolas para o aumento nas mensalidades de seus cursos.


Aquele jogador de futebol enfrentou o juiz por tê-lo expulso de campo.


CONVALESCENÇA ou CONVALESCÊNCIA?


O termo correto é "convalescença". A terminação ência deriva de adjetivos terminados em ente, enquanto a terminação ença deriva de verbos terminados em scer.


CORPO-A-CORPO / CORPO A CORPO


Ocorrendo a substantivação da expressão "corpo a corpo", esta deve ser escrita com hífen.


Exemplo: Na reta final de uma eleição, é normal que os candidatos intensifiquem o corpo-a-corpo com os eleitores. (O composto "corpo-a-corpo" está nomeando o contato direto de um candidato com os seus possíveis eleitores)


Já a expressão "corpo a corpo" (sem hífen) não nomeia coisa alguma, ou seja, não tem valor de substantivo.


Exemplo: De acordo com as pesquisas dos diversos institutos, os candidatos à Presidência da República "X" e "Y"continuam na briga, corpo a corpo, por uma vaga no segundo turno. (Neste caso, "corpo a corpo" designa o modo como ocorre a disputa pela vaga)


EXAME DE CORPO DE DELITO ou CORPO DELITO?


A expressão correta é "corpo de delito". Significa o fato material usado como prova de um crime.


CRONOGRAMA / ORGANOGRAMA


- CRONOGRAMA: representação gráfica da previsão da execução de um trabalho, na qual se indicam os prazos;


- ORGANOGRAMA: representação gráfica de uma organização, na qual se indicam as unidades constitutivas, suas inter-relações, suas funções, seus limites.


CUECA / CUECAS


O dicionário de Aurélio Buarque diz que as duas formas são possíveis, desde que com o artigo adequado: "a cueca" ou "as cuecas".


Observação: A mesma regra pode ser aplicada ao par "calça / calças".

D


 


DECOLAR / DESCOLAR


"decolar" e "descolar" são formas equivalentes, portanto "decolagem" e "descolagem" também o são. As formas "descolar" e "descolagem" são comuns em Portugal.


DEFENSIVO (adjetivo)


É incorreto dizer que alguém fica "na defensiva". O mais indicado é falar que alguém FICA ou ESTÁ numa "posição defensiva" ou "na defesa". Defensivo é adjetivo, e não substantivo.


DE MAIS / DEMAIS


- DE MAIS: quando apresenta o sentido oposto à "de menos" (= após um substantivo ou pronome).


Exemplos:


Para Ana, chegar a casa de madrugada não tem nada de mais.


Há homens de menos para mulheres de mais.


- DEMAIS (= junto): é advérbio de intensidade (= muito) ou pronome indefinido (= o restante, os outros).


Exemplos:


Rita fala demais. (= fala muito - advérbio)  Uns vaiavam, os demais aplaudiam. (= o restante - pronome)


DENGUE


Esta palavra é um substantivo feminino, por isso deve-se dizer "a dengue". Observe-se também a expressão "dengue hemorrágica".


DEPRESSIVO / DEPRIMIDO


"Depressivo" é aquilo que causa depressão ou se relaciona com ela. Uma pessoa não fica "depressiva", mas sim "deprimida".


Exemplos:


Poluição, violência, engarrafamentos e desemprego são alguns dos fatores altamente depressivos de uma cidade grande.


Paulo, por ter perdido o emprego, anda muito deprimido.


DESALOJAR / DESAPROPRIAR


Pessoas são "desalojadas"; entretanto, bens são "desapropriados" ou "expropriados".


Exemplos:


Os favelados ficaram desalojados porque seus barracos foram destruídos pelas fortes chuvas.


Todas as casas daquele quarteirão foram desapropriadas (expropriadas) para a passagem da "Linha Amarela".


DESCOBRIDOR / INVENTOR


"Descobridor" é aquele que encontra algo cuja existência não era conhecida. Já o "inventor" cria algo que anteriormente não existia.


Exemplos:


Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. (terra que já existia antes de sua chegada)


Santos Dumont inventou o avião. (aparelho criado, que não existia anteriormente)


DESCRIMINAR / LEGALIZAR


- Descriminar: inocentar de um crime. Há também a variante descriminalizar, que surgiu para evitar confusão com discriminar.


Exemplo: O projeto daquele deputado queria descriminar o usuário de maconha.


- Legalizar: tornar legal.


Exemplo: Aquela discussão era para legalizar o jogo do bicho.


DESCULPA ou DESCULPE?


Quando uma pessoa pede perdão, o correto é dizer "desculpe" ou "desculpa"?


Assim como se pode dizer "Peço perdão", que muitas vezes se reduz a "Perdão!", pode-se dizer "Peço desculpa", que se reduz a "Desculpa!". Nesses casos, "perdão" e "desculpa" funcionam como interjeições.


Interjeição, como se sabe, é palavra ou locução com que se exprime sentimento de dor, alegria, tristeza, raiva, arrependimento etc. ("Cuidado!", "Socorro!", "Atenção!").


A opção entre "desculpa" e "desculpe" se justifica quando se trata de escolher a forma de tratamento. Nessas situações, "desculpa" e "desculpe" são formas verbais e pertencem ao imperativo afirmativo. Na língua padrão (ou exemplar, como diz o professor Bechara), "desculpa" é da segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo, ou seja, usa-se para "tu"; "desculpe" é da terceira pessoa, isto é, usa-se para "você", "senhor", "senhora". Há um detalhe, porém: quem usa o verbo "desculpar" para pedir desculpa certamente vai colocar o pronome "me". Assim, quando se dirige a alguém a quem dê o tratamento de "tu", poderá dizer isto: "Desculpa-me. Não imaginava que te ofendesses com isso.." Se o tratamento é feito na terceira pessoa gramatical ("você", "senhor", etc.), poderá dizer isto: "Desculpe-me. Não queria ofender a senhora."


DESLEIXO ou DESLEXO?


A forma correta desta palavra é "desleixo".


DESMITIFICAR / DESMISTIFICAR


- Desmitificar vem de mito, e significa "desfazer o mito".


- Desmistificar vem de místico, e significa "acabar com o mistério, desfazer o ilusão, o engano".


DESPOEIRAR ou DESEMPOEIRAR?


A maioria dos nossos dicionários só registra os verbos "empoeirar e desempoeirar", sendo a forma "desempoeiramento" a mais recomendável.


Entretanto, é importante saber que o neologismo "despoeiramento" e o verbo "despoeirar" já estão devidamente registrados no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado em 1999 pela Academia Brasileira de Letras.


DESINTERIA ou DESENTERIA ou DISENTERIA?


O mau funcionamento dos intestinos, a inflamação intestinal chama-se "disenteria".


O prefixo "dis" significa "dificuldade, mau funcionamento". É o mesmo que aparece em "disfagia" (= dificuldade na deglutição, para comer); "dispepsia" (= dificuldade de digerir, na digestão); "dislalia" (= dificuldade na fala, na dicção); "dispnéia" (= dificuldade na respiração); "disritmia" (= distúrbio de ritmo).


Nota: o estudo do intestino e das suas funções é a "Enterologia" (do grego enteron = interior, intestino).


 DESTRINCHAR / TRINCHAR


"Destrinçar" ou "destrinchar" (variante brasileira) significa "expor com minúcias, resolver, desenredar". Destrinchar surgiu por influência de trinchar. 


Exemplo: Na reunião, o diretor de vendas destrinchou todos os problemas da empresa.


"Trinchar" significa "cortar em pedaços ou fatias, dividir de modo engenhoso". Destrinchar é usado na fala cotidiana como sinônimo de trinchar.


Exemplo: Maria trinchou o frango todo.


DESVENDAR


"Desvenda-se" o segredo, ou o mistério, de um acontecimento, e não a pessoa responsável por ele.


Exemplo: Neste fim de semana, aquele seqüestro foi finalmente desvendado, e os seqüestradores identificados (descobertos) e presos pela polícia.


DETETOR / DETECTOR


Para o "Houaiss" (lançado em 2001), é aceitável a forma "detetor"; para o "Novo Aurélio" (de 1999) e para o "Vocabulário Ortográfico" (também de 1999), essa forma não existe. O "Houaiss" registra "detector" e "detetor" como equivalentes; o "Novo Aurélio" e o "Vocabulário Ortográfico" só registram a forma "detector".


 ...DE TODA ERRADA ou ...DE TODO ERRADA?


A expressão "de todo" é uma locução adverbial, portanto invariável. Significa "totalmente", "completamente".


Exemplos:


Ao fazer aquela ACUSAÇÃO, Maria não estava de todo errada.  Naquele episódio, eles não estavam de todo errados.


DIA A DIA / DIA-A-DIA.


Como uma expressão adverbial, revelando uma circunstância de tempo e significando "diariamente", não deve ser empregado o hífen.


Exemplo: Dia a dia, é lançada uma novidade no campo da informática.


Sendo um substantivo composto, com o sentido de "cotidiano", devemos empregar o hífen.


Exemplo: O dia-a-dia das grandes cidades está cada vez mais violento.


DIGLADIAR ou DEGLADIAR?


A grafia correta deste vocábulo é "digladiar".


 DIGNITÁRIO ou DIGNATÁRIO?


O correto é se dizer "dignitário". O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e o dicionário Houaiss registram dignatário, por influência de dignar, digno e digna.


 


E


 


 EMBAIXADOR / EMBAIXADORA / EMBAIXATRIZ


O substantivo masculino embaixador possui dois femininos com  significados diferentes:


- embaixatriz: é a mulher do embaixador;


- embaixadora: é a mulher que exerce o cargo de embaixador.


Exemplo: O embaixador e a embaixatriz da Inglaterra compareceram às festividades em homenagem ao Centenário da Academia Brasileira de Letras. Entretanto, a embaixadora da Polônia não pôde estar presente.


EM CORES ou A CORES?


Assim como se diz "filme ou TV em preto e branco", e não "a preto e branco", deve-se dizer igualmente "filme ou TV em cores".


EM MÃOS ou EM MÃO?


O certo é escrever no envelope que será entregue pessoalmente a expressão "em mão". Ninguém fica 'em pés'. Alguns dicionários já registram em mãos.


"EM QUE PESE" (Concordância Verbal)


Essa locução equivale a algo como "ainda que (isso) doa (a alguém)" e, por extensão de sentido, a "apesar de", "não obstante". Quando se usa essa expressão em relação a coisas, faz-se a flexão da forma verbal "pese": "Comprou um automóvel novo, em que pesem as dívidas ( "apesar das dívidas") que já tem e não consegue pagar".


No entanto, quando se usa essa expressão em relação a pessoas, não se faz a flexão da forma verbal "pese", que, nesse caso, é seguida da preposição "a": "O presidente dos Estados Unidos quer evitar incêndios florestais derrubando árvores, em que pese aos ambientalistas ( "ainda que isso doa aos ambientalistas")".


É preciso tomar cuidado com o acento indicador de crase, quando a expressão se referir a seres femininos designados por termos que admitam o artigo: "Em que pese às atrizes, o roteirista do filme não pretende mudar o texto".


ENCAPUZADO ou ENCAPUÇADO?


A grafia correta desta palavra é "encapuzado", pois se origina do substantivo "capuz". A dúvida surge por ser feita uma confusão com o adjetivo encarapuçado, particípio do verbo encarapuçar.


ENFARTE / ENFARTO


Deve-se empregar as formas "enfarte" ou "enfarto", tendo-se ainda a variante "infarto", preferida pelos médicos; no entanto, a forma "infarte", embora frequente, é incorreta.


ENQUANTO


É inadequado empregar esta conjunção para indicar condição social ou profissional, posto que seu emprego, em geral, se caracteriza por uma circunstância de passagem de tempo.


Exemplos:


A mulher, enquanto cidadã detentora de direitos e deveres... (errado)


A mulher, como cidadã detentora de direitos e deveres... (correto)


 ENTORNO


A última edição do "Aurélio" (1999) e o "Houaiss" (2001) registram essa palavra, definida como "o que rodeia", "vizinhança", "arredor", "cercania", etc. No "Aurélio", um dos exemplos citados está numa portaria governamental publicada em 1981, o que demonstra que o emprego desse vocábulo não é tão novo entre nós, ou seja, que ele já não pode ser considerado exemplo de "neologismo", apesar de os dicionários antigos (como o de Caldas Aulete) não registrarem esse vocábulo.


Convém notar que edições recentes de três dicionários portugueses não registram essa palavra, que, ao que parece, é de uso exclusivo do português do Brasil.


ENTRE / DENTRE


A preposição "entre" só deve ser usada com "unidades" (entre elementos ou entre conjuntos).


Exemplos:


A bola passou entre os jogadores da barreira.


Ronaldinho, na foto, ficou entre Pelé e Zico.


Andava tranqüilo entre as árvores da floresta.


Todos desejam a paz entre as nações.


Observação: Deve-se evitar o uso da preposição "entre" antes de palavras com idéia "coletiva".


Exemplos:


A bola passou entre a barreira. (errado)


A bola passou "no meio da barreira", ou "entre a barreira e o juiz". (certo)


Ronaldinho ficou "entre a dupla". (errado)


Ronaldinho ficou "entre os dois craques", ou "entre a dupla e o  troféu". (certo)


Andava "entre a floresta". (errado)


Andava "entre as árvores", ou "entre a floresta e o rio". (certo)


Todos desejam a paz "entre a população". (errado)


Todos desejam a paz "entre os homens, entre as pessoas, entre os  habitantes, entre os povos"; ou ainda "entre a população e o governo". (certo)



Devemos usar a forma "dentre" (de+entre = do meio de) quando houver idéia de "movimento".


Exemplos:


Dentre os turistas, saiu uma criança correndo.


Dentre os manifestantes, surgiu meu primo.


Alguém dentre nós será retirado deste lugar.


ENTRE SI / ENTRE ELES


Usamos "entre si" sempre que o sujeito pratica e recebe a ação verbal.


Exemplos:


Os alunos discutiam entre si. (Aqui, o sujeito (= os alunos) pratica e recebe a ação verbal.


Os mendigos repartiram o pão entre si.


Os jogadores brigavam entre si mesmos..


Usamos "entre eles" quando o sujeito é um e o complemento é outro.


Exemplos:


Nada existe entre eles. (Nesse caso, o sujeito é "nada" e o complemento é "entre eles".


O prêmio foi repartido entre eles.


O segredo ficou entre eles mesmos.


 EPIDEMIA


A palavra "epidemia" tem o radical grego "demo", que significa povo. Logo só podemos usar esta palavra para seres humanos. Para animais, usa-se epizootia.


ESPONTANIEDADE ou ESPONTANEIDADE?


A forma correta é "espontaneidade", assim como simultaneidade, homogeneidade, heterogeneidade, etc.


ESTEJE OU ESTEJA?


O certo é "esteja" (1ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Subjuntivo do verbo ESTAR). Também não existe a forma "seje", e sim "seja" (1ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Subjuntivo do verbo SER.)


ESTÓRIA ou HISTÓRIA?


As palavras "estória" e "história" são aceitas por diversos autores, com significados distintos:


- estória: exposição romanceada de fatos imaginários, contos, fábulas, filmes, novelas;


- história: para dados históricos e documentados sobre o passado da humanidade.


Estas duas palavras constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Mas o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa recomenda simplesmente a grafia história, nos dois sentidos. E o dicionário de Caldas Aulete refere-se à forma estória como um brasileirismo, isto é, apenas um aportuguesamento da forma inglesa "story", que é diferente de history.


ESTUPRO


Deve-se dizer "estupro", e não "estrupo" ou "estrupro". Estrupo existe, mas não tem a ver com estupro, significa confusão, tumulto, barulho.


EVENTUAL / POSSÍVEL / PROVÁVEL / POTENCIAL


- Eventual = ocasional, esporádico, ocorre de vez em quando;


- Possível = tudo o que pode acontecer;


- Provável = o que deve acontecer;


- Potencial = o que pode vir a ser.


Assim:


- "Um problema eventual": é aquele que acontece de vez em quando, difícil de acontecer;


- "Um possível problema": é o que pode tornar-se um problema;


- "Um provável problema": é o que tem de tudo para tornar-se um problema;


- "Um problema potencial ": ainda não é um problema, mas pode tornar-se um.


EXPERIMENTA OU EXPERIMENTE?


Em termos de língua padrão, "experimenta" e "experimente" são flexões corretas do modo imperativo (afirmativo). A diferença fica por conta da pessoa gramatical, que, no caso de "experimenta", é a segunda do singular ("tu") e, no caso de "experimente", é a terceira do singular ("você", "senhor/a" etc.).


Parece conveniente lembrar o sistema de conjugação do imperativo afirmativo padrão. As duas segundas pessoas ("tu" e "vós") vêm do presente do indicativo, sem o "s" final. Como a segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo "experimentar" é "(tu) experimentas", a segunda do singular do imperativo afirmativo é "experimenta (tu)". As demais pessoas do imperativo afirmativo vêm do presente do subjuntivo, sem alteração. De "que você experimente" (presente do subjuntivo) se faz "experimente (você)".


Posto isso, podemos passar a outro aspecto da questão, o do modo imperativo da língua coloquial. Nesse caso, é fundamental levar em conta a região do país. No dialeto paulista, por exemplo, o pronome de tratamento usado entre pessoas íntimas é "você"; no imperativo, a flexão adotada é justamente a que a gramática normativa dá como pertencente à segunda pessoa ("tu"). Em outras palavras, os paulistas dizem "Anda logo, senão você vai chegar atrasado" ou "Mostra logo o que você comprou", por exemplo.


Em outros dialetos (o baiano, por exemplo), o pronome "você" costuma ser associado à flexão de imperativo afirmativo que a gramática padrão dá como pertencente à terceira do singular. Em outras palavras, os baianos dizem "Ande logo, senão você vai chegar atrasado" ou "Mostre logo o que você comprou", por exemplo.


Os redatores da propaganda certamente discutiram o assunto, ou seja, discutiram se seria melhor empregar "experimenta" ou "experimente". Como se vê, preferiram a forma comum no dialeto da região mais rica do país.


É bom que se diga que, em termos de língua padrão, a flexão "experimenta" seria associada, por exemplo, a formas como "Tu vais gostar" ou "Tu não te arrependerás", enquanto a flexão "experimente" seria associada a formas como "Você vai gostar" ou "Você não se arrependerá".


O assunto pode ser ilustrado por esta questão da Fuvest (de 2003):


"Entre as mensagens abaixo, a única que está de acordo com a norma escrita culta é:


a) Confira as receitas incríveis preparadas para você. Clica aqui.


b) Mostra que você tem bom coração. Contribua para a campanha do agasalho.


c) Cura-te a ti mesmo e seja feliz.


d) Não subestime o consumidor. Venda produtos de boa qualidade.


e) Em caso de acidente, não siga viagem. Pede o apoio de um policial".



A resposta é "d". Nessa frase, as formas "não subestime" (do imperativo negativo, conjugado integralmente a partir do presente do subjuntivo) e "venda" (do imperativo afirmativo) estão na terceira do singular ("você", "senhor/a"). (P.C.N.)


EXPLICAR / JUSTIFICAR


No dicionário Caldas Aulete, vemos que "Explicar" significa: tornar inteligível ou claro; justificar... E "justificar", demonstrar a inocência de, dar ou reconhecer por inocente, desculpar...


No Michaelis temos: "Explicar", tornar claro ou inteligível; aclarar; explanar; fazer-se compreender; justificar... E "Justificar", declarar justo, demonstrar ou reconhecer a inocência de; absolver; desculpar; explicar com razões plausíveis...


Pelo visto, os dois verbos até poderiam ser considerados sinônimos. Na prática, entretanto, é preferível fazer a conhecida distinção: se você quer esclarecer, explica; se você quer ser inocentado, justifica. Só assim podemos entender a tal história do "explica, mas não justifica", ou seja, "dá para entender, mas não dá para desculpar".


 F

FACE À


O correto é empregar-se a expressão "face à", e não "em face de".


Exemplo: Face a tantas divergências, encerramos agora esta reunião.


FACTÓIDE


Factóide (facto = fato, acontecimento, + óide = próximo, semelhante),  é um fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo para gerar impacto na opinião pública.


É um termo muito usado no meio político. O factóide é sempre divulgado de um modo sensacionalista, com o propósito deliberado de impressionar o povo.


FAX


"Fax" é a redução da expressão de origem latina "fac-símile".


O plural de "fax" é "fax" mesmo. Assim como o plural de outras palavras terminadas em "x" que não sofrem qualquer alteração: tórax, látex, ônix, xerox (ou xérox, tanto faz), etc.


FEMURAL ou FEMORAL?


Embora o osso da coxa seja o fêmur com "u", o adjetivo a ele relacionado deve ser escrito com "o", ou seja, o correto é dizer "osso femoral".


FRONTEIRA / DIVISA / LIMITE


Embora nossos dicionários não sejam rígidos quanto a essa distinção, deve-se optar pelo seguinte esquema:


- Fronteira: divisão entre países;


- Divisa: entre estados;


- Limite: entre municípios.


 A GRAMA / O GRAMA


Quando substantivo feminino, "GRAMA" significa "vegetação rasteira", "relva"; como substantivo masculino, tem o sentido de "unidade de medida de massa".


Exemplos:


A grama daquele campo de futebol está muito alta.


O grama do ouro está com uma cotação bem atraente.


Ontem, comi sozinho trezentos gramas de presunto!


Outros exemplos em que a mudança de gênero do substantivo implica também na mudança de seu significado:


A CABEÇA = parte do corpo;


O CABEÇA = chefe, líder;


A RÁDIO = emissora;


O RÁDIO = aparelho receptor;


A LENTE = vidro;


O LENTE = professor, aquele que lê;


NOTA: Os substantivos a seguir costumam apresentar dúvidas quanto ao seu gênero. Assim, o correto é dizer: A ALFACE, O CHAMPANHA, O SOPRANO, A SUÉTER, A DERME, A DINAMITE, etc. Já a palavra CÓLERA pode ser empregada tanto no masculino quanto no feminino: A CÓLERA ou O CÓLERA; e o mesmo caso para DIABETES, que também pode ser empregada no singular ou no plural: O DIABETE(S), A DIABETE(S).


GREVE / LOCAUTE

"GREVE" é o movimento reivindicatório de empregados contra empregadores. Já quando os reivindicantes são os patrões, o movimento chama-se "LOCAUTE".


 

H

 


HAJA VISTO ou HAJA VISTA?


Deve-se empregar a expressão "haja vista", já que a palavra "vista", neste caso, é invariável. Haja vista significa "por causa de, devido a, uma vez que, visto que, já que, porque, tendo em vista". Compare: quando se usa a expressão "tendo em vista", ninguém diz "tendo em visto". Então, não esqueça: como conectivo é haja vista. Haja visto é o tempo composto do verbo ver.


Exemplos:


Haja vista o grande evento deste domingo.


Haja vista os concursos deste ano.


HAVER POR BEM


O dicionário de Caldas Aulete informa que a expressão "haver por bem" era usada nos decretos e portarias com o sentido de "dignar-se", "resolver" ("El-rei há por bem nomear..." é um dos exemplos do dicionário).


O "Aurélio", o "Houaiss" e o "Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa" (de Lisboa) registram a expressão "haver por bem" como equivalente a "resolver", "decidir", etc.


Convém lembrar que, nesse caso, o verbo "haver" deve ser flexionado de acordo com o sujeito: "O presidente houve por bem..."; "Os senadores houveram por bem...".


 HILÁRIO ou HILARIANTE?


O dicionário Caldas Aulete só registra "hilariante", entretanto a palavra "hilário", usada como adjetivo (=que provoca o riso), que surgiu por influência do inglês hilarious, aparece em outros dicionários (Michaelis, Larousse, Ruth Rocha...) e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABL.


HOMBRIDADE ou OMBRIDADE?


O certo é "hombridade", com h, significando "coragem, dignidade".


HORAS: COMO ESCREVÊ-LAS.


Existe uma convenção internacional, da qual o Brasil é signatário, que estipula o seguinte: o símbolo de hora é "h"; o de minuto é "min".


Assim devemos escrever: "O jogo começará às 21h30min", "A reunião começou às 7h". Sempre com os numerais e letras juntos.


HUM / UM


Em português, o numeral é "um". "Hum" é interjeição: palavra ou expressão usada para expressar uma reação (dor, alegria, espanto, irritação, admiração, etc).


Exemplos:


"Comprei um relógio de ouro para dar à minha namorada."


"Hum... você deve estar mesmo muito apaixonado!"


Observação: Assim também, o extenso de R$1.000,00 não é nem "um mil reais", nem "hum mil reais". É "MIL REAIS". Um mil e hum mil são formas tradicionais no preenchimento de cheques e devem se limitar a esse uso, que é uma prática de segurança, incorreta segundo as normas gramaticais. Seu uso procura evitar a transformação do numeral um em cem.



 I

 


QUANDO USAR AS TERMINAÇÕES "-IDADE" OU "-IEDADE"


Na formação de certos substantivos, usa-se "-idade" quando o adjetivo termina simplesmente em "-ar".


Exemplos:


elementar / elementaridade


singular / singularidade


Usa-se a terminação "-iedade" quando o adjetivo termina em "-ário" e "-ório".


Exemplos:


precário / precariedade


contrário / contrariedade


contraditório / contraditoriedade


ÍDOLO TEM FEMININO?


Não se deve dizer "uma ídola". Independentemente do sexo, deve-se dizer "UM ÍDOLO".


Exemplos:


Roberto Carlos é um ídolo de várias gerações.


Vera Fisher é um ídolo nacional.


Outra palavra que se enquadra nessa mesma regra é "carrasco". Assim como não existe a forma feminina "ídola", também não existe a forma "carrasca". Neste sentido, deve-se dizer: "Aquela mulher é um carrasco".


 ILEGAL


"Ilegal" é o ato, o comportamento, a situação, nunca a pessoa. O mesmo acontece com a palavra "irregular".


Exemplos:


Pedro estava ilegal vendendo mercadorias sem nota fiscal. (errado)


Pedro sabia que era ilegal vender mercadoria sem nota fiscal. (correto)


IMPASSIBILIDADE


O estado do que é impassível é "impassibilidade", e não "impassividade".


IMPLANTAR / IMPLEMENTAR


- IMPLANTAR: dar início.


Exemplo: É um sistema novo que ainda não foi implantado na empresa.


- IMPLEMENTAR: desenvolver, pôr em prática.


Exemplo: Os projetos já estão aprovados. Falta só implementá-los.


 INFORMAÇÃO


Deve-se dar ou pedir "mais informações", "outras informações", nunca "maiores", já que se deseja ter mais quantidade ou detalhes de uma informação, e não saber o seu tamanho.


INVERTER / REVERTER / MODIFICAR


- Inverter: mudar para o oposto.


Exemplo: O DNER deve inverter a mão desta estrada amanhã.


- Reverter: voltar ao que era antes.


Exemplo: Os médicos tentam reverter o quadro daquele paciente que entrou em coma.


- Modificar: simplesmente mudar, alterar.


Exemplo: É preciso modificar as regras do jogo político.

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