quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Jornalismo investigativo, jornalismo policial e jornalismo comunitário

Jornalismo investigativo (ou de investigação) refere-se à prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção, que podem eventualmente virar notícia. Apresentam histórias e desfechos de crimes e tragédias históricas, além de casos que desafiam a compreensão e não foram encontradas explicações racionais. Em muitos casos, os jornalistas investigativos são questionados sobre os métodos utilizados na prática profissional. Um exemplo é o uso de câmera oculta, embora na Europa e no Brasil seja uma prática assegurada por lei.[1]

Na televisão, alguns programas de referência são o Profissão Repórter, da Rede Globo, o Conexão Repórter, do SBT, o Câmera Record e o Repórter Record Investigação (anteriormente denominado Repórter Record), além dos já extintos Câmera em Ação e Repórter em Ação, da RecordTV, Linha Direta, da Rede Globo, SBT Repórter e SBT Realidade, do SBT.

A história do jornalismo investigativo é marcada por conflitos políticos e perigosos.[2] O jornalismo investigativo é conhecido, especialmente, por desvendar atos ilícitos, divulgar informações que poderes públicos pretendem esconder, mostrar como funcionam esses órgãos e relatar aos eleitores sobre o desempenho dos políticos.[3]

O Código de Ética dos Jornalistas assegura o direito ao profissional de divulgar qualquer informação que seja de interesse público.[4] No entanto, há conflito quando se restringe a divulgação da imagem (rosto) de qualquer pessoa envolvida na investigação, tendo sido utilizado contra os jornalistas em processos judicias, no Brasil tendo sido de entendimento do Superior Tribunal de Justiça em um caso específico, de que a liberdade de imprensa não é um direito absoluto.[5]

Um dos marcos do jornalismo Investigativo é o Caso Watergate, quando dois repórteres do jornal The Washington Post foram incansáveis em uma investigação que retirou do poder o ex-presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.[6]

O jargão jornalístico para notícias publicadas em primeira mão é "furo", que é muitas vezes fruto do trabalho do jornalismo investigativo.[7] Alberto Dines, comentando sobre a imprensa, declarou que "Todo jornalismo é investigativo, ou não é jornalismo. Donde se conclui que o que lemos, ouvimos e vemos todos os dias na imprensa não é jornalismo."[8]


Índice
1 História
2 Características do jornalismo investigativo
2.1 Áreas de atuação
3 Formatos de reportagem investigativa
4 Estratégias e Fontes de Apuração
4.1 Estratégias de Apuração
4.2 Fontes de Informação
5 Ética no jornalismo investigativo
6 Associações de jornalismo investigativo
7 Nativos Digitais do Jornalismo Investigativo
8 Premiações
9 Filmes
10 Ver também
11 Referências
12 Ligações externas
História
O jornalismo investigativo surge nos Estados Unidos, pós-Segunda Guerra Mundial, a partir de 1955. Os jornalistas norte-americanos passaram a exercer postura crítica ao governo dos EUA, em consequência da participação na Guerra do Vietnã. As reportagens dessa época foram veiculadas principalmente pelas revistas Life e Look.[9]

Richard Nixon, apesar de tentar evitar que a Guerra do Vietnã tirasse sua popularidade, acabou envolvido em um dos maiores escândalos político que passou a ser conhecido como o Caso Watergate.

Em 18 de junho de 1972, o caso que envolvia o presidente dos EUA, Richard Nixon, marcou o jornalismo investigativo. O episódio ocorreu quando membros do Partido Republicano (Estados Unidos) tentaram instalar um sistema de espionagem na sede do Partido Democrata (Estados Unidos) e foram descobertos. Isso selou a derrota política de Nixon, o qual sofreu um processo de impeachment que não chegou ao final, pois ele renunciaria antes. A publicação da reportagem política foi veiculada pelo diário The Washington Post, de autoria de dois jornalistas até então pouco conhecidos, Carl Bernstein e Bob Woodward.[9]

Os administradores do prêmio Pulitzer, em 1964, consolidaram o jornalismo investigativo ao premiarem o jornal Philadephia Bulletin por uma reportagem investigativa que denunciava casos de corrupção policial na cidade. E em 1989, o mesmo prêmio foi dado ao Atlanta Journal of Constitution, por sua série de reportagem "The color of money", de Bill Dedman, que denunciava a discriminação racial nas instituições de crédito em Atlanta. [9]

No mesmo período o Brasil vivia o período da ditadura e a imprensa estava sob censura, inclusive instalada nas próprias redações. Apenas em 1974 o governo dá inicio a Abertura política. Contudo, somente dois anos depois, ocorre a suspensão da censura. A partir daí podemos conhecer o jornalismo investigativo. Através de uma matéria publicada pelo Estadão intitulada “Assim vivem os nossos superfuncionários”, tornando o que era até aquele momento invisível aos olhos de todos. A matéria denunciou a corrupção do setor público e mostrou os privilégios e regalias dos ministros e altos funcionários da corte instalada em Brasília e capitais federais.[9]

Em 1979, a revista Veja publicou a reportagem investigativa "Descendo aos Porões", do repórter Antônio Carlos Fon, que tratava de um tema que até então era proibido no Brasil, a tortura.[9]

Características do jornalismo investigativo
A classificação do jornalismo investigativo como uma área especializada do jornalismo é motivo de controvérsias. Alguns jornalistas, especialmente os das antigas gerações, consideram que, por sua natureza, toda reportagem é investigativa, pois em essência envolve a apuração dos fatos, sua edição e posterior divulgação.

Entretanto, para muitos jornalistas e pesquisadores da área, trata-se de uma modalidade especializada de jornalismo, calcada em características específicas e que se diferencia da rotina habitual das redações pelos seguintes aspectos:

a investigação minuciosa dos fatos, pelo tempo que for necessário, até elucidar todos os meandros, possíveis ângulos, pontos de vista e personagens envolvidos em determinado assunto;
a disponibilidade de recursos específicos: tempo, dinheiro, paciência, talento e sorte;
a precisão das informações (o jornalismo investigativo é também conhecido como jornalismo de precisão), implicando a exatidão dos termos utilizados, e a ausência de distorções ou citações fora de contexto;
o tempo como um fator importante para a elaboração de uma reportagem investigativa, uma vez que tem uma lógica de produção diferenciada;[9]
o enfoque dos conteúdos investigativos costumam privilegiar questões sociais e de interesse público.[10]
Existem três características básicas que definem o exercício do jornalismo investigativo, são essas:

a elaboração da investigação deve ser realizada, preferencialmente, pelo jornalista, e não por outras áreas, como a justiça, a polícia e interessados;
a investigação se realiza por meio da superação de tentativas de obstáculos e empecilhos por parte de algum poder interessado em esconder informações;
os temas são de interesse público, deixando de lado a vida privada das pessoas.[2]
Áreas de atuação
O jornalismo investigativo, em geral, se concentra na investigação de crimes, como por exemplo a fraude numa licitação ou concorrência, o desvio de verbas públicas, o contrabando de pedras preciosas, crimes ambientais praticados pelas madeireiras, ou a prostituição de menores.

Roberto Cabrini, do SBT, um dos mais respeitados repórteres televisivos da atualidade, diz que "é necessário ousadia mas com responsabilidade para fazer as melhores reportagens". Ousadia e responsabilidade pautam o trabalho do jornalista.

Entretanto, alguns jornalistas se notabilizaram por adaptar a linguagem precisa, a investigação e o tratamento justo das informações, peculiaridades do jornalismo investigativo, para investigações em outras áreas que nada têm a ver com a esfera política ou com a policial.

O repórter Marcelo Canellas, da TV Globo, por exemplo, esmiúça as brechas da sociedade e da cultura brasileira. O próprio Canellas afirma que:

"Os fatos, os acontecimentos, os fenômenos, não aparecem diante de nós como algo íntegro e totalizado. O processo do conhecimento pressupõe a coleta desses fragmentos da vida e sua conexão com antecedentes e conseqüências para que o fato seja apreendido na sua totalidade".[11]

Formatos de reportagem investigativa
Os teóricos Bill Kovac e Tom Rosentiel detectaram, em suas pesquisas, diferentes formatos da reportagem investigativa e apontam três tipos distintos:

Original - É aquela que envolve os próprios repórteres na descoberta e documentação de atividades até então desconhecidas do público. Segundo a teórica Cleofe Monteiro de Sequeira (2005), "esse tipo de reportagem quase sempre acaba em investigações públicas oficiais sobre o tema denunciado".[12] No caso, os repórteres investigativos podem usar táticas similares ao trabalho investigativo policial, como consultar documentos públicos, usar informantes e, dependendo das circunstâncias, até fazer trabalho secreto.
Interpretativa - Tem como principal diferencial ante a reportagem investigativa original o fato de que, enquanto a original revela informação inédita, a interpretativa surge como resultado de uma reflexão cuidadosa e analítica, fornecendo ao público um melhor entendimento do que se passa e normalmente envolve assuntos mais complexos ou um conjunto de fatos e revela uma nova forma de olhar para um acontecimento.
Sobre investigação - Trata-se de um desdobramento recente do conceito. Esse tipo de reportagem origina-se da descoberta do vazamento de informação de uma investigação oficial em andamento ou em processo de preparação por outras fontes, geralmente agências governamentais.
Estratégias e Fontes de Apuração
Estratégias de Apuração
O processo de apuração da notícia é o que diferencia o jornalismo investigativo dos outros gêneros jornalísticos. Durante a apuração, o jornalista investigativo utiliza-se de algumas estratégias para obter informações.[9]

A infiltração é uma estratégia comumente utilizada por repórteres investigativos. Durante a infiltração, o repórter omite sua identidade, e se insere no centro dos acontecimentos a fim de apurar os fatos de maneira direta. Uma variação desta técnica é converter em fonte de informação uma pessoa que tenha acesso a locais e documentos importantes para a investigação jornalística. Nessas situações, geralmente, o nome da fonte é preservado. Na legislação brasileira não há impedimento legal para este tipo de prática, uma pessoa tem o direito de gravar a própria conversa, mesmo que os demais interlocutores não estejam cientes da gravação.[9]

O uso de grampos e câmeras ocultas é outra estratégia utilizada durante a apuração jornalística investigativa. Com o objetivo de obter informações confidenciais, o jornalista grava conversas telefônicas e/ou utiliza-se de câmeras escondidas, sem o consentimento dos envolvidos. Essa prática causa controvérsia entre profissionais do jornalismo e é considerada antiética por muitos deles. Contudo, é comum que conversas gravadas por terceiros sejam vazadas pela imprensa.[9]

Fontes de Informação
As fontes de informação são essenciais no processo de apuração jornalística. As fontes são responsáveis por fornecer informações para as quais o grande público não tem acesso.[9]

A pesquisadora Montserrat Quesada, especialista em jornalismo investigativo, classifica as fontes de informação em[9]:

escritas: qualquer documento impresso que contenha informação útil ao repórter (livros, correspondências, folhetos etc);
orais: pessoa que passa informações para os jornalistas.
Enquanto que o pesquisador Nilson Lage divide as fontes de informação em pessoais, institucionais e documentais; e as classifica da seguinte maneira[9]:

oficiais: falam em nome do Estado, de instituições, de empresas, organizações etc;
oficiosas: mantêm ligação com indivíduos ou instituições, mas que não estão habilitados a falar em nome deles;
independentes: sem relação de interesse ou de poder com organizações, empresas, Estado etc;
primárias: fornecem ao jornalista as principais informações de uma matéria (fatos, versões e números);
secundárias: fornecem informações adicionais utilizadas na composição de premissas e contextos;
testemunhos: vivenciou ou presenciou acontecimento de interesse jornalístico;
experts: concede versões, informações especializadas e interpretações de eventos.
Ética no jornalismo investigativo
Com foco em transmitir a "verdade jornalística", o profissional jornalista em sua apuração usa estratégias e técnicas próprias ou determinadas pelo veículo comunicacional. Alguns teóricos dizem, portanto, que toda apuração é investigativa. Nesta "metodologia de trabalho", a teórica espanhola Montserrat Quesada diz que "só no momento em que o repórter passa a usar técnicas que não fazem parte da rotina do trabalho jornalístico de atualidade, a reportagem se transforma em reportagem investigativa[13]".

Tais estratégias específicas podem ser "nada ortodoxas, às vezes[14]", segundo a teórica Cleofe Monteiro de Sequeira. Desde a infiltração do profissional anonimamente no centro do acontecimento, negociação de relatos com as fontes (procedência de uma informação[15]), grampos telefônicos e câmeras ocultas, por exemplo.

O O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) fixa normas às quais os profissionais jornalistas devem se submeter. O direito à informação e o interesse público podem defender algumas técnicas usadas na profissão. Contudo, o artigo sexto do Código, que trata do dever do jornalista, no inciso oitavo orienta o respeito "ao direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão". Já o décimo primeiro artigo, no inciso terceiro, aponta "que o jornalista não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração".[16]

Associações de jornalismo investigativo
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI)- Fundada em 2002, a associação congrega jornalistas brasileiros especializados em reportagens investigativas, e tem o objetivo de trocar experiências, informações e dicas sobre reportagens. A ABRAJI se autodeclara independente, apartidária, não sindical e não acadêmica, e mantém um sistema virtual de trocas de informações e divulgação de notícias de caráter investigativo.
IRE - Repórteres e Editores Investigativos - É a maior associação de jornalismo investigativo do mundo, com 4 mil membros em 27 países. Baseado na Faculdade de Jornalismo da Universidade do Missouri, o IRE promove conferências, oficinas de treinamento, oferece prêmios, e disponibiliza recursos sobre liberdade de informação, reportagens assistidas por computador (RAC), metodologia investigativa e outros.[17]
Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) - Fundado em 1997, é formado por um grupo com mais de 150 jornalistas de 65 países.[17]
Centro Filipino de Jornalismo Investigativo - Fundado em 1989 por jornalistas filipinos.[17]
Centro para Reportagem Investigativa (CIR) - Fundada em 1977 em São Francisco, e sediada na Califórnia, é uma organização de reportagem dedicada à cobertura independente e aprofundada de questões sociais.[17]
Centro de Periodistas de Investigación - Sediado na Cidade do México, o grupo possui associados por toda a América Latina. Oferece oficinas sobre reportagens investigativas e RAC (reportagem assistida por computador) e disponibiliza recursos em espanhol como bancos de dados, coletânea de matérias e ligações na Internet.[17]
Nativos Digitais do Jornalismo Investigativo
Veículos nativos digitais do jornalismo investigativo surgem da necessidade de realizar reportagens bem elaboradas em um espaço de tempo maior, o que não era possível trabalhando em uma redação jornalística tradicional. Eles surgem em um contexto em que os jornais impressos estavam assistindo suas vendas caírem, então como um meio de contornar essa situação, esses veículos nativos do mundo digital passaram a disponibilizar seus conteúdos em páginas na web, atendendo, assim, a crescente demanda de usuários cada dia mais conectados e ávidos por informações on-line. Empresas jornalísticas como a Agência Pública no Brasil e a ProPublica nos Estados Unidos são exemplos desses sites. Essas agências de notícias que não possuem fins lucrativos são referência no jornalismo de investigação, produzindo seus conteúdos inteiramente para e pela web, contando com uma equipe de profissionais especializados na categoria.[18] [19]

Cobertura policial ou jornalismo policial é a especialização da profissão jornalística nos fatos criminais, judiciais, de segurança pública, do sistema penitenciário e em investigações policiais. No jargão interno da profissão, o setor é chamado de RePol (palavra-valise de REportagem POLicial). As matérias da cobertura policial são geralmente publicadas sob as rubricas das editorias de Cidade, Polícia ou JuPol (amálgama de Justiça + Polícia).

As primeiras coberturas de Polícia surgiram por volta de meados do século XIX, nos jornais sensacionalistas da Inglaterra e dos Estados Unidos.

Os repórteres de polícia podem ou não utilizar técnicas de apuração do jornalismo investigativo.

Por lidar com crime e criminosos, muitas vezes de alta periculosidade, o Jornalismo Policial é uma especialização de alto risco para os profissionais, principalmente os repórteres apuradores que vão às ruas e se expõem aos criminosos e aos policiais. Além dos próprios bandidos, o jornalista desta área pode sofrer ainda retaliações ou ameaças de policiais corruptos.


Índice
1 Temas
2 Fontes
3 Funções específicas
4 Referências bibliográficas
5 Artigos relacionados
6 Programas de TV
7 Ligações externas
Temas
As pautas do jornalismo policial incluem a cobertura de eventos (assassinatos, assaltos, furtos, sequestros, tráfico de drogas, apreensões de armas e animais, desvios de dinheiro, estelionato e outros crimes; operações policiais, prisões, fugas, rebeliões em penitenciárias e carceragens, e ainda praticamente todo tipo de irregularidade legal), as instituições que geram produtos e fatos (polícias, presídios, tribunais de justiça, ministério público, organizações não governamentais), as políticas públicas para a área (ministério da justiça, secretarias de segurança pública) e o dia a dia do setor.

Fontes
Como na maior parte das especializações jornalísticas, as fontes de polícia são divididas entre protagonistas (policiais, criminosos e suspeitos), autoridades (delegados, juízes, secretários), especialistas (advogados, criminalistas, juristas) e usuários (cidadãos comuns e vítimas).

Funções específicas
Uma função essencial no Jornalismo Policial em várias redações de jornalismo diário é a do apurador ou escuta. Trata-se de um repórter que fica, dentro da redação, numa sala específica (sala de apuração) com aparelhos de escuta radiofônica sintonizados nas frequências utilizadas pelas polícias, pelos bombeiros e pela Defesa Civil. Quando ouvem um fato que pode servir para uma notícia, os apuradores confirmam a informação por telefone com as autoridades responsáveis (ou colegas em outros veículos) e comunicam a seus chefes que, se necessário, deslocam um repórter para o local.

Em dias e horários calmos, os apuradores telefonam para todas as delegacias e batalhões de polícia para perguntar se há novidades, em busca de notícias, numa técnica conhecida como ronda.

Há também os repórteres setoristas que fazem plantão em delegacias de polícia (ou comissariados) ou no Instituto Médico Legal local. Esta função, no entanto, diminuiu nos últimos anos com a redução das equipes nas redações e as novas tecnologias de comunicação que permitiram a apuração a distância e em tempo real.

Na televisão, alguns programas de referência são o Brasil Urgente e o Polícia 24h, da Rede Bandeirantes, o Aqui Agora, do SBT, o Cidade Alerta, da RecordTV, o Operação de Risco, da RedeTV!, o Na Rota do Crime, da saudosa Rede Manchete, o Linha Direta, da Rede Globo, o Cadeia, da Rede OM e CNT, o Boletim de Ocorrências, do SBT, o Balanço Geral, da RecordTV e o 190 Urgente, da CNT.

Referências bibliográficas
BARCELLOS, Caco. Rota 66 - a história da polícia que mata.
BARCELLOS, Caco. Abusado.
ZANFRA, Marco Antônio. Manual do Repórter de Polícia.
Artigos relacionados
Jornalismo
Polícia
Crime
Justiça
Programas de referência na TV
190 Urgente - CNT (1996-1997; 2010-presente)
Aqui Agora - SBT (1991-1997; 2008)
Balanço Geral - Rede Record (1985-presente)
Boletim de Ocorrências - SBT (2009-2010)
Brasil Urgente - Rede Bandeirantes (2001-presente)
Cadeia - Rede OM / CNT (1979-2002)
Cidade Alerta - Rede Record (1995-2005; 2011; 2012-presente)
Linha Direta - Rede Globo (1999-2007)
Na Rota do Crime - Rede Manchete (1996-1998)
Operação de Risco - RedeTV! (2010-2011; 2012-presente)
Polícia 24h - Rede Bandeirantes (2010-2014; 2015-presente)
Repórter Cidadão - RedeTV! (2002-2005)

Jornalismo comunitário é a especialização da profissão jornalística nos fatos que ocorrem dentro de uma comunidade (bairro, vila, vilarejo, aldeia, povoado, distrito, concelho, município, favela, etc.) ou que sejam de interesse para os moradores desta. Também se define como o jornalismo praticado por membros de uma comunidade — como, por exemplo, no caso de jornais e rádios produzidos por moradores de uma favela.

É interessante comparar e diferenciar o Jornalismo Comunitário do jornalismo cívico.

A princípio, pode-se afirmar que sempre existiu o jornalismo voltado para a comunidade, antes de assuntos de âmbito nacional ou mundial. Mas o Jornalismo Comunitário como é conhecido atualmente foi intensamente impulsionado pelo advento das novas tecnologias de comunicação (como internet, telefonia móvel e computadores portáteis) que tornaram mais acessível a produção de conteúdo para mídia (por exemplo, usando a editoração eletrônica para confeccionar jornais em casa e o correio eletrônico para distribuí-los). Além disso, nas últimas décadas do século XX houve um forte aumento dos trabalhos de organizações não governamentais na capacitação, no treinamento e no incentivo à formação de mídia em comunidades carentes.

Entretanto, embora na maioria das vezes entenda-se o Jornalismo Comunitário como praticado em áreas pobres, a especialidade não é exclusiva destas: um condomínio fechado de luxo, por exemplo, pode ter uma imprensa que não deixa de ser, a rigor, comunitária.


Índice
1 Peculiaridades
2 Temas
3 Fontes
4 No Brasil
5 Jornalismo Comunitário em Portugal
6 Referências bibliográficas
7 Ver também
8 Referências
9 Ligações externas
Peculiaridades
O Jornalismo Comunitário, além de focar na prestação de serviços (ver abaixo), também apresenta textos geralmente mais opinativos que os da grande mídia e das matérias jornalísticas canônicas. Por causa da proximidade entre jornalistas e leitores dentro da comunidade, é mais clara a identificação de interesses, opiniões e posicionamentos. As matérias e artigos de um veículo comunitário geralmente trazem comentários sobre os problemas que atingem a comunidade. Além disso, a redação costuma usar linguagem mais informal e coloquial, principalmente quando o público leitor tem baixo nível de instrução formal.

Os jornais, rádios e TVs comunitárias costumam basear-se fortemente no voluntariado, com repórteres e colaboradores que trabalham sem remuneração. Geralmente, estes veículos são sustentados por publicidade do comércio local ou patrocinados por entidades filantrópicas ou assistencialistas.

No Jornalismo Comunitário, é fundamental o trabalho de capacitação dos moradores em técnicas de jornalismo (como técnica de redação, edição e diagramação), para que eles mesmos possam elaborar e produzir suas publicações sem depender de ajuda externa. Esse trabalho é comumente realizado por ONGs e entidades de apoio à comunidade (eventualmente pode ser feito pelo governo ou por empresas).

Temas
Por causa da precariedade de condições de vida em comunidades mais pobres, os temas mais comuns nesta área são os problemas sociais e estruturais de infraestrutura, como resíduos, saneamento, água, luz, telefonia, trânsito, obras, desabamento de prédios e deslizamentos de terra, entre outros. No entanto, é bom repetir que o Jornalismo Comunitário não é feito apenas em áreas carentes, mas em qualquer comunidade de pessoas.

É comum também a imprensa comunitária concentrar-se na prestação de serviços de utilidade pública ao leitor (vagas de emprego, como ter acesso a serviços do Estado, incentivo à cidadania e à participação nas decisões da comunidade, como prestar concursos públicos, como se inscrever em cursos, como vender e alugar imóveis, etc.).

Além destas, as pautas do Jornalismo Comunitário incluem a cobertura de eventos (festas, comemorações, nascimentos, falecimentos), da política local (eleições para síndico ou para a associação de moradores), as instituições que geram produtos e fatos (associações de moradores, associações comerciais, prefeituras e secretariais), as políticas públicas para a área e o dia-a-dia da vizinhança.

Cabe ao Jornalismo Comunitário identificar as chamadas "necessidades" da comunidade e explorá-las em pautas que informem os moradores sobre as causas e possíveis soluções para esses problemas, com as providências necessárias.

Fontes
Como na maior parte das especializações jornalísticas, as fontes da comunidade são divididas entre autoridades (síndicos, associações de moradores, prefeituras, secretarias municipais, órgãos locais de serviços públicos), especialistas (pesquisadores, cientistas, ambientalistas) e usuários (moradores).

No Brasil
Os principais veículos (jornais e revistas) dedicados ao tema são o jornal O Cidadão (publicado na favela da Maré, no Rio de Janeiro) e a revista Ocas, produzida e distribuída por moradores de rua nas maiores cidades brasileiras.

No Rio de Janeiro, a professora Raquel Paiva da UFRJ desenvolve pesquisa acadêmica e trabalhos de capacitação de imprensa comunitária dentro do "Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária".

Na USP, em São Paulo, é produzido o jornal Notícias do Jardim São Remo, feito por alunos do primeiro ano de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes. É em formato tabloide e direcionado à população da comunidade Jardim São Remo, que fica próxima ao campus da Cidade Universitária, no Butantã.

No Complexo do Alemão, é produzido e distribuído o jornal Voz das Comunidades desde 2005.[1] No Distrito Federal é produzido desde 1983 o Jornal do Guará,[2] segundo o Observatório da Imprensa considerado importante à história da cidade.[2]

Na televisão, alguns canais e programas de referência são o Calendário JPB e RJ Móvel, da Rede Globo.

Jornalismo Comunitário em Portugal
Referências bibliográficas
DORNELLES, Beatriz Corrêa Pires. Jornalismo Comunitário em Cidades do Interior: uma radiografia das empresas jornalísticas - administração, comercialização, edição e opinião dos leitores. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004.
PAIVA, Raquel. O Espírito Comum - comunidade, mídia e globalismo. Rio de Janeiro: Mauad, 2003 (2ª ed.).
PERUZZO, Maria Cicília Kruhling. A Comunicação nos Movimentos Populares. Petrópolis: Vozes, 1999.
PERUZZO, Maria Cicília Kruhling. Vozes Cidadãs: aspectos teóricos e análise de experiências de comunicação popular e sindical na América Latina. São Paulo: Angellara, 2004.
Ver também
Jornalismo
Comunidade
Favela
Bairro
Referências
 Redação (26 de setembro de 2018). «Portal Voz das Comunidades quer mostrar o RJ além da violência». Estadão. Consultado em 25 de junho de 2019
 Rafael Souza (14 de outubro de 2014). «A história de uma cidade nas páginas do jornal comunitário». Observatório da Imprensa. Consultado em 19 de julho de 2019. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2017
Ligações externas
História do Jornalismo Comunitário
Jornalismo Comunitário - O que é afinal
O jornalismo comunitário como instrumento de mobilização social e gerador de renda para desempregados (artigo da Profª Arcelina Helena Públio Dias, Universidade de Brasília) - formato PDF
Jornal Posto Seis - Faces do jornalismo comunitário em Copacabana

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