Conceito
Compare as duas frases seguintes:
"O homem julga que é superior à natureza, por isso o homem destrói a natureza, sem pensar que a natureza é essencial para a vida do homem."
O homem julga que é superior à natureza, por isso ele a destrói, sem pensar que ela é essencial para a sua vida.
Como se pode observar, a primeira frase contém vários substantivos desnecessariamente repetidos. Na segunda frase, as palavras repetidas na primeira foram substituídas por outras equivalentes. Veja:
ele substitui homem.
a e ela substituem natureza.
sua substitui do homem.
As palavras ele, a, ela e sua, na segunda frase, são exemplos de pronomes.
LEMBRE-SE!
Pronomes são palavras variáveis em gênero, número e pessoa, que substituem, retomam ou acompanham o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço, no tempo ou no próprio texto.
Há duas formas de pronomes: pronomes substantivos e pronomes adjetivos. Antes de um pronome ser classificado de possessivo, demonstrativo, indefinido, interrogativo, etc., primeiro ele deve ser identificado como pronome substantivo ou pronome adjetivo. Veja:
Pronome substantivo X pronome adjetivo
Pronome substantivo é aquele que substitui o nome. Ex.:
Todos chegaram.
Eu tenho estudado muito.
Pronome adjetivo é aquele que acompanha o nome. Ex.:
Minha esposa é maravilhosa. (minha - pronome adjetivo possessivo)
Essa camisa parece confortável. (essa - pronome adjetivo demonstrativo)
LEMBRE-SE!
Pronome substantivo exerce o papel de substantivo, substitui o substantivo.
Pronome adjetivo acompanha o substantivo, não o substitui.
Classificação dos pronomes
Um ato de comunicação envolve três elementos básicos, denominados pessoas gramaticais.
1ª pessoa
Pessoa que fala ou escreve - emissor
2ª pessoa
Pessoa que ouve ou lê - receptor
3ª pessoa
Pessoa (ou coisa) a respeito da qual a 1ª fala ou escreve - referente
Dependendo de sua relação com as pessoas gramaticais, os pronomes subdividem-se em seis diferentes tipos:
1. Pessoais
2. Possessivos
3. Demonstrativos
4. Indefinidos
5. Relativos
6. Interrogativos
Pronomes pessoais - substituem os substantivos, indicando as pessoas do discurso:
1ª pessoa – locutor: aquele que fala; (eu, nós)
2ª pessoa – locutário: aquele com quem se fala; (tu, vós)
3ª pessoa – assunto: aquele de quem (ou de que) se fala. (ele, ela, eles, elas)
Os pronomes pessoais podem ser classificados em três categorias (ou subgrupos):
Pronomes pessoais do caso reto: exercem a função sintática de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo (somente os pronomes tu e vós). São eles: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Ex.:
Eu tenho estudado bastante.
Vós tendes que entender a orientação
A gerente será ela.
Ei, tu, podes me ajudar?
Pronomes pessoais do caso oblíquo: exercem a função sintática de objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, adjunto adnominal e sujeito de infinitivo, com verbo causativo ou sensitivo. Ex.:
Entregou-me a encomenda. (complemento do verbo entregar, quem entrega entrega alguma coisa a alguém).
Tenho simpatia por ele. (complemento do substantivo simpatia, quem tem simpatia tem-na por...).
Os pronomes oblíquos podem ser ainda átonos (não antecedidos por preposição) ou tônicos (precedido por preposição).
Pronomes átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes. Ex.:
Enviou-me a encomenda. (átono, pronome ligado diretamente ao verbo, não tem preposição antes)
Pronomes tônicos: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas, si, consigo. Ex.:
Eviou a encomenda a mim. (tônico, preposição "a" antes do pronome "mim")
Obs.: O conceito de átono e tônico aqui está associado simplesmente a presença ou não de preposição antes do pronome.
Causativos são os verbos que expressam ação que leva a uma consequência - deixar, mandar, fazer.
Sensitivos são os verbos que indicam a presença de um dos sentidos - ver, ouvir e sentir.
Pronomes de tratamento
Referem-se às pessoas de modo familiar, cortês ou cerimonioso.
Por sua vez, os pronomes de tratamento referem-se à pessoa a quem se fala (2ª pessoa), mas a concordância gramatical deve ser feita sempre com a 3ª pessoa. Ex.:
Vossa Senhoria conheceis os vossos problemas. (forma gramaticalmente incorreta – 2ª pessoa)
Vossa Senhoria conhece os seus problemas. (forma gramaticalmente correta, 3ª pessoa)
É importante destacar ainda que os pronomes de tratamento devem iniciar com ‘vossa’, quando nos dirigimos diretamente à pessoa representada pelo pronome, e por ‘sua’, quando fazemos referência a essa pessoa. Ex.:
Vossa Excelência é honesta. (fala-se diretamente com a pessoa)
Sua Excelência é honesta. (fala-se a respeito da pessoa)
Alguns Pronomes de Tratamento
Alguns Pronomes de TratamentoPronome
Abreviatura
Emprego
Você
v./vv.
Pessoas próximas
Senhor/Senhora
Sr. (s)
Tratamento de respeito
Senhorita
Srta. (s)
Moças solteiras
Vossa Senhoria
V. Sª. (s)
Pessoas de cerimônia, funcionários graduados, linguagem comercial
Vossa Excelência
V. Exª. (s)
Altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Meritíssima
Usado por extenso
Juízes de direito
Vossa Reverendíssima
V. Revma. (s)
Sacerdotes, bispos, pastores e religiosos em geral
Vossa Eminência
V. Emª. (s)
Cardeais
Vossa Santidade
V. S.
O Papa
Vossa Paternidade
V. P. (VV.PP.)
Superiores de ordens religiosas
Vossa Alteza
V. A. (VV.AA.)
Príncipes e duques
Vossa Majestade
V. M. (VV.MM.)
Reis/rainhas
Vossa Majestade Imperial
V. M. I.
Imperadores
Vossa Magnificência
V. Magª. (s)
Reitores de universidades e outras instituições de ensino superior
Vossa Onipotência
V. O.
Deus
REDAÇÃO OFICIAL
O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor” ou “À Senhora”.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo e vírgula:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República (Executivo),
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional (Legislativo),
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal (Judiciário).
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo e vírgula:
Senhor Ministro,
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Deputado,
Senhor Governador,
Senhor Prefeito,
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), porque a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo redundante sua repetição.
Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito, em Medicina e em Odontologia. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidades e outras instituições de ensino superior. Corresponde-lhe o vocativo:
Magnífico Reitor, (seguido de vírgula)
Hoje é perfeitamente aceita a forma Vossa Excelência para tratar os reitores, devido à primeira forma ser difícil de escrever e pronunciar e estar em desuso por sua abreviatura engraçada. Já não existe mais distanciamento entre a pessoa do reitor e o corpo docente e discente.
(...)
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:
Santíssimo Padre, (seguido de vírgula)
(...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a arcebispos e bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para monsenhores, cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, pastores e demais religiosos.
Existem dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente,
Não seguem essa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras.
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS RETOS
As formas "eu" e "tu", não podem vir precedidas de preposição, funcionando como complementos. Usam-se as formas obliquas correspondente "mim" e "ti". Ex.:
Não há segredos entre mim e ti.
Chegaram duas encomendas para mim.
Os pronomes "eu" e "tu" funcionam sempre como sujeito ou predicativo. Quando precedidos de preposição, eles representam o sujeito de um verbo no infinitivo (r, res, rmos, rdes, rem).
Relembrando...
Infinitivo pessoal (flexionado):
Ler eu
Leres tu
Ler ele
Lermos nós
Lerdes vós
Lerem eles
Ex.:
Recomendaram para eu não sair hoje.
Há novas mensagens para tu leres.
OBSERVAÇÕES:
Depois da palavra até, indicando direção, usa-se mim ou ti; indicando inclusão, eu ou tu: Ex.:
Os condôminos dirigiram-se até mim e solicitaram que até eu pressionasse o sindico.
Ordem direta x ordem inversa
Ex.:
É difícil para mim esquecer tantas injustiças. (Esquecer tantas injustiças é difícil para mim.)
Plural de modéstia – O pronome nós é empregado no lugar do eu quando se pretende evitar o tom arrogante ou impositivo da linguagem. Ex.:
Nós, presidente desta fundação de assistência social, realizamos todo o trabalho na comunidade.
Quando exercer a função de sujeito, o pronome não sofrerá contração. Ex.:
Apesar de ela não querer, nós viajaremos hoje.
Frequentemente se observa a omissão do pronome sujeito, por questão de economia, visto que as desinências verbais já nos indicam a pessoa a que se refere o predicado (1ª, 2ª e 3ª), como também o número gramatical (singular ou plural) dela.
São estes os casos nos quais verificamos a presença do pronome sujeito:
* Ocorre em casos nos quais se deseja, enfaticamente, chamar a atenção para a pessoa desse sujeito. Observemos:
Nós, alunas aplicadas que somos, obtivemos nota máxima na apresentação do trabalho.
Eu, alheia ao que aconteceu, permaneci sem entender nada.
* Nos casos em que há a oposição entre duas pessoas gramaticais distintas. Analisemos:
Parecíamos dois desconhecidos: ele por se sentir acanhado em me cumprimentar, e eu por achar que nem se lembrava mais de mim.
Eu de um lado e ela de outro pedíamos ajuda a quem passava.
* Em circunstâncias nas quais se percebe que a forma verbal é comum à 1ª (eu) e à 3ª(ele/ela) pessoa do singular, razão pela qual se torna necessário evitar o equívoco. Constatemos:
Você gostaria que eu revelasse o que ele disse?
Será necessário que ele analise o que eu escrevi?
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS
Os pronomes si e consigo referem-se ao próprio sujeito (reflexivos). Ex.:
Ela levava consigo todos os seus pertences. ("Consigo" tem o valor de "carregar").
Rodrigo falou de si aos professores. ('de si mesmo' não é pleonasmo, mas deve ser evitado)
Conosco/convosco x com nós/com vós
Ex.:
Foi conosco/convosco.
Foi nós/com vós mesmos (...todos, próprios, duas, cinco...)
Pronomes reflexivos e recíprocos
Os pronomes reflexivos são aqueles que indicam que a ação reflete no próprio sujeito, enquanto os pronomes recíprocos indicam que a ação é mútua entre os sujeitos.
me e te - podem ter valor reflexivo
se, si e consigo - são exclusivamente reflexivos
nos, vos e se - podem ser recíprocos
Como são idênticas as formas do reflexivo e do recíproco, pode haver ambiguidade com um sujeito plural.
No sentido de marcar a ação reflexiva é recomendável acrescentar-lhes, conforme a pessoa: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, entre outras, e retirar-se o pronome.
No sentido de demarcar a ação recíproca, torna-se conveniente acrescentar-lhes uma expressão pronominal, representada por “um ao outro, uns aos outros, entre si”, ou fazer uso de um advérbio como “reciprocamente ou mutuamente”.
Todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, mas nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco.
Os pronomes o, a, os, as são usados como objetos diretos (complementos que não exigem preposição): Ex.:
O trovão abalou a cidade. (O trovão abalou-a. O trovão abalou o que?)
Resolvi os exercícios. (resolvi-os)
Entreguei o livro ao professor. (entreguei-o ao professor).
Adquirem as seguintes formas:
lo(s), la(s), quando associados a verbos terminados em R, Z ou S. Ex.:
Encontrar o amigo. (Encontrá-lo.)
Fez as tarefas. (Fê-las.)
Estudamos os assuntos. (Estudamo-los.)
no(s), na(s), quando associados a verbos terminados em som nasal. (ão, õe, am, em). Ex.:
Encontraram o livro. (Encontraram-no.)
Propõe as referências. (Propõe-nas.)
Depois da palavra “eis” e das formas “nos” e “vos”, usamos lo(s), la(s) também com terminações suprimidas. Os pronomes me, te e lhe podem se contrair com os pronomes o, a, os e as. Ex.:
Ei-lo aqui, meu amigo.
Este presente quem no-lo deu? (Quem nos deu o presente)
Não mo diga (me + o). Não me diga isto.
Não to digam (te + o). Não te digam isso.
Eles vo-lo disseram que... (Eles vos disseram isso)
Eles ma retiraram. (Eles a retiraram de mim)
Você pagou a encomenda àquela senhora? Paguei-lha. (Paguei àquela senhora.)
Essas construções são muito comuns em textos religiosos.
Nos - Se o verbo estiver na 1ª pessoa do plural, a forma verbal perderá o "s" final. Ex.:
Sentimo-nos honrados com sua presença.
Responsabilizamo-nos por quaisquer atos.
Sensibilizamo-nos com o que aconteceu.
Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, o (e variações) podem aparecer exercendo a dupla função de objeto direto de um verbo e sujeito de outro. Ex.:
Deixe-me falar. (e não, Deixe eu falar)
Faça-o sair daqui. (e não, Faça ele sair daqui)
Lhe(s), vos – não alteram a forma verbal. Ex.:
Confiamos-lhes nossos segredos.
Apresentamos-vos as metas da empresa.
OBSERVAÇÃO:
LHE(S) – Verbo (A); Pessoa: Usa lhe quando o verbo exigir a preposição A e sempre que se referir a pessoa. Ex.:
Obedeço ao diretor. (Obedeço-lhe.)
LHE(S) – Dele(A)(S): Usa-se lhe(s) quando puder ser trocado por dele(a)(s). Neste caso o verbo não exige A. Ex.:
Renovaram-lhe as esperanças. (Renovaram as esperanças dele/dela.)
Colocação pronominal é o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo a que se referem. Eles podem estar antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).
Próclise
Pronome antes do verbo (proclítico). É obrigatória quando houver palavra que atraia o pronome para antes do verbo. Às palavras que atraem (puxam) o pronome para antes do verbo são:
Palavras de sentido negativo
Ex.: Nunca me convidam para festas.
Advérbios
Ex.: Assim se resolvem os problemas.
Observação: Se houver vírgula depois do advérbio, ele deixa de atrair o pronome. Ex.: Assim, resolvem-se os problemas.
Pronomes indefinidos e demonstrativos neutros
Ex.: Tudo se acaba na vida.
Aquilo me traz boas lembranças. (Pronomes neutros são aqueles invariáveis).
Conjunções subordinativas
Ex.: Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
Pronomes relativos
Ex.: Não encontrei o caminho que me indicaram.
OBSERVAÇÕES:
Estão corretas as frases:
É difícil entender quando se não ama.
É difícil entender quando não se ama
A palavra que sempre atrai o pronome
Desejo (que) me compreendam.
Orações interrogativas iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos, exclamativas iniciadas por palavra exclamativa e optativas (que exprimem desejo)
Quem te disse que ele não viria?
Quanto me custa dizer a verdade!
Deus te proteja.
É opcional com pronomes pessoais retos, possessivos e de tratamento, conjunções coordenativas, substantivos e numerais. Com verbos monossilábicos ou proparoxítonos, por questão de eufonia usa-se a próclise.
Mesóclise
Pronome no meio do verbo (mesoclítico). É obrigatória com o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, desde que não haja antes palavra atrativa.
Ex.:
Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.
Se houver palavra atrativa, a próclise será obrigatória.
Ex.: Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse.
Com esses tempos verbais, nunca ocorre a ênclise.
A mesóclise é uma colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária, não ocorrendo na fala espontânea, a menos que seja intencional. Geralmente é substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir.
Deve ser evitada em textos argumentativos, por conferir um tom cerimonioso ao discurso.
Ênclise
Pronome após o verbo (enclítico). É obrigatória com:
Verbo no início da frase
Ex.: Enviaram-me a correspondência.
Verbo no imperativo afirmativo
Ex.: Alunos, apresentem-se ao diretor.
Verbo no gerúndio
Ex.: Modificou a frase, tornando-a ambígua.
Observação: Se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá próclise. Ex.:
Em se tratando de cinema, prefiro comédia.
Saiu da sala, não nos revelando as verdadeiras razões.
Verbo no infinitivo impessoal.
Ex. Leia atentamente as questões antes de resolvê-las.
Observação: Infinitivo impessoal precedido de palavra negativa ou de preposição pode colocar o pronome antes ou depois do verbo: Ex.:
Convém não (lhe) contar (-lhe) tudo.
Estou apto a (lhe) contar (-lhe) tudo.
Diante de locuções verbais e tempos compostos:
Verbo principal no infinitivo ou no gerúndio. Ex.:
A vida vai me ensinar tudo (ou A vida vai ensinar-me tudo.)
Os namorados iam se beijando. (ou Os namorados iam beijando-se.)
Com palavra atrativa antes da locução. Ex.:
Ele não lhe vai dizer a verdade.
Ele não vai dizer-lhe a verdade.
Com verbo principal no particípio, faz-se a colocação segundo o tempo do verbo auxiliar. Ex.:
Havia lhe contado muitas histórias.
Não a tinha encontrado por aqui.
Tê-lo-ia perguntado, se o tivesse visto.
Com pronome oblíquo átono depois do auxiliar.
Ex.: Vou-te enviar. (ou Vou te enviar.)
Pronomes possessivos
Pronomes possessivos são palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ele a ideia de posse de algo (coisa possuída). O pronome possessivo concorda em pessoa com o possuidor e em gênero e número com a coisa possuída.
São eles: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu, sua, seus, suas, dele, dela, deles, delas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas.
Emprego dos pronomes possessivos
Há casos em que o possessivo seu (e variações) pode gerar ambiguidade.
Ex.: O pai repreendeu a filha porque ela bateu o seu carro. (o carro dele, dela ou da pessoa com quem se fala?)
A ideia de posse é, muitas vezes, representada pelos pronomes oblíquos me, te, nos, vos, lhe (s).
Ex.:
Roubaram-me o relógio. (... o meu relógio)
Bateram-lhe na cabeça. (... na cabeça dele)
Os possessivos podem sugerir ideia de aproximação, ofensa, afetividade ou respeito.
Ex.:
Ele deve ter seus setenta anos. (aproximação)
Obedeça-me, seu imprestável! (ofensa)
Minha querida, que horas são? (afetividade)
Meu caro amigo, que bom vê-lo! (respeito)
Uniformidade de tratamento - Deve-se utilizar a forma pronominal na frase inteira. Nunca se deve misturar 2ª e 3ª pessoas. A 1ª pessoa é soberana, por isso pode ser misturada com qualquer pessoa.
Ex.: Você recuperou teus objetos perdidos? (gramaticalmente incorreto! Você é pronome de 3ª pessoa e teus é pronome de 2ª pessoa)
Você recuperou seus... (gramaticalmente correto! Você e seus são pronomes de 3ª pessoa)
Tu recuperaste teus... (gramaticalmente correto! Tu e teus são pronomes na 2ª pessoa)
Não se deve usar pronomes possessivos diante de partes do corpo, peças de vestuário e qualidades do espírito, quando se referem ao próprio sujeito. Nesses casos, o uso do artigo já denota posse.
Torci o (meu) pé.
A menina rasgou a (sua) saia.
Perdi a (minha) confiança.
A palavra casa, quando significa lar próprio, dispensa o possessivo, exceto quando se deseja dar ênfase à expressão.
Fui cedo para (minha) casa.
Em minha casa ninguém vai cantar de galo.
A palavra seu, quando antecede nomes de pessoa ou de profissão, não é pronome possessivo, mas alteração fonética de senhor.
Essa é a casa do seu Antônio.
Muitas vezes, a presença do artigo antes do possessivo muda o sentido.
Este é meu irmão. (significa que há mais de um irmão)
Este é o meu irmão. (significa que se trata de irmão único)
Normalmente, o pronome possessivo antecede o substantivo a que se refere. Porém, nada impede que ele venha posposto ao substantivo.
Pode ocorrer mudança de sentido na frase, conforme a posição do pronome.
Minhas saudades de Beatriz. (= saudades que eu sinto)
Beatriz sente saudades minhas? (= saudades que Beatriz sente)
Estou com tua foto. (a foto te pertence)
Tenho uma foto tua. (tu estás na foto)
Pronomes indefinidos
Pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada. São eles:
variáveis - algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, tanto, quanto, bastante, qualquer
invariáveis - alguém, ninguém, outrem, algo, nada, cada, quem, mais, menos, demais, fulano, sicrano, beltrano
Locuções pronominais indefinidas
São grupos de palavras que equivalem a pronomes indefinidos. Ex.: cada qual, qualquer um, quem quer que, seja quem for, seja qual for, todo aquele que, etc.
Ex.:
Cada um de nós deverá fazer a sua parte para salvar o mundo.
Emprego dos pronomes indefinidos
Todo, toda, todos, todas + artigo:
Ex.:
Toda mulher busca o amor. (qualquer)
João comeu todo o bolo. (inteiro)
Valor semântico e posição na frase.
Ex.:
Algum filme vai te fazer pensar. (anteposto - valor afirmativo)
Motivo algum me fará desistir de você. (posposto - valor negativo = nenhum)
Certas pessoas não podem ser eleitas. (anteposto = algumas: pronome)
Precisamos eleger as pessoas certas. (posposto = adjetivo)
Qualquer pessoa pode resolver essa situação. (valor indefinido)
Trata-se de uma mulher qualquer. (valor pejorativo = insignificante)
Qualquer - é sempre pronome de sentido afirmativo. Não deve ser usado em frases negativas. Em seu lugar, usa-se nenhum(a).
O time não tem qualquer possibilidade de classificação. (errado)
O time não tem nenhuma possibilidade de classificação. (correto)
Cada - é sempre pronome adjetivo. Na ausência do substantivo, usa-se cada um ou cada qual.
Os cadernos custam 5 reais cada. (errado)
Os cadernos custam 5 reais cada um. (correto)
Os pronomes demonstrativos indicam no espaço, no tempo ou no próprio texto a posição de um ser em relação às pessoas do discurso.
Os pronomes demonstrativos são os seguintes:
Pronomes demonstrativos variáveis:
este, esta, estes, estas
esse, essa, estes, essas
aquele, aquela, aqueles, aquelas
Pronomes demonstrativos invariáveis:
isto
isso
aquilo
As formas variáveis podem ser pronomes substantivos ou adjetivos.
As formas invariáveis são sempre pronomes substantivos.
São também demonstrativos:
Semelhante, semelhantes
Ex.: Não aceito semelhante resposta.
Tal, tais
Ex.: Não admitirei tal comportamento.
o, os, a, as = aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo
Ex.: Comprei o que queria. (=aquilo)
Mesmo, mesma, mesmos, mesmas
Ex.: O delegado chamou a mesma testemunha.
Próprio, própria, próprios, próprias
Ex.: O próprio partido escolherá os candidatos.
Emprego dos pronomes demonstrativos
Posição no espaço:
Este, estes, esta, estas, isto = perto de quem fala
Esse, esses, essa, essas, isso = perto de com quem se fala
Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo = longe dos falantes
Ex.:
"Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala.
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo."¹
Posição no tempo
Estes, estes, esta, estas, isto - indicam tempo presente.
Ex.: Nestes últimos meses, estudei muito.
Esse, esses, essa, essas, isso - indicam passado ou o futuro próximos.
Ex.: Em 2002, o Brasil sagrou-se pentacampeão do mundo. Nessa época, ninguém acreditava que fosse possível.
Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo - indicam passado muito distante.
Ex.: A Ditadura Vargas marcou a história política do Brasil. Aquela foi uma época que ofuscou a democracia no país.
Em um texto: coesão referencial
A) Contexto Endofórico - é aquele contexto "dentro do texto"
Referência Anafórica - quando "retoma" alguma coisa que já foi dito. Os pronomes anafóricos são esse, esses, essa, essas, isso.
Ex.: "Amai-vos uns aos outros", esse é o maior mandamento.
Referência Catafórica - quando "apresenta" alguma coisa. Os pronomes catafóricos são: este, estes, esta, estas, isto.
Estes pronomes fazem o papel do anjo Gabriel - anunciam.
Ex.: O maior mandamento é este: "Amai-vos uns aos outros".
Podem ocorrer situações em que esses pronomes, geralmente catafóricos, atuem como anafóricos.
B) Contexto Exofórico - é aquele contexto "fora do texto"
Referenciação Dêixis - palavra grega que significa 'apontar para'.
Ex.:
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá..." (Canção do exílio - Gonçalves Dias)
Os elementos dêiticos (em negrito) são termos que apontam para fora do texto: "minha terra" (Brasil), "aqui" (Portugal), lá (Brasil).
Este X Aquele - em caráter de oposição
Em um discurso, a oposição este x aquele é usada para retomar elementos citados anteriormente. "Aquele" retoma o primeiro e "este" o último elemento da citação.
Ex.: A realidade social evidencia um abismo entre ricos e pobres: aqueles repletos de oportunidades que são negadas a estes.
Considere as seguintes orações:
Todos fotografaram o casarão. O casarão seria demolido.
oração A oração B
Para evitar a repetição do nome casarão, podemos reunir essas orações da seguinte maneira:
Todos fotografaram o casarão | que seria demolido.
oração A oração B
A palavra que inicia a oração B e substitui nela uma palavra que já apareceu na oração A. A palavra que é, na frase acima, um pronome relativo.
Veja outro exemplo:
Eu trouxe os materiais. Você precisará desses materiais. (sem pron. relativo)
Eu trouxe os materiais | de que você precisará. (com pron. relativo)
O pronomes relativos retomam um nome da oração anterior (o antecedente) com o qual se relaciona, projetando-o em outra oração, evitando sua repetição. Iniciam orações subordinadas adjetivas, restritivas ou explicativas.
São eles:
variáveis - o qual, cujo, quanto
invariáveis - que, quem, onde, como, quando
As formas são:
simples: que, quem, onde, como, quando (invariáveis) / cujo, quanto (variáveis)
composta: o qual
Emprego dos pronomes relativos
QUE – relativo universal (pessoas ou coisas).
Ex.:
O livro que nós lemos é excelente. (o qual)
A pessoa que eu amo é maravilhosa. (a qual)
Obs.: Sempre que em uma frase poder trocar que por qual, esse pronome é relativo. A palavra que sempre concorda com o que vem antes (QUE TROCANDO POR QUAL).
CUJO – Liga algo possuído ao possuidor (tem valor de posse).
Ex.:
Este é o autor a cuja obra me refiro (quem se refere se refere a).
Este é o autor de cuja obra gosto (quem gosta, gosta de).
Este é o autor por cuja obra tenho simpatia (quem tem simpatia, tem simpatia por).
Este é o autor com cuja obra simpatizo (quem simpatiza, simpatiza com).
Aquele é o autor cuja obra comprei. (quem compra, compra alguma coisa).
Aquele é o autor contra cuja obra luto. (quem luta, luta contra)
Obs.: É preciso atender a regência do verbo.
CUJO (A) (S) – indica posse!
Ex.:
A prova cujo edital foi publicado será difícil.
A prova cujo edital foi publicado será difícil. (concordância com o termo masculino ‘edital’).
Obs.: A prova cujo edital... – cujo=’de’ ‘edital da prova’ – indica posse! Cujo tem valor de posse porque funciona como se fosse um ‘de’, estabelece uma relação de posse entre prova e edital (edital da prova).
O QUAL – usado para pessoas ou coisas, a fim de conferir maior clareza ao enunciado. Emprega-se preferencialmente essa forma flexionada depois de preposições com mais de uma silaba e locuções prepositivas ou após “sem” e “sob”.
Ex.:
Esta é Sônia namorada de Gustavo, a qual simultaneamente namora Marcos.
Aquela é a árvore sob a qual sentávamos.
Esta é o homem perante o qual me curvei.
Outros pronomes relativos:
D) QUEM - refere-se a pessoa ou coisa personificada
E) QUANTO - é pronome relativo quando se seguem os pronomes indefinidos tudo, todo e tanto.
F) ONDE - deve ser usado para indicar lugar. Tem sentido aproximado de em que ou no qual. Se o antecedente não for lugar, usa-se em que ou no qual.
G) QUANDO - é pronome relativo quando seu antecedente for alguma palavra que indica tempo.
H) COMO - é pronome relativo quando houver as palavras modo, maneira, forma e jeito como antecedente.
PRONOMES INTERROGATIVOS
São pronomes indefinidos usados em perguntas diretas ou indiretas.
São eles: QUE e QUEM (invariáveis), QUAL e QUANTO (variáveis).
A) QUE - pode ser pronome substantivo se significar 'que coisa' ou pronome adjetivo se significar 'que espécie de'. O sentido pode ser intensificado com a forma 'o que'.
B) QUEM - refere-se a pessoas ou coisas personificadas. É usado apenas como pronome substantivo.
C) QUAL - faz uma seleção de uma pessoa ou coisa na construção da pergunta. Normalmente é usado como pronome na construção da pergunta. Sua ideia pode ser intensificada com a expressão 'qual dos / das / de'.
D) QUANTO - refere-se a uma quantidade indefinida. Pode exercer a função de pronome substantivo ou pronome adjetivo.
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