domingo, 30 de janeiro de 2022

Pronomes - Emprego, formas de tratamento e colocação - Gramática para Concursos

 Conceito

Compare as duas frases seguintes:


"O homem julga que é superior à natureza, por isso o homem destrói a natureza, sem pensar que a natureza é essencial para a vida do homem." 

O homem julga que é superior à natureza, por isso ele a destrói, sem pensar que ela é essencial para a sua vida.

Como se pode observar, a primeira frase contém vários substantivos desnecessariamente repetidos. Na segunda frase, as palavras repetidas na primeira foram substituídas por outras equivalentes. Veja:


ele substitui homem.

a e ela substituem natureza.

sua substitui do homem.


As palavras ele, a, ela e sua, na segunda frase, são exemplos de pronomes.


LEMBRE-SE!

Pronomes são palavras variáveis em gênero, número e pessoa, que substituem, retomam ou acompanham o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço, no tempo ou no próprio texto.


Há duas formas de pronomes: pronomes substantivos e pronomes adjetivos. Antes de um pronome ser classificado de possessivo, demonstrativo, indefinido, interrogativo, etc., primeiro ele deve ser identificado como pronome substantivo ou pronome adjetivo. Veja:


Pronome substantivo X pronome adjetivo

Pronome substantivo é aquele que substitui o nome. Ex.:


Todos chegaram.

            Eu tenho estudado muito.


Pronome adjetivo é aquele que acompanha o nome. Ex.:


Minha esposa é maravilhosa. (minha - pronome adjetivo possessivo)

Essa camisa parece confortável. (essa - pronome adjetivo demonstrativo)


LEMBRE-SE!

Pronome substantivo exerce o papel de substantivo, substitui o substantivo.

Pronome adjetivo acompanha o substantivo, não o substitui.


Classificação dos pronomes

Um ato de comunicação envolve três elementos básicos, denominados pessoas gramaticais.


1ª pessoa

Pessoa que fala ou escreve - emissor

2ª pessoa

Pessoa que ouve ou lê - receptor

3ª pessoa

Pessoa (ou coisa) a respeito da qual a 1ª fala ou escreve - referente


Dependendo de sua relação com as pessoas gramaticais, os pronomes subdividem-se em seis diferentes tipos:


1. Pessoais

2. Possessivos

3. Demonstrativos

4. Indefinidos

5. Relativos

6. Interrogativos


Pronomes pessoais - substituem os substantivos, indicando as pessoas do discurso:


1ª pessoa – locutor: aquele que fala; (eu, nós) 

2ª pessoa – locutário: aquele com quem se fala; (tu, vós) 

3ª pessoa – assunto: aquele de quem (ou de que) se fala. (ele, ela, eles, elas)


Os pronomes pessoais podem ser classificados em três categorias (ou subgrupos): 

Pronomes pessoais do caso reto: exercem a função sintática de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo (somente os pronomes tu e vós). São eles: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Ex.: 


Eu tenho estudado bastante.

Vós tendes que entender a orientação

A gerente será ela.

Ei, tu, podes me ajudar?


Pronomes pessoais do caso oblíquo: exercem a função sintática de objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, adjunto adnominal e sujeito de infinitivo, com verbo causativo ou sensitivo. Ex.: 

Entregou-me a encomenda. (complemento do verbo entregar, quem entrega entrega alguma coisa a alguém). 


Tenho simpatia por ele.  (complemento do substantivo simpatia, quem tem simpatia tem-na por...). 


Os pronomes oblíquos podem ser ainda átonos (não antecedidos por preposição) ou tônicos (precedido por preposição). 

Pronomes átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes. Ex.:

Enviou-me a encomenda. (átono, pronome ligado diretamente ao verbo, não tem preposição antes)


Pronomes tônicos: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas, si, consigo. Ex.: 

Eviou a encomenda a mim. (tônico, preposição "a" antes do pronome "mim")


Obs.: O conceito de átono e tônico aqui está associado simplesmente a presença ou não de preposição antes do pronome.

 

Causativos são os verbos que expressam ação que leva a uma consequência - deixar, mandar, fazer.

Sensitivos são os verbos que indicam a presença de um dos sentidos - ver, ouvir e sentir.




Pronomes de tratamento

Referem-se às pessoas de modo familiar, cortês ou cerimonioso.

Por sua vez, os pronomes de tratamento referem-se à pessoa a quem se fala (2ª pessoa), mas a concordância gramatical deve ser feita sempre com a 3ª pessoa. Ex.:


Vossa Senhoria conheceis os vossos problemas. (forma gramaticalmente incorreta – 2ª pessoa)


Vossa Senhoria conhece os seus problemas. (forma gramaticalmente correta, 3ª pessoa)


É importante destacar ainda que os pronomes de tratamento devem iniciar com ‘vossa’, quando nos dirigimos diretamente à pessoa representada pelo pronome, e por ‘sua’, quando fazemos referência a essa pessoa. Ex.:


Vossa Excelência é honesta. (fala-se diretamente com a pessoa)

Sua Excelência é honesta. (fala-se a respeito da pessoa)


Alguns Pronomes de Tratamento

Alguns Pronomes de Tratamento

Pronome

Abreviatura

Emprego

Você

v./vv.

Pessoas próximas

Senhor/Senhora

Sr. (s)

Tratamento de respeito

Senhorita

Srta. (s)

Moças solteiras

Vossa Senhoria

V. Sª. (s)

Pessoas de cerimônia, funcionários graduados, linguagem comercial

Vossa Excelência

V. Exª. (s)

Altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Meritíssima

Usado por extenso

Juízes de direito

Vossa Reverendíssima

V. Revma. (s)

Sacerdotes, bispos, pastores e religiosos em  geral

Vossa Eminência

V. Emª. (s)

Cardeais

Vossa Santidade

V. S.

O Papa

Vossa Paternidade

V. P. (VV.PP.)

Superiores de ordens religiosas

Vossa Alteza

V. A. (VV.AA.)

Príncipes e duques

Vossa Majestade

V. M. (VV.MM.)

Reis/rainhas

Vossa Majestade Imperial

V. M. I.

Imperadores

Vossa Magnificência

V. Magª. (s)

Reitores de universidades e outras instituições de ensino superior

Vossa Onipotência

V. O.

Deus


REDAÇÃO OFICIAL

O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.

Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor” ou “À Senhora”. 

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo e vírgula:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República (Executivo),

Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional (Legislativo),

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal (Judiciário).

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo e vírgula:

Senhor Ministro,

Senhor Senador,

Senhor Juiz,

Senhor Deputado,

Senhor Governador,

Senhor Prefeito,

Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), porque a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo redundante sua repetição.

Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.

Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito, em Medicina e em Odontologia. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidades e outras instituições de ensino superior. Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor, (seguido de vírgula)

Hoje é perfeitamente aceita a forma Vossa Excelência para tratar os reitores, devido à primeira forma ser difícil de escrever e pronunciar e estar em desuso por sua abreviatura engraçada. Já não existe mais distanciamento entre a pessoa do reitor e o corpo docente e discente.

(...)

Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:

Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:

Santíssimo Padre, (seguido de vírgula)

(...)

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:

Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

(...)

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a arcebispos e bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para monsenhores, cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, pastores e demais religiosos.

Existem dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores: Respeitosamente,

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente,

Não seguem essa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras.


EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS RETOS

As formas "eu" e "tu", não podem vir precedidas de preposição, funcionando como complementos. Usam-se as formas obliquas correspondente "mim" e "ti". Ex.:


Não há segredos entre mim e ti.

            Chegaram duas encomendas para mim.


Os pronomes "eu" e "tu" funcionam sempre como sujeito ou predicativo. Quando precedidos de preposição, eles representam o sujeito de um verbo no infinitivo (r, res, rmos, rdes, rem).


Relembrando...

Infinitivo pessoal (flexionado):


Ler eu

Leres tu

Ler ele

Lermos nós

Lerdes vós

Lerem eles


Ex.: 

Recomendaram para eu não sair hoje.

            Há novas mensagens para tu leres.


OBSERVAÇÕES:

Depois da palavra até, indicando direção, usa-se mim ou ti; indicando inclusão, eu ou tu: Ex.:


Os condôminos dirigiram-se até mim e solicitaram que até eu pressionasse o sindico.


Ordem direta x ordem inversa


Ex.:

É difícil para mim esquecer tantas injustiças. (Esquecer tantas injustiças é difícil para mim.)


Plural de modéstia – O pronome nós é empregado no lugar do eu quando se pretende evitar o tom arrogante ou impositivo da linguagem. Ex.: 


Nós, presidente desta fundação de assistência social, realizamos todo o trabalho na comunidade.


Quando exercer a função de sujeito, o pronome não sofrerá contração. Ex.: 


Apesar de ela não querer, nós viajaremos hoje.

Frequentemente se observa a omissão do pronome sujeito, por questão de economia, visto que as desinências verbais já nos indicam a pessoa a que se refere o predicado (1ª, 2ª e 3ª), como também o número gramatical (singular ou plural) dela.

São estes os casos nos quais verificamos a presença do pronome sujeito:

* Ocorre em casos nos quais se deseja, enfaticamente, chamar a atenção para a pessoa desse sujeito. Observemos:

Nós, alunas aplicadas que somos, obtivemos nota máxima na apresentação do trabalho.

Eu, alheia ao que aconteceu, permaneci sem entender nada.

* Nos casos em que há a oposição entre duas pessoas gramaticais distintas. Analisemos:

Parecíamos dois desconhecidos: ele por se sentir acanhado  em me cumprimentar, e eu por achar que nem se lembrava mais de mim.

Eu de um lado e ela de outro pedíamos ajuda a quem passava.     

* Em circunstâncias nas quais se percebe que a forma verbal é comum à 1ª (eu) e à 3ª(ele/ela) pessoa do singular, razão pela qual se torna necessário evitar o equívoco. Constatemos:

Você gostaria que eu revelasse o que ele disse?

Será necessário que ele analise o que eu escrevi?
 


EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS

Os pronomes si e consigo referem-se ao próprio sujeito (reflexivos). Ex.: 


Ela levava consigo todos os seus pertences. ("Consigo" tem o valor de "carregar").

            Rodrigo falou de si aos professores. ('de si mesmo' não é pleonasmo, mas deve ser evitado)


Conosco/convosco x com nós/com vós


Ex.: 

Foi conosco/convosco.

Foi nós/com vós mesmos (...todos, próprios, duas, cinco...)


Pronomes reflexivos e recíprocos


Os pronomes reflexivos são aqueles que indicam que a ação reflete no próprio sujeito, enquanto os pronomes recíprocos indicam que a ação é mútua entre os sujeitos.

me e te - podem ter valor reflexivo

se, si e consigo - são exclusivamente reflexivos

nos, vos e se - podem ser recíprocos

Como são idênticas as formas do reflexivo e do recíproco, pode haver ambiguidade com um sujeito plural.

No sentido de marcar a ação reflexiva é recomendável acrescentar-lhes, conforme a pessoa: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, entre outras, e retirar-se o pronome.

No sentido de demarcar a ação recíproca, torna-se conveniente acrescentar-lhes uma expressão pronominal, representada por “um ao outro, uns aos outros, entre si”, ou fazer uso de um advérbio como “reciprocamente ou mutuamente”.

Todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, mas nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco.



Os pronomes o, a, os, as são usados como objetos diretos (complementos que não exigem preposição): Ex.:


O trovão abalou a cidade. (O trovão abalou-a. O trovão abalou o que?)

Resolvi os exercícios. (resolvi-os)

Entreguei o livro ao professor. (entreguei-o ao professor).


Adquirem as seguintes formas:

lo(s), la(s), quando associados a verbos terminados em R, Z ou S. Ex.: 


Encontrar o amigo. (Encontrá-lo.)

            Fez as tarefas. (Fê-las.)

            Estudamos os assuntos. (Estudamo-los.)


no(s), na(s), quando associados a verbos terminados em som nasal. (ão, õe, am, em). Ex.: 

Encontraram o livro. (Encontraram-no.)

            Propõe as referências. (Propõe-nas.)


Depois da palavra “eis” e das formas “nos” e “vos”, usamos lo(s), la(s) também com terminações suprimidas. Os pronomes me, te e lhe podem se contrair com os pronomes o, a, os e as. Ex.: 


Ei-lo aqui, meu amigo.

            Este presente quem no-lo deu? (Quem nos deu o presente)

            Não mo diga (me + o). Não me diga isto.

            Não to digam (te + o). Não te digam isso.

Eles vo-lo disseram que... (Eles vos disseram isso)

Eles ma retiraram. (Eles a retiraram de mim)

Você pagou a encomenda àquela senhora? Paguei-lha. (Paguei àquela senhora.)

Essas construções são muito comuns em textos religiosos.


Nos - Se o verbo estiver na 1ª pessoa do plural, a forma verbal perderá o "s" final. Ex.: 


Sentimo-nos honrados com sua presença.

Responsabilizamo-nos por quaisquer atos.

Sensibilizamo-nos com o que aconteceu.


Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, o (e variações) podem aparecer exercendo a dupla função de objeto direto de um verbo e sujeito de outro. Ex.: 


Deixe-me falar. (e não, Deixe eu falar)

            Faça-o sair daqui. (e não, Faça ele sair daqui)


Lhe(s), vos – não alteram a forma verbal. Ex.: 


Confiamos-lhes nossos segredos.

            Apresentamos-vos as metas da empresa.


OBSERVAÇÃO:

LHE(S) – Verbo (A); Pessoa: Usa lhe quando o verbo exigir a preposição A e sempre que se referir a pessoa. Ex.: 


Obedeço ao diretor. (Obedeço-lhe.)


LHE(S) – Dele(A)(S): Usa-se lhe(s) quando puder ser trocado por dele(a)(s). Neste caso o verbo não exige A. Ex.: 


Renovaram-lhe as esperanças. (Renovaram as esperanças dele/dela.)


Colocação pronominal é o estudo da colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo a que se referem. Eles podem estar antes do verbo (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).



 

 Próclise

Pronome antes do verbo (proclítico). É obrigatória quando houver palavra que atraia o pronome para antes do verbo. Às palavras que atraem (puxam) o pronome para antes do verbo são:

Palavras de sentido negativo

Ex.: Nunca me convidam para festas.

Advérbios

Ex.: Assim se resolvem os problemas.

Observação: Se houver vírgula depois do advérbio, ele deixa de atrair o pronome. Ex.: Assim, resolvem-se os problemas.

Pronomes indefinidos e demonstrativos neutros

Ex.: Tudo se acaba na vida.

Aquilo me traz boas lembranças. (Pronomes neutros são aqueles invariáveis).

Conjunções subordinativas

Ex.: Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

Pronomes relativos

Ex.: Não encontrei o caminho que me indicaram.

OBSERVAÇÕES:

Estão corretas as frases: 

É difícil entender quando se não ama.

É difícil entender quando não se ama

A palavra que sempre atrai o pronome

Desejo (que) me compreendam.

Orações interrogativas iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos, exclamativas iniciadas por palavra exclamativa e optativas (que exprimem desejo)

Quem te disse que ele não viria?

Quanto me custa dizer a verdade!

Deus te proteja.

É opcional com pronomes pessoais retos, possessivos e de tratamento, conjunções coordenativas, substantivos e numerais. Com verbos monossilábicos ou proparoxítonos, por questão de eufonia usa-se a próclise.

Mesóclise 

Pronome no meio do verbo (mesoclítico). É obrigatória com o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito, desde que não haja antes palavra atrativa.


Ex.:

Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.

Se houver palavra atrativa, a próclise será obrigatória.

Ex.: Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.

Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse.

Com esses tempos verbais, nunca ocorre a ênclise.

A mesóclise é uma colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária, não ocorrendo na fala espontânea, a menos que seja intencional. Geralmente é substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir. 

Deve ser evitada em textos argumentativos, por conferir um tom cerimonioso ao discurso.

Ênclise 

Pronome após o verbo (enclítico). É obrigatória com:

Verbo no início da frase

Ex.: Enviaram-me a correspondência.

Verbo no imperativo afirmativo

Ex.: Alunos, apresentem-se ao diretor.

Verbo no gerúndio

Ex.: Modificou a frase, tornando-a ambígua.


Observação: Se o gerúndio vier precedido de preposição ou de palavra atrativa, ocorrerá próclise. Ex.: 

Em se tratando de cinema, prefiro comédia.

Saiu da sala, não nos revelando as verdadeiras razões.

Verbo no infinitivo impessoal.

Ex. Leia atentamente as questões antes de resolvê-las.

Observação: Infinitivo impessoal precedido de palavra negativa ou de preposição pode colocar o pronome antes ou depois do verbo: Ex.:

Convém não (lhe) contar (-lhe) tudo.

Estou apto a (lhe) contar (-lhe) tudo. 

Diante de locuções verbais e tempos compostos:

Verbo principal no infinitivo ou no gerúndio. Ex.:

A vida vai me ensinar tudo (ou A vida vai ensinar-me tudo.)

Os namorados iam se beijando. (ou Os namorados iam beijando-se.)

Com palavra atrativa antes da locução. Ex.:

Ele não lhe vai dizer a verdade.

Ele não vai dizer-lhe a verdade.

Com verbo principal no particípio, faz-se a colocação segundo o tempo do verbo auxiliar. Ex.:

Havia lhe contado muitas histórias.

Não a tinha encontrado por aqui.

Tê-lo-ia perguntado, se o tivesse visto.

Com pronome oblíquo átono depois do auxiliar. 

Ex.: Vou-te enviar. (ou Vou te enviar.)

Pronomes possessivos

Pronomes possessivos são palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ele a ideia de posse de algo (coisa possuída). O pronome possessivo concorda em pessoa com o possuidor e em gênero e número com a coisa possuída. 

São eles: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu, sua, seus, suas, dele, dela, deles, delas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas.



Emprego dos pronomes possessivos

Há casos em que o possessivo seu (e variações) pode gerar ambiguidade.

Ex.: O pai repreendeu a filha porque ela bateu o seu carro. (o carro dele, dela ou da pessoa com quem se fala?)

A ideia de posse é, muitas vezes, representada pelos pronomes oblíquos me, te, nos, vos, lhe (s).

Ex.: 

Roubaram-me o relógio. (... o meu relógio)

Bateram-lhe na cabeça. (... na cabeça dele)

Os possessivos podem sugerir ideia de aproximação, ofensa, afetividade ou respeito.

Ex.: 

Ele deve ter seus setenta anos. (aproximação)

Obedeça-me, seu imprestável! (ofensa)

Minha querida, que horas são? (afetividade)

Meu caro amigo, que bom vê-lo! (respeito)

Uniformidade de tratamento - Deve-se utilizar a forma pronominal na frase inteira. Nunca se deve misturar 2ª e 3ª pessoas. A 1ª pessoa é soberana, por isso pode ser misturada com qualquer pessoa.

Ex.: Você recuperou teus objetos perdidos? (gramaticalmente incorreto! Você é pronome de 3ª pessoa e teus é pronome de 2ª pessoa)

Você recuperou seus... (gramaticalmente correto! Você e seus são pronomes de 3ª pessoa)

Tu recuperaste teus... (gramaticalmente correto! Tu e teus são pronomes na 2ª pessoa)

Não se deve usar pronomes possessivos diante de partes do corpo, peças de vestuário e qualidades do espírito, quando se referem ao próprio sujeito. Nesses casos, o uso do artigo já denota posse.

Torci o (meu) pé.

A menina rasgou a (sua) saia.

Perdi a (minha) confiança.

A palavra casa, quando significa lar próprio, dispensa o possessivo, exceto quando se deseja dar ênfase à expressão.

Fui cedo para (minha) casa.

Em minha casa ninguém vai cantar de galo.

A palavra seu, quando antecede nomes de pessoa ou de profissão, não é pronome possessivo, mas alteração fonética de senhor.

Essa é a casa do seu Antônio.

Muitas vezes, a presença do artigo antes do possessivo muda o sentido.

Este é meu irmão. (significa que há mais de um irmão)

Este é o meu irmão. (significa que se trata de irmão único)

Normalmente, o pronome possessivo antecede o substantivo a que se refere. Porém, nada impede que ele venha posposto ao substantivo.

Pode ocorrer mudança de sentido na frase, conforme a posição do pronome.

Minhas saudades de Beatriz. (= saudades que eu sinto)

Beatriz sente saudades minhas? (= saudades que Beatriz sente)

Estou com tua foto. (a foto te pertence)

Tenho uma foto tua. (tu estás na foto)


Pronomes indefinidos

Pronomes indefinidos referem-se à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada. São eles:

variáveis - algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, tanto, quanto, bastante, qualquer

invariáveis - alguém, ninguém, outrem, algo, nada, cada, quem, mais, menos, demais, fulano, sicrano, beltrano



Locuções pronominais indefinidas

São grupos de palavras que equivalem a pronomes indefinidos. Ex.: cada qual, qualquer um, quem quer que, seja quem for, seja qual for, todo aquele que, etc.

Ex.:

Cada um de nós deverá fazer a sua parte para salvar o mundo.  

Emprego dos pronomes indefinidos

Todo, toda, todos, todas + artigo:

Ex.: 

Toda mulher busca o amor. (qualquer)

João comeu todo o bolo. (inteiro)

 Valor semântico e posição na frase.

Ex.:

Algum filme vai te fazer pensar. (anteposto - valor afirmativo)

Motivo algum me fará desistir de você. (posposto - valor negativo = nenhum)

Certas pessoas não podem ser eleitas. (anteposto = algumas: pronome)

Precisamos eleger as pessoas certas. (posposto = adjetivo)

Qualquer pessoa pode resolver essa situação. (valor indefinido)

Trata-se de uma mulher qualquer. (valor pejorativo = insignificante)

Qualquer - é sempre pronome de sentido afirmativo. Não deve ser usado em frases negativas. Em seu lugar, usa-se nenhum(a).

O time não tem qualquer possibilidade de classificação. (errado)

O time não tem nenhuma possibilidade de classificação. (correto)

Cada - é sempre pronome adjetivo. Na ausência do substantivo, usa-se cada um ou cada qual.

Os cadernos custam 5 reais cada. (errado)

Os cadernos custam 5 reais cada um. (correto)

Os pronomes demonstrativos indicam no espaço, no tempo ou no próprio texto a posição de um ser em relação às pessoas do discurso.


Os pronomes demonstrativos são os seguintes:

Pronomes demonstrativos variáveis:

este, esta, estes, estas

esse, essa, estes, essas

aquele, aquela, aqueles, aquelas

 

 Pronomes demonstrativos invariáveis:

isto

isso

aquilo

As formas variáveis podem ser pronomes substantivos ou adjetivos.

As formas invariáveis são sempre pronomes substantivos.

São também demonstrativos:

Semelhante, semelhantes

Ex.: Não aceito semelhante resposta.

Tal, tais

Ex.: Não admitirei tal comportamento.

o, os, a, as = aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo

Ex.: Comprei o que queria. (=aquilo)

Mesmo, mesma, mesmos, mesmas

Ex.: O delegado chamou a mesma testemunha.

Próprio, própria, próprios, próprias

Ex.: O próprio partido escolherá os candidatos.

Emprego dos pronomes demonstrativos

Posição no espaço:

Este, estes, esta, estas, isto = perto de quem fala

Esse, esses, essa, essas, isso = perto de com quem se fala

Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo = longe dos falantes

Ex.:

"Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala.

Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala.

Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo."¹

Posição no tempo

Estes, estes, esta, estas, isto - indicam tempo presente.

Ex.: Nestes últimos meses, estudei muito.

 Esse, esses, essa, essas, isso - indicam passado ou o futuro próximos.

Ex.: Em 2002, o Brasil sagrou-se pentacampeão do mundo. Nessa época, ninguém acreditava que fosse possível.

 Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo - indicam passado muito distante.

Ex.: A Ditadura Vargas marcou a história política do Brasil. Aquela foi uma época que ofuscou a democracia no país.

  Em um texto: coesão referencial 

A) Contexto Endofórico - é aquele contexto "dentro do texto"

Referência Anafórica - quando "retoma" alguma coisa que já foi dito. Os pronomes anafóricos são esse, esses, essa, essas, isso.

Ex.: "Amai-vos uns aos outros", esse é o maior mandamento.

Referência Catafórica - quando "apresenta" alguma coisa. Os pronomes catafóricos são: este, estes, esta, estas, isto. 

Estes pronomes fazem o papel do anjo Gabriel - anunciam.

Ex.: O maior mandamento é este: "Amai-vos uns aos outros".

Podem ocorrer situações em que esses pronomes, geralmente catafóricos, atuem como anafóricos.

B) Contexto Exofórico - é aquele contexto "fora do texto"

Referenciação Dêixis - palavra grega que significa 'apontar para'.

Ex.: 

                                            "Minha terra tem palmeiras

                                             Onde canta o sabiá

                                             As aves que aqui gorjeiam

                                             Não gorjeiam como ..." (Canção do exílio - Gonçalves Dias)


Os elementos dêiticos (em negrito) são termos que apontam para fora do texto: "minha terra" (Brasil), "aqui" (Portugal), lá (Brasil).


Este X Aquele - em caráter de oposição

Em um discurso, a oposição este x aquele é usada para retomar elementos citados anteriormente. "Aquele" retoma o primeiro e "este" o último elemento da citação.

Ex.: A realidade social evidencia um abismo entre ricos e pobres: aqueles repletos de oportunidades que são negadas a estes. 

Considere as seguintes orações:


Todos fotografaram o casarão. O casarão seria demolido.


                       oração A                                      oração B   


Para evitar a repetição do nome casarão, podemos reunir essas orações da seguinte maneira:


Todos fotografaram o casarão | que seria demolido.


                      oração A                                    oração B


A palavra que inicia a oração B e substitui nela uma palavra que já apareceu na oração A. A palavra que é, na frase acima, um pronome relativo.


Veja outro exemplo:

Eu trouxe os materiais. Você precisará desses materiais. (sem pron. relativo)

Eu trouxe os materiais | de que você precisará. (com pron. relativo)

O pronomes relativos retomam um nome da oração anterior (o antecedente) com o qual se relaciona, projetando-o em outra oração, evitando sua repetição. Iniciam orações subordinadas adjetivas, restritivas ou explicativas.


São eles:


variáveis - o qual, cujo, quanto

invariáveis - que, quem, onde, como, quando

As formas são:

simples: que, quem, onde, como, quando (invariáveis) / cujo, quanto (variáveis)

composta: o qual


 

 Emprego dos pronomes relativos

QUE – relativo universal (pessoas ou coisas).

Ex.:

O livro que nós lemos é excelente. (o qual) 

A pessoa que eu amo é maravilhosa. (a qual)

Obs.: Sempre que em uma frase poder trocar que por qual, esse pronome é relativo. A palavra que sempre concorda com o que vem antes (QUE TROCANDO POR QUAL).

CUJO – Liga algo possuído ao possuidor (tem valor de posse). 

Ex.:

Este é o autor a cuja obra me refiro (quem se refere se refere a). 

Este é o autor de cuja obra gosto (quem gosta,  gosta de). 

Este é o autor por cuja obra tenho simpatia (quem tem simpatia, tem simpatia por). 

Este é o autor com cuja obra simpatizo (quem simpatiza, simpatiza com). 

Aquele é o autor cuja obra comprei. (quem compra, compra alguma coisa).

Aquele é o autor contra cuja obra luto. (quem luta, luta contra)

Obs.: É preciso atender a regência do verbo.

CUJO (A) (S) – indica posse! 

Ex.:

A prova cujo edital foi publicado será difícil. 

A prova cujo edital foi publicado será difícil. (concordância com o termo masculino ‘edital’). 

Obs.: A prova cujo edital... – cujo=’de’ ‘edital da prova’ – indica posse! Cujo tem valor de posse porque funciona como se fosse um ‘de’, estabelece uma relação de posse entre prova e edital (edital da prova).

O QUAL – usado para pessoas ou coisas, a fim de conferir maior clareza ao enunciado. Emprega-se preferencialmente essa forma flexionada depois de preposições com mais de uma silaba e locuções prepositivas ou após “sem” e “sob”. 

Ex.:

Esta é Sônia namorada de Gustavo, a qual simultaneamente namora Marcos. 

Aquela é a árvore sob a qual sentávamos. 

Esta é o homem perante o qual me curvei.


Outros pronomes relativos:

D) QUEM - refere-se a pessoa ou coisa personificada

E) QUANTO - é pronome relativo quando se seguem os pronomes indefinidos tudo, todo e tanto.

F) ONDE - deve ser usado para indicar lugar. Tem sentido aproximado de em que ou no qual. Se o antecedente não for lugar, usa-se em que ou no qual.

G) QUANDO - é pronome relativo quando seu antecedente for alguma palavra que indica tempo.

H) COMO - é pronome relativo quando houver as palavras modo, maneira, forma e jeito como antecedente.

PRONOMES INTERROGATIVOS


São pronomes indefinidos usados em perguntas diretas ou indiretas. 

São eles: QUE e QUEM (invariáveis), QUAL e QUANTO (variáveis).

A) QUE - pode ser pronome substantivo se significar 'que coisa' ou pronome adjetivo se significar 'que espécie de'. O sentido pode ser intensificado com a forma 'o que'.

B) QUEM - refere-se a pessoas ou coisas personificadas. É usado apenas como pronome substantivo.

C) QUAL - faz uma seleção de uma pessoa ou coisa na construção da pergunta. Normalmente é usado como pronome na construção da pergunta. Sua ideia pode ser intensificada com a expressão 'qual dos / das / de'.

D) QUANTO - refere-se a uma quantidade indefinida. Pode exercer a função de pronome substantivo ou pronome adjetivo.

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