sábado, 29 de janeiro de 2022

Fonologia - Gramática para Concursos

 Estuda os sons da fala (fonemas), a correta pronúncia dos vocábulos (ortoépia e a prosódia, partes integrantes da ortofonia) e a escrita correta das palavras (ortografia). Segundo Radamés Manosso¹, muitos autores tratam Fonética e Fonologia como áreas de estudos distintas, porque "não é fácil traçar a linha divisória que separa essas duas áreas do conhecimento, uma estuda os sons da fala e a outra, os sons da língua." Porém, não fazemos essa diferença e usamos Fonologia no seu sentido amplo. A Ortofonia estuda a pronúncia correta das pelavras. Divide-se em ortoépia (pronúncia correta dos fonemas) e prosódia (posição correta da sílaba tônica). A Ortoépia trata da pronúncia correta das palavras. O contrário da Ortoepia é a Cacoépia, quando as palavras são pronunciadas incorretamente. Por exemplo, deve-se dizer: 

advogado e não adevogado,

aleijar e não alejar

bandeja e não bandeija

bueiro e não boeiro

cabeçalho e não cabeçário

cabeleireiro e não cabelereiro/cabelelero

caderneta e não cardeneta 

caranguejo e não carangueijo

cuspe e não guspe

estupro e não estrupo (entretanto, existe a forma antiga estrupo, que significa barulho ou tumulto)

frear e não freiar

lagartixa e não largatixa

má-criação e não malcriação

mortadela e não mortandela

mendigo e não mendingo

pneu e não peneu 

privilégio e não previlégio 

problema e não pobrema

raios X e não raio X (pode-se dizer também radiografia ou exame radiográfico)

rouba e não roba  

Veja outros problemas de ortoepia:

tem pronúncia fechada a letra e das palavras: apedreja, cerebelo, caminhoneta, boceja, espelha, festejo, festejas (e todos os outros verbos terminados em ejar, exceto invejar, que se pronuncia com e aberto); 

Tem pronúncia aberta a letra e das palavras: coleta, obeso, cervo, cetro; 

tem pronúncia fechada a letra o das palavras: algoz, bodas, crosta, poça, alcova, filantropo, olho, obsoleto, coeso, crosta.

tem pronúncia aberta a letra o da palavra: olhos

A prosódia estuda a correta posição da silaba tônica das palavras. O deslocamento indevido da sílaba tônica chama-se silabada. Por exemplo, quando alguém diz rúbrica, está cometendo erro de prosódia, ou seja, está transformando uma paroxítona em proparoxítona e acentuando-a graficamente. Assim, deve-se dizer:

condor e não "côndor" 

cateter e não "catéter" 

filantropo e não "filântropo"

gratuito e não "gratúito"

ímprobo e não "improbo"

Nobel e não "Nóbel"

ureter e não "uréter" (não confundir com uretra) 

pudico e não "púdico"

rubrica e não "rúbrica"

recorde e não "récorde"

ruim e não "rúim"

ibero e não "íbero"

ínterim e não "interim" (que faz parte do mineirês)

As palavras seguintes têm dupla pronúncia:

acróbata ou acrobata

Oceânia ou Oceania

ortoépia ou ortoepia

elétrodo ou eletrodo

hieróglifo ou hieroglifo

projétil ou projetil

réptil ou reptil

xérox ou xerox

sóror ou soror

DÍGRAFOS

“A palavra dígrafo é formada pelos elementos gregos di, "dois", e grafo, "escrever". O dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema. Também se pode usar a palavra digrama (di, "dois"; grama, "letra") para designar essas ocorrências” (Widipédia).


Podem-se dividir os dígrafos da língua portuguesa em dois grupos: os consonantais e os vocálicos.


DÍGRAFOS CONSONANTAIS

Duas letras com som de uma consoante:

 Veja um quadro completo com todos os dígrafos consonantais e alguns exemplos:



Dígrafos Consonantais


Exemplos


ch


chuva, China


lh


alho, milho


xs


exsudar, exsuar


nh


sonho, venho


rr (usado unicamente entre vogais)  


barro, birra, burro  


ss (usado unicamente entre vogais)  


assunto, assento, isso  


sc - quando o S é pronunciado, é encontro consonantal


ascensão. descendente  



nasço, cresça


xc - quando o X é pronunciado, é encontro consonantal


exceção, excesso


gu - quando o U é pronunciado, é ditongo


guitarra, guerra


qu - quando o U é pronunciado, é ditongo


química, quente




É importante lembrar que gu e qu nem sempre representam dígrafos. Isso ocorre apenas quando, seguidos de e ou i, casos em que representam os fonemas /g/ e /k/: guerra, quilo. Nesses casos, a letra u não corresponde a nenhum fonema, ou seja, não é pronunciada. Em algumas palavras, no entanto, o u representa uma semivogal ou uma vogal (antes de 2012, no Brasil, representado pelo trema no u: ü): aguentar, linguiça, frequente, tranquilo, averigúe, argúi - o que significa que não ocorrem dígrafos nessas palavras. No Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, não mais existe o trema, mas a pronúncia continua. Também não há dígrafo quando são seguidos de a ou o: quando, aquoso, ambíguo, adequado.


DÍGRAFOS VOCÁLICOS

Duas letras com som de uma vogal:

am/na – Ex.: tampa, pranto, campo, sangue;

em/en – Ex.: tempo, sempre, tenda, tento;

im/in – Ex.: cacimba, limpo, faminto, tingir;

om/on – Ex.: lombo, rombo, encontro, tonto;

um/um – Ex.: dumbo, bumbo, tundra, sunga.

Quando se tem tampa, membro, dumbo, encontro, faminto, esse am, em, um, on, in, representam, respectivamente, o A, E, U, O e o I com o acento til. Os m e n não são consoantes, são apenas um indicador de nasalização. Logo, na palavra pranto existe apenas 3 consoantes (p, r, t).



 LEMBRE-SE!

NOS DÍGRAFOS VOCÁLICOS, AS LETRAS "M" E "N" NÃO REPRESENTAM CONSOANTES,

MAS TÃO-SOMENTE INDICAM QUE A VOGAL ANTERIOR É NASAL.


Além disso, nas palavras estavam e também, o am e o em são ditongo fonético nasal, porque o m de estavam é pronunciado como u e o m de também como i.


DÍFONOS

(di = dois + fono = som): uma letra que representa dois fonemas. Estes podem ser: Ex.: reflexo (x = cs), hexacampeão, clímax, intoxicar, sexo, anexo.


LEMBRE-SE!

NAS PALAVRAS COM DÍGRAFOS, A QUANTIDADE DE LETRAS É MAIOR QUE O NÚMERO DE FONEMAS; NAS PALAVRAS COM DÍFONOS, A QUANTIDADE DE LETRAS É MENOR QUE O NÚMERO DE FONEMAS. 


Veja:

Casa – 4 letras e 4 fonemas;

Ninho – 5 letras e 4 fonemas (1 dígrafo consonantal);

Tampa – 5 letras e 4 fonemas (1 dígrafo vocálico);

Táxi – 4 letras e 5 fonemas (1 dífono).

O conhecimento das letras, dos fonemas, das vogais e semivogais e das consoantes, é primordial para que se conheça bem a estrutura do ditongo, do tritongo, do hiato, e principalmente da acentuação gráfica.


LETRAS E FONEMAS

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em vogais, consoantes e semivogais. As vogais são as já conhecidas a, e, i, o, u e as consoantes, com o Novo Acordo Ortográfico, passam a contar com as letras k, w e y: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, y, z. Enquanto as vogais saem livremente pela boca, o mesmo não acontece com as consoantes, que encontram interferências à passagem do ar e só formam sílabas junto com uma vogal.



SEMIVOGAIS

Semivogais são as letras u e i, faladas ou escritas acompanhando a vogal da sílaba. Não esqueça disso: TODA SÍLABA TEM QUE TER VOGAL. Essa regra será muito útil na hora de separar as sílabas de uma palavra.


LEMBRE-SE!

EXISTE SÍLABA SEM CONSOANTE, MAS NÃO EXISTE SÍLABA SEM VOGAL


Veja algumas situações em que o u e o i aparecem como semivogais:

A letra i é vogal em fita e grito, porque ela não acompanha outra vogal, ela vem só;

A letra i é semivogal em coisa e caixa, porque está acompanhando outra vogal;

Consoantes com som de i ou de u são semivogais como o

m de nuvem (m com som de i);

m de enxáguam (m com som de u);

l de esmeril (l com som de u);

l de útil (l com som de u).

Vogais com o som de i ou de u são semivogais como o

e de mãe (e com som de i);

o de pão (o com som de u).

Sempre que o m tiver som de u ou de i, o o tiver som de u e o l tiver som de u, pode-se chamar de semivogal, se acompanhar vogal na mesma sílaba. Logo, Semivogal = som de i ou de u falado ou escrito, acompanhando vogal na mesma sílaba.




LEMBRE-SE!

SOM DE I OU DE U FALADO OU ESCRITO ACOMPANHANDO

VOGAL NA MESMA SÍLABA É SEMIVOGAL.


Em Linguística, o fonema (fono = som, ema = menor unidade) “é a menor unidade sonora de uma língua que estabelece contraste de significado para diferenciar palavra” (Wikipédia). O fonema pode ser representado:


por uma única letra (tia, dia);

por mais de uma letra (manga, carro).

Há casos em que uma mesma letra pode representar fonemas diferentes. Ex.: na palavra novo o fonema o é fechado (ô), na palavra novos o fonema o é aberto (ó). Dentro desse conceito é que surgem os dígrafos.

ENCONTROS VOCÁLICOS

Encontros vocálicos é o nome que se da quando dois (ou mais) sons vocálicos (vogais e/ou semivogais) encontram-se adjacentes numa palavra. Classificam-se em ditongos, tritongos e hiatos. 


DITONGO

Ditongo é o encontro de uma vogal e uma semivogal pronunciadas numa só silaba. Ex.: pai (a = vogal, i = semivogal), água (i = semivogal, o = vogal). Os ditongos podem ser divididos em 4 blocos distintos: 


   Crescente (SV + V – uma semivogal seguida por uma vogal). Ex.: quadro, trégua, miséria, gávea; 

   Decrescente (V + SV – uma vogal seguida por uma semivogal). Ex.: flauta, caixa, fortuito, sótão, pônei. 

 Assim, se a vogal vier primeiro, o ditongo será decrescente, se a semivogal vier primeiro, será crescente. O ditongo pode ser:

Oral (o ar sai todo pela boca). Ex.: enfeite, chapéu; 

Nasal (o ar sai parcialmente pelas fossas nasais). Ex.: comunhão, mãe, esperam, vem.

TRITONGO

Tritongo é quando se tem uma vogal entre duas semivogais pronunciadas numa só sílaba – (SV+V+SV). Ex.: Uruguai, averiguei, enxaguou etc. O tritongo pode ser: 

Oral (o ar sai todo pela boca). Ex.: Paraguai, averiguei, quais, quaisquer; 

Nasal (o ar sai parcialmente pelo nariz). Ex.: saguão, enxáguam.

Nos tritongos nasais uam, uem não se registra graficamente a segunda semivogal. Ex.: mínguam; deságuam




LEMBRE-SE!

DITONGO = VOGAL + SEMIVOGAL OU VICE-VERSA NA MESMA SÍLABA.

TRITONGO = SEMIVOGAL + VOGAL + SEMIVOGAL NA MESMA SÍLABA.

HIATO = DUAS VOGAIS EM SÍLABAS DIFERENTES.



HIATO 

Sequência de duas vogais pronunciadas em sílabas diferentes. Ex.: Sa-a-ra, compre-en-do, ra-iz, sa-ú-de


LEMBRE-SE!

DITONGO – (V+SV) NA MESMA SÍLABA”. EX.: SÉ-RIE (CRESCENTE), PÔ-NEI (DECRESCENTE);

TRITONGO – (SV+V+SV NA MESMA SÍLABA). EX.: U-RU-GUAI, SA-GUÃO;

HIATO – (V+V EM SÍLABAS DIFERENTES). EX.: MO-E-DA, PI-A-DA, SE-RI-A-DO.



ENCONTROS CONSONANTAIS

São encontros de consoantes, podem ser:   

Perfeitos (ou próprios) – Consoantes pertencentes a uma mesma sílaba. Ex.: blu-sa, bri-sa, pra-to;

Imperfeitos (ou impróprios) – Consoantes em sílabas diferentes. Ex.: af-ta, ab-so-lu-to, a-rit-mé-ti-ca, ad-vo-ga-do;  

Mistos – agrupamentos consonantais que misturam os dois modos descritos. Ex.: fil-tra-ção, dis-pli-cên-cia, des-tre-za. 

8 palavras que todo mundo fala errado:

ruim - que não faz bem

pronúncia frequente: rúim / pronúncia correta: ruím

tóxico - venenoso, que prejudica o organismo

pronúncia frequente: tóchico / pronúncia correta: tócsico

rubrica - assinatura abreviada

pronúncia frequente: rúbrica / pronúncia correta: rubrica

subsídio - apoio, recurso financeiro

pronúncia frequente: subzídio / pronúncia correta: subcídio

inexorável - rigoroso, severo, implacável

pronúncia frequente: ineczorável / pronúncia correta: inezorável

sintaxe - parte da gramática que estuda a relação, combinação e disposição das palavras, frases e orações

pronúncia frequente: sintacse / pronúncia correta: sintasse

aficionado - que gosta de alguma coisa, apaixonado

pronúncia frequente: aficcionado / pronúncia correta: aficionado

cônjuge - esposo (a)

pronúncia frequente: cônjugue / pronúncia correta: cônjuge


Classificação das vogais:

quanto à zona de articulação - anteriores, médias e posteriores

quanto à intensidade - tônicas e átonas

quanto ao timbre - abertas, fechadas e reduzidas (átonas no fim de palavra)

quanto ao papel das cavidades bucal e nasal:

orais - o som sai apenas pela boca

nasais - parte do som sai pelas fossas nasais


Classificação das consoantes:

1 - quanto ao modo de articulação

oclusivas - o obstáculo é total: P, B, T, D, K, G

constritivas - o obstáculo é parcial. Elas podem ser:

fricativas - o ar sofre resistência ao emitir o som e faz um ruído: F, V, S, C, X, J, G

laterais - o ar passa pelos lados da boca: L, LH

vibrantes - a língua e a parte de trás do céu da boca vibram: R, RR

2 - quanto ao ponto de articulação

bilabiais - pelo toque dos lábios: P, B, M

labiodentais - pelo toque do lábio inferior com os dentes incisivos superiores: V, F

linguodentais - pelo toque da língua com os dentes superiores: T, D, N

alveolares - pelo toque da raiz dos dentes de cima da frente: S, C, Z, N, L, R

palatais - pelo toque do céu da boca: X, J, G, CH, LH, NH

velares - pelo toque da língua com a parte de trás do céu da boca: K, C, Q, G

3 - quanto à vibração das cordas vocais

surdas - as cordas vocais não vibram: P, T, K, C, Q, S, F, X

sonoras - as cordas vocais vibram: B, D, G, V, Z, S, J, L, R

4 - quanto ao papel das cavidades bucal e nasal

nasais - o ar passa pela boca e pelas fossas nasais: M, N, NH

orais - o ar passa apenas pela boca: todas as outras


Na palavra trânsito, o S soa Z.

Na palavra transubstanciação, o S soa SS.

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