Estuda os sons da fala (fonemas), a correta pronúncia dos vocábulos (ortoépia e a prosódia, partes integrantes da ortofonia) e a escrita correta das palavras (ortografia). Segundo Radamés Manosso¹, muitos autores tratam Fonética e Fonologia como áreas de estudos distintas, porque "não é fácil traçar a linha divisória que separa essas duas áreas do conhecimento, uma estuda os sons da fala e a outra, os sons da língua." Porém, não fazemos essa diferença e usamos Fonologia no seu sentido amplo. A Ortofonia estuda a pronúncia correta das pelavras. Divide-se em ortoépia (pronúncia correta dos fonemas) e prosódia (posição correta da sílaba tônica). A Ortoépia trata da pronúncia correta das palavras. O contrário da Ortoepia é a Cacoépia, quando as palavras são pronunciadas incorretamente. Por exemplo, deve-se dizer:
advogado e não adevogado,
aleijar e não alejar
bandeja e não bandeija
bueiro e não boeiro
cabeçalho e não cabeçário
cabeleireiro e não cabelereiro/cabelelero
caderneta e não cardeneta
caranguejo e não carangueijo
cuspe e não guspe
estupro e não estrupo (entretanto, existe a forma antiga estrupo, que significa barulho ou tumulto)
frear e não freiar
lagartixa e não largatixa
má-criação e não malcriação
mortadela e não mortandela
mendigo e não mendingo
pneu e não peneu
privilégio e não previlégio
problema e não pobrema
raios X e não raio X (pode-se dizer também radiografia ou exame radiográfico)
rouba e não roba
Veja outros problemas de ortoepia:
tem pronúncia fechada a letra e das palavras: apedreja, cerebelo, caminhoneta, boceja, espelha, festejo, festejas (e todos os outros verbos terminados em ejar, exceto invejar, que se pronuncia com e aberto);
Tem pronúncia aberta a letra e das palavras: coleta, obeso, cervo, cetro;
tem pronúncia fechada a letra o das palavras: algoz, bodas, crosta, poça, alcova, filantropo, olho, obsoleto, coeso, crosta.
tem pronúncia aberta a letra o da palavra: olhos
A prosódia estuda a correta posição da silaba tônica das palavras. O deslocamento indevido da sílaba tônica chama-se silabada. Por exemplo, quando alguém diz rúbrica, está cometendo erro de prosódia, ou seja, está transformando uma paroxítona em proparoxítona e acentuando-a graficamente. Assim, deve-se dizer:
condor e não "côndor"
cateter e não "catéter"
filantropo e não "filântropo"
gratuito e não "gratúito"
ímprobo e não "improbo"
Nobel e não "Nóbel"
ureter e não "uréter" (não confundir com uretra)
pudico e não "púdico"
rubrica e não "rúbrica"
recorde e não "récorde"
ruim e não "rúim"
ibero e não "íbero"
ínterim e não "interim" (que faz parte do mineirês)
As palavras seguintes têm dupla pronúncia:
acróbata ou acrobata
Oceânia ou Oceania
ortoépia ou ortoepia
elétrodo ou eletrodo
hieróglifo ou hieroglifo
projétil ou projetil
réptil ou reptil
xérox ou xerox
sóror ou soror
DÍGRAFOS
“A palavra dígrafo é formada pelos elementos gregos di, "dois", e grafo, "escrever". O dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema. Também se pode usar a palavra digrama (di, "dois"; grama, "letra") para designar essas ocorrências” (Widipédia).
Podem-se dividir os dígrafos da língua portuguesa em dois grupos: os consonantais e os vocálicos.
DÍGRAFOS CONSONANTAIS
Duas letras com som de uma consoante:
Veja um quadro completo com todos os dígrafos consonantais e alguns exemplos:
Dígrafos Consonantais
Exemplos
ch
chuva, China
lh
alho, milho
xs
exsudar, exsuar
nh
sonho, venho
rr (usado unicamente entre vogais)
barro, birra, burro
ss (usado unicamente entre vogais)
assunto, assento, isso
sc - quando o S é pronunciado, é encontro consonantal
ascensão. descendente
sç
nasço, cresça
xc - quando o X é pronunciado, é encontro consonantal
exceção, excesso
gu - quando o U é pronunciado, é ditongo
guitarra, guerra
qu - quando o U é pronunciado, é ditongo
química, quente
É importante lembrar que gu e qu nem sempre representam dígrafos. Isso ocorre apenas quando, seguidos de e ou i, casos em que representam os fonemas /g/ e /k/: guerra, quilo. Nesses casos, a letra u não corresponde a nenhum fonema, ou seja, não é pronunciada. Em algumas palavras, no entanto, o u representa uma semivogal ou uma vogal (antes de 2012, no Brasil, representado pelo trema no u: ü): aguentar, linguiça, frequente, tranquilo, averigúe, argúi - o que significa que não ocorrem dígrafos nessas palavras. No Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, não mais existe o trema, mas a pronúncia continua. Também não há dígrafo quando são seguidos de a ou o: quando, aquoso, ambíguo, adequado.
DÍGRAFOS VOCÁLICOS
Duas letras com som de uma vogal:
am/na – Ex.: tampa, pranto, campo, sangue;
em/en – Ex.: tempo, sempre, tenda, tento;
im/in – Ex.: cacimba, limpo, faminto, tingir;
om/on – Ex.: lombo, rombo, encontro, tonto;
um/um – Ex.: dumbo, bumbo, tundra, sunga.
Quando se tem tampa, membro, dumbo, encontro, faminto, esse am, em, um, on, in, representam, respectivamente, o A, E, U, O e o I com o acento til. Os m e n não são consoantes, são apenas um indicador de nasalização. Logo, na palavra pranto existe apenas 3 consoantes (p, r, t).
LEMBRE-SE!
NOS DÍGRAFOS VOCÁLICOS, AS LETRAS "M" E "N" NÃO REPRESENTAM CONSOANTES,
MAS TÃO-SOMENTE INDICAM QUE A VOGAL ANTERIOR É NASAL.
Além disso, nas palavras estavam e também, o am e o em são ditongo fonético nasal, porque o m de estavam é pronunciado como u e o m de também como i.
DÍFONOS
(di = dois + fono = som): uma letra que representa dois fonemas. Estes podem ser: Ex.: reflexo (x = cs), hexacampeão, clímax, intoxicar, sexo, anexo.
LEMBRE-SE!
NAS PALAVRAS COM DÍGRAFOS, A QUANTIDADE DE LETRAS É MAIOR QUE O NÚMERO DE FONEMAS; NAS PALAVRAS COM DÍFONOS, A QUANTIDADE DE LETRAS É MENOR QUE O NÚMERO DE FONEMAS.
Veja:
Casa – 4 letras e 4 fonemas;
Ninho – 5 letras e 4 fonemas (1 dígrafo consonantal);
Tampa – 5 letras e 4 fonemas (1 dígrafo vocálico);
Táxi – 4 letras e 5 fonemas (1 dífono).
O conhecimento das letras, dos fonemas, das vogais e semivogais e das consoantes, é primordial para que se conheça bem a estrutura do ditongo, do tritongo, do hiato, e principalmente da acentuação gráfica.
LETRAS E FONEMAS
Os fonemas da língua portuguesa são classificados em vogais, consoantes e semivogais. As vogais são as já conhecidas a, e, i, o, u e as consoantes, com o Novo Acordo Ortográfico, passam a contar com as letras k, w e y: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, y, z. Enquanto as vogais saem livremente pela boca, o mesmo não acontece com as consoantes, que encontram interferências à passagem do ar e só formam sílabas junto com uma vogal.
SEMIVOGAIS
Semivogais são as letras u e i, faladas ou escritas acompanhando a vogal da sílaba. Não esqueça disso: TODA SÍLABA TEM QUE TER VOGAL. Essa regra será muito útil na hora de separar as sílabas de uma palavra.
LEMBRE-SE!
EXISTE SÍLABA SEM CONSOANTE, MAS NÃO EXISTE SÍLABA SEM VOGAL
Veja algumas situações em que o u e o i aparecem como semivogais:
A letra i é vogal em fita e grito, porque ela não acompanha outra vogal, ela vem só;
A letra i é semivogal em coisa e caixa, porque está acompanhando outra vogal;
Consoantes com som de i ou de u são semivogais como o
m de nuvem (m com som de i);
m de enxáguam (m com som de u);
l de esmeril (l com som de u);
l de útil (l com som de u).
Vogais com o som de i ou de u são semivogais como o
e de mãe (e com som de i);
o de pão (o com som de u).
Sempre que o m tiver som de u ou de i, o o tiver som de u e o l tiver som de u, pode-se chamar de semivogal, se acompanhar vogal na mesma sílaba. Logo, Semivogal = som de i ou de u falado ou escrito, acompanhando vogal na mesma sílaba.
LEMBRE-SE!
SOM DE I OU DE U FALADO OU ESCRITO ACOMPANHANDO
VOGAL NA MESMA SÍLABA É SEMIVOGAL.
Em Linguística, o fonema (fono = som, ema = menor unidade) “é a menor unidade sonora de uma língua que estabelece contraste de significado para diferenciar palavra” (Wikipédia). O fonema pode ser representado:
por uma única letra (tia, dia);
por mais de uma letra (manga, carro).
Há casos em que uma mesma letra pode representar fonemas diferentes. Ex.: na palavra novo o fonema o é fechado (ô), na palavra novos o fonema o é aberto (ó). Dentro desse conceito é que surgem os dígrafos.
ENCONTROS VOCÁLICOS
Encontros vocálicos é o nome que se da quando dois (ou mais) sons vocálicos (vogais e/ou semivogais) encontram-se adjacentes numa palavra. Classificam-se em ditongos, tritongos e hiatos.
DITONGO
Ditongo é o encontro de uma vogal e uma semivogal pronunciadas numa só silaba. Ex.: pai (a = vogal, i = semivogal), água (i = semivogal, o = vogal). Os ditongos podem ser divididos em 4 blocos distintos:
Crescente (SV + V – uma semivogal seguida por uma vogal). Ex.: quadro, trégua, miséria, gávea;
Decrescente (V + SV – uma vogal seguida por uma semivogal). Ex.: flauta, caixa, fortuito, sótão, pônei.
Assim, se a vogal vier primeiro, o ditongo será decrescente, se a semivogal vier primeiro, será crescente. O ditongo pode ser:
Oral (o ar sai todo pela boca). Ex.: enfeite, chapéu;
Nasal (o ar sai parcialmente pelas fossas nasais). Ex.: comunhão, mãe, esperam, vem.
TRITONGO
Tritongo é quando se tem uma vogal entre duas semivogais pronunciadas numa só sílaba – (SV+V+SV). Ex.: Uruguai, averiguei, enxaguou etc. O tritongo pode ser:
Oral (o ar sai todo pela boca). Ex.: Paraguai, averiguei, quais, quaisquer;
Nasal (o ar sai parcialmente pelo nariz). Ex.: saguão, enxáguam.
Nos tritongos nasais uam, uem não se registra graficamente a segunda semivogal. Ex.: mínguam; deságuam
LEMBRE-SE!
DITONGO = VOGAL + SEMIVOGAL OU VICE-VERSA NA MESMA SÍLABA.
TRITONGO = SEMIVOGAL + VOGAL + SEMIVOGAL NA MESMA SÍLABA.
HIATO = DUAS VOGAIS EM SÍLABAS DIFERENTES.
HIATO
Sequência de duas vogais pronunciadas em sílabas diferentes. Ex.: Sa-a-ra, compre-en-do, ra-iz, sa-ú-de
LEMBRE-SE!
DITONGO – (V+SV) NA MESMA SÍLABA”. EX.: SÉ-RIE (CRESCENTE), PÔ-NEI (DECRESCENTE);
TRITONGO – (SV+V+SV NA MESMA SÍLABA). EX.: U-RU-GUAI, SA-GUÃO;
HIATO – (V+V EM SÍLABAS DIFERENTES). EX.: MO-E-DA, PI-A-DA, SE-RI-A-DO.
ENCONTROS CONSONANTAIS
São encontros de consoantes, podem ser:
Perfeitos (ou próprios) – Consoantes pertencentes a uma mesma sílaba. Ex.: blu-sa, bri-sa, pra-to;
Imperfeitos (ou impróprios) – Consoantes em sílabas diferentes. Ex.: af-ta, ab-so-lu-to, a-rit-mé-ti-ca, ad-vo-ga-do;
Mistos – agrupamentos consonantais que misturam os dois modos descritos. Ex.: fil-tra-ção, dis-pli-cên-cia, des-tre-za.
8 palavras que todo mundo fala errado:
ruim - que não faz bem
pronúncia frequente: rúim / pronúncia correta: ruím
tóxico - venenoso, que prejudica o organismo
pronúncia frequente: tóchico / pronúncia correta: tócsico
rubrica - assinatura abreviada
pronúncia frequente: rúbrica / pronúncia correta: rubrica
subsídio - apoio, recurso financeiro
pronúncia frequente: subzídio / pronúncia correta: subcídio
inexorável - rigoroso, severo, implacável
pronúncia frequente: ineczorável / pronúncia correta: inezorável
sintaxe - parte da gramática que estuda a relação, combinação e disposição das palavras, frases e orações
pronúncia frequente: sintacse / pronúncia correta: sintasse
aficionado - que gosta de alguma coisa, apaixonado
pronúncia frequente: aficcionado / pronúncia correta: aficionado
cônjuge - esposo (a)
pronúncia frequente: cônjugue / pronúncia correta: cônjuge
Classificação das vogais:
quanto à zona de articulação - anteriores, médias e posteriores
quanto à intensidade - tônicas e átonas
quanto ao timbre - abertas, fechadas e reduzidas (átonas no fim de palavra)
quanto ao papel das cavidades bucal e nasal:
orais - o som sai apenas pela boca
nasais - parte do som sai pelas fossas nasais
Classificação das consoantes:
1 - quanto ao modo de articulação
oclusivas - o obstáculo é total: P, B, T, D, K, G
constritivas - o obstáculo é parcial. Elas podem ser:
fricativas - o ar sofre resistência ao emitir o som e faz um ruído: F, V, S, C, X, J, G
laterais - o ar passa pelos lados da boca: L, LH
vibrantes - a língua e a parte de trás do céu da boca vibram: R, RR
2 - quanto ao ponto de articulação
bilabiais - pelo toque dos lábios: P, B, M
labiodentais - pelo toque do lábio inferior com os dentes incisivos superiores: V, F
linguodentais - pelo toque da língua com os dentes superiores: T, D, N
alveolares - pelo toque da raiz dos dentes de cima da frente: S, C, Z, N, L, R
palatais - pelo toque do céu da boca: X, J, G, CH, LH, NH
velares - pelo toque da língua com a parte de trás do céu da boca: K, C, Q, G
3 - quanto à vibração das cordas vocais
surdas - as cordas vocais não vibram: P, T, K, C, Q, S, F, X
sonoras - as cordas vocais vibram: B, D, G, V, Z, S, J, L, R
4 - quanto ao papel das cavidades bucal e nasal
nasais - o ar passa pela boca e pelas fossas nasais: M, N, NH
orais - o ar passa apenas pela boca: todas as outras
Na palavra trânsito, o S soa Z.
Na palavra transubstanciação, o S soa SS.
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