Considerações iniciais
No campo da Semântica Argumentativa, os operadores argumentativos são palavras responsáveis pela sinalização da argumentação.
São certos elementos da língua, explícitos na própria estrutura gramatical da fase, cuja finalidade é a de indicar a argumentatividade dos enunciados. Eles introduzem variados tipos de argumentos.
As palavras que funcionam como operadores argumentativos são os conectivos, os advérbios e outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma das dez categorias gramaticais.
O usuário da língua deve se conscientizar do valor argumentativo dessas marcas para que as perceba no discurso do outro e as utilize com eficácia no seu próprio discurso.
Alguns tipos de operadores argumentativos
Operadores que introduzem argumentos que se somam a outro, tendo em vista a mesma conclusão: e, nem, também, não só... mas também, além disso, etc.
Operadores que introduzem enunciados que exprimem conclusão ao que foi expresso anteriormente: logo, portanto, então, consequentemente, etc.
Operadores que introduzem argumentos que se contrapõe a outro (mudança na direção argumentativa), visando a uma conclusão contrária: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, embora, ainda que, conquanto, apesar de, mesmo que, etc.
Operadores que introduzem argumentos alternativos: ou... ou, quer... quer, seja... seja, etc.
Operadores que estabelecem relações de comparação: mais que, menos que, tão... quanto, tão... como, etc.
Operadores cuja função é introduzir enunciados pressupostos: agora, ainda, já, até, etc.
Operadores cuja função é introduzir enunciados, que visa a esclarecer um enunciado anterior: isto é, ou seja, quer dizer, em outras palavras, por exemplo, na minha opinião, resumindo, na verdade, de fato, a propósito, por sinal, por outro lado, etc.
Operadores cuja função é orientar a conclusão para uma afirmação ou negação: quase, apenas, só, somente, etc.
Outros aspectos discursivos
Quando lemos artigos de jornais e revistas que defendem certas teses, estamos diante da formação de pontos de vista, visões de mundo que têm o objetivo de influenciar ideias e opiniões, princípios das pessoas, de definir ou redefinir posições, de formar ou reformar atitudes. Em qualquer dos casos, busca-se efetivar o convencimento.
Intencionalidade discursiva
Percebemos que a escolha de palavras e expressões, o encadeamento e a interdependência de ideias, o domínio de conectivos são algumas das características da comunicação persuasiva que influenciam diretamente na argumentação de um texto, são, portanto, elementos que marcam a intencionalidade na persuasão.
Não confunda persuadir com dissuadir. Um é convencer alguém a fazer algo e o outro é convencer alguém a desistir de algo.
Força e orientação argumentativa
De acordo com Koch (1992:30), aparecem vários “operadores argumentativos” em um texto, “para designar certos elementos da gramática de uma língua que têm por função indicar a força argumentativa dos enunciados, a direção (o sentido) para que apontam”.
Esses conectores são responsáveis pela estruturação e orientação argumentativa dos enunciados no texto. Quando compreendemos uma sequência relacionada por um conectivo, não deciframos apenas o seu significado, mas aplicamos ideias, visão de mundo, bagagem cultural que temos, relacionadas ao uso do conectivo para reconstruir o sentido do texto.
Outros operadores bastante empregados:
Estabelecem a hierarquia numa escala, assinalando ideia de inclusão de elementos. (inclusive, até, mesmo, até mesmo...)
Até o auxiliar participou da reunião com a diretoria da empresa.
Estabelecem a hierarquia numa escala, assinalando o elemento mais fraco. (ao menos, pelo menos, no mínimo...)
Ele poderia ter-nos dado ao menos um telefonema para avisar que chegou bem.
Ligam elementos de duas ou mais escalas orientadas no mesmo sentido. (e, também, nem, tanto... como, não só... mas também, além de, além disso).
Ele não somente estuda, como também trabalha muito.
Introduzem um argumento decisivo. (além do mais, de uma vez por todas...)
Ele não tem um perfil adequado para função. Além do mais, é analfabeto!
Pergunta retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do individuo sobre determinado assunto.
A pessoa que faz uma pergunta retórica já sabe a resposta do questionamento feito, visando ajudar o destinatário da interrogação a refletir ou a entender determinado tema, assunto ou situação.
A pergunta retórica pode possuir um caráter de ironia ou sarcasmo.
Em uma pergunta "normal", o indivíduo busca obter uma informação ou resposta sobre algo que desconhece, por exemplo: "Onde fica a Avenida da Liberdade?"; "Quantos anos você tem?" ou "Quem ganhou a corrida de ontem?"
Já no caso da pergunta retórica, o interlocutor não deseja obter uma resposta, mas sim reforçar uma ideia ou crítica sobre algo ou alguém. Muitas vezes, o próprio interlocutor acaba por responder a pergunta retórica. Exemplo: "Onde vamos parar com tanta violência?"; "Acha que eu sou bobo?" ou "Você acha que eu nasci ontem?".
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