Conceito
Considere a seguinte frase, formada por três orações:
As horas passam, os homens caem, a poesia fica. (E. Moura)
<![endif]--> oração 1 oração 2 oração 3
Vamos acrescentar a ela as palavras e e mas:
As horas passam e os homens caem, mas a poesia fica.
oração 1 oração 2 oração 3
Observe:
A palavra e está ligando as orações 1 e 2;
A palavra mas está ligando as orações 2 e 3.
Essas duas palavras (e e mas) são exemplos de conjunção.
Considere, agora, esta outra frase:
Miséria e medo são o cotidiano de milhares de crianças brasileiras.
sujeito
Observe: O e está ligando duas palavras equivalentes, isto é, duas palavras de mesma função na oração. Ele está funcionando como conjunção.
Conjunções são palavras invariáveis que unem orações ou termos semelhantes (de mesma função sintática). Assim, uma conjunção liga:
duas orações;
dois termos de mesma função em uma oração.
João e Sérgio são grandes empreendedores. (ligando dois núcleos do sujeito, termos de mesma função sintática)
João é pernambucano e Sérgio é cearense. (ligando orações coordenadas entre si)
Não se deve apenas conhecer todas as conjunções, é preciso ficar atento ao contexto da frase., pois uma mesma conjunção pode exercer valores semânticos diferentes. É preciso saber a que grupo pertence uma determinada conjunção e quais são os sinônimos dessa conjunção.
LOCUÇÕES CONJUNTIVAS: Duas ou mais palavras empregadas com valor de conjunção. Ex.:
visto que, desde que, ainda que, à medida que, logo que, a fim de que, de modo que...
CLASSIFICAÇÃO DAS CONJUNÇÕES
Para se ter um bom domínio sobre o estudo das conjunções é preciso também estar bastante atento às relações lógico-discursivas (relações lógicas dentro do discurso da frase: causa, consequência, condição, tempo, finalidade, oposição, adição, etc.) por elas estabelecidas.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
CONCLUSIVAS
Valores semânticos: conclusão, fechamento, finalização:
Logo, portanto, por isso, por conseguinte, assim, pois (posposto ao verbo), então, destarte, dessarte...
Ex.: O Brasil venceu, portanto está classificado.
OBSERVAÇÃO: A conjunção “pois”, pode ser explicativa (pode ser substituída por 'porque') ou conclusiva (pode ser substituída por 'portanto').
Ex.:
Estude muito, pois você precisa passar no concurso. (explicação)
Passamos no concurso. Podemos, pois, festejar. (conclusão).
ADITIVAS
Valores semânticos: adição, soma, acréscimo:
E, nem (e não), mas também, mas ainda, como também (depois de não só), etc.
Ex.: Saiu de casa e encontrou os amigos.
ADVERSATIVAS
Valores semânticos: oposição, contraste, adversidade, ressalva, mudança na direção argumentativa:
Mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...
Ex.: Adriana não chegou para a aula, mas avisou de seu atraso.
ALTERNATIVAS
Valores semânticos: alternância, escolha ou exclusão:
Ou (repetido ou não), ora, já, quer, seja (repetidos).
Ex.: Ora filosofava, ora contava piadas.
EXPLICATIVAS
Valores semânticos: explicação, justificativa, motivo, razão:
Porque, pois (antes do verbo), porquanto, que...
Ex.: Choveu, porque as ruas estão molhadas.
OBSERVAÇÃO:
Há gramáticos que tratam as conjunções explicativas associadas às causais, que são subordinativas. O valor semântico de explicação e causa andam muito próximos. Porque, porquanto e pois indicam explicação, mas também podem indicar causa.
A conjunção “e” (aditiva) pode aparecer com valor adversativo.
Ex.: Fui à farmácia, e não encontrei o remédio. (= mas)
A conjunção “mas” (adversativa) pode aparecer com valor aditivo.
Ex.: Era um homem trabalhador, mas principalmente honesto. (além de ser trabalhador ele também é honesto, uma qualidade se soma à outra)
A conjunção que (explicativa) pode ter valor aditivo, entre dois verbos iguais.
Ex.: O sino tocava que tocava, a chamar os fiéis.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
TEMPORAIS
Valores semânticos: tempo (ou temporalidade), relação cronológica.
Logo que, quando, enquanto, até que, antes que, depois que, desde que, assim que, sempre que, toda vez que, mal etc.
Ex.:
Houve uma mudança na escola depois que falamos com o professor.
A conjunção desde que (temporal) pode aparecer com valor condicional.
Desde que completou dezoito anos, ele trabalha. (temporal)
Irei à igreja desde que não chova. (condicional)
CONDICIONAIS
Valores semânticos: condição (condicionalidade), pré-requisito, hipótese, algo supostamente esperado.
Se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que, uma vez que (com verbo no subjuntivo)...
Ex.: Se eles vierem, faremos a festa.
PROPORCIONAIS
Valores semânticos: proporção direta ou inversa, proporcionalidade, simultaneidade, concomitância
À medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (ou menos)... mais/menos (quanto mais, quanto menos) etc.
Ex.: À medida que amadurecemos, mudamos nossas opiniões.
FINAIS
Valores semânticos: finalidade, objetivo, intenção, intuito.
A fim de que, para que, que e porque (= para que), etc.
Ex.: Saímos de casa para que nos encontrássemos.
CAUSAIS
Valores semânticos: causa (ou causalidade), motivo, razão.
Porque, porquanto, como, uma vez que, visto que, já que, na medida em que, por isso que etc.
Ex.: Como não tinha tempo, não compareceu à reunião.
CONSECUTIVAS
Valores semânticos: consequência, resultado, produto.
Que (precedido de tal, tão, tanto, tamanho), sem que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que, que (equivalendo a sem que) etc.
Ex.: Estávamos tão apaixonados que fizemos loucuras.
Observação: Relação de causa-consequência – é de natureza sintático-semântica (valor que a palavra adquire em seu contexto de uso) e independe da classificação sintática do período.
Não é só um critério sintático, mas também semântico (interpretativo / de sentido).
Ex.:
Falou tanto (causa) que ficou muito rouco (consequência).
Vamos logo (consequência), pois já é tarde (causa).
CONCESSIVAS
Valores semânticos: concessão, contraste, consentimento, licença, quebra de expectativa, oposição
embora, conquanto, ainda que, se bem que, mesmo que, mesmo quando, posto que, apesar de que, nem que, por mais/menos que, por muito/pouco que, por melhor/pior que...
Ex.: Mesmo que chova, irei ao colégio.
OBSERVAÇÃO: As conjunções concessivas indicam oposição, contraste. Cuidado para não confundi-las com as adversativas. Estas quebram a lógica para o fracasso, enquanto aquelas para o sucesso.
CONFORMATIVAS
Valores semânticos: conformidade, consonância, igualdade/semelhança, concordância...
Conforme, como, segundo, consoante (todas com o mesmo valor de “conforme”).
Ex.: Conforme combinamos, faremos a festa.
A conjunção como pode ser causal, comparativa ou conformativa.
Como não trabalhei, não recebi. (causal = porque, já que, visto que)
As crianças brincam como adultos. (comparativa = assim como)
Como combinado, chegamos cedo. (conformativa = conforme, segundo)
COMPARATIVAS
Valores semânticos: comparação, analogia, paralelo...
Como, assim como, mais... (do) que, menos... (do) que, tão... como (ou quanto), tanto... quanto..., qual ou como (precedidos de tal)...
Ex.: Ele falou tanto quanto nós.
OBSERVAÇÃO: Sempre que houver uma conjunção comparativa o período é composto porque depois dela há outro verbo subentendido: “Ele falou tanto quanto nós falamos”.
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS INTEGRANTES
Que, se, quando, quanto(a)(s), onde, qual, quem, como, por que...
Quando iniciarem oração ‘equivalente’ aos pronomes isso, esse(a)(s)
Ex.:
Necessito de que me ajudem. (=Necessito disso)
Perguntou se tudo estava bem. (=Perguntou isso)
Não sei onde fica o teatro.
Não sei como a máquina funciona.
Não sei quanto custa o remédio.
Não sei quando entra em vigor a nova lei.
Não sei qual é o assunto da palestra.
OBSERVAÇÃO: Conjunção integrante x pronome relativo:
Pronome relativo: QUE – quando pode ser trocado por “o (a) (s) qual (is)”.
Ex.:
O livro que eu li é ótimo. (que = o qual)
As pessoas que conheço são maravilhosas. (que = as quais)
Conjunção integrante: QUE – quando pode ser trocado por “isso/esse (a)”
Ex.: Estou certo de que você passará nas provas. (=Estou certo disso)
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