Podemos entender o plano frásico da língua por meio de sua organização, na qual termos são compostos por elementos menores, com diversas funções. Essa organização apresenta as chamadas taxis, que em grego significa “arranjo”; assim a “sintaxe” seria o estudo de todos esses “arranjos” combinados. Em uma análise mais detida, percebemos que as taxis correspondem a camadas, e essas diversas camadas são chamadas em português de estratos ou ordens.
Período
Todos me disseram que eu contratasse um bom pedreiro.
Oração
Contratei um bom pedreiro.
Função
(conhecer) um bom pedreiro
Palavra
pedreiro
Morfema
-eiro
Não são raros os casos em que se utiliza um termo de uma camada com valor de outra camada. Essas relações de ordem é que originam os termos coordenação, isto é, uma relação em que os termos estão na mesma ordem ou estrato; e subordinação, isto é uma “sub” ordem, na qual um dos termos encontra-se utilizado em camada inferior.
A subordinação, correspondente à hipotaxe, consiste na passagem de um termo de um nível superior para um estrato inferior. Tome-se como exemplo a oração “choverá amanhã”. Esta oração guarda independência, pode aparecer em um parágrafo ou em um texto, por exemplo. Já em “Não sei se choverá amanhã” ou “Acho que choverá amanhã”, a mesma oração passou a ser utilizada como termo da outra oração (no caso, o objeto dos verbos “sei” e “acho”), ou seja, funcionando como se fosse um substantivo. É esta mudança de nível a que se dá o nome de hipotaxe. É como se essa oração fosse “rebaixada” a uma função sintática exercida por uma classe de palavra.
A superordenação é a passagem inversa: um terno de um nível inferior funcionando como estrutura superior, por isso o termo hipertaxe para defini-lo também pode ser usado. Pode-se exemplificar de tal forma: um sufixo -ção, por exemplo, funcionando em um discurso como uma palavra, como em:
– Escreve-se absolvição ou absolvimento?
– ção.
Fica claro, neste caso, que o sufixo assumiu o valor de palavra, valendo como se fosse uma estrutura de camada superior.
A parataxe, que corresponderia à nossa coordenação, representa a condição de sentenças ou termos que não guardem entre si dependência sintática, isto é, funcionem como estruturas equivalentes, sequenciais, combinando-se de forma a construir relações de dependência comuns a estruturas simples desse mesmo estrato. Veja o exemplo abaixo:
Ricos homens e lindas mulheres visitaram os bastidores da fórmula 1.
Os termos “ricos homens” e “lindas mulheres” funcionam como uma única estrutura combinada, de valor equivalente. Seus termos estão em sequência desempenhando igual função de sujeito. A mesma coisa acontece com orações que guardam sua autonomia sintática, por isso são chamadas coordenadas.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
Caracteriza-se pela dependência sintática entre as orações. Possui sempre uma oração principal trazendo presa a si uma ou mais orações dependentes, que desempenham uma função sintática; desta forma, a oração subordinada encontra-se em uma camada inferior, representando o papel típico de uma classe gramatical, daí apresentar típicos valores de substantivo, adjetivo ou advérbio.
“Não permita deus [que eu morra]
[Sem que eu volte pra lá]”
Gonçalves Dias
POR QUE A ORAÇÃO SUBORDINADA É SUBSTANTIVA?
Orações subordinadas são aquelas que representam uma camada inferior, isto é, exercem uma função sintática típica de palavra em relação à oração principal. A classificação dessas orações segue a análise sintática do período simples, daí, a classe de palavra representada pela oração ganha seu nome. Assim, quando dizemos que uma oração é substantiva é porque ela representa uma função sintática típica de um substantivo. Vejamos os exemplos abaixo:
Ainda espero o teu abraço.
Nesta oração, o termo o teu abraço funciona como o objeto direto do verbo esperar. O núcleo desse objeto é representado pelo substantivo abraço.
Ainda espero que me abraces.
No período composto acima, a oração que me abraces exerce a mesma função do termo o teu abraço da oração anterior. Assim, pode-se dizer que é uma oração que funciona como o objeto direto do verbo esperar. Ora, como o núcleo do objeto direto é um substantivo, não é difícil entender por que a oração classifica-se como substantiva.
O pomposo nome de oração subordinada substantiva objetiva direta explica-se esquematicamente:
oração
é um enunciado que apresenta verbo.
subordinada
funciona como um termo da outra oração.
substantiva
representa uma função de substantivo
objetiva direta
complementa o verbo transitivo direto da oração principal.
As orações substantivas classificam-se, segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira em seis tipos: subjetivas, predicativas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais e apositivas.
APRESENTAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBSTANTIVAS
Uma oração substantiva pode apresentar-se em sua forma desenvolvida, podendo ligar-se à principal por conjunção ou diretamente; ou em sua forma reduzida, quando apresenta um verbo no infinitivo, por muitas vezes precedido por preposição.
As orações desenvolvidas conexas são introduzidas por conjunção integrante (que ou se):
Peço [que me perdoe.]
Perguntei [se havia alguém na casa.]
Algumas outras orações mostram-se justapostas, introduzidas não por conjunção, mas por pronome indefinido, pronome ou advérbio interrogativo ou exclamativo:
[Quem tudo quer] tudo perde.
Não sei [como contarei a história].
Perguntei [por que agia daquela maneira].
Ora, como as orações correspondem a substantivos é possível identificá-las pela sua substituição por um pronome (este ou isto), facilitando sua identificação. Veja como isso é possível, a partir dos exemplos já dados:
Peço[ isto.]
Perguntei [isto.]
[este] tudo perde.
Não sei [isto].
Perguntei [isto].
CLASSIFICANDO AS ORAÇÕES SUBORDINADAS
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS SUBJETIVAS
São aquelas que funcionam como o sujeito do verbo da oração principal que, obrigatoriamente, estará na terceira pessoa do singular.
Parecia [que a lua também se apaixonara por você.]
or. sub. subst. subjetiva
É importante ressaltar que algumas construções verbais tem normalmente como sujeito uma oração subordinada. Assim, ao observar a oração principal veja se ela se inclui em um dos casos abaixo:
A) verbo na voz passiva (sintética ou analítica): sabe-se..., comenta-se... dir-se-ia..., foi dito..., foi informado...
Sabe-se [que ele esconde seu dinheiro no colchão.]
Foi falado [que ele escondia seu dinheiro no colchão.]
B) construção de verbo de ligação seguido de substantivo/adjetivo: é preciso..., é importante..., é necessário..., está comprovado..., parece certo..., fica evidente...
É claro [que conseguiremos.]
Está certo [que vamos à praia amanhã?]
C) verbos do tipo acontecer, constar, convir, cumprir, importar, ocorrer, suceder, parecer, urgir etc.
Convém [que voltemos para casa.]
Acontece [que ninguém está a salvo dos perigos da noite.]
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS PREDICATIVAS
Equivalem ao predicativo do sujeito da oração principal. Desta maneira, temos como obrigatória a presença de um verbo de ligação na oração principal (verbo ser, na maioria dos casos).
A conclusão é que ficamos para trás.
A sorte é que eu estava preparado.
CUIDADO
As orações subjetivas e predicativas podem gerar confusão entre si. Tal problema é desfeito quando prestamos atenção à posição dos termos na oração:
É verdade [que o assunto é difícil.]
or. sub. subst. subjetiva
A verdade [é que o assunto é difícil.]
or. sub. subst. predicative
Esquematizando a diferença, temos:
verbo de ligação + substantivo = oração subjetiva
substantivo + verbo de ligação = oração predicativa
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS OBJETIVAS DIRETAS
Complementam o sentido do verbo transitivo direto da oração principal.
Não me perguntem [se estou triste].
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS OBJETIVAS INDIRETAS
Complementam o sentido do verbo transitivo indireto da oração principal. Coloquialmente, a preposição que normalmente introduz o objeto indireto pode ser omitida. A literatura já registra esse uso:
Nepomuceno lembrou-se [de que a menina não gostava dele].
Lembre-se [que a vida é curta].
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS COMPLETIVAS NOMINAIS
Funcionam como o complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal. Assim como as objetivas indiretas, podem também ter omitida a preposição por que normalmente são introduzidas, em registro informal ou literário.
Tinha certeza [de que voltarias].
Tenho a sensação [que tudo acabou].
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS APOSITIVAS
Funcionam como o aposto de um termo da oração principal. Vem, normalmente, introduzida por pausa, em geral, representada por dois pontos, e às vezes, podem vir entre vírgulas ou travessões. Pode ser justaposta, isto é, ter omitida sua conjunção integrante.
Todos já sabiam a verdade: [que ele era o pai do menino].
Uma coisa me intrigava: [ele havia mentido].
As orações apositivas não permitem sua substituição pelos pronomes isto, este ou aquele. Assim, a facilidade metodológica de identificação das substantivas falha no caso desse tipo de oração.
OBSERVAÇÕES À NGB
Algumas das funções do substantivo podem ser representadas por orações, mas não ter sua classificação reconhecida pela Nomenclatura. É o caso do agente da passiva, uma função típica de substantivo que pode ser representada por oração subordinada:
A crítica foi escrita [por quem entende de samba].
É evidente que a oração exerce o papel de agente da passiva, apesar de não reconhecida tal classificação. Alguns gramáticos propõem para esses casos o desmembramento do pronome “quem”, transformando a oração substantiva em adjetiva. Propor tal classificação para a oração soa forçado, como vemos abaixo:
A crítica foi escrita por aqueles [que entendem de samba].
A transformação da oração substantiva em adjetiva parece ineficaz, já que, além de artificial, não representa de maneira fiel o sentido pleno do período anterior (“quem” fornece uma ideia indefinida que não permite a substituição por aquele/aqueles sem perda do sentido original).
A ideia consiste no fato de que um adjetivo pode reduzir o sentido amplo de um substantivo (“um homem alto”, o adjetivo retira do conjunto de seres indicados por “homem” qualquer exemplar que não seja alto); ou pode atribuir uma impressão (“uma paisagem bonita”, o adjetivo, em lugar de restringir, agrega uma impressão do enunciador).
Os adjetivos quando funcionam para restringir apresentam caráter mais objetivo e tornam-se necessários à compreensão da frase. Quando indicam uma impressão denotam maior subjetividade e são dispensáveis à compreensão da informação básica enunciada, mas podem indicar posicionamento ideológico ou argumentativo, o que os torna importantes na construção. Vejamos um exemplo:
As belas e grandes florestas brasileiras são alvo de interesses econômicos perversos.
No exemplo, “belas e grandes” têm função meramente impressiva, não contribuindo de forma efetiva para a compreensão da mensagem. “brasileiras” e “econômicos” são adjetivos distintivos e que tornam precisos e claros os conceitos substantivos aos quais se ligam. Por fim, o adjetivo “perversos” é subjetivo e passa uma impressão do enunciador, entretanto, introduz um juízo de valor importante para a construção argumentativa de sua posição.
Assim, quando tais conceitos são aplicados ao período composto, as orações subordinadas adjetivas restritivas limitam a significação do nome a que se referem, constituindo-se em uma restrição ao sentido do substantivo. São, portanto, indispensáveis à compreensão do período. Nesse caso, não há pausa em relação ao antecedente, por isso ligam-se diretamente ao antecedente.
Os homens que não praticam exercícios têm menor expectativa de vida.
Perceba que, neste caso, apenas à parcela dos homens que não praticam exercícios pode ser imputada a menor expectativa de vida.
Já as orações subordinadas adjetivas explicativas indicam simples explicação ou acréscimo de informação ao nome a que se referem, exprimindo o sentido geral do termo. Em verdade, valem como um verdadeiro aposto de um nome da oração principal, sua eliminação não provoca mais do que um prejuízo estilístico ao período, podendo-se compreendê-lo logicamente em sua ausência. Isola-se do termo antecedente por uma pausa, representada na escrita por vírgulas, travessões ou parênteses.
O Sol, que é uma estrela, é o centro do nosso sistema planetário.
Perceba que há somente adição de explicação ao termo sol, dispensável ao entendimento básico da frase. O emprego de vírgulas nas orações adjetivas pode gerar frases de sentidos completamente distintos.
Os balões que decolavam eram aplaudidos pela multidão.
Os balões, que decolavam, eram aplaudidos pela multidão.
Apesar de apresentar estrutura idêntica, seus significados são bastante distintos, já que no período primeiro, entende-se que nem todos os balões decolavam, apenas uma parte deles é que alçava voo. Mais até: apenas aqueles que ganhavam os céus eram aplaudidos. Daí a lógica classificação da oração como adjetiva restritiva.
No segundo período, há nítido entendimento de que todos os balões decolavam e, por isso mesmo, todos, sem exceção, eram aplaudidos pela multidão. Fica claro o porquê de a oração classificar-se como adjetiva explicativa.
Oração adverbial é aquela que indica uma circunstância à oração principal, possuindo valor de advérbio, exercendo a função de adjunto adverbial. São de nove tipos e, quando desenvolvidas, podem ser identificadas pela conjunção que as introduz.
Muitas das vezes, tais conjunções são, de fato, locuções conjuntivas, isto é, grupos de palavras formados por preposição – assinalando a noção circunstancial que indica a circunstância propriamente dita – e a conjunção que, marcando o papel sintático da subordinação à principal.
Alguns advérbios ou unidades de valor adverbial funcionam para introduzir tais orações, já sendo incorporados, nas classificações mais comuns como verdadeiras conjunções.
TIPOS DE ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL
Seguindo a classificação tradicional das conjunções subordinativas, que reserva a classificação de integrantes às orações substantivas, todas as nove restantes dão origem a orações subordinadas adverbiais, que levam o mesmo nome das conjunções que lhe emprestam as relações de circunstância.
Causal
Indica o fato determinante (causa) da realização (ou não) daquilo que se declara na oração principal. As principais conjunções que a introduzem são como, já que, visto que, uma vez que, porque, porquanto, na medida em que.
Como era feriado, pude levantar-me mais tarde.
Teve a solicitação negada, já que não havia anexado a documentação completa.
Consecutiva
Exprime o resultado da declaração feita na oração principal. Suas típicas conjunções são que (precedida de tal, tão, tanto ou tamanho), de forma que, de modo que, de sorte que, de maneira que.
Riu tanto que passou mal.
Era tão assustadoramente feio que fazia a criança chorar.
Condicional
Apresenta circunstância da qual depende a realização do fato contido na oração principal. É introduzida normalmente por se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a não ser que, a menos que, sem que, uma vez que (com o verbo no subjuntivo).
Se houver problemas, ligue para mim.
Vou à festa, caso não chova.
Comparativa
Estabelece uma comparação em relação à oração principal. É comum neste tipo de construção a omissão do verbo na segunda oração. As principais conjunções são mais... (do) que, menos... (do) que, como, tão... quanto/como, tanto... quanto/como, tal qual, bem como
Elas falam como papagaio. (fala)
Ele come mais do que um elefante! (come)
Concessiva
Expressa um fato – real ou suposto – que poderia opor-se à realização do fato da principal, sem, contudo frustrá-lo. É um tipo de oposição fraca, diferenciando-se das coordenadas adversativas, que expressam forte contrariedade. As conjunções mais comuns que introduzem ideias concessivas são embora, mesmo que, ainda que, conquanto, posto que, nem que, se bem que, apesar de que.
Ainda que todos me peçam, eu não vou.
Quero pular de asa delta, embora eu tenha medo de altura.
O mestre Said Ali destaca outro papel das concessivas, quando se referem a uma qualidade ou modalidade, tomadas em grau intensivo e sem limites. Nesses casos, são as expressões por mais que, por menos que, por muito que, por pouco que, por melhor que, por pior que, que introduzem a oração.
Por mais que eu estude, não consigo entender a matéria.
Conformativa
Traduz conformidade de um pensamento com aquele contido na oração principal, o acordo entre um fato e outro. Classicamente introduzida por conforme, segundo, consoante, como.
Como dizia papai, não há mais honestidade nos dias de hoje.
Fizemos todo o trabalho conforme nos orientou o professor.
Temporal
Traz à cena um acontecimento ocorrido num tempo relativo à oração principal, equivalem-se perfeitamente às noções circunstanciais do adjunto adverbial temporal: anterioridade, posteridade, simultaneidade, repetição periódica e término. As principais conjunções que lhe introduzem são quando, enquanto, desde que, logo que, assim que, antes que, depois que, sempre que, até que, mal.
Desde que chegou, não parou de conversar.
Não vou descansar enquanto não se fizer justiça!
Proporcional
Denota o aumento ou diminuição que se faz paralelamente no mesmo sentido ou em contrário a outra dessas relações proporcionais. Normalmente vem introduzida por à medida que, à proporção que, ao passo que, enquanto.
À medida que o céu escurecia, mais pessoas pegavam seus guarda-chuvas.
Há ainda aquelas que se apresentam de forma correlata, usando as expressões quanto mais, quanto menos, quanto maior, quanto menor, quanto melhor, quanto pior.
Quanto maior o homem maior o tombo.
Final
Representa a finalidade do fato expresso na oração principal, a meta a ser alcançada ou o objetivo da ação da outra oração. Sua introdução mais típica ocorre com para que, a fim de que, que, porque (= para que).
Minha mãe fez um sinal para que meu pai parasse com aquela discussão.
Espremia a fruta até o final a fim de que não restasse a menor gota de suco.
O QUE SÃO ORAÇÕES REDUZIDAS
Algumas orações subordinadas aparecem de forma diferente daquela que lhe é mais característica, apresentando o verbo (principal ou auxiliar) nas formas infinitas: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Não se deve confundir forma infinita, nome dado às formas nominais do verbo como infinitivo, uma dessas formas nominais. Tais formas chamam-se nominais, pois assumem valores e funções típicos de nome; o infinitivo, normalmente, como substantivo; o gerúndio, como advérbio; e o particípio, como adjetivo.
As orações reduzidas caracterizam-se principalmente por apresentar o verbo em suas formas nominais, mas também apresentam outra característica marcante: a ausência do conectivo oracional. Desta forma, podem-se reconhecer as orações por estes dois traços:
1) Verbo principal ou auxiliar nas formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio
2) Ausência de conectivo: conjunção subordinativa, locução conjuntiva ou pronome relativo
3) Presença de preposição ou locução prepositiva, em alguns casos
4) Em alguns casos, podem admitir mais de uma interpretação
As orações reduzidas classificam-se normalmente como subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais, somente se acrescenta a denominação reduzida e a forma nominal do verbo. Alguns gramáticos recomendam “desenvolver” a oração para lhe evidenciar a função, contudo, tal método só deve ser utilizado como forma de confrontar e comparar classificações, de modo a esclarecer alguma eventual dúvida.
É preciso
estudar essa lição
ORAÇÃO PRINCIPAL
OR. SUB. SUBST. SUBJETIVA REDUZIDA DE INFINITIVO
(“equivalente” a que estude essa lição)
Ouviu-se uma voz
gritando desesperadamente
ORAÇÃO PRINCIPAL
OR. SUB. ADJ. RESTRITIVA REDUZIDA DE GERÚNDIO
(“equivalente” a que gritava desesperadamente.)
Terminada a prova,
todos foram embora.
OR. SUB. ADV. TEMPORAL REDUZIDA DE PARTICÍPIO
ORAÇÃO PRINCIPAL
(“equivalente” a quando terminaram a prova)
PARTICULARIDADES DAS REDUZIDAS
A) infinitivo x futuro do subjuntivo
Muitas vezes o futuro do subjuntivo apresenta forma homônima ao infinitivo. O futuro do subjuntivo indica uma ação tomada como possível ou de desejada ocorrência em um tempo posterior ao atual, ao passo que o infinitivo não denota relação temporal. O futuro do subjuntivo aparece em orações desenvolvidas, jamais nas reduzidas. O infinitivo aparece antes de uma preposição e o futuro do subjuntivo antes de uma conjunção ou do pronome quem.
Se você prestar atenção, compreenderá a matéria.
(futuro do subjuntivo – a oração é adverbial condicional desenvolvida)
Sem prestar atenção, será difícil compreender a matéria.
(infinitivo – a oração é adverbial condicional reduzida)
B) locuções verbais
Quando há uma locução verbal é o verbo auxiliar que indica
a classificação da oração reduzida.
Tendo de partir logo cedo, acorde-me.
(reduzida de gerúndio)
C) orações desenvolvidas sem conectivo x orações reduzida
Por vezes uma oração subordinada pode não apresentar o conectivo, seja porque existe elipse do termo, seja por assindetismo.
Espero sejas feliz.
(elipse da conjunção subordinativa que)
Quem espera sempre alcança.
(desenvolvida assindética)
D) Orações adjetivas reduzidas de particípio
Alguns autores não admitem a existência desse tipo de oração, avaliando-se o particípio, por seu natural valor adjetivo como simples adjunto adnominal. Reforça-se tal ideia pela inexistência de um sujeito próprio para a forma, o que indicaria que, nesses casos, não funcionaria como verbo, mas com seu valor nominal adjetivo.
Ele tentou fechar uma janela balançada pela ventania.
(adjunto adnominal)
Contudo, os defensores da classificação de tais construções como orações reduzidas, percebem a possibilidade de desdobramento em oração desenvolvida, em construção formada por pronome relativo.
Ele tentou fechar uma janela que era balançada pela ventania
(oração adjetiva restritiva)
Como a classificação como oração depende de um desdobramento e tal método deve ser usado como auxiliar na erradicação de dúvidas, não traz vantagem significativa essa classificação, optando-se por considerar tais formas como adjuntos, visto que, ainda que haja certo valor temporal na forma, persiste sempre a ausência de sujeito.
As orações subordinadas substantivas só podem ser reduzidas de infinitivo.
As orações subordinadas adjetivas podem ser reduzidas de infinitivo e gerúndio.
As orações subordinadas adverbiais podem ser reduzidas de infinitivo, gerúndio e particípio.
As orações adverbiais consecutivas e finais só podem ser reduzidas de infinitivo.
As orações adverbiais comparativas, conformativas e proporcionais são sempre desenvolvidas.
ORAÇÕES COORDENADAS
A coordenação se estabelece entre duas orações por meio de conjunção (síndeto) coordenativa ou pela simples justaposição das orações. Assim, a presença ou não deste síndeto divide essas orações em dois grupos: assindéticas e sindéticas.
A) Orações coordenadas assindéticas
Não são introduzidas por nenhum tipo de conjunção. Estão apenas justapostas, separadas por vírgula.
As pessoas aparecem na sua vida, trazem sorrisos, dão adeus, levam nossa alegria.
(orações coordenadas assindéticas)
B) Orações coordenadas sindéticas
São introduzidas por conjunção coordenativa. A oração sindética leva o nome da conjunção que a introduz: aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva e explicativa.
Aditivas:
Indicam um acréscimo à informação da outra oração à qual se conecta. São introduzidas normalmente por e, nem, mas também, mas ainda, como também (depois de não só).
Fomos à festa e dançamos o tempo todo!
Adversativas:
Introduzem uma oposição forte ao que foi enunciado na outra oração. Caracteriza-se principalmente pelas conjunções mas, porém, contudo, entretanto, todavia, no entanto, não obstante, senão (= mas sim).
O preço era alto, mas pagamos mesmo assim.
Alternativas:
Esse tipo de oração pode tanto estabelecer uma relação entre ações que não ocorrem simultaneamente, mas de forma alternada; quanto indicar opções ou alternativas por meio de suas orações. Suas conjunções características são ou (repetida ou não), ora, já, quer, seja, talvez (repetidas).
Ora as crianças brincavam em conjunto, ora brincavam sozinhas.
(relação de alternância entre ações)
Você pode cortar o cabelo ou pintá-lo.
(relação de estabelecimento de opções)
Apenas a conjunção ou pode ser usada isoladamente. As demais são usadas aos pares, fazendo com que as duas orações sejam sindéticas.
Conclusivas:
Introduzem o resultado de um raciocínio exposto na outra oração. A conclusão é normalmente apresentada por logo, portanto, então, por isso, por conseguinte, destarte, dessarte, pois (após o verbo).
Não havia copos para todos, por isso dividimos os disponíveis.
Explicativas:
São as orações que apresentam a explicação sobre algo enunciado na outra oração. É comum que as explicativas venham na sequência de sentenças imperativas. As conjunções que lhe dão forma são que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Saia daqui, que não gosto destas brincadeiras!
(oração coordenada sindética explicativas)
PARTICULARIDADES
CAUSA X EXPLICAÇÃO
As orações coordenadas explicativas apresentam conjunção que podem ser confundidas com as subordinadas adverbiais causais, por isso há grande controvérsia sobre a distinção de tais orações. Contudo, há alguns artifícios que podem ser aplicados para auxiliar nessa classificação
A) A oração explicativa admite pausa forte, podendo mesmo ser indicado por ponto e vírgula ou dois-pontos, o que não ocorre nas causais.
B) O conectivo explicativo pode ser omitido sem prejuízo do entendimento da frase, o que normalmente não acontece nas causais.
C) A oração explicativa normalmente tem como antecedente uma oração que apresenta suposição, sugestão ou ordem, enquanto a oração causal tem como antecedente uma oração que expressa um fato.
D) Na maior parte das ocasiões em que temos uma oração causal, pode-se anteceder a oração com o conectivo substituído por como.
E) Denota-se a circunstância de causa ao se trocar o conectivo da oração pela preposição por seguida da mudança do verbo para seu infinitivo, de maneira a criar uma oração reduzida. Não havendo modificação do sentido, tem-se oração causal.
É importante ressaltar que a causa sempre antecede o fato da outra oração e que deve ser gerador da sua existência, assim, toda oração principal deve equivaler semanticamente à consequência da oração subordinada.
A menina não foi à escola porque estava doente.
Neste exemplo, a oração sublinhada, aplicados os critérios expostos, é subordinada causal: não admite uma pausa forte, seu conectivo não pode ser omitido, o verbo da outra oração está no indicativo, pode-se fazer a inversão (Como estava doente, a menina não foi à escola), e, por fim, pode-se criar a oração reduzida sem mudança no sentido da frase (A menina não foi à escola por estar doente).
Não chore, porque eu estou aqui
Já neste exemplo, a oração é coordenada explicativa quando se lhe aplicam os critérios: há uma pausa forte que a introduz, pode-se omitir seu conectivo (Não chore, eu estou aqui), o verbo da outra oração está no imperativo, é impossível a inversão sem a perda do sentido original (*Como eu estou aqui, não chore.), e a criação de uma oração reduzida mudaria completamente o sentido da frase (Não chore por eu estar aqui).
POIS EXPLICATIVO X POIS CONCLUSIVO
A conjunção pois aparece como um marcador tanto de conclusão quanto de explicação. Para identificar seu valor semântico, deve-se observar a posição do conectivo em relação à oração da qual faz parte. Caso a conjunção anteceda o verbo de sua oração, será explicativo; caso o suceda, será conclusivo.
Aquele rapaz está com muito dinheiro, pois comprou um carro novo fantástico.
(a conjunção antecede o verbo)
Aquele rapaz comprou um carro novo fantástico; está, pois, com muito dinheiro.
(a conjunção vem depois do verbo)
VALOR SEMÂNTICO
Em alguns casos, a utilização de uma conjunção é feita com sentido distinto do original. Nesses casos, a conjunção assume outro valor semântico:
O atleta esforçou-se bastante e não conseguiu a medalha.
A conjunção “e”, apesar de aditiva, tem valor semântico adversativo, isto é, introduz termo contrário ao exposto na outra oração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário