segunda-feira, 20 de setembro de 2021

ProEnem - regência nominal e crase

 A regência nominal trata das relações entre os substantivos, adjetivos e advérbios ou a construções de expressões em relação à necessidade do uso de preposições e qual preposição estaria adequada ao contexto. Dessa forma, a regência nominal não apresenta grandes “regras” a seguidas, senão o conhecimento do termo e sua construção aceitável.


Segue, portanto, uma tabela com algumas dos termos que mais causam dúvidas aos candidatos e suas possibilidades de uso combinado às preposições.


 

acessível a

 

aficionado por


agradável a


ansioso de, para, com

 

apaixonado por


apto a, para


bacharel em


benéfico a


capaz de, para



certo de


comum a, de


contemporâneo a, de


contrário a


cuidadoso com


curioso de


desatento a

 

deputado por

 

devoto a, de


devoção a, com, por


diferente de


difícil de


equivalente a


essencial para


estranho a


fácil de


fiel a


firme em


generoso com


grato a


hábil em


horror a


impossível de


impróprio para


indeciso em


inerente a


lento em


medo de


morador de, em

 

natural de


necessário a


negligente em


nocivo a


paralelo a


passível de


perito em


possível de


possuído de


posterior a


preferível a


prejudicial a


próximo a, de


respeito a, de, com, por


relacionado com


relativo a


responsável por


rico de, em


sensível a


semelhante a


seguro de, em


situado em


senador por


suspeito de


útil a, para


versado em


Os advérbios terminados em mente exigem a mesma preposição dos adjetivos de que derivam: diferente de - diferentemente de / relativo a - relativamente a


 

CRASE

Crase é um fenômeno fonético que consiste na fusão de duas vogais idênticas. Isso é muito comum de ocorrer na língua portuguesa com várias vogais diferentes, mas sem problemas para a compreensão dos enunciados, sendo, inclusive, um importante recurso de composição para poetas e artistas em geral.


Entretanto, há um caso singular em que a crase pode afetar o entendimento do enunciado ou constituir-se em uma necessidade sintática. Isso acontece quando a vogal a preposição “a” funde-se ao artigo feminino “a”, ao pronome demonstrativo “a” ou às formas pronominais “aquele”, “aquela”, “aqueles”, “aquelas” e “aquilo”.


Nestes casos, coloca-se o acento grave para indicar que aquela vogal “a”, na verdade, são duas: uma preposição e um artigo ou pronome. Portanto, para haver crase é obrigatória a existência de uma preposição “a”.


A) Crase com artigo definido


Verificada a existência da preposição “a”, deve-se confirmar, então, a existência do artigo feminino diante da outra palavra. Isso pode ser feito formando-se uma nova frase, na qual a palavra passe a figurar como sujeito:


O operário chegou


a


a


empresa.


Quem chega, chega a


A empresa é grande.


Assim, temos


O operário chegou à empresa.


Substituindo por um termo masculino, teremos: O operário chegou ao escritório.


Vejamos outro exemplo, com a mesma aplicação:


O fumo faz mal


a


a


saúde.


O que faz mal, faz mal a


A saúde é importante.


Portanto:


O fumo faz mal à saúde.


Seguindo o mesmo artifício, teremos: O fumo faz mal ao organismo.


Nos casos em que não há crase evidencia-se que não há preposição ou o substantivo não aceita o artigo definido feminino, como a seguir:


Visitamos


 


a


fazenda da família.


Quem visita, visita algo


A fazenda da família é bonita.


Neste caso não há crase pela ausência da preposição:


Visitamos a fazenda da família.


Substituindo por um termo masculino, teremos: Visitamos o sítio da família.


A modelo foi


a


 


Paris.


Quem vai, vai a


Paris é uma bela cidade.


Apesar de haver a preposição, o nome “Paris” não aceita artigo, portanto, não há crase:


A modelo foi a Paris.


Contudo, uma palavra que não aceite artigo pode aceitá-la caso esteja determinada, isto é, que haja uma qualificação para o termo:


A modelo foi


a


a


Paris dos namorados.


Quem vai, vai a


A Paris  dos namorados é uma bela cidade.


Neste caso, então, teríamos crase:


A modelo foi à Paris dos namorados.


A regra funciona também para apontar casos em que o uso do acento grave é facultativo, observe:


Dei o livro


a


(a)


minha irmã.


Quem dá, dá a alguém


Minha irmã é bonita.


A minha irmã é bonita.


Dessa forma, pode-se tanto grafar com o acento grave como omiti-lo, já que o pronome possessivo pode ou não vir precedido de artigo:


Dei o livro a minha irmã.


Dei o livro à minha irmã.


B) Crase com pronome demonstrativo


Verificada a preposição “a”, confirma-se a existência do pronome “a”. Isto se faz de maneira simples, substituindo o possível pronome por outro demonstrativo como esta, essa ou aquela.


Esta estrada é paralela


a


a


que corta a cidade.


O que é paralelo é paralelo a


a esta/essa/aquela que corta a cidade


Assim, percebe-se a existência da crase:


Esta estrada é paralela à que corta a cidade.


Dica: Este túnel é paralelo ao que corta a cidade.


Com os pronomes demonstrativos “aquele”, “aquela”, “aqueles”, “aquelas” ou “aquilo”, basta verificar a existência da preposição, já que a fusão se dá com a vogal “a” que iniciam os pronomes.


O professor fez referência


a


 


aquele pesquisador.


Quem faz referência, faz referência a


 

A preposição “a” funde-se ao “a” presente no pronome “aquele”:


O professor fez referência àquele pesquisador.


Dica: O professor fez referência a esse pesquisador.


C) Crase nas locuções


Nas locuções adverbiais femininas que indiquem circunstâncias, o acento grave é obrigatório:


Entrou na casa à força.


Saiu às escondidas para a festa.


Às vezes não cumpria suas obrigações.


Chegou do trabalho à noite.


Deveria virar à esquerda, mas entrou à direita.


Estávamos todos sentados à mesa.


Comprou a TV à vista.


Trabalhou à beça.


Nos adjuntos adverbiais de instrumento, o acento grave é facultativo e deve-se empregá-lo para evitar ambiguidades:


Escrever à máquina.


Ele foi ferido à bala.


OBSERVAÇÕES

São inúmeros os autores que defendem a inexistência do acento grave nestes casos. Não deixe de consultar a bibliografia de seu concurso neste caso.


Nas locuções prepositivas e conjuntivas formadas por palavras femininas, o acento grave é obrigatório:


Ele saiu à procura de alimento.


À medida que os meses passam, agrava-se a crise europeia.


D) Crase com expressão elíptica


Quando houver expressão feminina subentendida, mesmo diante de vocábulos masculinos. Normalmente, são as expressões “à moda de” ou “à maneira de”, mas pode ocorrer com outras:


Ela usava sapatos à Luís XV.


O atleta fez um gol à Pelé.

 

Pedi um arroz à grega.


OBSERVAÇÃO

Algumas expressões análogas dão a falsa ideia da expressão subentendida e, por isso não levam acento grave:


Bife a cavalo. (Não é um bife “à maneira de cavalo”)


Frango a passarinho. (Não é um frango “à moda passarinho”)


E) Crase na indicação de horas


Usa-se o acento grave nas indicações exatas de horário:


Ele chegou às duas horas.


Ele chegou à uma hora (= às treze horas)


Você pode ir a uma hora qualquer.


F) Crase com a preposição até


A preposição “até” admite seu uso simultâneo com a preposição “a”. Portanto é facultativo o uso do acento grave diante dos nomes que aceitam artigo feminino:


Ela saiu do quarto e foi até à sala.


Ela saiu do quarto e foi até a sala.


G) Crase em expressões paralelísticas


Expressões paralelísticas são aquelas que mantêm a mesma construção. Assim, deve-se observar a existência de artigo feminino em um expressão para perceber a existência do artigo na outra expressão:


O programa será exibido da segunda à sexta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Anvisa discute regulamentação de cigarro eletrônico, nesta sexta-feira

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária vai se reunir nesta sexta-feira (1º), para avaliar se coloca em consulta p...