segunda-feira, 20 de setembro de 2021

ProEnem - pontuação: aspectos semânticos

 No caso dos outros sinais de pontuação, há maior flexibilidade quanto a seu uso, exatamente por buscar a imitação entonativa da frase ou mesmo gerar fatores estilísticos na sentença. Ao fim e ao cabo, saber pontuar um texto é ter a visão clara da estrutura frasal, é perceber que o pensamento lógico está ali desenvolvido de forma coerente e a comunicação está sendo estabelecida.


DOIS PONTOS

Empregam-se os dois pontos:


A) No início de discurso direto ou citação:


Virando-se rapidamente, ela disse: “Vamos embora!”


René Descartes formulou seu raciocínio: “Penso, logo existo”.


B) No início de uma enumeração, esclarecimento ou explicação:


Trouxemos várias coisas: tesoura, lanterna, cobertores e talheres.


C) Na substituição de um conectivo, fornecendo ideia de conclusão, causa, consequência, entre outras:


Não tinha mais a bússola, muito menos a mochila e já anoitecia: estava perdido.


D) Na introdução de orações apositivas ou apostos:


O professor falou apenas uma coisa: que ninguém sabia responder.


E) Com valor argumentativo


Os dois-pontos podem apresentar valor argumentativo, fazendo o papel de um conectivo que não aparece no texto.


Não tinha dinheiro para o ingresso: não fui ao espetáculo.


Note que a pontuação poderia ser substituída por uma conjunção (logo, por isso, portanto), o que dá a ela um fator de coesão, introduzindo o sentido conclusivo da segunda oração. Tal recurso cria um efeito de intensificação da oração conclusiva e funciona como uma estratégia estilística para compor um argumento.


Os dois-pontos também costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações.


PONTO DE INTERROGAÇÃO

Usado nas frases interrogativas, enunciadas em discurso direto ou indireto livre.


Ele perguntou: “O que aconteceu?”


Voltou a cabeça para trás. Pensou na decisão que havia tomado. Estaria errado? O passado agora era um fantasma que lhe batia à porta.


Em frases interrogativas indiretas, não se usa ponto de interrogação.


PONTO DE EXCLAMAÇÃO

Usado para expressar emoções ou chamamentos. É usado nas interjeições, frases exclamativas, imperativas e optativas, e nos vocativos.


Ah! Como é belo o mar!


Saia daqui, agora!


TRAVESSÃO

Dentre as possibilidades de uso, destacam-se:


A) Indicar a fala da personagem em um discurso direto:


João perguntou:


– O almoço está pronto, mãe?


– Calma, estamos quase lá. – Respondeu ela.


B) Isolar termo, com uso próximo ao da vírgula ou dos parênteses.


Em períodos onde já haja separação por vírgulas, pode-se usar o travessão para evitar a ambiguidade. Seu uso diferencia-se do uso dos parênteses no quesito ênfase: o uso de travessão dá ênfase ao que é colocado entre eles, ao passo que os parênteses conferem grau mais acessório à informação.


Comprei várias frutas: maçã, uva, morango – minha favorita –, pera e pêssego.


C) Demarcar aposto ou comentário.


O Rio de Janeiro – uma cidade fantástica – tem vários problemas urbanos.


Os árbitros de futebol – não queria estar na pele deles! – devem ser corajosos na tomada de decisões.


PARÊNTESES

Usam-se parênteses:


A) Para indicar informação acessória:


A ONU (Organização das Nações Unidas) reúne a maior parte dos países do mundo.


B) Nas citações, indicar a fonte:


“Antes cair das nuvens que de um terceiro andar de um prédio”


(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)


C) Demarcar comentário textual, em função análoga à do travessão. Contudo, seu uso denotará inferioridade à ideia exposta:


Estava tudo errado (pelo menos, ele pensava assim), pois havia gente demais ali.

 

Também são usados em referências bibliográficas, para delimitar o ano de nascimento e morte de uma pessoa, indicar possibilidades alternativas de leitura e rubricas nos textos teatrais.


RETICÊNCIAS

Pode indicar:


A) a suspensão do discurso de maneira intencional, levando o leitor a completar o raciocínio ou imaginar-lhe a continuação.


Nos mais diversos países os corruptos são punidos. Mas, no Brasil…


B) indicar hesitação, nervosismo ou dificuldade na articulação das ideias de uma personagem:


– É… bom… não é isso que você está pensando… eu… eu… desculpa!


C) indicar continuidade de uma sequência enumerativa:


Nos finais de semana, ia à fazenda do avô e fazia um sem-número de atividades: brincava, passeava a cavalo, ordenhava as vacas…

 

Também são usadas quando algumas partes do texto foram retiradas.


ASPAS

As aspas são usadas:


A) para marcar o início e o final de uma citação ou fala:


Um velho amigo me dizia: “prudência e canja de galinha nunca fizeram mal à ninguém…”


OBSERVAÇÃO

Se o sinal de pontuação ao final de uma citação pertencer à citação, deve ficar dentro das aspas. Caso contrário, deve-se fechá-las e depois pontuar.


B) para destacar um termo que não pertença ao registro do texto, como gírias, palavras estrangeiras, arcaísmos, neologismos, expressões populares etc.:


Um dos grandes problemas da economia brasileira é a alta taxa de “spread” praticada no mercado.


OBSERVAÇÃO

Atualmente é comum que essa identificação seja feita pelo uso de recursos de fontes como itálico (mais comum), negrito ou sublinhado.


C) para conferir outro sentido à expressão, marcando ironias, sarcasmos ou intenções subentendidas:


Com essas atitudes é bem fácil ser “amado” pelos amigos.


D) para indicar o título de uma obra:


O filme “O Pagador de Promessas” foi a produção brasileira mais premiada nos festivais internacionais.

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