Veja esta tira, de Luis Fernando Verissimo:
(VERISSIMO, Luis Fernando. As Cobras. Porto Alegre: L&PM, 1997)
Nesta tira, Verissimo utiliza o conceito da palavra “semântica” para criar humor. As palavras possuem certos sentidos que podem variar, dependendo do contexto em que são empregadas.
Comumente, a Semântica é definida como o estudo do significado das palavras, expressões e enunciados que formam os textos. No entanto, como se sabe, esse vocábulo abarca várias acepções. Ogden e Richards (1972), em “O significado de significado”, apontam para a ideia de que “o significado de qualquer frase é aquilo que o elocutor pretende que seja entendido, através dela, pelo ouvinte.” Tal definição deixa implícito um conceito acerca do processo linguístico: o sentido do texto está intrinsecamente ligado ao uso da língua em uma situação de comunicação.
De fato, se a língua é um sistema que está em constante processo de construção, sendo constituída por diversas vozes, nas variadas práticas discursivas, é legítimo pensar que o mundo e o homem, que compõem esse processo de referências da língua, também se constroem, também se mantêm em processo a cada enunciação. Sendo assim, analisar a língua sob o viés do discurso é trazer para a discussão linguística a interação do homem e seu mundo, atores que são, afinal, desse processo linguístico.
Assim, aspectos semânticos envolvidos na construção do sentido como a polissemia, a denontação, a conotação, a homonímia, a sinonímia, a antonímia, a paronímia, e ainda os campos semânticos devem ser analisados sob o olhar discursivo, não podendo ser analisados sem se levar em conta, entre outros fatores, as condições de produção do texto que abarca tais aspectos.
A semântica pode ser descritiva (estuda a significação atual das palavras) ou histórica (ocupa-se com a evolução do sentido das palavras, através do tempo).
A POLISSEMIA
Polissemia, como mostram os próprios componentes da palavra (poli + sema + ia), é a capacidade que o vocábulo apresenta de comportar várias significações. leituras e interpretações. Uma das funções da polissemia na construção linguística é economizar as entradas lexicais numa língua, evitando a exacerbação de termos dentro de um sistema linguístico e valorizando, de certa forma, a captação de sentido através do contexto em que determinado signo está inserido.
A linguagem publicitária emprega com certa regularidade a polissemia como recurso linguístico, interagindo com o contexto em que o produto está inserido. Neste anúncio, retirado do site do Clube de Criação de São Paulo, o termo “pulso”, como toda lógica discursiva, aponta para uma sequência que caminha em direção a um enfoque biológico:
Pelo direcionamento argumentativo da frase, tem-se a palavra “pulso” entendida como batimento, frequência respiratória. No entanto, quando se percebe que o texto é um anúncio do relógio Rolex, há uma ressignificação do termo “pulso”, que é, de fato, o local apropriado para o uso do relógio. O anúncio, de forma criativa, legitima duas leituras: a biológica e aquela em que o termo “pulso” amplia sua carga de sentido, ganhando expressividade dentro da especificidade do anúncio.
Polissemia e monossemia são conceitos contrários. Na primeira, uma mesma palavra possui vários significados e, consequentemente, várias leituras. Na segunda, uma palavra apresenta um único significado e apenas uma interpretação. Palavras monossêmicas existem em menor número e são muito específicas, referindo-se a aspectos particulares da realidade, como as palavras científicas e técnicas.
CONOTAÇÃO / DENOTAÇÃO
A denotação compreende a união do significante e do significado da palavra. A conotação possui outros significados acrescidos à palavra no plano de sua expressão. Pode-se dizer que, na forma denotativa, “dicionarizada”, há a significação objetiva, literal da palavra. Em contrapartida, a forma conotativa da palavra expressa o sentido subjetivo, figurado, emotivo da palavra. Os textos informativos possuem, predominantemente, a linguagem denotativa, enquanto as propagandas, músicas e poemas caracterizam-se, principalmente, pela linguagem conotativa.
A palavra “burro” é explorada em um significado diverso do uso comum: o dicionário é muito bom ou é bom para pessoas ignorantes. Vale lembrar que há um trocadilho intencional com a expressão “pai dos burros”, como se referem aos dicionários.
DENOTAÇÃO
Significação restrita
Sentido comum do dicionário
Utilização de modo automatizado
Linguagem comum
CONOTAÇÃO
Significação ampla
Sentidos que extrapolam o sentido comum
Utilização do modo criativo
Linguagem rica e expressiva
A AMBIGUIDADE E SUA EXPRESSIVIDADE
As pesquisas sobre linguagem têm considerado a ambiguidade um fenômeno até certo ponto bem delineado: é um fenômeno ligado a traços discursivos do enunciado, ocorrendo sempre que uma mesma frase apresenta vários sentidos, sendo, então, suscetível a diferentes interpretações. As causas da ambiguidade podem ser de ordem fonética, gramatical ou lexical.
A ambiguidade de ordem fonética acontece quando uma unidade sonora é pronunciada sem interrupção, tornando palavras diferentes potencialmente ambíguas. Em português, é o caso de “agosto” – oitavo mês do ano – e “a gosto” – locução adverbial.
A ambiguidade gramatical pode ser originada de forma bipartida: em um primeiro caso, a ambiguidade se dá pelas formas gramaticais, em especial no emprego de prefixos e sufixos que possuem mais de um sentido, como o prefixo in-, que assume o sentido de negação em “inapropriado” e “incapaz”, por exemplo, e o sentido de introdução, de movimento para dentro, como em “influir”, “ingerir”. Em outro caso, a ambiguidade se dá pela combinação de palavras numa frase equívoca. Servem como exemplo frases como (1) e (2):
(1) O pai trouxe este mapa da França para a filha.
(2) Vi uma foto sua no metrô.
A construção (1) torna-se ambígua na medida em que se podem observar duas leituras da frase: o mapa caracteriza o território francês ou o mapa foi trazido de lá. Sintaticamente, não está clara a relação estabelecida pelo termo “da França”, se se liga ao substantivo “mapa” ou à forma verbal “trouxe”. Para a construção (2), poderia haver até mais de duas leituras:
2.1 Eu estava no metrô quando vi uma foto em que você estava.
2.2 Eu estava no metrô quando vi a foto que você tirou.
2.3 Eu vi uma foto em que você estava no metrô.
Este caso, gerado pela combinação equivocada das palavras na estrutura frasal, recebe o nome de ambiguidade sintática.
A ambiguidade de ordem lexical, considerada a mais importante dentre os fatores de ambiguidade presentes na língua, assume duas formas diferentes – a polissemia e a homonímia:
(3) Aquela carteira estava velha.
A palavra “carteira” pode assumir duas leituras: a de um objeto utilizado para guardar documentos e um objeto utilizado para sentar-se, como uma carteira escolar. Há outro tipo de ambiguidade a que alguns autores chamam de ambiguidade discursiva. O duplo sentido, aqui, não reside na estrutura léxica, nem na construção frasal, mas no sentido implícito do enunciado:
(4) Tenho 35 anos.
Tal enunciado, solto, não permite saber se o sujeito falante se considera velho ou jovem. Fosse o sujeito um esportista, por exemplo, poderíamos considerá-lo velho, pelas exigências da prática de determinado esporte; fosse um professor, entenderíamos como a voz de um jovem com um futuro profissional pela frente.
Apesar de, no ideário linguístico, o discurso ambíguo ser tomado com um fator negativo, a produtividade da ambiguidade, quando intencional, é um importante recurso textual, valendo-se da condição interpretativa do receptor. Um bom exemplo pode ser verificado nesta propaganda eleitoral “disfarçada” do ex-deputado Eduardo Paes, que foi matéria de O Globo, em dezembro de 2001:
Foto tirada de um cartaz na cidade do Rio.
Verifica-se que a proximidade fônica do nome do deputado e da mensagem gera uma ambiguidade intencional, reiterada, inclusive, pela marca da assinatura, que é a mesma em “Paes” e “paz”. Como a propaganda política, fora do período eleitoral, é considerada ilegal, os autores do cartaz souberam explorar as datas festivas do final de ano para mandar o “lembrete” aos eleitores: no discurso subentendido, “nas eleições de 2002, Paes.”
Dessa forma, o duplo sentido é visto como fonte importante de expressividade no contexto linguístico e recurso muito utilizado na linguagem referencial, seja em propagandas, em letras de músicas ou em charges. Esse recurso que a língua oferece dá aos autores a possibilidade da exploração semântica de aspectos verbais e não verbais, atraindo a atenção do leitor–ouvinte.
CAMPO SEMÂNTICO, HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA
Leia este enunciado:
Teve que comprar um computador, um monitor e uma impressora para trabalhar em casa, pois, sem esse equipamento, não conseguiria dar conta do projeto.
Perceba que as palavras computador, monitor e impressora apresentam certa familiaridade de sentido pelo fato de pertencerem ao mesmo campo semântico, ou seja, ao universo da informática. Já a palavra equipamento engloba todas as outras. No caso, dizemos que as primeiras são hipônimos e a última é um hiperônimo.
Hipônimo e Hiperônimo são palavras que pertencem a um mesmo campo semântico, sendo hipônimo uma palavra de sentido mais específico e hiperônimo uma palavra de sentido mais amplo.
O humor da charge seguinte está intimamente ligado à concepção de campos semânticos:
A charge trata da campanha decepcionante do Grêmio no Campeonato Brasileiro de 2004, tendo inclusive sido rebaixado para a segunda divisão. Essa leitura é legitimada pelas palavras que compõem o campo semântico do futebol, como “gol”, “defesa”, “ataque”, e até “Adilson”, técnico do time durante o campeonato. No entanto, o humor reside na escolha de outros vocábulos do universo da informática, como “acesso ilimitado” e “conexão muito lenta”, o que autoriza a esdrúxula solução de se pensar em um técnico de informática para treinar o time e tentar salvá-lo do vexame. As unidades lexicais se avizinham de tal forma que deixam claros os limites dos campos semânticos envolvidos no contexto da charge: o do futebol e o da informática.
SINONÍMIA
Veja estes enunciados:
Comprei um automóvel zero km.
Comprei um carro zero km.
Os compêndios gramaticais assim caracterizam a sinonímia: Quando em contextos diferentes uma palavra pode ser substituída por outra, sem alteração semântica, dizemos que são sinônimas entre si.
Salvo uma linguagem técnica, não se pode, a bem da verdade, afirmar que existam sinônimos perfeitos, pois a substituição de uma palavra por outra não se dará em absolutamente todos os contextos. Vejamos as palavras “matar” e “assassinar”: os verbos “matar” e “assassinar” são comumente vistos como sinônimos, mas não admitem uma substituição integral, na medida em que o primeiro apresenta traços semânticos que legitimam seu uso em contextos em que estão envolvidos seres humanos ou não, enquanto o último apresenta apenas um traço [+humano]. Pode-se matar um homem ou um inseto − metaforicamente até mesmo um sonho − , mas “assassinar” só caberia no primeiro caso.
O que chama a atenção, nesses casos, é a ideia de similaridade que se quer apresentar. Veja um bom exemplo:
O vocábulo “locupletar”, definido como “enriquecer”, “tornar-se rico”, tem um sentido similar a esses termos, mas não idêntico, na medida em que apresenta um tom mais cerimonioso e, para uma compreensão integral, não pode ser analisado fora de um contexto. Na charge, por exemplo, esse tom formal em que se apresenta confere ao texto uma ironia, como se aquele ato cometido por ele – o político – não fosse um ato de enriquecer ilicitamente, dada a pompa com que se apresenta o item lexical.
Da mesma maneira, na sequência pronunciada pela população (“corrupto, ladrão, f.d.p., safado”) as palavras não podem ser consideradas idênticas; se tomadas isoladamente, não têm o mesmo significado de modo algum. Porém, inseridas no contexto político que a charge apresenta, desempenham uma função comunicativa bastante similar.
ANTONÍMIA
Numa definição muito ampla, o processo de antonímia se caracteriza por uma relação de inversão de sentido entre dois termos, como em “grande” / “pequeno” ou em “feio” / “bonito”.
Edward Lopes (2003) resume a abordagem sobre a antonímia, tratando a relação de oposição entre itens lexicais como pares antônimos: “são antonímicos dois termos, a e b, se as frases que obtemos, comutando-os, possuírem, sob algum ponto de vista, sentidos opostos.”
Ilari e Geraldi (1985) não compartilham dessa definição. Para eles, as definições tradicionais que tratam de sentidos “contrários” ou “opostos” implicam, antes, uma dúvida e não esgotam essencialmente a questão da antonímia. É preciso, portanto, investigar o que se entende por oposição de sentido ou sentidos contrários.
Esses autores apontam o exemplo do par “nascer” / “morrer”, que não representam, realmente, ações contrárias, mas dois momentos do processo de viver: o começo e o término da vida. Da mesma maneira, aludem ainda os autores ao par “chegar” / “partir”; os versos de Fernando Brant para melodia de Milton Nascimento em “Encontros e despedidas” ilustram a oposição que capta momentos diferentes de um mesmo processo: “chegar e partir são só dois lados da mesma viagem / o trem que chega é o mesmo trem da partida”.
Em “abrir” / “fechar”, o procedimento é diferente. Não são momentos de um mesmo processo, mas ações distintas pela direção e pelos resultados que acarretam. É caso de “subir” / “descer”, por exemplo.
Há, ainda, segundo Ilari e Geraldi, o caso de “dar” / “receber”, que podem ser analisados como a descrição de uma mesma cena, sob pontos de vista diferentes quanto ao papel dos sujeitos gramaticais: o sujeito de “dar” é a fonte, o sujeito de “receber” é o destinatário, papéis considerados incompatíveis na cena proposta.
Assim, da mesma forma que o contexto é fundamental para estabelecer as relações de sinonímia, igualmente o é para estabelecer as relações de antonímia no âmbito discursivo. O anúncio a seguir, da Casa do Hemofílico do Rio de Janeiro, traz a dimensão do processo antonímico ao nível do discurso:
O anúncio baseia-se num jogo de oposições. A principal delas se dá pela oposição “vê” / “não vê” (sangue). A denotação empregada na primeira construção, “ver sangue”, opõe-se à conotação da outra; “não ver sangue” representa, aqui, não ter sangue disponível para uma transfusão.
A partir daí interagem as oposições secundárias, o interlocutor a quem se dirige a mensagem (“você”) se opõe às milhares de pessoas que precisam “ver” sangue. O traço individual se opõe ao traço coletivo. A gradação entre os verbos “desmaiar” e “morrer” também forma uma relação de oposição, ratificando o traço de banalidade da primeira atitude se confrontada com a outra.
Assim, apropriando-se do caráter polissêmico do signo, seja ele verbal ou não verbal, o jogo discursivo do anúncio, representado pelos vocábulos envolvidos, estabelece uma relação de oposição entre as duas atitudes presentes no contexto.
O processo de oposição pode se dar, como já visto, em linguagem não verbal. O anúncio a seguir, da joalheria Natan, serve de exemplo: o homem, careca, oferece uma joia à mulher. Ao ver a joia, o homem aparece aos olhos dela, agora, com cabelos e “pinta” de galã.
A campanha, que tem como conceito “o poder dos quilates”, trabalha com um jogo discursivo baseado na oposição de sentidos na maneira como a pessoa que dá o presente é vista por quem recebe. O “poder” da joia faz com que a pessoa veja com outros olhos o doador do presente. Há, assim, uma aproximação com o ditado popular “quem ama o feio bonito lhe parece”. Jocosamente, o amor aqui é materializado pela joia da Natan.
O processo de construção de sentido, dessa forma, baseia-se em um contexto. Assim como há uma sinonímia textual, há também uma antonímia textual, ancorada no discurso. São os elementos presentes no anúncio – a joia e a mudança estética do homem, por exemplo – que ajudam a representar a cena composta por uma contradição dependente direta do contexto em que se insere.
HOMONÍMIA
Veja estes pares de palavras:
colher (verbo) / colher (substantivo)
manga (fruta) / manga (camisa)
cem / sem
assento / acento
cesta / sexta / sesta
ascender / acender
cessão / sessão / secção / seção
cela / sela
incerto / inserto
cassar / caçar
cerrar / serrar
Segundo os compêndios gramaticais, quando há duas palavras com a mesma escrita ou o mesmo som, temos homônimos. Os homônimos podem ser homófonos, quando o som é igual e a escrita é diferente: cem / sem; homógrafos, quando a escrita é igual e o som é diferente: colher (v) / colher (s). Quando há escrita e som iguais dizemos que são homônimos perfeitos: manga / manga.
Por conta da imprecisão dos critérios em estabelecer uma diferenciação entre os conceitos de polissemia e homonímia, é preferível abarcar a ideia de que tais conceitos se relacionam, de fato – já que os fenômenos apresentam uma mesma forma com vários sentidos, dependendo do contexto em que estão inseridos. Contudo, é importante entender que a homonímia se realiza no plano diacrônico, enquanto a polissemia no plano sincrônico. Assim, como afirma Valente (2001), sincronicamente, a homonímia é uma polissemia, numa palavra com duas significações. Dessa forma, o conceito de homonímia perfeita fica restrito a investigações de cunho diacrônico, e a polissemia será investigada sob uma perspectiva sincrônica.
PARONÍMIA
Palavras parecidas em escrita e pronúncia recebem o nome de parônimos. Os pares “bocal” / “bucal” servem de exemplo: bocal, extremidade de lâmpada, por exemplo, nada tem a ver com bucal, relativo à boca. No entanto, pela sua proximidade gráfica e sonora, são parônimos. Essas palavras no português costumam causar dificuldades ao falante. Alguns exemplos:
Despercebido / Desapercebido
Inflação / Infração
Eminente / Iminente
Retificar / Ratificar
Fragrante / Flagrante
Infligir / Infringir
Tráfico / Tráfego
Mandado / Mandato
Vultoso / Vultuoso
Absolver / Absorver
Apreender / Aprender
Emigrar / Imigrar / Migrar
Apóstrofe / Apóstrofo
Deferir / Diferir
Delatar / Dilatar / Deletar
Descriminar / Discriminar
Usuário / Usurário
Soar / Suar
Surtir / Sortir
É importante notar como esses aspectos semânticos podem ser expressivos na construção da mensagem. Veja o exemplo a seguir:
Os sujeitos da charge são o Presidente do Banco Central no governo Lula, Henrique Meirelles, e o robô, do filme estrelado por Will Smith, Eu, Robô. Meirelles estava sendo acusado de sonegar fontes de renda, e a charge, por meio de um processo de paronomásia, cria humor ao explicitar o jogo fônico da palavra “robô” com a palavra implícita “roubou”.
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