sábado, 16 de outubro de 2021

Estudo da Gramática - sintaxe de colocação

 A Sintaxe de Colocação é o mecanismo que orienta a disposição das palavras na oração, a fim de dar mais objetividade e clareza a informação. Ela não estuda apenas a ordem ou disposição dos termos dentro da oração, mas também a ordem e a disposição das orações dentro do período.


1. Colocação dos Termos na Oração


A disposição dos termos na oração, em português, comumente obedece a uma ordem sintática, ou seja, acontece de acordo com a função sintática desses termos.


Os termos podem aparecer na ordem direta ou na ordem inversa ou indireta.


Ordem Direta(Sujeito + Verbo + Complemento + Adjunto Adverbial): Essa é a ordem natural e característica da língua portuguesa.

Exemplos:

O juiz decidiu absolver o réu no tribunal.

Aquele jogador de futebol comprou uma Ferari na europa.

Ordem Inversa ou Indireta: Constitui um recurso expressivo para enfatizar algum termo da oração. Os termos sintáticos apresentam-se fora de sua ordem natural e podem aparecer nas mais variadas posições.

Exemplos:

“Sem dúvida, no espírito de alguns passou a idéia de reclamar” (Carlos Drummond de Andrade)

“Passou a idéia de reclamar, sem dúvida, no espítito de alguns.”

“No espírito de alguns, sem dúvida, passou a idéia de reclamar.”

2. Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos


Há uma liberdade muito grande em português na colocação dos pronomes em relação ao verbo. Isso não significa uma liberdade total.  A colocação dos pronomes oblíquos átonos está ligada à harmonia da frase e a sua sonoridade. Existem, então, preceitos básicos que deve ser seguidos: Clareza, Harmonia e Expressividade.


Existem três posições possíveis para esses pronomes: Próclise, Mesóclise e Ênclise.


OBSERVAÇÃO: No Português, a colocação normal é a Ênclise. A próclise é usada em alguns casos. Na linguagem informal, prefere-se a próclise e não a ênclise.

2.1 Regras para o Uso da Próclise


Quando ocorre a próclise, o pronome oblíquo átono é chamado de pronome proclítico. De preferência, usa-se próclise nos casos:


2.1.1. Quando o verbo for precedido de uma palavra ou expressão negativa.


Exemplos:

Não se faça de esquecido.

Isso não se diz, menina.

Jamais lhe diga isso.

Nunca lhe diga isso.

2.1.2. Quando o sujeito estiver anteposto ao verbo e for um pronome indefinido, pronome demonstrativo e o numeral ambos.


Exemplos:

Nada nos amedrontava.

Tudo é permitido, mas nem tudo me convém.

Mostre isso e todos te obedecerão.

Isso me traz boas lembranças.

Aquilo me causa espanto.

Ambos nos ajudaram.

2.1.3. Quando o verbo for antecedido de advérbio ou locução adverbial.


Exemplos:

Amanhã te direi outras palavras.

Bem se vê que nada aprenderam.

Logo, logo vos direi tudo o que precisa saber.

2.1.4. Quando o verbo, no gerúndio, vem precedido de “EM”.


Exemplos:

Em se tratando do trabalho, ele não vai terminá-lo a tempo.

Em se plantando, tudo dá.

Em se tratando de software, não há nada como o software livre.

2.1.5. Em orações optativas ou exclamativas.


Exemplos:

Deus te abençoe!

Raios te partam!

2.1.6. Quando Pronomes ou Advérbios Interrogativos iniciam as orações.


Exemplos:

Quem me compra um jardim?

Quanto se gastou nesse projeto?

Quando nos entregarão os relatórios?

Quando ele lhe deu isso?

2.1.7. Nas orações subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais


Exemplos:

Quando nos separarmos, irei para casa.

Se o provocarmos, ele ficará bravo.

Identificaram duas pessoas que se encontraram desaparecidas.

Ainda não sei se te entregarei o material.

2.1.8. Nas orações coordenadas sindéticas alternativas


Exemplos:

Ora dança, ora se põe a cantar.

Ou vive, ou se deixa matar.

2.1.9. Nas orações coordenadas aditivas que contenham expressões do tipo “não…nem“, “não só…mas também“, “não só…como também“.


Exemplos:

Não só reclamou, mas também se aborreceu profundamente.

Não só fazia tudo devagar, como também me atrapalha bastante.

Não praticava esportes, nem se propunha a parar de fumar.

Com os substantivos, numerais, pronomes pessoais retos, possessivos e de tratamento e as conjunções coordenativas (e, nem, mas, porém, todavia, contudo, logo e portanto), a colocação é facultativa. Com verbos proparoxítonos, usa-se a próclise.

2.2 Regras para o Uso da Mesóclise


Quando ocorre a mesóclise, o pronome oblíquo átono é chamado de pronome mesoclítico. Usa-se o pronome mesoclítico unicamente com as formas verbais do futuro do presente do indicativo e futuro do pretérito do indicativo.


Exemplos:

Dir-te-ei toda a verdade.

Combater-se-ia até o amanhecer.


Se o verbo no futuro vier precedido de uma palavra que exija a próclise, esta será de rigor.

Exemplos:

Não te direi toda a verdade.

Só se combateria até o amanhecer.


É uma colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária, não ocorrendo na fala espontânea, a menos que seja intencional. Geralmente é substituída por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ir. Deve ser evitada em textos argumentativos, por conferir um tom cerimonioso ao discurso.

2.3 Regras para o Uso da Ênclise


Quando ocorre a ênclise, o pronome oblíquo átono é chamado de pronome enclítico. A ênclise é usada, de preferência, nos casos:


2.3.1. Em frase iniciada por verbo:


Exemplos:

Abre-se o mundo por mil portas simultâneas.

Cobri-me dos pés à cabeça, rezei o credo.

Separei-me dos meus companheiros com essa idéia na cabeça.

O futuro do subjuntivo exige próclise, porque apresenta conjunção ou pronome.

2.3.2. Com o verbo no imperativo afirmativo.


Exemplo: Não incomodes tua colega, deixa-a em paz!

O imperativo negativo pede próclise, porque apresenta a palavra não.

2.3.3. Com verbo na forma nominal do gerúndio (desde que NÃO venha precedido de “EM”)


Exemplos:

O garçom, inclinando–se, sugeriu-me um prato.

A mãe saiu, deixando–a a sós.

2.3.4. Com verbo no infinitivo impessoal.


Exemplos:

Passo a observá-los.

Ao contrário, tudo parecia embebê-la de eternidade.

Quis recolher-se para não incomodar ninguém.

Em 'É importante superá-la', substituindo o verbo 'superar' - que é regular - por um irregular como 'fazer', obtemos: 'É importante fazê-la'.

3. Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos em Locuções Verbais


3.1 Verbo Auxiliar + Infinitivo – [Antes / No Meio / Depois]


Quando não há palavra que determina próclise, o pronome nessa locução pode ser colocado antes, no meio ou depois dela.


Exemplos:

“Dona Camila sentiu faltar–lhe tudo, tudo.” (Machado de Assis)

Devo me calar para o bem de todos, não é?

A vida me vai ensinar tudo.

Quando houver palavra que determine a próclise, o pronome pode ser colocado antes, no meio ou depois dessa locução(ligado ou não por hífen ao verbo):


Exemplos:

Não me queriam iludir a respeito da doença de papai.

Não posso me confessar autor dessas barbaridades.

Não deviam ter–lhe ensinado isso.

3.2 Verbo Auxiliar + Gerúndio – [Antes / No Meio / Após]


As três possibilidades de colocação são aceitas, assim como o infinitivo.


Exemplos:

Cada vez mais ela se ia transformando.

A idéia de uma nova decoração, pouco a pouco, vai–se instalando naquela casa.

Você está machucando–o, solte-o!

Fica se chamando de salvador da pátria.

3.3 Verbo Auxíliar + Particípio – [Antes / No Meio]


Geralmente, o pronome aparece no meio da locução verbal ou, eventualmente, antes, mas nunca depois.


Exemplos:

Tinha–se esquecido de estudar para a prova.

A situação agora havia se invertido.

Os amigos o tinham prevenido: agora era tarde.

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