Sobre a composição das letras e melodias para os cantos litúrgicos
• Os textos dos cantos sejam da Sagrada Escritura ou inspirados nela e das fontes litúrgicas (cf. SC 121);
• O texto seja poético;
• Não falte a dimensão comunitária, dialogal, orante... Nos textos e nas melodias;
• As melodias sejam acessíveis à grande maioria da assembléia, porém, belas e inspiradas;
• Sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e novelas...;
• Sejam levados em conta os tipos de celebração, o momento ritual em que o canto será executado e as características da assembléia;
• O tempo do ano litúrgico e suas festas;
• O jeito da cultura do povo do lugar;
(Nem todos os compositores conhecem estes critérios...).
• Os instrumentistas utilizem seus instrumentos musicais para sustentar e nunca se sobrepor ao canto dos fíéis;
• Os animadores sustentem o canto da assembléia sem jamais lançar mão desta sua função para dar show, ou seja: chamar a atenção sobre si próprio;
• Portanto, o caminhar está tão presente no cristianismo, que o primeiro nome que ele recebeu foi “Religião do Caminho”.
A Procissão de Entrada é o sinal da “Igreja Peregrina Rumo ao Céu!”. Deus está à frente, guiando os passos do seu Povo.
"Caminhando para o altar, dirigimo-nos para o Cordeiro, que no altar está vivo e triunfante” (Ap 5,6). Ele é a origem, o sentido e o destino da caminhada. Esta procissão é a marcha nupcial da Esposa (Igreja) que vai ao encontro do seu Esposo (Cristo), encontro selado com o ósculo (beijo) no altar, realizado pelo presidente da celebração.
"Executado o canto de procissão de entrada, o sacerdote, de pé junto à cadeira, junto com toda a assembléia faz o sinal da cruz" (IGMR 28, na nova edição, 50). Vamos refletir...
O que é mais importante a PROCISSÃO DE ENTRADA ou o CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?
R: Este canto foi inserido para acompanhar a procissão, ou seja, ele acompanha algo mais importante que é uma ação ritual; a procissão. O importante é a procissão, o canto é mera música acessória que o acompanha.
Quanto tempo deve durar o CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?
R: Deve durar o tempo da procissão de entrada, finalizando com o beijo no altar.
Qual o sentido do CANTO DE PROCISSÃO DE ENTRADA?
R: Ele dá o ritmo de marcha da procissão de entrada e ajuda a comunidade celebrante a melhor compreender o que está acontecendo. É a Igreja que caminha, por isso o canto deve expressar o sentido de comunidade (Nós). Cantos intimistas (que falam na primeira pessoa) desvalorizam a ação ritual.
Quais cantos utilizar para acompanhar a PROCISSÃO DE ENTRADA?
R: Cânticos que falem do sentido de ser Igreja, comunidade peregrina, caminheira. Deve-se optar por músicas que expressem o sentido coletivo da fé e de preferência em ritmo de marcha, e também que expressem o sentido do tempo litúrgico: por exemplo, no Tempo Pascal deve cantar algo que fale da Ressurreição, no Advento deve cantar algo que fale da expectativa da vinda do Salvador, no Natal deve cantar algo que fale da encarnação e do nascimento de Cristo, na Quaresma deve cantar algo que fale de penitência, mudança de vida e reflexão.
☺ ☺ ☺ Cantos que expressam a ação comunitária: “Agora é tempo de ser Igreja”, “Igreja Santa, Templo do Senhor”, “O Senhor Ressurgiu Aleluia”. Para este momento, podem-se aproveitar alguns salmos, sobretudo daqueles que se referiam à marcha do povo até o templo de Jerusalém: “Que alegria quando me disseram: vamos à Casa do Senhor...”.
Cantos que não expressam a ação comunitária: Evitar cantos que não tenham nada a ver com este momento. Exemplos = “Reunidos aqui só pra louvar o Senhor”, “Quem é esta que avança como aurora?”, “Eis me aqui Senhor”... etc
Concluindo
Como vimos, a PROCISSÃO DE ENTRADA nos faz entender o sentido de ser Igreja, por isso não cabe na compreensão humana tem um sentido escatológico (escatologia=coisas futuras). O Canto de Procissão de Entrada deve nos ajudar a compreender que “somos caminheiros que marcham para o céu, Jesus é o Caminho que nos conduz a Deus!”
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02 – KYRIE ELEISON
(Faz parte da Ação Ritual do “ATO PENITENCIAL”)
A “Didaqué” um escrito do I século, também chamada de “Catecismo dos Doze Apóstolos” já orienta os cristãos a “reconhecerem a misericórdia de Deus na reunião dos fiéis”, ou seja, na Celebração Litúrgica. Por isso, a Igreja têm em seus ritos iniciais o momento chamado de Ato Penitencial. Ele é um apresentar-se pequeno diante da grandeza de Deus, reconhecendo sua misericórdia e nossa indignidade.
Este rito, não deve ser confundido com o sacramento da Penitência. Evitem-se, pois as descrições de pecados.(Guia Litúrgico Pastoral CNBB – pg. 33). Pode-se olhar o Missal para se observar, nas várias fórmulas adequadas a cada tempo litúrgico, que não se declara os pecados (“perdão por isso e aquilo...”), mas se bendiz o Cristo pelo que Ele é; a Misericórdia. Essas fórmulas poderiam ser cantadas, assim como a mais usada nos dias de semana (Confesso a Deus todo-poderoso....) e aquela esquecida, e que pode ser usada:
Tende compaixão de nós, Senhor.
Porque somos pecadores.
Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
E dai-nos a vossa salvação.
Para compreendermos melhor a importância deste momento, vamos mostrar as duas formas de estrutura da Ação Ritual do “ATO PENITENCIAL” onde está inserido o canto do Kyrie, cantado especialmente aos domingos, festas e solenidades, que é o que mais nos interessa;
Forma A (o Kyrie dentro do Ato Penitencial)
• A comunidade reconhece a sua pequenez (Silêncio)
• A comunidade entoa o “Kyrie”
• A comunidade reconhece a Misericórdia de Deus (pela Oração do presidente e Amém da assembléia).
• A comunidade entoa o “Kyrie”
O Kyrie está mais para o Hino de Louvor do que para o Ato Penitencial. Os últimos acordes do Kyrie deveriam emendar com os do início do Glória.
Mas o que é o “Kyrie”?
Os cânticos do “Kyrie”, do “Aleluia” e do “Cordeiro de Deus” são heranças da Igreja do primeiros séculos, pois já estavam presentes desde este período na Liturgia. São cantos rituais por excelência, por isso, não há sentido eles se transformem em simples proclamações.
A palavra “Kyrios” em grego significa “Senhor” e “Kyrie” é o vocativo dessa palavra grega, traduzido como “Ó Senhor!”. Kyrios é o nome atribuído ao Cristo Ressuscitado, feito Senhor do Universo por nós. Enquanto isso, 'eleison' é o imperativo indeterminado do verbo 'eleéo', que significa 'ter piedade', 'compadecer-se'.
Simplificando...
Kyrie Eleison - Ó Senhor tende piedade de nós!
Christe Eleison - Ó Cristo, tende piedade de nós!
Kyrie Eleison - Ó Senhor tende piedade de nós!
Vamos refletir...
COMO DEVE SER O CÂNTICO DO KYRIE NO ATO PENITENCIAL?
Deve seguir as orientações do Missal Romano e fidelidade às fórmulas do Confesso a Deus e do Senhor tende Piedade de nós...
Propõe-se, sobretudo, que se ensine as Assembléias Litúrgicas a descobrirem a riqueza do Kyrie também em latim, sobretudo para ser entoada em Solenidades e Festas.
Exemplo - invocação para o Tempo Comum:
Senhor, que viestes não para condenar, mas para perdoar, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, que vos alegrais pelo pecador arrependido, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, que muito perdoais a quem muito ama, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
O ATO PENITENCIAL PERDOA OS PECADOS VENIAIS?
Não, a Igreja tem para o perdão dos pecados um Sacramento – a Confissão. No Ato Penitencial é para reconhecermos a fragilidade humana e a grandeza do Deus Misericordioso que se manifestou em Cristo.
QUAIS TIPOS DE CANTO NÃO SERVEM PARA O KYRIE NO ATO PENITENCIAL?
R: Não cabem neste momento (mais uma vez) cantos intimistas.
O cântico deve expressar o NÓS-IGREJA pecadora e não o EU pecador.
Exemplos de cânticos fora de sintonia:
“Renova-ME Senhor Jesus...”.
“Perdão Senhor, tantos erros (EU) cometi...”.
“EU confesso a Deus e a vós irmãos...”.
Estes cânticos entre outros são muitos bonitos (e podem ser utilizados em reuniões, encontros, retiros, grupos de oração e shows), mas não cabem no Ato Penitencial da Celebração Litúrgica.
Agora que sabemos qual o sentido deste cântico e do momento em que está inserido vamos olhar para eles com carinho, respeito e admiração!
Há muito mais na liturgia do que aquilo que podemos sentir...
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