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a/há - Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente o futuro: O presidente viaja daqui a uma semana. O verbo haver, quando se refere a tempo, indica o passado e pode sempre ser substituído por faz: O presidente viajou há uma semana.
Mas cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento no tempo, seja futuro ou passado: A um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória; As eleições vão acontecer daqui a dois anos. Experimente substituir o a dessas duas frases por faz (o que equivaleria a há) e veja que a oração perde o sentido.
Outra situação em que se utiliza o verbo haver é no sentido de existir: Há muita gente na sala. Neste caso, não há por que confundi-lo com a preposição a. Veja haver .
abertura - Depois do título, é o elemento principal de uma notícia. Se for bem redigida, conquista o leitor. Veja lide.
a bordo - Use apenas quando se tratar de navio, avião ou nave espacial. Evite em qualquer outro caso, como O governador estava a bordo de seu Rolls-Royce.
abreviatura - Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são: endereços (al., av., pça., r., tel., apto.); valores de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro; unidades de medida (g, m, kg, Hz, w, s); designação de ano ou século em relação à era cristã (a.C., d.C.); na expressão et cetera (veja etc .); meses do ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul., ago., set., out., nov., dez.); designações comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ). Veja siglas .
abrir - Não use em lugar de começar: Começa hoje a Bienal e não Abre hoje a Bienal. O verbo abrir exige sempre um complemento (quem abre abre alguma coisa). Pela mesma razão, não use o verbo iniciar no lugar de ter início. Ele só deve ser usado no sentido de dar início a alguma coisa ou inicializar um programa de computador.
a.C. - Antes de Cristo.
acentuação - A Folha segue todas as normas de acentuação vigentes no Brasil, exceto as que se referem ao trema (veja trema)
Acentos não são meros detalhes. Sua presença ou ausência tem a função de indicar a sílaba tônica (a que se pronuncia com mais intensidade). É obrigação de todo jornalista conhecer as poucas regras práticas que determinam o uso dos acentos.
Para saber se uma palavra deve ou não ser acentuada, desconsidere a letra s que exista no final, seja por formação de plural ou não.
a) Proparoxítonas (palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima) - Todas são acentuadas: parabólica, simpática, lúcido, sólido, líquido, prático, cômodo, parâmetro, êmbolo;
b) Paroxítonas (a tônica é a penúltima) - Apenas as terminadas em a, e, o, em, am não têm acento: guarda, sobremesas, paredes, rede, claro, estilos, item, passagens, rimam, dramatizam. Todas as outras são acentuadas: bíceps, fórceps, caráter, éter, Cádiz, hífen, álbum, álbuns, fácil, difícil, lápis, júri, fênix, ônix, ônus. Mas atenção: palavras terminadas em ens representam uma exceção e não têm acento: hifens, polens, himens, apesar de hífen, pólen, hímen.
Cuidado: paroxítonas terminadas em oo, eem são acentuadas: vôo, zôo, abençôo, crêem, dêem. Também levam acento as terminadas em ditongo (encontro de duas vogais pronunciadas conjuntamente): jóquei, língua, bênção, órfão;
c) Oxítonas (a tônica é a última) - Ao contrário das paroxítonas, têm acento quando terminadas em a, e, o, em: diferenciá-la, lá, ipê, Pelé, pé, vovô, bocó, também, amém, parabéns, você. Todas as outras terminações, portanto, dispensam o acento: nu, hindu, ri, transferi-lo. Mas atenção: quando formam hiato (encontro de vogais pronunciadas separadamente), oxítonas terminadas em i, u são acentuadas: Tamanduateí, país, baú.
Os monossílabos terminados em em não são acentuados (trem; cem), exceto a terceira pessoa do plural dos verbos vir e ter: ele vem, eles vêm; ele tem, eles têm. Verbos derivados de vir e ter mantêm o circunflexo no plural, mas levam acento agudo no singular: provêm, provém; retêm, retém;
d) Átonas - Como diz o nome, estas palavras não têm sílaba tônica porque se subordinam sempre à do termo que acompanham: pronomes como me, te, se, lhe, la, lo; preposições e contrações como de, da; do, das, em, a, para, por, pelo; artigos o, a, os, as; conjunções como e, mas, nem, que; prefixos ligados a outras palavras por hífen, como anti-, semi-, super-, hiper-. Entretanto, quando substantivadas, estas palavras ficam tônicas: O espectro da híper ronda o Brasil; Operários do ABC preferem as múltis;
e) Hiato - O i e o u tônicos são acentuados quando formam hiato (encontro de duas vogais em que cada uma pertence a sílabas diferentes) em qualquer posição na palavra e não apenas em oxítonas: saía, alaúde, raízes, juízes, país, balaústre, traíste. Não são acentuados se formarem sílaba com qualquer outra consoante que não seja o s: Coimbra, cairdes, juiz, raiz. Quando seguidos de nh também não levam acento: rainha, bainha, tainha, coroinha. O mesmo vale para hiatos formados pela duplicação da vogal: xiita, xiismo, juuna;
f) Ditongos abertos - Nunca deixe de acentuar éi, éu, ói tônicos abertos: colméia, céu, constrói, destrói. Não há exceções. Mas cuidado: constroem e destroem sequer são ditongos e não têm acento.
Também são acentuados os ditongos úi, úe tônicos quando precedidos de g ou q: argúi, averigúem, apazigúe, obliqúe;
g) Acento diferencial - Só permanece em pôde (passado) para diferenciar de pode (presente); pára (verbo); pêlo (cabelo) e pélo, pélas e péla (verbo pelar); pólo (na geografia, na física e no esporte) e pôlo (ave de rapina); pôr (verbo); pêra (fruta) e péra (pedra); côa, côas (verbo coar); quê. Veja que/quê .
acidente geográfico - Comece sempre com minúscula, exceto quando a designação do acidente fizer parte de substantivo próprio: ilha de Fernando de Noronha, Ilhas Salomão; cabo Horn, Cabo Verde; oceano Atlântico, mar Mediterrâneo, mar da China, mar Morto. Mas atenção: em mapas, a identificação dos acidentes deve começar com maiúsculas, como no início de qualquer frase. Veja maiúsculas/minúsculas .
acidente/incidente - Acidente é fato importante, imprevisto e em geral desastroso: O acidente aéreo resultou em 234 mortes.
Incidente é fato em geral secundário, desentendimento, aventura, episódio, atrito: Incidente diplomático.
a cores - A TV é em cores e não a cores.
acreditar - Evite o uso deste verbo para introduzir declaração de personagem da notícia. É impossível para o repórter saber se alguém acredita ou não em alguma coisa. Prefira dizer acreditar: O deputado Magno Luegner diz acreditar que o governo vencerá a eleição em vez de O deputado Magno Luegner acredita que o governo vencerá a eleição. Veja verbos declarativos.
acusação criminal - A Constituição garante que todos devem ser considerados inocentes até que sua culpa seja estabelecida pela Justiça. A Folha não endossa acusação criminal, mesmo da polícia, enquanto não for confirmada por sentença judicial definitiva. Até então, a pessoa sobre quem recaia suspeita é tratada como acusada ou suspeita: Adamantino Phor, acusado de contrabandear diamantes, e não Adamantino Phor, que contrabandeou diamantes.
Essa norma não vale para flagrante delito ou confissão espontânea. Mas cuidado: há sempre a possibilidade de que o flagrante seja falso e de que a confissão seja forçada. Na maior parte das vezes, o melhor é deixar claro no texto que, segundo a polícia, trata-se de confissão ou flagrante.
Em qualquer caso, nenhum texto que contenha acusação criminal deve ser publicado enquanto não for esgotada a possibilidade de ouvir a parte acusada, a fim de que sua declaração seja apresentada ao leitor na mesma edição. Se não for possível ouvir o outro lado no mesmo dia, o texto deve ser submetido à Direção de Redação, que decidirá sobre a publicação. Texto que não contenha o outro lado exige uma explicação: Inocêncio Afanés, procurado pela Folha para responder às acusações do investigador do Deic Diogo Dolon, não foi encontrado em seu escritório entre 14h e 20h. Quanto mais específica puder ser a explicação, melhor.
Quando decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar ouvi-lo no dia seguinte.
A Justiça garante ao réu a possibilidade de recorrer de sentenças a instâncias superiores. Registre sempre no texto se cabe recurso e se ele tem efeito suspensivo, ou seja, se suspende a execução da decisão até que haja outra de instância superior.
Quando receber informação de alguém que faz acusação criminal contra outra pessoa, procure sempre:
a) Gravar a declaração;
b) Discutir o caso com seu superior para avaliar a credibilidade de quem formula a acusação;
c) Caso essa avaliação seja positiva, mas não haja gravação, tentar obtê-la;
d) Tomar o cuidado de reproduzir literalmente o cerne da acusação, sempre entre aspas.
Se a parte acusada não puder ser ouvida, mas houver declaração sua prestada à Justiça ou a autoridade policial, tente obtê-la para publicação. Consulte também o anexo Jurídico.
A.D. - Anno Domini, em latim, no ano do Senhor. Traduza para d.C.
adjetivo - Evite usar em textos noticiosos adjetivos que impliquem juízo de valor e são, portanto, duvidosos: bonito/feio; verdadeiro/falso; certo/errado. Utilize o que torna mais preciso o sentido do substantivo: amarelo/azul; redondo/quadrado; barroco/clássico. Em vez de o artista trabalha com telas grandes, escreva o artista trabalha com telas de três metros por dois.
Nos editoriais, comentários, críticas e artigos, há maior liberdade para o uso do adjetivo. Mesmo assim, recomenda-se usá-lo com sobriedade. A opinião sustentada em fatos é mais forte do que a apenas adjetivada.
admitir - Não use como sinônimo de dizer, declarar ou afirmar. Significa aceitar ou reconhecer fato em geral negativo: O candidato Odurmeu da Cruz admitiu a derrota depois de abertas as primeiras urnas. Evite sobretudo introduzir com o verbo admitir respostas insinuadas na própria pergunta do jornalista: O ministro admite que a inflação pode voltar (ele respondeu "talvez" à pergunta). Se o fato for positivo, substitua-o por confessar ou reconhecer. Veja verbos declarativos.
advérbio - Evite começar um período com advérbios formados com o sufixo -mente, sobretudo em textos noticiosos: Curiosamente, a convenção do partido transcorreu sem incidentes. É melhor ser claro e escrever: Ao contrário do que previam alguns participantes, a convenção do partido transcorreu sem incidentes.
Evite advérbios que expressem juízos de valor: certamente, evidentemente, efetivamente, bastante, fielmente, levemente, definitivamente, absolutamente. Não se fazem restrições a advérbios que ajudem a precisar o sentido, como os de lugar (acima, abaixo, além), tempo (agora, ainda, amanhã).
advogado - Nem todo bacharel em direito é advogado ou doutor. O advogado é formado em direito e habilitado pela Ordem dos Advogados do Brasil. Doutor é quem defendeu e teve aprovada tese de doutoramento. Jurista é reservado a autores de obras jurídicas de importância reconhecida.
aeronave - Em nomes de aeronaves, use hífen antes do numeral: Boeing-767, DC-10, DC-6B, MiG-17, Viking-2. Quando a especificação de modelo ou tipo constar de um segundo numeral, separe com uma barra: Boeing-707/200. Para os casos de dúvida, adote a grafia da publicação "Jane's All the World's Aircraft".
Em alguns casos a Folha adota a grafia aportuguesada: Apolo-11 e não Apollo-11; Magalhães e não Magellan; Galileu e não Galileo.
"affair"/"affaire" - Não use em texto noticioso, exceto na reprodução de fala ou em entrevista. Em inglês e francês, respectivamente, significam caso, assunto, negócio. Pode designar também relação amorosa fora do casamento.
aficionado - Não existe aficcionado. Não vem de ficção, e sim de ofício, por isso a pessoa aficionada cultiva uma arte como se fosse seu trabalho, sua profissão.
a fim de/afim - A locução a fim de significa com o objetivo de: O desassoreamento foi feito a fim de baixar o nível do rio e evitar novas enchentes. O adjetivo afim indica afinidade, parentesco: Esses são assuntos afins.
aforismo - Não existe aforisma.
africano - Quando se tratar de pessoa, prefira o adjetivo do país de origem: senegalês, moçambicano.
água- - água-benta, água-com-açúcar, água-de-cheiro, água-de-coco, água-de-colônia, água-marinha, água mineral, água oxigenada, água pesada, água sanitária, água-viva.
Aids - Não é necessário escrever por extenso o significado desta sigla: síndrome de imunodeficiência adquirida, vinculada com a infecção pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). Só mencione que alguém tem Aids quando isso for relevante no contexto da notícia. Se o texto trata da atividade profissional de uma pessoa, não é necessário falar da doença, a não ser que ela o impeça de trabalhar ou afete seu trabalho. Não deixe de mencionar a síndrome quando o texto trata do estado de saúde da pessoa e o jornal está seguro de que ela é portadora do vírus.
Quando a morte de alguém decorrer de Aids, não omita a causa. Atenção: nos diagnósticos e necropsias, quase nunca a Aids é mencionada, e sim outras doenças decorrentes da síndrome, como pneumonia. Veja preconceito .
alegar - Do latim, allegare. É o verbo do réu. Significa citar como prova, explicar e daí desculpar-se. Não use se não se tratar de explicação ou tentativa de justificar-se diante de uma acusação qualquer. Veja verbos declarativos .
aleijado - Não use, exceto ao reproduzir declaração textual ou entrevista. Se for importante para o contexto da notícia, procure dar uma descrição objetiva: cego do olho direito; tetraplégico; que tem a perna direita atrofiada por causa de poliomielite. Veja preconceito . Consulte também o anexo As Palavras Certas.
além disso/além do que - Evite. Em geral pode ser substituído por e ou por um ponto. O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel. Além disso, determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. É melhor escrever: O tenor italiano Ado Coffo exigiu duas geladeiras e sauna no quarto do hotel e determinou que três presuntos de Parma fossem fornecidos a cada dia. Veja conjunção .
algarismos romanos - Seguindo tendência de simplificação, a Folha não usa algarismo romano, exceto em transcrição de texto legal e nomes próprios como XV de Piracicaba (time de futebol). Nomes de soberanos, papas, séculos, capítulos, fatos históricos e eventos são grafados com algarismos arábicos (ordinais até 10º e cardinais daí em diante): João Paulo 2º; Carlos 5º; Leão 10º; Luís 14; João 23. Veja numerais .
álibi - Significa prova de que o acusado de um crime estava em outro local que não o do delito quando este ocorreu. Não significa explicação falsa. Também não designa a testemunha que sustenta o álibi.
alta- - alta-costura, alta-fidelidade, alta-roda, alta sociedade, alta-tensão.
alto- - alto-falante, alto-forno, alto-mar, alto-relevo.
alunissar - Palavra criada para evitar o uso de termo metafórico por falta de outro apropriado: aterrissar na Lua. É o mesmo caso de amerissar, que significa pousar no mar. A Folha não usa as formas alunizar e amerizar.
amarelo - Nunca use em relação a pessoas ou coisas originárias de partes da Ásia. Aplique o adjetivo gentílico exato: coreano, chinês, japonês, vietnamita. Veja preconceito . Consulte também o anexo As Palavras Certas.
ambiguidade - Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão. É eminentemente literária, por isso deve ser evitada no texto jornalístico. São causas frequentes de ambiguidade:
a) Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar os espaços públicos como ruas, estacionamentos... (a falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender que a Prefeitura vai transformar os espaços públicos em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);
b) Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês, na sacada da casa (a colocação de na sacada da casa no final da frase mesmo com vírgula pode dar a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada da casa); pode-se evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;
c) Sucessão inadequada de termos, orações ou frases - Um protesto contra a impunidade e a lentidão da Justiça (a colocação de impunidade antes de lentidão da Justiça pode dar a entender que houve um protesto contra a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto contra a lentidão da Justiça e a impunidade;
d) Colocação do que em outra posição que não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu o código do cartão, que ele já cancelou (Paulo cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só pode ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelada ou Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelado;
e) Abuso da preposição de - Festa de passagem do ano do navio (o navio faz aniversário? Não, a festa foi no navio).
à medida que - Use apenas quando for importante para facilitar a compreensão do texto. Não escreva na medida que e à medida em que. Veja conjunção .
americano - Evite esta forma simplificada do adjetivo gentílico norte-americano. Use apenas para ganhar espaço, por exemplo, em títulos e legendas.
amerissar - Veja alunissar.
a meu ver - É errado escrever ao meu ver. O certo é a meu ver: A meu ver, este assunto está encerrado.
anacoluto - Nunca recorra a esta interrupção brusca no rumo do raciocínio de uma frase, a não ser reproduzindo declaração textual ou entrevista: "Os quatro ministros, é tradição que um deles seja mulher", disse o presidente.
análise - Gênero jornalístico que explora diversos aspectos de fatos relevantes e recentes, em especial seus antecedentes e consequências. Em geral, o autor deve se abster de opinar. É sempre assinado. Veja jornalismo analítico/opinativo.
ancião - Não use. Veja eufemismo.
a nível de/em nível de - A expressão ao nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar. É errado usar ao nível de significando em termos de ou no plano de: A nível federal, o governo agirá; isso não está ao nível da nossa amizade.
O certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade. Apesar de aceitável, evite a expressão, já desgastada pelo uso abusivo.
ano - Escreva sempre sem ponto de milhar: 1992 e não 1.992. Veja numerais.
Antártida - Use esta grafia para o continente onde fica o pólo Sul. O adjetivo, porém, é antártico. O nome vem do grego antarktikós, o oposto do Ártico (a Ursa, ou seja, o pólo Norte).
ante- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara, antediluviano, anteface, ante-histórico, anteontem, anteprojeto, ante-sala, antevéspera.
anti- - Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo, antiamericano, antibacteriano, anticlerical, anticlímax, anticoncepcional, Anticristo, anticonstitucional, an-ticorpo, antiderrapante, antidistônico, anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório, antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico, anti-semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino, antitérmico, antitetânico, antivariólico.
antigo - Use apenas para qualificar coisas que existem há muito tempo. Quando fizer referência a pessoas ou coisas que não são mais o que foram, escreva ex: o ex-presidente, e não o antigo presidente. Pode ser empregado também o então, desde que haja referência ao período de tempo em que a pessoa ocupava a função ou cargo: Nos anos 50, o então presidente Getúlio Vargas... Veja ex.
ao contrário/diferentemente - Erro muito comum, sobretudo na seção Erramos. Ao contrário significa ao invés, exige uma oposição entre dois termos: Ao contrário do que a Folha publicou na edição de ontem, o piloto André Moron morreu no acidente, e não saiu ileso. Sair ileso opõe-se a morrer. Diferentemente é o mesmo que em vez de. Não requer oposição entre dois termos: Diferentemente do que a Folha publicou na edição de ontem, o piloto André Moron perdeu as duas pernas no acidente, e não apenas uma. Não há oposição entre perder uma ou duas pernas.
ao invés de/em vez de - Ao invés de significa ao contrário de: Ao invés de bater, o lutador apanhou. A expressão serve para mostrar a oposição entre dois termos. Não confunda com em vez de, que é em lugar de: Em vez de baixar a portaria, o governador se reuniu com a bancada. É portanto errado escrever: Ao invés de baixar a portaria, o governador se reuniu com a bancada.
ao mesmo tempo - Use apenas para facilitar a compreensão do texto e substituir simultaneamente ou concomitantemente: O sequestrador ameaçava a vítima ao mesmo tempo em que fazia exigências à polícia. Veja advérbio; conjunção.
aonde - Não é sinônimo de onde. Use apenas com verbos de movimento, regidos pela preposição a, como ir e chegar: Ele vai aonde quer e nunca Estava em São Paulo, aonde jogou uma partida.
ao passo que - Evite. Na maioria das vezes pode ser substituído por enquanto. Veja conjunção.
a par/ao par - Estar ciente de alguma coisa é estar a par: José estava a par do que acontecia. A locução ao par só se usa em relação a câmbio: O dólar está ao par do cruzeiro. De qualquer forma, evite esse jargão econômico.
apelido - Use apenas quando o personagem da notícia for mais conhecido por ele do que por seu nome real. Mas nunca deixe de citar o nome verdadeiro, se conhecido. Não use as expressões vulgo e aliás. É melhor escrever: José Macchairio, conhecido como Zé Navalhada.
Se apenas o apelido ou codinome (no caso de clandestinidade política ou militar) for conhecido, explicite: conhecido pelo apelido tal; de codinome tal. Veja identificação de pessoa.
aquele - Veja este/esse.
árabe/muçulmano - Não confunda árabe com muçulmano. O primeiro é um conceito étnico-linguístico; o segundo, religioso. Há árabes que não são muçulmanos e muçulmanos que não são árabes. Os persas, por exemplo, são muçulmanos, mas não são árabes. Já os maronitas (originários do Líbano) são árabes cristãos.
arma - No vocabulário militar, indica apenas a especialidade do oficial de Exército: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Comunicações, Material Bélico e Saúde (os dois últimos são serviços mas têm status de armas). É errado chamar as Forças Armadas (Aeronáutica, Exército ou Marinha) de Armas. Consulte também o anexo Forças Armadas do Brasil.
arredondar - Todo cuidado é pouco ao arredondar números. Uma informação apurada com esforço e zelo pode ser comprometida pela imperícia na hora de tornar o dado mais legível, como convém ao texto de jornal: US$ 20,34 bilhões é muito mais do que US$ 20 bilhões. O jornalista que fizer essa simplificação terá subtraído US$ 340 milhões em informação a seus leitores.
Apesar de esse ser um arredondamento tecnicamente correto, não o faça. Evite qualquer operação que altere o número em mais de 1% de seu valor original.
Na hora de eliminar casas, o correto é arredondar, nunca desprezar: uma população de 13,7 milhões pode ser transformada em 14 milhões, nunca em 13 milhões. Para facilitar a leitura, restrinja os numerais fracionados inevitáveis a uma casa decimal, como regra, mas tome cuidado com as quantidades muito grandes (use o bom senso).
Para arredondar, siga estas duas regras práticas:
a) Concentre-se na casa seguinte à que se pretende manter;
b) Arredonde para cima os algarismos 5, 6, 7, 8 e 9; os restantes (1, 2, 3 e 4), para baixo.
Assim, arredonde 1,4499 para 1,4 e não 1,5 (o segundo 4 exige arredondamento para baixo). A razão é clara: 1,4499 está mais perto de 1,4 do que de 1,5.
Se a intenção for manter duas casas decimais, escreva 1,45, porque 1,4499 está mais perto de 1,45 do que de 1,44 (o primeiro 9, neste caso, fala mais forte).
arte - Não use este jargão jornalístico para remeter o leitor do texto a um quadro, gráfico, mapa ou tabela. Veja arte (no cap. Edição).
arteriosclerose/aterosclerose - Arteriosclerose designa o processo de endurecimento das artérias. Não é sinônimo de aterosclerose, tipo de arteriosclerose causada por ateromas (depósitos de gordura).
artigo - Gênero jornalístico que traz interpretação ou opinião do autor. Sempre assinado. Pode ser escrito na primeira pessoa. A Folha só publica artigos inéditos no Brasil ou, em ocasião excepcional, no mesmo dia que outra publicação. O jornal tem por norma editar artigos que expressem pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema. Veja artigo (no cap. Edição); pluralismo (no cap. Projeto Folha).
artigos - A tendência do jornalismo é suprimir os artigos, principalmente em títulos. Mas essa tendência vem levando a verdadeiros exageros: Todos deputados deixam plenário.
Em primeiro lugar, é preciso distinguir os dois tipos de artigos existentes em português. Há os definidos (o, a, os, as) e os indefinidos (um, uma, uns, umas). Os primeiros individualizam com mais força os termos que qualificam: Alex Duras, o procurador do Estado tem sentido bem mais forte que Alex Duras, um procurador do Estado. Uma declaração de Alex Duras poderia ou não merecer registro no jornal apenas em função do artigo que qualifica seu cargo.
A seguir, um resumo dos casos em que os artigos são obrigatórios, facultativos ou incorretos:
a) Artigo definido obrigatório
1) Individualização - Não hesite em colocar o artigo definido sempre que o termo por ele qualificado for algo determinado, único: Foi assassinado pelo irmão mais novo; comprou a arma no armazém. Às vezes, a supressão do artigo muda o sentido da expressão: cair de cama (adoecer) e cair da cama (tombar), papel de imprensa (celulose) e papel da imprensa (função da mídia);
2) Substantivação - O hoje, o amanhã, o deus-nos-acuda;
3) Nomes de naves ou obras famosas - O Titanic, os Lusíadas, a Apolo-11;
4) Epítetos - Alexandre, o Grande; Maria, a Louca;
5) Todo, todos - O adjetivo todo, com sentido de inteiro, exige artigo: O ombudsman leu todo o jornal. Todos também. Exceções: quando puderem ser seguidos de termo que repila artigo, como eles, expresso ou não: Todos os homens são bons, mas Os três infelizes, todos [eles] ladrões, foram executados.
b) Artigo definido facultativo
1) Nomes próprios - As gramáticas recomendam usar artigo definido antes de nomes famosos: O Camões, O Collor, mas esse procedimento vem caindo em desuso. Normalmente, o artigo é usado apenas em linguagem bem familiar: O João já chegou? Deve ser usado no plural: Os Maias, Os Silvas.
2) Nomes de países e cidades - Alguns exigem artigo e outros, repelem, não há regra: O Brasil, a Itália, a França, o Cabo, o Cairo, Paris, Buenos Aires, Roma, Bangladesh;
3) Títulos pessoais - Opadre José largou a batina ou Padre José largou a batina;
4) Que interrogativo - O que você disse? ou Que está acontecendo?;
5) Repetição - A repetição do artigo empresta força a certos pares opostos: O amor e o ódio, a morte e a vida, o pai e a mãe;
6) Nomes já modificados por qualificativos - Recebeu notícias de sua mãe ou Recebeu notícias da sua mãe. Prefira a primeira forma, sem o artigo definido;
7) Apostos - Bush, presidente dos EUA, morreu ou Bush, o presidente dos EUA,morreu. A primeira forma é considerada mais correta.
c) Artigo definido incorreto
1) Provérbios - Como os títulos de jornal, os provérbios costumam omitir o artigo definido: Cão que ladra não morde;
2) Nomes tomados em sua generalidade e definições - Escrever certo é difícil; Cardiologia é ramo da medicina que cuida do coração;
3) Palavras que se referem à mesma pessoa - Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; e não Rainha da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, O diretor da empresa e funcionário público e não O diretor da empresa e o funcionário público.
d) Artigo indefinido
O artigo indefinido tem uso bastante restrito em português. O abuso constitui galicismo. Não o use antes de outros qualificativos como outro, meio, tão, certo, igual.
Além da individualização fraca exposta acima, o indefinido serve para dar uma idéia aproximada de quantidade (Eram umas 20 pessoas).
aspas - Sinal gráfico (" ") usado para delimitar uma citação: "O Estado sou eu" é a frase mais famosa de Luís 14.
A Folha usa aspas também em palavras e expressões estrangeiras que não tenham tradução, não tenham sido aportuguesadas ou cuja utilização seja rara em texto jornalístico: "black tie". Consulte o anexo Principais Estrangeirismos com a grafia adotada pela Folha .
Evite usar aspas para enfatizar palavras, sobretudo para imprimir tom irônico. Veja ironia.
Use também para destacar títulos de livros, obras artísticas (filmes, peças de teatro, música etc.), revistas e jornais, exceto a Folha , que aparece em negrito (o mesmo vale para DataFolha e Agência Folha ). Veja Folha ; título de obras.
Em transcrições, a pontuação ficará dentro das aspas se a declaração constituir período completo, todo ele entre aspas: "Eu não renuncio." Foi assim que o presidente começou seu discurso. Mas: O presidente disse: "Eu não renuncio". Veja declaração textual.
Admite-se usar aspas simples (' ') no lugar das aspas quando a palavra ou expressão destacada fizer parte de período já entre aspas: Diz a nota emitida pela embaixada: "A insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria 'envolvida na desestabilização do governo' não procede". Mas tente evitar esse tipo de construção. É melhor: A nota oficial do governo diz que não procede a acusação de que a embaixadora Jeanne Prodotti está "envolvida na desestabilização do governo".
Evite o uso de aspas simples seguidas de aspas normais: A nota oficial do governo diz que não procede a "insinuação de que a embaixadora Jeanne Prodotti estaria envolvida na 'desestabilização do governo'". Evite também as contruções em que apenas o ponto separa aspas fechadas de outras que abrem nova frase: O acusado disse que estava "enlouquecido no momento da briga". "Estou arrependido", acrescentou. Escreva: O acusado disse que estava "enlouquecido" no momento da briga. "Estou arrependido", acrescentou.
Em títulos e legendas, admite-se o uso de aspas simples no lugar de aspas para ganhar espaço.
assassinar - Use sempre que alguém tira deliberadamente a vida de outra pessoa. Quando não houver premeditação ou a morte for provocada em legítima defesa, use matar. Não chame de assassino quem não foi julgado e condenado em última instância. Nesse caso, use acusado do assassinato ou suposto assassino. Veja eufemismo; executar; matar. Consulte também o anexo Jurídico.
assaz - Não use. É linguagem arcaica. Veja advérbio.
Assembléia Legislativa - Escreva sempre com maiúscula, mesmo em segunda menção: Os deputados da Assembléia. Veja maiúsculas/minúsculas.
assistir - No sentido de estar presente, comparecer, ver pode ser transitivo direto (uso coloquial) ou indireto (norma culta): assistir televisão; assistir ao balé. No sentido de prestar assistência é sempre transitivo direto: O médico assistiu o doente.
astronave - Veja aeronave.
astronauta - Designação dada nos Estados Unidos para o tripulante de nave espacial. Já os participantes do programa espacial da CEI (Ex-URSS) são chamados de cosmonautas.
atentado - Ação violenta, geralmente com inspiração política, a fim de danificar instalações, sequestrar ou assassinar alguém. Veja assassinar; justiçar; terrorista/guerrilheiro.
até as/até às - Nunca use até às, embora alguns gramáticos admitam essa forma. Até já é uma preposição e, portanto, dispensa a preposição a da crase: Até as 18h, ele não havia chegado e não Até às 18h, ele não havia chegado. Só use se sua falta gerar ambiguidade: Queimou todo o cabelo até à raiz. Veja crase.
até porque - Evite. Expressão desgastada pelo uso excessivo.
aterosclerose - Veja arteriosclerose/aterosclerose.
atestar - Significa provar, demonstrar. Tem conotação positiva. Dizer que fulano atesta algo sugere que é verdadeiro o que foi dito. Em caso de dúvida, não use. Veja verbos declarativos.
aterrissar/aterrizar - As duas formas são admissíveis, mas a Folha usa aterrissar. Veja alunissar.
à-toa/à toa - Como adjetivo, leva hífen: Honório chamou a vizinha de "mulher à-toa". Como advérbio não leva hífen: Estava à toa na vida.
através - Embora muitos gramáticos condenem, a palavra através, que originalmente significa de lado a lado, transversalmente, é cada vez mais usada no sentido de por. Assim, um jornalista pode fazer revelações através do jornal, mas a revelação não pode ser feita através do jornalista. Em outras palavras, através não pode ser usado para introduzir o agente da passiva, que em português se constrói com por ou de.
De qualquer forma, o através de pode muitas vezes ser mesmo substituído por um simples por, que é mais econômico.
auto - Registro escrito e autenticado de algum ato. Use apenas no seu sentido estrito: O discurso foi registrado nos autos do processo.
Não use como forma reduzida de automóvel.
auto- - Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação, auto-análise, autobiografia, autocomiseração, autoconsciência, autocrítica, autodefesa, autodidata, auto-erotismo, autofagia, autofinanciamento, auto-indução.
autópsia - Originalmente, em grego, era usado com o sentido de ver com os próprios olhos. Hoje designa o exame de cadáver. Prefira autópsia a necropsia.
"babysitter" - Não use para designar babá. Empregue apenas para se referir a pessoa contratada por hora ou dia para cuidar de crianças.
bacharel - Substantivo comum-de-dois: o bacharel, a bacharel. Não use bacharela.
balear - É o verbo mais adequado em caso de ferimento por bala. Veja assassinar; executar; fuzilar.
Bandeirantes - Escreva Rede Bandeirantes quando se tratar da rede de televisão.
bi- - Sempre sem hífen: bicameral, bifronte, bipartidário, bipolar, birrefração, bissexual, bitransitivo, bivalente.
bi - Admite-se esta abreviatura de bilhão apenas para referir-se a dinheiro em títulos.
bianual - Se for para qualificar algo que acontece duas vezes por ano, use semestral. Não confunda com bienal, que significa uma vez a cada dois anos.
bicha - Nunca use esta forma preconceituosa para qualificar homossexual masculino, exceto em transcrição de declaração ou entrevista. Caso se trate do verme, prefira lombriga.
bilionário - Veja milionário.
"billion" - Veja numerais. Consulte também quadro com as grandezas e seus nomes em várias línguas no anexo As Grandezas, País por País.
bimensal - Se for para qualificar algo que acontece duas vezes por mês, use quinzenal. Não confunda com bimestral, que significa uma vez a cada dois meses.
bio- - Sempre sem hífen: bioacústica, biodiversidade, bioquímica, biossatélite.
biopsia - Exame de tecido retirado de organismo vivo. É errada a forma "biópsia".
boa noite/boa-noite - Com hífen só quando for substantivo composto: Ele me deu boa-noite, mas Ele teve uma boa noite.
boato - Veja rumor/boato/fofoca
boçal - Não use, exceto em transcrição de declaração ou entrevista. A expressão designava escravo recém-chegado da África, que ainda não conhecia a língua portuguesa. O uso se generalizou para qualquer pessoa considerada rude, ignorante.
bom dia/bom-dia - Veja boa noite/ boa-noite.
boneca - Nunca use para designar homossexual.
box - Não use este jargão jornalístico para remeter o leitor do texto para um quadro editado na mesma página.
boxe - Use esta forma aportuguesada para referir-se à luta ou ao local onde ficam as equipes nas corridas automobilísticas.
"boxeur" - Use boxeador.
briga - Nunca use como sinônimo de polêmica, discussão ou disputa no campo das idéias. A palavra implica agressão verbal ou física, luta, confronto. Quanto ao contexto eleitoral, prefira debate, conversa, conferência ou mesa-redonda.
bunker - Em inglês, fortificação. Por analogia, pode-se usar para designar grupo que se fixa com firmeza em suas posições ideológicas: O bunker petista no Congresso.
burguesia - Não use as expressões burguesia, alta burguesia e pequena burguesia em texto noticioso, exceto ao reproduzir declaração textual ou entrevista.
cacique - Não use este termo da língua dos taínos para designar todo e qualquer líder temporal de grupo de índios. Reserve-o para chefes de grupos indígenas da América Central e das Antilhas. Para os demais, use chefe. Veja pajé.
cacoete de linguagem - Evite expressões pobres de valor informativo e portanto dispensáveis em textos noticiosos: antes de mais nada, ao mesmo tempo, pelo contrário, por sua vez, por outro lado, via de regra, com direito a, até porque.
Dispense também modismos ou chavões que vulgarizam o texto jornalístico: Inflação galopante, erro gritante, óbvio ululante, rota de colisão, vitória esmagadora, luz no fim do túnel, prejuízos incalculáveis, consequências imprevisíveis, no fundo do poço, inserido no contexto, detonar um processo, equipamento sofisticado, avançada tecnologia, caixinha de surpresas, caloroso abraço, fonte inesgotável, ruído ensurdecedor, em nível de, extrapolar (significando exceder, a não ser no sentido matemático), a todo vapor, atuação impecável (irretocável, irrepreensível), na vida real, catapultar, pavoroso incêndio, confortável mansão, calorosa recepção, duras (pesadas) críticas, escoriações generalizadas, o cardápio da reunião, ataque fulminante, fortuna incalculável, preencher uma lacuna, perda irreparável, líder carismático, familiares inconsoláveis, monstruoso congestionamento, calorosos aplausos, sonora (estrepitosa) vaia, trair-se pela emoção, quebrar o protocolo, visivelmente emocionado, gerar polêmica, abrir com chave de ouro, aparar as arestas, trocar figurinhas, a toque de caixa, chegar a um denominador comum, correr por fora, ser o azarão, consternar profundamente, coroar-se de êxito, debelar as chamas, literalmente tomado, requintes de crueldade, respirar aliviado, fazer uma colocação, tirar uma resolução, carreira brilhante (meteórica), atirar farpas, estrondoso (fulgurante, retumbante) sucesso, enquanto (significando 'na qualidade de', a não ser no sentido de 'ao passo que' ou 'durante'), perfeita sintonia, corações e mentes, dispensa apresentação, fez por merecer, importância vital, com direito a.
Corte ou substitua essas expressões sempre que possível em textos noticiosos, mas atenção: às vezes elas podem dar cor ou ironia a um texto mais leve, como "sides", "features" e colunas assinadas.
Evite também palavras que emprestem tom preciosista ou exagerado ao texto, como viatura, veículo, residência, mansão, esposa, colisão, falecer, óbito, magnata, miserável, sanitário, toalete. Outros exemplos: sufragar, corte, pleito, pretório excelso, julgador, inconformação, contestação, demandante, causídico, ingressar, retornar, objetivar.
Dê preferência ao vocabulário coloquial: carro de polícia, carro, casa, mulher, batida, morrer, morte, empresário, pobre, banheiro. Outros exemplos: votar, tribunal, eleição, Supremo Tribunal Federal, juiz, recurso, resposta, réu, advogado, entrar, voltar, pretender.
cacófato - Embora o jornal não seja em geral lido em voz alta, evite -especialmente em títulos- termo chulo ou desagradável formado pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra: por cada, conforme já, marca gol, nunca gostou, confisca gado, uma herdeira, boom da construção civil. Prefira: cada, faz gol, nunca experimentou, desapropria terra, faz gol, igual à herdeira, crescimento da construção civil.
caixa- - caixa-d'água, caixa-dois (no sentido de caixa paralelo de empresas), caixa-forte, caixa-preta.
caixa alta/baixa - Veja maiúsculas/minúsculas.
calúnia/difamação/injúria - Existe uma gradação decrescente entre os três tipos de crime contra a honra. Caluniar alguém é atribuir falsamente fato definido como crime. Difamar é imputar fato ofensivo à reputação. Injuriar é ofender a dignidade ou o decoro de alguém. Consulte também o anexo Jurídico.
Câmara dos Deputados - Escreva sempre com maiúscula, mesmo em segunda menção: O presidente da Câmara. Veja maiúsculas/minúsculas.
Câmara Municipal - Escreva sempre com maiúscula, mesmo em segunda menção: O diretor-geral da Câmara. Veja maiúsculas/minúsculas.
campus - O plural desta palavra latina é campi.
capital - Não use como sinônimo de qualquer cidade em particular: São Paulo é capital apenas para os paulistas. Só faz sentido usar a palavra capital quando acompanhada do Estado ou país a que se está referindo: Reikjavík, capital da Islândia.
Evite citar o país no caso de capitais muito conhecidas -como Paris, Moscou, Washington- ou que se tornam conhecidas em função do noticiário -como Bagdá durante a Guerra do Golfo.
capitalista - Esta palavra não deve ser usada para qualificar personagem da notícia. O empresário, o banqueiro, o industrial, o comerciante não devem ser chamados de capitalista. Autoridade pública de país capitalista deve ser identificada pelo seu cargo e nacionalidade: O presidente norte-americano, não o líder capitalista.
cardápio - Não deve ser usado em sentido figurado para designar os temas discutidos por pessoas: O prefeito e o governador do Rio jantaram juntos ontem; no cardápio, as próximas eleições. Use apenas no sentido real. Veja cacoete de linguagem.
cardeal - A rigor, o título deve vir antes do sobrenome do prelado: O arcebispo de São Paulo, dom Paulo cardeal Arns, esteve ontem com o papa João Paulo 2º. Mas a forma é pouco coloquial. Prefira: O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns ou o cardeal Arns. Jamais escreva o cardeal dom Paulo, nem dom Arns. Veja tratamento de pessoa.
cargos - Escreva sempre com minúscula: presidente, secretário, ministro, diretor, professor, papa, deputado, doutor, juiz, embaixador, desembargador. Veja maiúsculas/minúsculas.
carioca - Referente à cidade do Rio de Janeiro. O adjetivo para o Estado do Rio de Janeiro é fluminense.
carisma - Não empregue este conceito da ciência política de maneira indistinta para qualquer liderança que aparente ter prestígio pessoal. Em grego, significa dom excepcional. Reserve o termo para políticos como Getúlio Vargas, Juan Domingo Perón, Charles de Gaulle, Fidel Castro, Adolf Hitler.
caro - É errado dizer que o preço está caro. O certo é o preço está alto. O produto pode ser caro.
castelhano - Prefira espanhol para designar o idioma.
Caso Clinton/Lewinsky - No caso Monica Lewinsky, pairam sobre o presidente dos EUA as suspeitas de falso testemunho (Clinton teria negado em juízo seu suposto relacionamento com a ex-estagiária da Casa Branca) e obstrução de justiça (ele teria coagido a moça a mentir sobre o assunto em depoimento). Em português, não é correto usar o termo perjúrio no lugar de falso testemunho. A expressão em inglês "grand jury'', utilizada para definir o júri que vai decidir se há evidências suficientes para indiciar Clinton, deve ser traduzida como júri de inquérito ou júri de inquisição. A tradução correta da expressão "material evidence'' é prova relevante.
CE - Use esta sigla para designar a Comunidade Européia. Não confunda com CEE, Comunidade Econômica Européia, uma das três organizações que compõem a CE. As outras duas são: Comunidade Européia de Energia Atômica (Euratom) e Comunidade Européia do Carvão e do Aço (conhecida pela sigla inglesa ECSC).
Países membros da CE: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal e Reino Unido.
Celsius - Escala de temperatura usada no Sistema Internacional. O zero representa o ponto de congelamento da água e o 100 o de ebulição ao nível do mar. A palavra vem de Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco que criou a escala. Use Celsius ou ºC, nunca graus centígrados, o que seria uma redundância: A temperatura era de 33 graus Celsius negativos ou -33ºC, e não 33 graus centígrados.
centímetro - Deve-se usar a abreviatura cm quando antecedida de algarismo: O corte de tecido media 55 cm de largura.
cerca de - Evite. A melhor informação é sempre a mais precisa. Quando for indispensável, use apenas para números redondos e que não possam ser contados com facilidade: cerca de 200 pessoas estavam na festa, nunca cerca de 157 pessoas estavam na festa nem cerca de 11 bailarinos estavam no palco.
champanhe - Vinho branco espumante da região de Champanhe, nordeste da França. Se não vier dessa região, chame de espumante ou tipo champanhe. Tome cuidado com a concordância, porque o nome da bebida é masculino: o champanhe está gelado. Já o da região é feminino: Uma viagem pela Champanhe.
chavão - Veja cacoete de linguagem.
chefe - Pode ser usado, entre outras coisas, para designar genericamente líder não-religioso de grupos de índios, em lugar de cacique, morubixaba ou tuxaua.
Chefe é substantivo comum-de-dois: o chefe, a chefe. Não use chefa.
chefe da nação - Só use para referir-se a sociedades tribais. Nas sociedades não-tribais, os chefes são de Estado ou de governo. Além disso, a expressão forma um cacófato (danação). Veja Estado; nação.
chegar a/chegar em - Nunca escreva chegar em. O correto é chegar a algum lugar: Bob Dylan chega amanhã a São Paulo, nunca em São Paulo.
cheque/xeque - Não confunda o cheque de banco com o xeque do xadrez (xeque-mate) ou com o título de sabedoria árabe: Ele visou o cheque; O argumento foi posto em xeque; O xeque entrou em sua tenda.
ciências - Escreva seus nomes sempre com minúscula: química, física, biologia, antropologia, pedagogia. Veja maiúsculas/minúsculas.
clichê - Placa de metal com relevo de foto, desenho ou letra para impressão. Também adquiriu o sentido de frase feita, chavão. Veja cacoete de linguagem; clichês (no cap. Edição).
co- - Talvez seja o prefixo mais confuso da língua portuguesa. Use hífen em formações mais modernas e aglutine em palavras mais antigas: coabitação, co-administrar, co-autor, co-avalista, co-diretor, co-edição, coexistência, colateral, coobrigação, co-ocupar, cooperar, co-opositor, cooptar, co-piloto, co-produção, co-proprietário, co-responsável, comensal, corredor, comover.
codinome - Veja apelido.
colchetes - Recurso gráfico ( [] ) com função semelhante à dos parênteses, mas mais abrangente. Permite introduzir breves esclarecimentos no interior do texto, em especial quando interrompem declaração textual: "A Escherichia coli [tipo de bactéria frequente no intestino humano] é o burro de carga da engenharia genética", disse o cientista.
Não use colchetes para fazer remissão dentro de uma mesma página -bastam parênteses: (veja gráfico ao lado).
cólera - Quando significa raiva é palavra feminina: Sua irritação chegava ao limite da cólera. Quando designa a doença, pode ser masculino ou feminino, mas a Folha padroniza com o masculino: O cólera chegou ao Brasil.
coletiva - Em textos, não use este jargão jornalístico para designar entrevista coletiva.
colocação de pronomes - Este é um capítulo da sintaxe em que as gramáticas não concordam. A maior parte da confusão vem do fato de que os pronomes oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) são pronunciados de forma diferente em Portugal e no Brasil. Jamais ocorreria a um português, por menos instruído que fosse, dizer: Me parece que. O e do me praticamente não é pronunciado em Portugal e assim o me antes do parece formaria um encontro consonântico de difícil pronúncia: m'p'rece q'. No Brasil, os pronomes oblíquos têm uma pronúncia mais acentuada. Já deixaram de ser átonos e caminham em direção ao tonalismo; hoje são semitônicos.
Até que esses pronomes se tornem de fato tônicos, adote as seguintes normas:
a) Próclise (pronome antes do verbo) - Dê preferência a este caso. É o mais próximo da linguagem coloquial do Brasil e na maioria dos casos não fere demais a norma culta: Eu o vi; Ele se informou são mais eufônicos no Brasil que Eu vi-o; Ele informou-se. A próclise é obrigatória na norma culta quando ocorrem certas palavras que têm uma espécie de poder atrativo: palavras e expressões negativas (não, ninguém, nada, nunca, jamais, nem, de modo algum, de jeito nenhum, em hipótese alguma etc.), pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos (que, o qual, quem, quando, onde, algum, alguém, diversos, muito, tudo, outro, ninguém, este, esse, aquele, isto, isso, aquilo etc.), advérbios ou locuções adverbiais e conjunções subordinativas integrantes ou adverbiais (como, quando, sempre, que, se, já, brevemente, aqui, talvez, realmente, sempre, embora, conforme etc.), gerúndio precedido da preposição em, frases interrogativas, optativas e exclamativas e verbos proparoxítonos;
b) Ênclise (pronome depois do verbo) - Use-a para evitar começar frase com pronome. É também comum com infinitivos, em orações imperativas ou com gerúndio. Na norma culta, prevalece sobre a próclise se não houver partícula que atraia o pronome. Não pode ser usada com futuro do presente ou do pretérito;
c) Mesóclise (pronome no meio do verbo) - Evite ao máximo. Na norma culta substitui a ênclise em verbos no futuro do presente ou do pretérito: Dir-lhe-ei; Fá-lo-ia.
colônia - Não use este termo considerado pejorativo para designar grupo de pessoas com laços étnicos ou religiosos. Empregue comunidade: comunidade de origem japonesa; comunidade islâmica.
coloquial - Veja linguagem coloquial.
comentário - Pequeno artigo interpretativo. Veja artigo.
"commodity" - Em inglês, mercadoria. Designa mercadoria em estado bruto ou produto primário como chá, café, estanho, cobre etc. Tome cuidado com o plural: "commodities".
comprimento/cumprimento - Não confunda a medida com a saudação, elogio ou a ação de cumprir: O carro tem 3,8 m de comprimento; Recebeu um cumprimento da Direção de Redação; O soldado foi homenageado por ter morrido "no cumprimento do dever", anunciou o Pentágono.
comunista - Use apenas para indicar ligação de alguém com organizações comunistas quando isso for importante no contexto da notícia. Nunca empregue para se referir a pessoas com inclinações políticas de esquerda. Veja direita/esquerda.
concerto/conserto - Concerto musical, mas conserto de objetos, máquinas.
concisão - O texto jornalístico deve ser conciso. Tudo o que puder ser dito em uma linha não deve ser dito em duas. Veja tamanho de texto.
concordância nominal - Preste atenção ao cortar e reescrever textos. É deste trabalho que surgem os piores erros de concordância nominal: A medida foi criticados; Aparelhagem de microscopia mal regulado. Esse tipo de erro ocorre quando o redator troca um substantivo por outro de gênero ou número diferentes -decretos por medida, aparelho por aparelhagem- e não adapta o adjetivo. Redobre a atenção com períodos longos.
Tome cuidado também com as construções em que um adjetivo qualifica mais de um substantivo: A casa e o prédio velhos; Foi confiscada a carne e o gado. Aplique nesses casos regras análogas às da concordância verbal, expostas no próximo verbete. Lembre-se de que em português o masculino prevalece sobre o feminino: Alexandra e Herculano são bons autores.
concordância verbal - Há uma única regra: o verbo concorda em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da oração. É errado dizer nós vai ou ele são, como qualquer um percebe. Mas logo surgem as dificuldades: mais de um é ou mais de um são? Existe Deus e o diabo ou existem Deus e o diabo? Em geral, as duas construções são admitidas e podem ter significados diferentes.
A maioria das dificuldades ocorre quando coexistem palavras de caráter fortemente plural e singular no mesmo sujeito:
a) Coletivos - Às vezes, as idéias de plural e singular existem ao mesmo tempo numa única palavra. É o caso dos coletivos. A palavra exército, mesmo no singular, encerra a idéia de plural (um exército é composto de vários soldados). Ninguém escreve o exército são. Mas Alexandre Herculano escreveu: "Vadeado o rio, a cavalgada encaminhou-se por uma senda tortuosa que ia dar à entrada do mosteiro, onde desejavam chegar". Trata-se da concordância lógica (também chamada ideológica ou siléptica) que se opõe à concordância gramatical. Embora correta, evite esse tipo de construção; prefira o singular: A maioria acredita no governo.
Mas atenção: tanto faz escrever a maioria dos entrevistados acreditam quanto acredita. Havendo um substantivo seguido da preposição de e de outro substantivo ou pronome formando um partitivo, o verbo pode ir para o plural (concordância lógica) ou singular (concordância gramatical), dependendo da ênfase que se quer dar. O uso do singular reforça a idéia de conjunto. O plural, a de individualidade dos membros do conjunto.
Há casos em que a concordância lógica é preferível: A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras são desquitadas; A campanha prevê que 1 milhão de crianças sejam vacinadas. De acordo com a concordância gramatical, os períodos ficariam: A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras é desquitado; A campanha prevê que 1 milhão de crianças seja vacinado;
b) Um - Este numeral está impregnado de singularidade. Quando faz parte de um sujeito logicamente plural, carrega o verbo para o singular: Cada um daqueles deputados era servido por 40 motoristas; Mais de um brasileiro deseja ganhar na loteria. Exceção: Mais de um ministro se cumprimentaram na recepção (porque há idéia de reciprocidade).
Tome cuidado com a expressão um dos que, que de preferência deve ser acompanhada de plural. Mas atenção: a concordância pode alterar o sentido da frase: Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiram na Guerra do Golfo (ele se distinguiu, entre outros generais que também se distinguiram), mas Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiu na Guerra do Golfo (ele foi o que mais se distinguiu); O Sena é um dos grandes rios que passa por Paris (é o único grande rio que passa por Paris). Embora correta, evite esta última construção, que tem valor eminentemente literário e é muito sutil para texto noticioso.
As expressões um e outro e nem um nem outro podem ser usadas tanto com plural como com singular, indistintamente: um e outro é bom ou um e outro são bons. Prefira o plural se a expressão vier acompanhada de um substantivo: um e outro homem são bons.
Também costumam apresentar dificuldade os seguintes tópicos:
a) Ou - Use o singular se ou introduzir idéia de exclusividade: Nicodemo ou Aristarco será eleito presidente (apenas um deles será eleito); se os dois agentes puderem realizar a ação, o verbo vai para o plural: Nicodemo ou Aristarco devem chegar nos próximos minutos;
b) Nem - Pode levar o verbo para o plural ou o singular, indistintamente. Nem Ulisses nem Eneas será eleito presidente; Nem Ulisses nem Eneas serão eleitos presidente;
c) Com - Se a relação for de igualdade, o verbo vai para o plural: O general com seus oficiais tomaram o quartel. Se os elementos não têm a mesma participação, o verbo vai para o singular: Bush com seus aliados venceu o Iraque. Esse tipo de concordância também vale para expressões como não só... mas também, tanto... como, assim... como. Esse tipo de construção, embora seja correto, é literário e precioso demais para textos noticiosos;
d) Verbo antes do sujeito composto - Nestes casos, o verbo pode concordar com o elemento mais próximo ou com o conjunto: Estréia o filme e a peça ou Estréiam o filme e a peça. Use o plural se o sujeito composto for uma sucessão de nomes próprios ou se a ação for de reciprocidade: Adoeceram Maria, Carla e Paula; Enfrentam-se Corinthians e Palmeiras. Essas construções, embora corretas, também são literárias e preciosas demais para ser usadas em textos noticiosos;
e) Gradação/resumo - Sujeitos compostos devem ser conjugados com o verbo no singular se constituírem uma gradação: "Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o joão-ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!" (Carlos Drummond de Andrade).
O singular também vale para sujeitos compostos resumidos por palavras como tudo, nada, ninguém, nenhum, cada um: Jogo, bebida, sexo e drogas, nada pôde satisfazê-lo;
f) Pronomes - Eu e tu somos, tu e ele sois, eu e ele somos. A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª, que prevalece sobre a 3ª. Essas construções são raras no jornalismo, mas frequentes na literatura. Mas não caracterizam erros gramaticais.
Se o pronome pessoal vier antecedido de interrogativos ou indefinidos como quais, quantos, alguns, poucos, muitos, na norma culta, o verbo concorda com o pronome pessoal: Poucos de nós conhecemos a gramática. Admite-se também a concordância mais coloquial com o indefinido ou interrogativo: Poucos de nós conhecem a gramática;
g) Quem/que - Sou um homem que pensa ou sou um homem que penso, mas sou eu quem fala. Com quem o verbo vai sempre para a 3ª pessoa;
h) Pronomes de tratamento - O verbo e o pronome possessivo ficam sempre na 3ª pessoa: Vossa santidade deseja sua Bíblia? Se houver um adjetivo, ele concorda com o sexo da pessoa a que se refere: Sr. governador, vossa excelência está equivocado;
i) Sujeitos infinitivos - Quando o sujeito de uma frase é uma sucessão de infinitivos genéricos, use o singular: Plantar e colher não dá dinheiro. Se os infinitivos forem determinados, plural: O comer e o beber são necessários à saúde;
j) Nomes próprios - Se o sujeito é um nome próprio plural e estiver ou puder estar precedido de artigo, use o plural: Os EUA lançaram um ultimato a Saddam Hussein; Os Andes são uma cadeia de montanhas; As Filipinas são um arquipélago. Outros nomes perderam a idéia de plural: O Amazonas corre em direção ao mar; Minas Gerais é um Estado brasileiro; Alagoas tem belas praias;
l) Nomes de obras - Mesmo no plural, dê preferência ao singular: "Os Pássaros" é um filme de Hitchcock; "Os Lusíadas" é a obra-prima de Camões;
m) Nomes de empresas - O verbo também pode ir para o singular quando o sujeito é um nome de empresa no plural: Lojas Arapuã adota nova estratégia, ou adotam nova estratégia;
n) Concordância por atração - Em frases com o verbo de ligação ser, o verbo pode concordar com qualquer elemento (sujeito ou predicativo). Em geral, concorda com o mais forte: Isto são histórias; O que trago são fatos; Emília era as alegrias da avó; Dois milhões de dólares é muito dinheiro.
Veja fazer; haver; porcentagem.
conferência de imprensa - A tradução da expressão de língua inglesa press conference é entrevista coletiva. Em segunda menção use entrevista.
Congresso - Veja Parlamento/Congresso.
conjunção - Use conjunções e locuções conjuntivas quando tiverem a função de estabelecer o nexo indispensável entre orações ou frases. A falta desses conectores pode tornar o texto fragmentado, obscuro. Quando não necessários, funcionam como obstáculo para a leitura, atravancando o texto.
Dispense elo de ligação entre elementos independentes: Oito pessoas foram detidas por atirar pedras nos policiais. A polícia recolheu dois coquetéis Molotov no local em vez de Oito pessoas foram detidas por atirar pedras nos policiais. Por outro lado, a polícia recolheu dois coquetéis Molotov no local. A locução por outro lado nada acrescenta à simples sucessão de duas orações.
Não deixe de empregar conjunção quando for indispensável para dar sentido: O dono do terreno disse não dar importância ao fato, mas chamou a polícia para retirar os invasores em vez de O dono do terreno disse não dar importância ao fato. Chamou a polícia para retirar os invasores. A relação de oposição entre as duas ações deve ser marcada pela conjunção adversativa mas. Em resumo: verifique se a conjunção pode ser suprimida sem prejuízo da clareza. Entre as mais frequentes e desnecessárias estão: contudo, porém, todavia, portanto, entretanto, no entanto, pois, logo, em decorrência de, por consequência, dessa forma, ao mesmo tempo, por outro lado, além disso, além do que, ao passo que, à medida que, à proporção que, ora...ora, ou bem...ou bem, por conseguinte. Nunca use conjunções ou locuções conjuntivas que soem antiquadas: outrossim, não obstante, destarte, dessarte, entrementes, consoante, de sorte que, porquanto, conquanto, posto que. Veja e; porém.
conservador/progressista - Empregue estes adjetivos apenas quando não for possível maior precisão para qualificar pessoa ou idéia favorável ou contrária à manutenção da estrutura social vigente. Dê preferência à filiação partidária, por exemplo. Por serem vagos e desgastados pelo uso, a utilização desses termos deve ser discutida com o editor ou editor-assistente. Veja direita/esquerda; terrorista/guerrilheiro.
Constituição - Com maiúscula quando designar a Lei Fundamental ou o conceito político. Veja maiúsculas/minúsculas.
contemplar - Significa olhar, considerar ou dar algo. Evite usar como sinônimo de prever, estabelecer ou regular: A Constituição estabelece a punição, e não A Constituição contempla a punição.
contra - Pede hífen apenas antes de vogal, h, r, s: contra-atacar, contra-ataque, contrabaixo, contracapa, contracheque, contra-estímulo, contrafilé, contra-histórico, contragolpe, contra-indicar, contra-informação, contramaré, contra-ofensiva, contra-oferta, contra-ordem, contraproducente, contraproposta, contra-reforma, contra-revolução, contra-senso, contratempo, contratorpedeiro.
contrato de trabalho por tempo determinado - Está errado utilizar a expressão contrato temporário de trabalho para se referir ao projeto recentemente aprovado pelo Senado. O que os senadores aprovaram foi a ampliação do contrato de trabalho por tempo determinado, modalidade que reduz diretitos trabalhistas.
Regulamentado por lei em 1973, o contrato temporário atende à necessidade transitória de substituição de funcionário regular de uma empresa (uma mulher em licença-maternidade, por exemplo).
contravenção - Não confunda com crime. Contravenção é infração criminal considerada menos grave que o crime. A diferença está na pena que é aplicável em cada caso. Exemplos de contravenção: jogo do bicho, direção perigosa de veículo e disparo de arma de fogo. Veja crime. Consulte também o anexo Jurídico.
copidesque - Palavra aportuguesada do inglês copydesk. Designa o trabalho -ou pessoa que o executa- de reescrever textos para publicação. Na Folha, o texto é copidescado de preferência pelo próprio autor.
Quando for inevitável que outro jornalista o faça, a assinatura do autor deve ser suprimida se as alterações forem profundas e não puderem ser comunicadas a ele.
Textos de colaboradores devem ser copidescados apenas para adequação às normas da gramática e deste manual, salvo exceções definidas pela Secretaria de Redação. Veja assinatura de texto (no cap. Edição).
córner - Use escanteio.
cosmonauta - Designação dada a tripulantes ou passageiros em nave do programa espacial da CEI (Ex-URSS). Os norte-americanos usam astronauta.
crase - Contração do artigo definido feminino a com a preposição a. Em vez de se grafar aa, grafa-se à. A pronúncia correta é a. Só se usa crase quando uma palavra (substantivo ou adjetivo) exigir a preposição a e houver um substantivo feminino que admita o artigo a ou as: Vou à escola.
Assim, é erro grave colocar crase antes de nomes masculinos ou verbos ou pronomes, pois esses termos (salvo em raras exceções, como a expressão 'à moda de' subentendida e os pronomes senhora, senhorita, dona, madame, mesma, própria e outra) não admitem artigo feminino. Estão erradas as construções: Vou à pé, ele está à sair, entrega à domicílio, venda à prazo, direi à ela, não contou à ninguém. Também não se usa crase quando a preposição a estiver seguida de palavra no plural: discursou a autoridades, presta socorro a vítimas. O mesmo vale para expressões em que já houver uma preposição antes da preposição a: foram até a praça, ficaram até as 19h.
Há uma regra geral que dá conta da maioria dos casos: troque a palavra feminina por outra masculina. Se na substituição for usada a contração ao, haverá crase. Caso contrário, não: estar à janela porque se diz estar ao portão; às três horas porque se diz aos 42 minutos; entregou o documento a essa mulher porque não se diz entregou o documento ao esse homem; assistiu a uma boa peça porque não se diz assistiu ao um bom filme.
Em algumas poucas expressões é difícil substituir o termo feminino por outro masculino. Nesses casos, troque o a por uma outra preposição e veja se o artigo sobrevive: O carro virou à direita porque se diz O carro virou para a direita.
A substituição do feminino pelo masculino também não funciona para nomes de países ou cidades. Para saber se ir a Roma leva crase, substitua os verbos ir ou chegar por vir ou voltar. Se o resultado for a palavra da, haverá crase: Vou à França porque volto da França, mas vou a Roma porque volto de Roma.
Casos especiais:
a) Há crase antes de palavras masculinas se estiver subentendida a expressão à moda de ou à maneira de: móveis à Luís 15, filé à Chateaubriand. Também se pode dizer Vou à João Mendes. Neste caso, está subentendido o termo praça.
b) A crase também deve ser usada em locuções adverbiais com termos femininos: às vezes, às pressas, à primeira vista, à medida que, à noite, à custa de, à procura de, à proporção que, à toa, à uma hora (uma é numeral e não artigo indefinido). Nestes casos, a regra geral de substituir por palavra masculina não funciona.
c) Em outras locuções, como à vela, à bala, à mão, à máquina, à vista o uso da crase é optativo. Serve para esclarecer o sentido da frase. Receber a bala pode significar receber a bala no corpo ou receber os visitantes à bala. Aqui também não funciona a regra geral de substituir por palavra masculina.
d) Nomes de países ou cidades femininos que normalmente repelem o artigo levam crase se estiverem qualificados: Voltou à Roma de César; Viajou à bela Paris.
< e) É possível usar crase em pronomes demonstrativos aquele, aquilo, aquela, a, as: Ele não se referiu àquele deputado; O presidente se dirigiu àquela casa; O padre nunca se adaptou àquilo; A capitania de Minas Gerais estava ligada à de São Paulo; Falarei às que quiserem me ouvir. Haverá crase se houver necessidade do uso de preposição antes do pronome.
crente - Não use para designar o fiel de qualquer religião ou seita. Indique sempre a que igreja a pessoa pertence.
criar - Veja gerar.
crime - Ação ou omissão punida pela lei. Não confunda com contravenção. Crime é considerado mais grave que contravenção e é punido com penas mais severas. Pode ser doloso ou culposo. Doloso, quando o autor quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Culposo, quando o autor não quis o resultado mas deu causa a ele por imprudência, negligência ou imperícia -por exemplo, homicídio decorrente de acidente de trânsito provocado por erro de motorista. Veja acusação criminal; contravenção. Consulte também o anexo Jurídico.
crioulo - Nunca use para se referir a pessoas negras.
crise - Use com cuidado expressões como a pior crise da história do país. Ao longo dos anos, todas as crises políticas e econômicas têm sido assim classificadas.
crítica - Gênero jornalístico opinativo que analisa e avalia trabalho intelectual ou desempenho: artes, espetáculos, livros, competição esportiva, discurso político, projeto ou gestão de administração pública, trabalho acadêmico. É sempre assinada.
A crítica deve ser fundamentada em argumentos claros. Quando escrita por especialista, deve permanecer acessível ao leigo, sem ser banal. Não deve conter acusação de ordem pessoal. Lembre-se: o objeto da crítica é a obra ou desempenho, e não a pessoa. Veja resenha.
crônica - Gênero em que o autor trata de assuntos cotidianos de maneira mais literária que jornalística. Pode ser também um pequeno conto. É sempre assinada.
culminar - Evite esta expressão como sinônimo de terminar, que já se tornou um lugar-comum. Use-a apenas no sentido literal de chegar ao ponto mais alto: A participação do Brasil nas disputas da Copa Jules Rimet culminou com sua conquista definitiva. Não: Culminando o espetáculo, o cantor apresentou sua última canção.
"curriculum vitae" - Em latim, carreira da vida. Escreva currículo.
curtir - Evite como gíria, exceto ao reproduzir declaração textual ou entrevista. Veja declaração textual; gíria.
d. - Abreviatura de dom: A independência do Brasil foi proclamada por d. Pedro 1º.
dar verba - Evite a expressão. A autoridade pública não dá verba a nenhum projeto, município, Estado ou órgão público. Ninguém pode dar o que não lhe pertence. A autoridade libera, destina verba. Não escreva O ministro Liberal d'Assotto deu Cr$ 10 milhões ao Estado de Pernambuco e sim O ministro Liberal d'Assotto liberou Cr$ 10 milhões ao Estado de Pernambuco.
data - Para designar datas, use algarismos arábicos para o dia, minúscula para o mês e algarismos arábicos para o ano sem ponto de separação do milhar: 31 de outubro de 1952. Apenas o dia primeiro de cada mês é grafado com ordinal. Em crédito de fotografia, o mês deve ser abreviado por suas três primeiras letras e o ano por seus dois últimos algarismos: 6.jul.60.
Nomes de datas, feriados, eventos históricos importantes ou festas religiosas e populares são grafados pela Folha com maiúsculas: Primeiro de Maio (ou 1º de Maio), Dia do Trabalho, Sete de Setembro (ou 7 de Setembro), Natal, Carnaval, Revolução Francesa, Dia D, Ramadã, Yom Kippur, Dia da Bandeira.
d.C. - Depois de Cristo.
década - Quando se escreve década de 20, por exemplo, subentende-se o período de dez anos entre 1921 e o final de 1930. Para evitar confusão, pode-se usar o termo anos 20, que engloba o período entre 1920 e 1929. Quando usar essas expressões para outros séculos, especifique: anos 20 do século 19.
decimais - Veja numerais.
declaração textual - Quanto menos usado o recurso da declaração textual, mais valor ele adquire. Reserve-o para afirmações de grande impacto, por seu conteúdo ou pelo caráter inusitado que possam ter: "Cunhado não é parente", disse o governador; "Graças a Deus chegamos a um acordo", afirmou Gorbatchov. Veja lide.
Reproduzir declarações textuais confere credibilidade à informação, dá vivacidade à reportagem e ajuda o leitor a conhecer melhor o personagem da notícia. Reproduza apenas as frases mais importantes, expressivas e espontâneas: O jogo terminou às 15h45, em vez de Segundo o juiz, "o jogo terminou às 15h45". Informações de caráter universal ou de fácil averiguação não devem ser atribuídas a alguém, mas assumidas pelo jornalista: A água ferve a 100ºC e não "A água ferve a 100ºC", informou o químico.
Na reprodução de declaração textual, seja fiel ao que foi dito, mas, se não for de relevância jornalística, elimine repetições de palavras ou expressões da linguagem oral: um, é, ah, né, tá, sabe?, entende?, viu? Para facilitar a leitura, pode-se suprimir trecho ou alterar a ordem do que foi dito -desde que respeitado o conteúdo.
A Folha não usa o travessão para substituir ou reforçar aspas. A declaração deve estar entre aspas, ainda que se trate de diálogo. Veja aspas.
Na necessidade de chamar a atenção do leitor para algo de errado ou estranho em declaração, admite-se o uso da expressão latina sic (assim mesmo) entre parênteses. Restrinja o uso desse recurso.
Cuidado com os sujeitos e os verbos ao reproduzir declarações textuais. Nunca escreva Agripino Viso declarou que "vi com meus próprios olhos" nem Agripino Viso declarou que "viu com seus próprios olhos". Use: "Vi com meus próprios olhos", disse Agripino Viso; ou Agripino Viso disse ter visto com seus "próprios olhos"; ou ainda Agripino Viso disse: "Vi com meus próprios olhos".
déficit - Palavra aportuguesada do latim; quer dizer falta. O contrário de superávit. Em economia, designa a diferença a menos entre a receita e a despesa. Em sentido mais geral, entre o que está disponível e o que é necessário: O déficit habitacional no Brasil continua aumentando.
dengue - Use o feminino para referir-se à virose hemorrágica e o masculino para faceirice, dengo.
dente- - dente de coelho, dente-de-leão, dente de leite (primeira dentição), dente-de-leite (categoria do futebol), dente do siso.
denunciar - Não use este verbo para se referir a reportagens. Prefira, segundo o caso, revelar, divulgar, apontar, constatar, apurar. Veja ouvir o outro lado (nos caps. Produção ou Edição); verbos declarativos.
desapercebido/despercebido - Desapercebido significa desprevenido, desprovido, sem dinheiro: João Penne não foi à feira porque estava desapercebido. Não confunda com despercebido, que significa não-percebido, distraído, desatento: O fato passou despercebido para a maioria dos deputados; O PMpassou despercebido pelo ladrão.
descarrilar/descarrilhar - As duas formas estão corretas. Descarrilar está mais de acordo com a etimologia e a norma culta, entretanto, no Brasil, a tendência é pronunciar e escrever descarrilhar, por influência de trilho. Esta forma já pode até ser considerada clássica. Foi usada por Machado de Assis: "Não percebeu que o espírito do homem ia talvez descarrilhar" (Quincas Borba).
desmistificar/desmitificar - Desmistificar significa desfazer engano, ilusão, mistificação: O episódio de corrupção nas estatais desmistificou o governo para os eleitores. Desmitificar significa desfazer um mito: Os escândalos na vida pessoal e a derrota para James "Buster" Douglas acabaram por desmitificar a imagem de Mike Tyson.
despacho - Não use em texto noticioso esse jargão para designar reportagem ou artigo remetido por correspondente, enviado especial ou agência de notícias. Use apenas no sentido literal.
despender - Não existe dispender, embora o substantivo correspondente seja dispêndio: O governo despendeu 70% do orçamento para pagar o funcionalismo; O dispêndio do governo com o funcionalismo chega a 70%.
despensa/dispensa - Não confunda despensa, onde se guardam mantimentos, com dispensa de um funcionário ou de uma obrigação, por exemplo.
deus- - deus-dará, deus-me-livre, deus-nos-acuda.
Deus/deus - Escreva com maiúscula apenas quando designar o ser transcendente, único e perfeito das religiões monoteístas: "Tudo no mundo emana de Deus", disse o religioso.
Evite construções em que Deus é substituído por um pronome, o que obrigaria a grafar a letra inicial do pronome com maiúscula: Implorou-Lhe perdão. Evite também a palavra Senhor, exceto na reprodução de texto religioso ou entrevista. Nos dois casos, mantenha a maiúscula se se tratar de texto ou fala de religioso.
Use minúscula quando designar deuses de mitologias, em sentido figurado ou concreto: Os egípcios reverenciavam inúmeros deuses; Jogou como um deus; A palavra deus é masculina.
dia- - dia a dia (dia após dia), dia-a-dia (o substantivo).
dias da semana - Sempre com minúscula: domingo, segunda, terça; em títulos, admitem-se as formas reduzidas 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª. Veja maiúsculas/minúsculas.
dias do mês - Sempre com numeral cardinal, exceto o dia 1º, com ordinal: 1º de outubro, 25 de março.
didatismo - Qualidade essencial do jornalismo e um dos objetivos básicos do Projeto Folha . Todo texto deve ser redigido a partir do princípio de que o leitor não está familiarizado com o assunto. Explique tudo de forma simples, concisa, exata e contextualizada.
Texto didático deve ter título também didático: Quem foi Benito Mussolini; O que foi a Revolução Russa, em vez de títulos pretensamente noticiosos como Ditador morreu em 1945; Revolução foi marco neste século. Veja contextualizar (nos caps. Produção ou Edição); exatidão.
difamação - Veja calúnia/difamação/injúria. Consulte também o anexo Jurídico.
diferentemente - Veja ao contrário/diferentemente.
dilema - Ocorre apenas quando alguém só pode escolher uma de duas possibilidades penosas: Morrer ou ser escravizado era o dilema de muitos negros no século 18. Se houver mais de duas ou pelo menos uma delas for positiva, não há dilema.
dimensão - Forneça sempre com exatidão as dimensões de objetos e estruturas noticiadas com destaque na reportagem. Evite adjetivos imprecisos. A ponte tinha 75 cm de largura, em vez de a ponte era estreita; o prédio tem 32 andares, em vez de o prédio é alto.
Quando um número não for suficiente para o leitor compreender a dimensão, use um termo de comparação capaz de dar uma noção que possa ser melhor visualizada pelo leitor: O jardim da casa do armador grego Pluto Safrós tem 36.502 m2, o equivalente à área de quatro campos de futebol.
Quando for impossível apurar a dimensão exata, é melhor oferecer uma estimativa aproximada: cerca de 80 cm; quase 120 m; pouco mais de 90 kg. Nunca use estimativas para número que possa ser contado com facilidade (havia cerca de 11 bailarinos no palco) nem para número que não seja redondo (morreram cerca de 123 pessoas). Veja exatidão; numerais.
direita/esquerda - Conceitos políticos que variam em função da época e do lugar. Em geral, esquerda remete às idéias de mudança da estrutura social, e direita às idéias de conservação dessa estrutura. Por serem conceitos vagos, seu uso requer consulta ao editor ou editor-assistente. São úteis para indicar ao leitor tendências ideológicas de políticos, mas seu emprego deve ser o menos arbitrário e o mais padronizado possíveis. Veja conservador/progressista.
disciplinas - Escreva seus nomes sempre com minúscula: direito, medicina, educação física, ciências sociais, filosofia, português, matemática. Veja maiúsculas/minúsculas.
discrição - Não existe discreção, embora o adjetivo correspondente seja discreto: A ministra não usou de discrição em sua festa de aniversário; A ministra não foi nada discreta em sua festa de aniversário.
discriminação - Veja preconceito; racismo (no cap. Projeto Folha).
discurso - Evite o uso como sinônimo de programa ou posição na esfera da política. Não escreva: Líderes de seis partidos se reuniram para unificar o discurso da oposição; O discurso peemedebista não empolga mais os eleitores. É melhor: Líderes de seis partidos se reuniram para unificar o programa da oposição; A plataforma peemedebista não empolga mais os eleitores. Reserve a palavra para ser usada em seu sentido próprio: O discurso do deputado entusiasmou os participantes do comício.
distância - Veja localização.
ditadura - Use com critério este termo para designar a dominação de uma sociedade por uma pessoa ou um pequeno grupo. É melhor qualificar regimes autoritários de forma objetiva: governo militar; regime cujo presidente está no poder há 25 anos; regime de partido único.
Não use a expressão ditadura militar nem Revolução de 64 para designar o movimento militar ocorrido no Brasil naquele ano.
dom - Admite-se a abreviatura d. Veja tratamento de pessoa.
dona - Não use como forma de tratamento, exceto na reprodução de falas ou em entrevistas: O presidente John Kennedy e sua mulher, dona Jacqueline. Já que a Folha não usa qualquer forma de tratamento além de cargo e função para homens, também não deve fazê-lo para mulheres: O presidente John Kennedy estava com a primeira-dama, Jacqueline.
dona-de-casa - Evite esta palavra, exceto quando a pessoa assim se definir. Ela é preferível a suas equivalentes do lar ou prendas domésticas.
doutor - A Folha não usa títulos como forma de tratamento do personagem da notícia: O dr. João dos Passos atendeu o jogador. Use o nome da profissão do personagem: O médico João dos Passos atendeu o jogador.
Quando o personagem da notícia completou estudos de pós-graduação em nível de doutoramento, pode-se mencionar o fato para precisar a identificação da pessoa: O médico John Steps, doutor pela Universidade Harvard, será o conferencista de hoje .
"dumping" - Em inglês, lançamento de grande quantidade de produtos a preços abaixo do custo para conquistar mercado. Explique sempre o significado da expressão, deixando claro que se trata de um tipo de concorrência desleal.
e - Evite começar frase com a conjunção e: O ministro anunciou o novo plano econômico. E prometeu para hoje... O e no início da frase trunca a leitura, sem acrescentar informação. Veja conjunção.
ecologia - Não existe crime contra a ecologia, apenas contra a natureza ou o ambiente. O termo, originado das palavras gregas oîkos (casa) e lógos (estudo), designa apenas o ramo da biologia que estuda relações entre seres vivos e seu ambiente. Ecologia -uma ciência- e ambientalismo -um movimento- não são sinônimos. É errado referir-se ao ambientalista Chico Mendes, por exemplo, como ecologista.
economês - A Folha combate o economês, vício de estilo comum em jornalismo econômico: A autoridade monetária está praticando uma política contracionista de elevação de juros reais com o objetivo de tentar conter o crescimento dos índices inflacionários significa apenas O governo está aumentando os juros para tentar segurar a inflação. Todos os termos técnicos e jargões devem ser evitados ou explicados em linguagem compreensível para qualquer leitor.
editorial - Texto que expressa a opinião de um jornal. Na Folha , seu estilo deve ser ao mesmo tempo enfático e equilibrado. Deve evitar a ironia exagerada, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir condensando a posição adotada pela Folha .
Nada impede que o jornal mude de opinião sobre determinado assunto. Neste caso, deve dizê-lo com clareza.
Os editoriais são publicados na segunda página do jornal e, em casos excepcionais, na primeira. Não são assinados.
Os editoriais não dirigem o noticiário, mas temas que neles aparecem com frequência devem ser explorados pela reportagem. A Folha procura publicar artigos assinados que discordem das posições dos seus editoriais.
"Efe" - Não é sigla, mas sim o nome da agência de notícias espanhola. Escreva entre aspas e com maiúscula apenas a primeira letra.
elemento - Não use este jargão policial para designar pessoa. Use a palavra apenas no sentido real.
elemento químico - Substância simples composta de átomos de um mesmo número atômico. Não deve ser confundido com substância. Exemplo: A água é uma substância cujas moléculas são formadas por dois átomos do elemento hidrogênio e um átomo do elemento oxigênio.
elipse - Figura de linguagem que consiste na omissão de palavras subentendidas pelo contexto. Pode ser usada em nome da concisão do texto, desde que não prejudique a compreensão: O congressista Walker Hodith chegou ao Recife ontem. [Ele] Desembarcou [do avião] às 7h.
elucubração - Não existe elocubração.
embaixadora/embaixatriz - Embaixadora é a mulher que desempenha cargo de representante diplomático. Embaixatriz é a mulher de um embaixador.
embaixo/em cima - Atenção para a separação, no segundo caso.
em cores - A TV é em cores e não a cores.
em nível de - Veja a nível de/em nível de.
emoção - A emoção pode ser importante em alguns textos jornalísticos. Mas atenção: evite o tom melodramático, triunfalista ou piegas. O registro deve ser o mais descritivo possível. Preste atenção em detalhes que podem caracterizar de forma objetiva essa emoção: O réu fumou 45 cigarros em quatro horas de julgamento é melhor que O réu estava visivelmente nervoso. Não especule sobre o estado emocional, os pensamentos ou intenções do personagem da notícia. Veja distanciamento (no cap. Produção); objetividade (no cap. Projeto Folha).
em vez de - Veja ao invés de/em vez de.
"enclave" - Esta palavra não existe em português. Use território encravado ou simplesmente encrave.
endemia - Ocorrência habitual de uma doença ou de um agente infeccioso em área geográfica restrita. Veja epidemia; pandemia; surto.
endereço - A Folha procura fornecer em suas reportagens todo endereço que possa ser útil para o leitor. Não deixe de checar qualquer endereço ou telefone antes de publicar. Observe as seguintes regras de padronização de grafia:
a) As palavras rua, avenida, alameda, praça e similares são escritas em minúscula e podem ser abreviadas;
b) Nomes de vias públicas são escritos com iniciais em maiúscula, inclusive quando precedidos de título, que podem ser abreviados: av. Dom Pedro 1º, r. Dr. Rafael de Barros, rua Dep. Lacerda Franco;
c) Os números são precedidos de vírgula e sempre grafados em algarismos: pça. da Árvore, 2; r. da Consolação, 1.573;
d) Os números de complementos como apartamento, andar, sala, casa, conjunto e similares são sempre grafados em algarismos: av. Paulista, 900, 3º andar, sala 315; r. das Palmeiras, 1.350, apto. 26; av. das Nações, 250, conjunto 30;
e) O código de endereçamento postal deve ser precedido da sigla CEP e vir antes do nome da cidade e da sigla da unidade da Federação, sem ponto de milhar: CEP 05454, São Paulo, SP;
f) Número de telefone ou telefax é precedido do código de área entre parênteses, inclusive quando for da cidade de São Paulo: tel. (011) 285-3940. Se se tratar de endereço fora do Brasil, informe o código internacional completo: fax (001-212) 348-9577.
enfarte - Use infarto.
enquete - Palavra de origem francesa, que significa pesquisa de opinião. No Brasil, é empregada erroneamente como agrupamento de testemunhos ou opiniões pessoais sem rigor metodológico. Veja pesquisa de opinião (nos caps. Produção ou Edição).
ensaio - A Folha publica textos de caráter ensaístico sobre temas atuais e polêmicos em seções especializadas e em geral nas edições de fim-de-semana.
então - A palavra pode ser usada para evitar o emprego do adjetivo antigo: O então presidente em vez de o antigo presidente. Mas cuidado: deve haver antes referência ao período em que a pessoa ocupava o cargo. Veja antigo; ex.
epidemia - Rápida disseminação de uma doença em determinada área geográfica. Diz-se que há estado epidêmico apenas quando o número de casos confirmados da doença ultrapassa o limite estatístico esperado.
É comum autoridades da área de saúde negarem a existência ou protelarem a divulgação de epidemias, sob o argumento de não criar pânico. A Folha considera que noticiar uma epidemia é a melhor forma de combatê-la. Veja endemia; pandemia; surto.
era/Era - Escreva com maiúsculas quando se referir a período histórico bem definido: Era Cristã, mas era nuclear. Veja idade/Idade.
Erramos - A Folha retifica, sem eufemismos, os erros que comete. A retificação deve ser publicada assim que a falha for constatada, mesmo que não haja pedido externo à Redação. As correções são feitas na seção Erramos ou, em casos de gravidade excepcional, na Primeira Página (aí também acompanhadas do título Erramos).
A publicação de um "Erramos" depende de consulta prévia à Direção de Redação. Ao redigi-lo, procure acrescentar novas informações e não apenas corrigir as que foram publicadas com erro. Identifique claramente data, editoria, página e texto, citando seu título. Certifique-se de que, ao redigir um "Erramos", nenhum novo erro tenha sido introduzido. Veja ao contrário/diferentemente.
escolas artísticas - Escreva sempre com minúsculas: romantismo, barroco, surrealismo, neoclassicismo, impressionismo, dadaísmo. Veja maiúsculas/minúsculas.
escuro - Nunca use para designar pessoa mulata ou negra. Veja preconceito.
espécie - Veja nomes científicos.
espetáculo - Veja título de obras.
esposa/esposo - Não use. Além de soar pedante, a palavra significa originalmente prometida, noiva e não cônjuge. Qualifique casais como marido e mulher, mesmo que o casamento não esteja formalizado.
esquerda - Veja direita/esquerda.
estado/Estado - Com maiúscula quando designar conceito político ou unidade da Federação: golpe de Estado, o Estado da Paraíba. Quando for sinônimo de situação, disposição, empregue minúscula: estado de espírito. Veja maiúsculas/minúsculas.
este/esse - A confusão entre estes dois pronomes demonstrativos e seus correlatos, sobretudo na linguagem oral, contribui para apagar uma distinção importante da língua. A nuance fica evidente quando se recorre à fórmula este aqui, esse aí, aquele lá. O emprego dos demonstrativos ocorre em três níveis:
a) Em relação à pessoa que fala - Este, esta, isto são os pronomes que se relacionam com a pessoa que fala: Este livro é meu. Esse, essa, isso são os pronomes da pessoa a quem é dirigido o enunciado: Esse livro é teu. Para a 3ª pessoa usam-se os pronomes aquele, aquela, aquilo: Aquele livro é dele;
b) Em relação a espaço e tempo - Este, esta, isto indicam o que está perto da pessoa que fala: Estou lendo este jornal. Por derivação, indica o aqui e agora: Neste país, nesta cidade, nesta página, neste dia, neste mês, neste ano, neste século, neste governo.
Esse, essa, isso têm emprego mais amplo. Indicam tudo o que está a certa distância da pessoa que fala: Pegue essa cadeira e traga-a para cá, por favor; Quando eu estiver com você em Paris, visitaremos essas livrarias de que você tanto fala. Ligado à idéia de tempo, esse, essa, isso indicam geralmente o passado: Karl Marx é um autor do século passado. Nesse período, as pessoas passaram a acreditar em revoluções. Pode indicar o futuro se houver a idéia de afastamento: No ano 2061 haverá grande acúmulo de progresso tecnológico, mas nada garante que esse tempo será menos turbulento que o atual.
Aquele, aquela, aquilo se referem a afastamento: Naqueles tempos, naquela cidade. Seu uso se confunde muitas vezes com o de esse, essa, isso; para evitar ambiguidade, prefira aquele, aquela, aquilo;
c) Em relação ao próprio texto - Este, esta, isto referem-se a algo que acaba de ser mencionado ou será em seguida: O novo prefeito convidou a prima e o cunhado para participar do governo. Este recusou; Disse-lhe isto: "Você não presta".
Esse, essa, isso retomam passagem anterior do texto, como na expressão além disso.
Aquele, aquela, aquilo indicam o termo que se opõe a este, esta, isto: Guarujá e Campos do Jordão são cidades muito visitadas por turistas. Esta, pelo ar puro da montanha; aquela, pelas praias.
Como regra geral, o texto de jornal deve evitar essas construções quando forem muito complexas. Às vezes é melhor repetir termos para não truncar a leitura.
estória - Use história em qualquer acepção.
estrangeirismo - Palavras ou expressões estrangeiras são usadas quando não existe equivalente em português ou foram consagradas pelo uso corrente: rock, show, shopping, pop, punk, réveillon, status, blitz, kitsch, overnight, marketing, videogame, outdoor, know-how, lobby, hardware, software etc. Nesses casos são grafadas sem aspas.
O uso gratuito ou excessivo de estrangeirismo torna o texto pedante. Palavra ou expressão estrangeira menos conhecida e de difícil tradução, ainda que em noticiário especializado, deve ser acompanhada de explicação: "spread", taxa de risco nos empréstimos internacionais. Nesse caso, a expressão é grafada entre aspas.
Não levam aspas nomes ou marcas de companhias estrangeiras (Boeing, TWA, Levi's, Sears), modalidades esportivas (squash, skate), denominações de naves e satélites espaciais (Vega, Challenger) e nomes de pessoas, instituições e lugares.
Nomes de órgãos e entidades estrangeiras devem ser traduzidos. Quando a tradução literal for insuficiente para a compreensão do que faz o órgão ou entidade, use a sigla estrangeira sem aspas, traduza seu significado e cite um equivalente brasileiro: FBI (Birô Federal de Investigações, a polícia federal norte-americana).
Quando se tratar de palavra ou nome pouco conhecido, informe entre parênteses a maneira aproximada de pronunciá-lo. Veja nomes estrangeiros. Consulte o anexo Principais Estrangeirismos e a forma de grafá-los.
estupro - Crime de violação sexual contra mulher. A palavra não deve ser usada quando a vítima for do sexo masculino. Neste caso, use violentar.
etc. - Abreviatura da expressão latina et cetera, que significa e as demais coisas. Não configura erro gramatical, mas evite em texto jornalístico porque sugere incompletude, imprecisão. Nunca use em relação a pessoas (João, Maria etc.). Não deve ser antecedida por e ou vírgula. No caso de encerrar frase, não use ponto duas vezes: Evite a expressão etc. em títulos, legendas, olhos etc.
eufemismo - Não compete ao jornalista suavizar informação com palavras que lhe pareçam mais agradáveis. Sua função não é poupar o leitor e sim informá-lo. Tem valor eminentemente literário e deve ser evitado, exceto na reprodução de falas ou entrevistas.
ex- - No sentido de estado anterior, sempre com hífen: ex-governador, ex-marido, ex-prefeito, ex-presidente, ex-voto.
ex - O prefixo indica que pessoa ou coisa não têm mais o cargo ou condição que um dia tiveram. Não use no caso de pessoas mortas. Luís 14 não é ex-rei da França, assim como John Kennedy não é ex-presidente dos Estados Unidos: O presidente norte-americano John Kennedy foi assassinado em 1963. Em alguns poucos casos cabe a expressão então ex-: Em 1914, o então ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1858-1919) participou de uma expedição ao rio da Dúvida, na Amazônia (não era mais presidente).
exatidão - Qualidade essencial do jornalismo. A credibilidade de um jornal depende da exatidão das informações que publica e da fiel transcrição de declarações. Para escrever reportagens exatas, não menospreze os detalhes. Seja obsessivamente rigoroso. O jornal tem obrigação de publicar apenas informações corretas e completas. Cifras, números, grafia de nomes de pessoas, horários, datas e locais exigem o maior cuidado. Veja declaração textual; transcrição.
executar - No sentido de matar, use apenas em dois casos: morte determinada e praticada legalmente por poder público ou morte praticada por comando militar contra combatente sob sua autoridade em tempo de guerra. Veja assassinar; matar.
existir - Este verbo concorda com o sujeito, ao contrário do verbo haver que, quando usado no mesmo sentido, tem construção impessoal: Existem complicações, existirão ressalvas; Há complicações, haverá ressalvas.
extensão de texto - Veja tamanho de texto.
exterior - Escreva sempre com minúscula, a não ser que integre nome próprio: Ministério das Relações Exteriores. Veja maiúsculas/minúsculas.
extremista - Pessoa ou organização que defende ação política violenta. Veja terrorista/guerrilheiro.
F-1 - Veja Fórmula.
falecer - Não use. Prefira morrer. É um eufemismo. Significa estar desaparecendo. Seu uso se limita à seção de Falecimentos. Veja eufemismo.
fariseu - Evite em texto noticioso este termo carregado de preconceito. Originalmente, designava seita judaica que cumpria com máximo rigor as prescrições legais. Com o tempo, o termo passou a significar fingido, hipócrita. Também significa seguir apenas formalmente uma religião.
farol - Não use este regionalismo paulista. Prefira sinal ou semáforo. Use apenas no sentido literal. Veja regionalismo.
fascista - Não use para designar regime considerado de direita ou conservador. Admite-se o uso apenas em sentido técnico, ou seja, para qualificar ideologia ou organização inspirada no fascismo histórico (movimentos surgidos na Europa entre 1919 e 1945). Designa sistema autoritário caracterizado por corporativismo social, partido único de massas, culto ao líder, recusa do individualismo liberal e oposição ao socialismo. Veja conservador/progressista; direita/ esquerda.
fazer - Verbo de construção impessoal quando usado no sentido de tempo passado: faz dois anos, deve fazer dois anos e nunca fazem dois anos ou devem fazer dois anos.
"feature" - Em inglês, traço facial. Gênero jornalístico que vai além do caráter factual e imediato da notícia. Aprofunda um assunto e busca uma dimensão mais atemporal. Pode ser um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista. Veja janela; "side" (ambos no cap. Edição).
Fed - Não é sigla, mas sim o nome por que é conhecido o Federal Reserve, banco central norte-americano. Escreva com maiúscula apenas a primeira letra.
Federação - Com maiúscula quando designar o conceito político: os Estados da Federação. Veja maiúsculas/minúsculas.
"feedback" - Evite o jargão jornalístico em texto noticioso. Em inglês, significa realimentação. Usa-se em geral para designar retorno.
"feeling" - Evite este estrangeirismo. Em inglês, quer dizer sentimento. Usa-se para designar intuição, pressentimento: Segundo o ministro, seu "feeling" era de que o presidente iria renunciar.
féretro - Não use. O termo significa caixão, e não enterro. Por isso é correto dizer que o féretro sairá às 10h. Entretanto, diz-se que o enterro ocorreu às 10h.
feriados e festas - Veja data.
filisteu - Evite em texto noticioso. Originalmente, designa povo não-semita do litoral da Palestina. Os hebreus, seus inimigos, passaram a usar o termo em sentido pejorativo. Atualmente, significa pessoa, em geral de posses, de espírito vulgar e estreito.
filme - Grafe o título entre aspas e com maiúsculas no início de cada palavra (exceto artigos, preposições, conjunções e partículas átonas). A primeira palavra também tem inicial maiúscula, sem importar sua classe gramatical: "O Império Contra-Ataca". Se a tradução em português não for fiel ao título original, cite-o entre parênteses na primeira menção: "Os Brutos Também Amam" (Shane). Se o filme ainda não tiver título em português, use o original e, entre parênteses, traduza-o na primeira menção: "The Hero" (O Herói).
Em reportagens ou críticas, é recomendável publicar ficha técnica do filme. Dela devem constar, pela ordem: título em português, título original, país, ano de produção, tempo de duração, se é colorido ou não, nome do diretor, nome do roteirista, nome do fotógrafo, autor da trilha sonora, nome dos principais atores com os personagens correspondentes.
fim- - fim da picada, fim de festa, fim-de-século (quando se referir ao final do século 19), fim-de-semana, fim do mundo.
foca - Jornalista em começo de carreira. Veja jargão.
fofoca - Veja rumor/boato/fofoca
folclore - Não use com sentido de ridículo, patético: O discurso do deputado Agenor Gello entrou para o folclore do Congresso Nacional. O termo chegou ao português através do inglês folklore, que traduz o conceito alemão Volkskunde (ciência das tradições de um povo) - só deve ser usado nesse sentido.
folha- - folha corrida, folha-de-flandres, folha de serviço, folha-morta, folha-seca.
Folha - É a forma como a Folha de S.Paulo se refere a ela mesma. Use o termo com moderação, sempre em negrito e começando com letra maiúscula. Em títulos, legendas e notas da Redação não use negrito.
O nome do jornal só deve ser grafado por extenso na transcrição de textos de terceiros, como cartas ou íntegras. Neste caso, mantenha o negrito e a abreviatura S. sem espaço antes de Paulo: Folha de S.Paulo.
força- - força bruta, força maior, força-tarefa.
Forças Armadas - As Forças Armadas brasileiras são compostas por Exército, Marinha e Aeronáutica. Não é certo classificá-las como armas -a palavra indica apenas a especialidade do oficial do Exército. Veja arma. Consulte também o anexo Forças Armadas do Brasil.
Fórmula - Fórmula 1 (abreviatura F-1), Fórmula Indy (F-Indy), Fórmula 3 (F-3), F-3.000 e Fórmula Ford (F-Ford) são as principais categorias de automobilismo, por ordem de importância jornalística que têm no Brasil .
. Há diferenças importantes nos regulamentos dessas categorias. Como a Fórmula 1 é a mais conhecida, os textos a respeito das outras categorias devem realçar essas diferenças.
Os tempos de voltas em treinos e corridas devem ser expressos em minutos, segundos e milésimos de segundo: 1min23s476.
fração - Número que representa uma ou mais partes da unidade que foi dividida em partes iguais. Pode ser representada em palavras (dois terços, um quarto, três quintos), em algarismos (2/3; 1/4; 3/5) ou pelo seu equivalente decimal ( 0,666; 0,25; 0,6). Nunca misture as formas de representação.
frase/oração/período - Frase designa qualquer enunciado capaz de comunicar alguma coisa a alguém. Pode ser desde uma simples palavra (obrigado!) ao mais complexo período proustiano. Quando a frase afirma ou nega alguma coisa, ou seja, quando apresenta estrutura sintática, pode ser chamada de oração: Deus é luz. Toda oração tem verbo ou locução verbal, mesmo que às vezes não esteja expresso. Período é o nome que se dá a frases constituídas de uma ou mais orações. É simples (uma única oração) ou composto (com várias orações): Padre Teófilo disse que Deus é luz. Em textos noticiosos, evite períodos muito longos.
free-lance - Designa tarefa realizada mediante pagamento sem relação de emprego. O profissional que a realiza é o free-lancer. Veja crédito (no cap. Edição).
frei - Use apenas com prenome: frei José, nunca frei Silva. Escreva sempre com letra minúscula, exceto quando começar frase ou fizer parte de nome próprio: rua Frei Caneca.
Frei é uma forma reduzida de freire, frade. O plural, assim, é frades: Os frades José e Paulo rezaram a tarde toda. Escreva também frade na segunda menção.
frila - O mesmo que free-lancer.
frisar - Veja verbos declarativos.
"frisson" - Evite em textos noticiosos. Em francês, arrepio, estremecimento: A chegada da atriz causou "frisson" no teatro.
"full-time" - Evite este estrangeirismo, que deve ser substituído pelas expressões em tempo integral ou com dedicação exclusiva.
função - Veja identificação de pessoa.
furto - Crime contra o patrimônio definido pelo Código Penal (artigo 155). É apoderar-se de coisa alheia e móvel. Distingue-se de roubo por não ser praticado com violência ou grave ameaça à pessoa. Veja roubo. Consulte também o anexo Jurídico.
fuzilar - Use apenas quando alguém é morto por pelotão de fuzilamento ou tiros de fuzil. Quando se tratar de revólver, use balear. Com metralhadora, metralhar. Cuidado: estes dois últimos verbos, ao contrário de fuzilar, não trazem implícita a idéia de morte. Veja executar.
gabinete - Escreva sempre com minúscula, mesmo quando designa um governo no regime parlamentarista: o gabinete González, o gabinete Chirac, o gabinete Tancredo Neves (primeiro-ministro de julho de 1961 a junho de 1962). Em regimes presidencialistas, o conjunto de ministros deve ser designado pela palavra ministério (com minúscula).
garantir - Significa responsabilizar-se por, asseverar, afiançar. O verbo tem sentido positivo. Não use como sinônimo de dizer: O presidente Eufrásio Dargia garantiu que o PNB brasileiro vai superar o dos Estados Unidos ainda na década de 90 é uma formulação que dá à declaração do personagem da notícia aspecto de verdade, apesar de absurda. Veja declaração textual; verbos declarativos.
gata/gatinha - Em textos noticiosos, não use essa expressão estereotipada. O mesmo vale para gato/gatinho em relação ao sexo masculino. Veja gíria; mulheres. Consulte também o anexo As Palavras Certas.
gay - Não use este termo militante para designar homossexual, exceto em nome de entidade ou ao reproduzir declaração textual. Veja gíria; homossexual; preconceito. Consulte também o anexo As Palavras Certas.
gênero - Veja nomes científicos.
gentílico - Adjetivo para pessoa ou coisa originária de determinado lugar.
Escreva esses adjetivos sempre com minúscula: brasileiro, norte-americano, carioca, ugandense, brasiliense. Consulte o anexo Gentílicos de Estados.
gerar - Evite o abuso que vem se generalizando principalmente em títulos, por ser palavra pequena. O sentido primeiro de gerar (do latim generare) está ligado à reprodução. A palavra pode ser usada no sentido figurado, significando causar, provocar. Os latinos já a usavam. Mas, por uma questão de equilíbrio, é importante evitar o uso excessivo. Raciocínio análogo se aplica a criar.
gerente - Comum de dois gêneros: o gerente, a gerente.
gerúndio - Evite começar frase com esta forma verbal, que geralmente tem função adverbial ou adjetiva. Pode encompridar o período e tirar a agilidade do texto sem acrescentar informação relevante: O presidente resolveu baixar o decreto por considerar a situação de emergência é melhor do que O presidente resolveu baixar o decreto considerando que a situação é de emergência. Mas pode ser conveniente para evitar o uso de conjunção: O pintor foi pego pichando o muro do cemitério é melhor do que O pintor foi pego quando pichava o muro do cemitério; O fiscal pediu impugnação da urna alegando fraude é melhor que O fiscal pediu impugnação da urna com base na alegação de que houve fraude.
gilete - Use lâmina de barbear. Veja marca registrada.
gíria - Evite ao máximo. Além de banalizar o texto, muitas vezes o significado de um determinado termo só é conhecido por parcela restrita de leitores. Em reprodução de declarações, a gíria deve ser mantida. Veja declaração textual; linguagem coloquial.
Globo - Rede nacional de televisão no Brasil. Escreva Rede Globo. O nome Globo também designa uma editora, um jornal e um sistema de rádio.
goleador - Não aplique o termo a jogador que tenha feito apenas um gol numa partida.
gordo - Evite. Só use se for relevante para a notícia. Procure indicar o peso exato do personagem. Veja exatidão.
governo - Escreva sempre com minúscula: governo federal, governo estadual. Veja maiúsculas/minúsculas.
gradação/graduação - Gradação significa aumento ou diminuição gradual: O arco-íris apresenta uma gradação de cores que vai do vermelho ao violeta. Graduação quer dizer divisão em graus: A graduação do termômetro era ilegível.
grafia de nomes estrangeiros - Veja nomes estrangeiros. Consulte também regras de transliteração no anexo Nomes Estrangeiros.
grafia de palavras estrangeiras - Veja estrangeirismo. Consulte o anexo Principais Estrangeirismos e a forma de grafá-los.
grafia de órgãos de comunicação - Veja órgãos de comunicação.
grama - A unidade de massa é substantivo masculino. Não escreva a grama de ouro, e sim o grama de ouro.
Grande - Adjetivo que se usa antes do nome de centro urbano importante, com a primeira letra em maiúscula, para designar região metropolitana desenvolvida à sua volta: a Grande São Paulo, a Grande Nova York, o Grande Rio, o Grande Recife.
"grand prix" - Em francês, grande prêmio. Não use. Escreva grande prêmio. Em nomes próprios, com maiúsculas: Grande Prêmio de Mônaco. Em títulos, admite-se a abreviatura GP.
gringo - Não use este termo depreciativo para designar pessoa estrangeira.
grosso modo - Não use em texto noticioso. Não anteponha a preposição a nem use aspas. Em latim, significa de modo grosseiro, ou seja, aproximadamente.
guarda- - guarda-chuva, guarda-civil (o policial), Guarda Civil (a instituição), guarda-costas, guarda-florestal, guarda-livros, guarda-mor, guarda-noturno, guarda-pó, guarda-roupa.
Guerra - Comece com maiúscula quando se referir ao nome pelo qual uma guerra ficou conhecida: Guerra dos Seis Dias, Segunda Guerra Mundial, Guerra Civil Espanhola, Guerra do Golfo.
guerrilheiro - Veja terrorista/guerrilheiro.
gueto - Não use indiscriminadamente para designar áreas urbanas habitadas por grupo social específico. A palavra designa local onde membro de minoria é forçado a viver por motivos alheios à sua vontade. Não escreva gueto intelectual ou gueto homossexual, mas sim bairro de intelectuais ou região de homossexuais.
guia - Use apenas no sentido real. Não use este regionalismo paulista no sentido de meio-fio. Veja regionalismo.
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