habite-se - Por se tratar de palavra dicionarizada, o termo empregado para designar a autorização do órgão público para ocupação e uso de prédios, Habite-se, deve ser escrito sem aspas e com H em caixa alta para evitar que o substantivo seja confundido com a forma verbal.
haver - O verbo haver é uma fonte permanente de erros nas páginas do jornal. Tome cuidado com os seguintes casos:
a) No sentido de existir ou para designar tempo passado, o verbo tem construção impessoal na terceira pessoa do singular: Há três reuniões marcadas para hoje; Houve vários casos de dengue hemorrágica em São Paulo; Há muitos anos não chove;
b) Na forma composta, quando haver é o verbo principal, o auxiliar se torna também impessoal: Deve haver dúvidas; Poderá haver protestos;
c) Evite pleonasmo no uso do advérbio atrás: Dez anos atrás ou Há dez anos, nunca Há dez anos atrás;
d) Use havia em locução verbal com verbo no pretérito imperfeito: Estava no cargo havia três anos; nunca Estava no cargo há três anos;
e) Não empregue há, mas sim a preposição a, para indicar distanciamento no tempo (futuro ou passado) ou no espaço: A peça estréia daqui a duas semanas; A um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória; Ele mora a 2 km do escritório; O avião voava a mil metros de altitude.
hífen - Regra geral: uma palavra composta leva hífen quando surgir um sentido novo, diferente do dos termos que a compõem: água-marinha, corre-corre, água-de-colônia. O problema é que há tantas exceções e casos especiais que a regra se torna pouco útil. Este capítulo apresenta em ordem alfabética prefixos e termos que provocam mais erros, acompanhados da regra quando ela for inequívoca. Consulte também tabela de prefixos no anexo Hífens em Prefixos.
hipérbole - Evite esta figura de linguagem, que consiste no exagero desmedido: milhões de vezes, aplauso ensurdecedor, manifestação gigantesca, lucro incalculável. O texto jornalístico deve descrever fatos e fenômenos do modo mais fiel possível à realidade. Veja cacoete de linguagem; dimensão; exatidão.
homicídio - Morte de uma pessoa provocada por outra. Veja acusação criminal; assassinar; executar; matar. Consulte também o anexo Jurídico.
homossexual - É o termo adequado para designar quem tem preferência sexual por pessoa do mesmo sexo. Dê a informação apenas quando for relevante no contexto da notícia. Veja preconceito.
horário - Informe em todo texto noticioso o horário do fato relatado. Se for impossível registrar a hora exata, indique a aproximada: O presidente demitiu o ministro no final da tarde. Observe a seguinte padronização:
a) O dia começa à 0h e termina às 24h, ou meia-noite. A madrugada vai de 0h às 6h; a manhã, das 6h às 12h (ou meio-dia); a tarde, das 12h às 18h; a noite, das 18h às 24h;
b) Não use m para abreviar minutos (m é abreviatura de metro). Não abrevie o termo minutos no registro de horário: 12h45. Em cronometragem esportiva, use as abreviaturas min e s (milésimos de segundo dispensam abreviatura): Róbson completou a volta em 2h10min36s356, quase dois minutos à frente de Caetano;
c) Não use algarismos para registrar duração, exceto em artes: A conferência se prolongou por duas horas e 40 minutos e não 2h40;
d) Quando o fato ocorre em local com fuso horário diferente do de Brasília, indique entre parênteses o horário equivalente: A guerra começou às 2h30 de hoje em Bagdá (21h30 de ontem em Brasília). Consulte o anexo Os Fusos Horários no Mundo.
ianque - Não use, porque quase sempre tem conotação depreciativa, como gringo. Fora dos Estados Unidos, designa o cidadão norte-americano. Nos EUA, é como as pessoas do sul se referem às do norte.
idade - A Folha sempre informa a idade de personagens ativos ou preponderantes da notícia, por exemplo aqueles dos quais se reproduzem declarações textuais. Escreva sempre com algarismos: Maria Campos, 4.
Quando a pessoa não quiser informar a idade ou pedir que ela seja omitida, respeite. Não é necessário dizer no texto que ela se recusou a dizer a idade, embora em alguns casos isso possa se tornar relevante para a notícia. Os repórteres sempre devem perguntar a idade das pessoas entrevistadas, mesmo que, à primeira vista, trate-se de personagem secundário.
Se o personagem aparecer em mais de um texto na mesma página, a idade deve constar apenas em um deles, de preferência no primeiro. Também não é necessário que a idade e outras informações de referência (localização, hora) apareçam logo no lide, congestionando-o. A prioridade é a notícia, o fato.
idade/Idade - Comece sempre com maiúscula quando se tratar de período bem definido da história: Idade Moderna, Idade Média, Idade do Bronze, Alta Idade Média, mas idade das trevas, idade da razão. Também use maiúsculas no caso de outros períodos históricos bem definidos ou geológicos: Era Cristã, Antiguidade, Pré-História, Pleistoceno, Pré-Cambriano.
identificação de pessoa - Na Folha , todo personagem de notícia deve ser identificado pela profissão, cargo, função ou condição. Qualificações passadas (ex-presidente, ex-prefeito) só devem ser utilizadas quando relevantes no contexto.
A naturalidade ou nacionalidade deve constar no texto quando for relevante: o jogador sul-africano John Smith se recusou a jogar ao lado de Pelé. Atenção: não inclua na identificação do personagem da notícia sua cor, etnia, religião, partido político, preferência ideológica, opção sexual e condição social ou de pessoa idosa e com deficiência / necessidades especiais, exceto quando for relevante no contexto. Veja idade; mulheres; preconceito; tratamento de pessoa.
identificação de texto - Todo texto produzido, revisado ou editado em terminal de computador da Folha deve conter a identificação da pessoa responsável pela tarefa. Ela é feita com a inclusão de um código-rubrica de quatro letras no campo apropriado da tela. Cada jornalista da Folha tem um código próprio, diferente de todos os outros. A atualização da lista oficial de códigos é feita pela Secretaria Administrativa. Veja Secretaria Administrativa (no cap. Projeto Folha).
idoso - Evite o eufemismo, mas não use velho (que designa o que foi deteriorado pela ação do tempo). Procure informar a idade exata do personagem da notícia. Não dispondo da idade e sendo importante caracterizá-la, use o termo idoso. Veja idade.
igreja/Igreja - Escreva com maiúscula apenas quando integrar nome completo de instituição: A Igreja Católica tem novo papa. Quando se tratar de segunda referência à instituição ou de uma edificação, use minúscula: A igreja condena o aborto; A igreja de Notre Dame é de pedra.
ilegal/ilegítimo - Veja legalidade/legitimidade (no cap. Projeto Folha).
imoralidade - Veja obscenidade (no cap. Edição).
império/Império - Comece com maiúscula quando se referir ao nome de um determinado império: Império Otomano. Na segunda referência, escreva império, começando com minúscula.
Jamais escreva Primeiro Império e Segundo Império referindo-se ao Brasil. Houve apenas um Império dividido em dois reinados (os de d. Pedro 1º e de d. Pedro 2º).
implicar - Verbo transitivo direto na maioria dos casos: A vitória da seleção brasileira implica sua classificação na Copa; O desenvolvimento da ciência implica benefícios para a humanidade; O discurso do candidato implica o recrudescimento da disputa. No sentido de comprometer ou envolver, o verbo é transitivo direto e indireto: João implicou Pedro no crime.
imprensa - Designação genérica para meios de comunicação escritos. Use o termo apenas para jornais, revistas e outros impressos. Quando a intenção for de abarcar rádio, cinema, televisão, internet, telefone e outros meios, use meios de comunicação.
Nunca escreva imprensa escrita (pleonasmo) nem imprensa eletrônica, falada ou televisionada (contradição nos termos). Veja mídia; órgãos de comunicação.
imprensa amarela - Do inglês yellow press. Define jornal que usa sensacionalismo para atrair leitores.
A expressão surgiu nos Estados Unidos no fim do século 19, quando Joseph Pulitzer (1847-1911), do "The New York World", e William Hearst (1863-1951), do "The New York Morning Journal", disputaram os direitos de publicação do personagem de histórias em quadrinhos Yellow Kid (Garoto Amarelo). Os críticos desses dois jornais populares passaram a caracterizá-los como imprensa amarela.
imprensa marrom - No Brasil, designa os jornais sensacionalistas que não têm compromisso com a descrição fiel dos fatos. Em inglês, a expressão correspondente é imprensa amarela (yellow press).
O termo imprensa marrom foi criado por jornalistas do "Diário da Noite", do Rio de Janeiro, em 1959. Em campanha contra editores de revistas sensacionalistas que, segundo acusações, faziam chantagens em conluio com policiais contra cidadãos com problemas jurídicos, o "Diário da Noite" decidiu que amarelo era uma cor suave demais para designar esse tipo de imprensa.
"in" - Em inglês, dentro. Pode-se dizer de pessoa ou qualquer coisa que esteja na moda: Casaco de lã verde está "in" neste inverno. Evite em texto noticioso, mas não configura erro gramatical.
incidente - Veja acidente/incidente.
inclusive - Significa incluindo: Havia 35 pessoas na platéia, inclusive técnicos e o diretor. Não deve ser usado no lugar de até ou até mesmo: Ele chegou inclusive a prometer... O correto: Ele chegou até a prometer...
indígena/índio - Originalmente, indígena significa natural de um país ou localidade e se opõe a alienígena. Nesse sentido, pode-se dizer que um aborígene da África, da Austrália, ou da Europa é um indígena.
Evite porém esse uso, porque a palavra hoje é tomada como sinônimo de índio, natural das Américas ("Índias Ocidentais").
Na Folha , nomes de nações, povos e tribos indígenas do Brasil são flexionados como os de qualquer etnia, povo ou nação: os tupis, os ianomamis, os bantos, os apaches, os franceses, os mexicanos, os lapões.
infarto - Use esta grafia e não enfarte ou enfarto para designar necrose provocada por deficiência na irrigação sanguínea do músculo do coração.
infinitivo conjugado - Não há regras inequívocas. Pode-se escrever deixe as crianças sair ou deixe as crianças saírem. Confie no ouvido. O que importa são harmonia, clareza e eufonia. Na dúvida, não flexione o infinitivo.
A própria noção de infinitivo conjugado é contraditória. Infinitivo é o modo da ação verbal pura, indeterminada, sem idéias de tempo, número ou pessoa. Quando conjugado (flexionado), ganha as noções de número e pessoa. Surgiu em português provavelmente para que não se confundissem os diversos agentes da ação verbal.
Apesar de não haver regra, é possível indicar ocasiões em que o infinitivo é geralmente flexionado ou não deve absolutamente sê-lo.
Em primeiro lugar, é preciso não confundir as formas pessoais do infinitivo (para eu ir, para nós irmos) com o futuro do subjuntivo (quando eu for, quando nós formos). Nos verbos regulares, as duas formas são iguais: para eu amar, quando eu amar. Já nos verbos irregulares, as formas são diferentes: para eu ir, quando eu for.
A seguir, uma série de critérios para o uso da forma flexionada, de acordo com a tendência mais moderna da língua:
a) Sujeito próprio - Pode-se usar a forma conjugada quando o infinitivo tiver sujeito próprio e diferente do da oração principal: O delegado deu ordem para os policiais prenderem todos os manifestantes; Abriu o portão para as ambulâncias entrarem; Não te perdôo teres feito o que fizeste. Não flexione se o sujeito do infinitivo for pronome oblíquo (se funcionar como objeto do verbo principal e sujeito da oração infinitiva ao mesmo tempo): Não nos deixeis cair em tentação; Mande-as esperar; Senti-os aproximar-se. No caso de um substantivo ou adjetivo funcionar como sujeito do infinitivo e objeto da oração principal, convém evitar a flexão: Ação do BC faz os preços cair é melhor do que Ação do BC faz os preços caírem;
b) Preposição - Pode-se usar a forma conjugada se o infinitivo vier regido por preposição, principalmente se esta preceder a oração principal: Ao descobrirem a fraude, vão ficar pasmos; Precisamos apenas pensar para acertarmos;
c) Verbo passivo, reflexivo ou pronominal - Se a oração infinitiva for passiva ou possuir verbo reflexivo ou pronominal, pode-se usar o infinitivo flexionado: Saiu sem o comparsa dizendo que não convinha serem vistos juntos; Viviam juntos sem se conhecerem; Estão dispostos a se reconciliarem.
Atenção: jamais flexione o infinito se ele fizer parte de locução verbal: Os soldados começaram a matar-se;
d) Uso literário - Em literatura encontra-se o infinitivo flexionado nas mais diversas situações. Algumas delas podem soar estranhas. Não imite: "É preciso aprendermos a nos esquecer de nós mesmos" (Ciro dos Anjos).
infra- - Com hífen antes de vogal, h, r, s: infra-estrutura, infra-hepático, infra-renal, infra-som, infravermelho.
iniciais - Evite seu uso para abreviar nomes próprios. Quando for inevitável, não coloque espaço entre as iniciais: B.J. Thomas, H.L. Mencken.
Crianças (menores de idade) infratoras devem ser identificadas apenas com as iniciais, separadas por pontos. Veja menor.
Textos jornalísticos podem ser assinados no final com as iniciais do autor. Neste caso, elas devem vir sem pontos: MSG. Veja assinatura de texto (no cap. Edição).
iniciar - Veja abrir.
injúria - Veja calúnia/difamação/injúria. Consulte também o anexo Jurídico.
inserido no contexto - Não use. Veja cacoete de linguagem.
ínterim - Evite. Prefira intervalo de tempo. Se usar, observe que se trata de palavra proparoxítona e portanto leva acento. Veja acentuação.
interino - Especifique sempre quando uma pessoa exerce cargo interinamente: O presidente interino da República; editor interino de Esporte. Nessa acepção, evite na Folha a expressão em exercício.
interior - Escreva sempre com minúscula, a não ser que integre nome próprio: Ministério do Interior. Veja maiúsculas/minúsculas.
intervir - Conjuga-se como vir, verbo do qual deriva: A polícia interveio (e nunca interviu); se ela intervier (e nunca intervir).
intitular - Não existe entitular.
"ipsis litteris" - Em latim, significa com as mesmas letras. Há também a forma "ipsis literis". Embora não seja erro gramatical, evite em texto noticioso; é melhor usar literalmente para enfatizar a literalidade de uma citação: O professor disse, literalmente, que é contra a teoria evolucionista. Mas na maioria dos casos as aspas resolvem melhor o problema. Veja declaração textual; sic.
ironia - Em grego, eironeía. Significa pergunta de quem sabe a resposta. Em texto jornalístico, dizer algo diferente do que de fato se pensa pode provocar confusão. Não abuse, portanto.
Admite-se o recurso, sem restrições, em textos assinados ou colunas de bastidores. Mesmo assim, requer cautela: nem sempre a ironia que parece óbvia ao autor é compreendida como tal pelo leitor e, em excesso, tende a irritá-lo.
A ironia deselegante, canhestra ou forçada ridiculariza o autor: O ministro está "vibrando" com a possibilidade de ser demitido. Nem mesmo o uso de aspas pode consertar o defeito de estilo.
isto/isso - Veja este/esse.
já - Evite o uso da palavra em título, onde, com frequência, é colocada apenas para ocupar espaço. Só deve ser empregada quando tiver seu sentido exato preservado, ou seja, quando se quiser mostrar que um fato ocorre imediatamente, de antemão ou que ele indica mudança de situação. Veja título (no cap. Edição).
jamanta - Não use este regionalismo paulista como sinônimo de carreta. Veja regionalismo.
jap/japa - Não use estas expressões estereotipadas para designar pessoas japonesas ou de origem japonesa. Veja gíria.
jargão - O texto jornalístico não deve conter expressões de domínio exclusivo de um grupo de profissionais ou especialistas. Quando for imprescindível usar, por exemplo em reprodução de declarações textuais, explique o significado: "O porta-voz só divulga ofensas em 'off' [jargão jornalístico para indicar que o informante pediu anonimato]", disse o deputado. Veja colchetes.
joão- - joão-bobo, joão-ninguém, joão-teimoso.
jogo- - jogo de azar, jogo de botão, jogo de cena, jogo de salão, jogo-da-velha, jogo da verdade.
jornal - Escreva o nome de qualquer jornal, exceto o da Folha , com aspas e por extenso, respeitando a grafia adotada em logotipo: "The New York Times", "Le Monde", "Frankfurter Allgemeine Zeitung", "Jornal do Brasil", "Correio Braziliense", "O Estado de S. Paulo".
O nome da Folha , em negrito e sem aspas, só deve ser grafado por extenso na transcrição de textos de terceiros, como cartas ou íntegras. Neste caso, atenção para a abreviatura S. sem espaço antes de Paulo: Folha de S.Paulo. Veja Folha .
jornalismo analítico/opinativo - Os fatos contemporâneos cada vez mais exigem a análise do noticiário. A análise dá ao leitor a oportunidade de se aprofundar nos eventos, questões ou tendências. A análise do noticiário não deve ser confundida com a opinião ou o comentário, que devem estar circunscritos às colunas e aos artigos. A opinião é subjetiva e arbitrária e não precisa necessariamente comprovar o seu ponto de vista. Já a análise procura explicar o noticiário da maneira mais objetiva possível e envolve uma série de procedimentos:
a) O jornalista só deve tentar escrever uma análise depois de checar se dispõe de informações suficientes para sustentar suas conclusões;
b) Deve pesquisar a bibliografia ou os arquivos sobre o assunto;
c) Deve entrevistar os envolvidos;
d) Deve contextualizar o assunto;
e) Deve escrever um texto curto e de preferência com uma única linha de raciocínio;
f) Deve expor sua linha de análise logo nos primeiros parágrafos;
g) Deve expor seus argumentos em um crescendo, para tirar proveito da tensão criada pelo texto e facilitar a conclusão para o leitor;
h) Deve trabalhar com rigor técnico para que suas conclusões sejam consequências necessárias dos fatos que descreveu;
i) Deve cruzar as suas observações com dois ou mais especialistas no assunto, de preferência com posições divergentes;
j) Deve sempre utilizar números e estatísticas para dar mais credibilidade e objetividade às observações;
l) Deve ressaltar contradições e, para tornar seus argumentos mais claros, utilizar analogias;
m) Para que o texto de análise não fique desinteressante, deve recorrer a declarações inteligentes, famosas ou engraçadas sobre o assunto, além de mencionar casos históricos ou relevantes que guardem semelhanças com o tema abordado;
n) Deve, para que a análise tenha êxito, chegar a uma conclusão original.
As análises na Folha aparecem assinadas e em grifo.
jovem - Evite este adjetivo impreciso para qualificar personagem ativo ou preponderante na notícia. Procure sempre dar a idade exata. Veja idade.
juntamente com - Não use este pleonasmo. Basta com: em vez de O diretor chegou ao teatro juntamente com a atriz principal, escreva O diretor chegou ao teatro com a atriz principal. Veja advérbio; pleonasmo.
jurista - Nem todo advogado é jurista. Reserve o termo para designar autores de obras jurídicas de importância reconhecida.
Justiça - Escreva com maiúscula quando se referir ao Poder Judiciário: O consumidor disse que vai recorrer à Justiça; mas O pastor afirmou contar com a justiça divina. Veja maiúsculas/minúsculas.
justiçar - Não use este jargão de organizações extremistas no sentido de assassinar. No sentido de reparar uma injustiça, prefira reabilitar. Veja assassinar; executar.
justiceiro - Não use esta palavra para designar assassinos de supostos criminosos. Veja assassinar; executar.
lança- - lança-bombas, lança-chamas, lança-perfume, lança-torpedos.
laranja- - laranja-cravo, laranja-baía, laranja-da-terra, laranja-lima, laranja-pêra.
latifundiário - Use apenas para designar proprietário de terra que se enquadra na definição legal de latifúndio vigente no país. Segundo o Estatuto da Terra (lei nº 4.504, de 1964), há dois tipos de latifúndio: por dimensão (imóvel que ultrapassa 600 vezes o módulo de propriedade, definido para cada região do país) e por exploração (imóvel com menos de 600 módulos de propriedade, mas cuja exploração econômica seja pequena).
lava- - lava-louças, lava-pés, lava-pratos.
lei/Lei - Comece com maiúscula quando a lei tiver um nome (Lei Sarney, Lei do Ventre Livre, Lei de Diretrizes e Bases), mas não quando ela for conhecida apenas pelo número (lei nº 5.250). O mesmo vale para outros textos legais, como: Constituição, Código Penal, Plano Diretor. Veja maiúsculas/minúsculas.
lembrar - Não use como sinônimo de dizer. Lembrar implica que o fato mencionado pelo personagem da notícia tenha realmente ocorrido: O cantor lembrou que sua turnê de 1975 foi um sucesso. Veja verbos declarativos.
lepra - Não use este termo estigmatizante. Empregue hanseníase, palavra derivada do nome do médico norueguês Gerhard Arnauer Hansen (1841-1912), que identificou o bacilo da doença. O adjetivo é hanseniano.
lesa- - Sempre com hífen: lesa-gramática, lesa-majestade, lesa-pátria.
lésbica - Pode ser usado para designar homossexual feminino, se for relevante para o contexto da notícia. Veja identificação de pessoa; homossexual; preconceito.
leste - Veja pontos cardeais.
lhe/o - Muito cuidado. É erro comum usar lhe em vez de o ou a: Eu lhe amo, quando o correto é Eu o amo. Para não errar, substitua mentalmente o pronome por ele ou ela. Se não for necessária preposição alguma, então o verbo é transitivo direto e o pronome a ser usado é o ou a: "Eu amo ela", portanto, Eu a amo. Outros verbos que costumam ser escritos com lhe, quando o certo é com o ou a: Eu o conheço; Eu a vi; Eu o fiz sair correndo; Eu o prejudico; Eu o acuso; Eu o enfrento.
lide - Palavra aportuguesada do inglês "lead", conduzir, liderar. O jornalismo usa o termo para resumir a função do primeiro parágrafo: introduzir o leitor no texto e prender sua atenção.
Há dois tipos básicos de lide: o noticioso, que responde às questões principais em torno de um fato (o quê, quem, quando, como, onde, por quê), e o não-factual, que lança mão de outros recursos para chamar a atenção do leitor.
O caráter condutor do lide se aplica para quem lê e para quem escreve. Se ao produzir um texto você não avança, fica preso nos primeiros parágrafos, é muito provável que o problema esteja no lide -ele o conduziu a um caminho errado de estrutura de texto. Você não consegue mais escrever. O leitor, possivelmente, não conseguirá mais ler. Nesses casos, o melhor é refazer o lide.
Elabore seu lide de modo que um título atraente e informativo seja feito a partir dele com naturalidade. Não deixe para quem vai titular o texto (pode até ser você mesmo) a tarefa de decifrar o raciocínio do autor e juntar informações dispersas.
Na Folha , o lide noticioso deve:
a) Sintetizar a notícia de modo tão eficaz que o leitor se sinta informado só com a leitura do primeiro parágrafo do texto;
b) Ser tão conciso quanto possível. Procure não ultrapassar cinco linhas de 70 toques (lauda) ou de 80 toques (terminal de computador da Folha );
c) Ser redigido de preferência na ordem direta (sujeito, verbo e predicado).
Atenção agora para o que você deve evitar no lide:
a) Esconder o fato principal em meio a informações como localização geográfica, horário, ambientação e idade -todas elas recomendadas neste manual, o que não quer dizer que todas devam ser fornecidas de uma só vez;
b) Usar, sem explicar, nome, palavra ou expressão pouco familiar à média dos leitores;
c) Começar com advérbio ou gerúndio;
d) Começar com declaração entre aspas, fórmula desgastada pelo uso indiscriminado. Reserve-a para casos de declarações de impacto: "Não acredito no livre mercado", disse o empresário.
Para o segundo tipo de lide, o não-factual, não existe receita. É fácil fazer um lide burocrático. Mas conquistar a atenção do leitor e ao mesmo tempo informá-lo é um desafio.
Exemplo de bom lide: O presidente eleito Tancredo Neves morreu ontem, dia de Tiradentes, às 22h23, no Instituto do Coração em São Paulo. O comunicado oficial foi feito pelo porta-voz da Presidência, Antônio Britto, às 22h29. A morte de Tancredo ocorreu 38 dias após sua internação no Hospital de Base de Brasília, na véspera da posse. Nesse período, Tancredo foi submetido a sete intervenções cirúrgicas, as cinco últimas em São Paulo, para onde havia sido transferido no dia 26 de março. Tancredo Neves tinha 75 anos. Veja nariz-de-cera.
limão- - limão-bravo, limão-cravo, limão-doce, limão-galego.
linchar - Assassinato de pessoa, acusada ou não de crime, promovido por multidão ou grupo que pretende estar fazendo justiça. Não escreva que alguém quase morreu em um linchamento. Só há linchamento quando a vítima morre. Caso contrário, use tentativa de linchamento.
A palavra vem do inglês lynch, provavelmente derivada de Charles Lynch, fazendeiro e juiz de paz da Virgínia (EUA) morto em 1796. Lynch dirigia um tribunal não-legalizado através do qual suprimia seus opositores políticos. A "lei de Lynch", como ficou conhecida, passou a designar assassinato cometido por grupo que alega estar fazendo justiça. Veja assassinar; executar.
linguagem coloquial - O texto de jornal deve ter estilo próximo da linguagem cotidiana, mas sem deixar de ser fiel à norma culta, evitando erros gramaticais, gíria, vulgaridade e deselegância.
Escolha a palavra mais simples e a expressão mais direta e clara possível, sem tornar o texto impreciso. Palavras difíceis e construções rebuscadas dificultam a comunicação e tornam o texto pedante: Ele não sabe quanto saiu a compra é melhor que Ele não dispõe dos custos exatos da transação comercial. Veja cacoete de linguagem; gíria; jargão.
linha- - linha-d'água, linha de prumo, linha de tiro, linha divisória, linha-dura, linha-fina.
livre- - livre-arbítrio, livre-cambista, livre-docência, livre-docente, livre-pensador.
livro - Veja título de obras.
lobby - Grupo de pressão formado para influenciar pessoas com poder de decisão e de convencimento, como congressistas e jornalistas. A função é institucionalizada nos Estados Unidos. No Brasil, não está regulamentada. Na maioria dos casos, pouco se diferencia de aliciamento. Dê ao lobista a mesma atenção dada ao assessor de imprensa, relações-públicas e divulgador. Veja assessoria de imprensa (no cap. Produção).
lobo- - lobo-do-mar, lobo-marinho.
localização - Na Folha, todo texto deve situar o local em que o fato noticiado ocorreu: O acidente aconteceu em Bananal, 310 km a leste de São Paulo; Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai, assiste ao crescimento da atividade dos contrabandistas; A nevasca isolou Santa Inés, no extremo sul do Chile.
Procure sempre localizar o local da maneira mais pertinente em relação à notícia. No caso do acidente em Bananal, o que importa é localizar a cidade, que é pouco conhecida. Ao dizer a 310 km de São Paulo, informa-se o Estado e a região em que se encontra a cidade. No caso do crescimento do contrabando, é melhor dizer que Foz do Iguaçu fica na fronteira com o Paraguai, portanto em região propensa ao contrabando, do que informar a distância em relação à capital paranaense. No caso da nevasca, a informação de que a cidade fica no extremo sul, local onde ocorrem temperaturas polares, é mais pertinente do que fornecer a distância em relação a Santiago.
Não insulte a inteligência do leitor. É jornalisticamente errado dizer que São Paulo fica no Estado de São Paulo ou que Brasília é a capital federal. Todavia, não configura erro gramatical. Isso vale para cidades como: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Recife, Manaus etc., mas: Rio Branco (AC); Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul; Cuiabá, capital do Mato Grosso.
Também não há necessidade de informar os países de cidades como: Nova York, Washington, Moscou, Paris, Berlim, Frankfurt, Lisboa, Madri, Barcelona, Londres, Tóquio, Buenos Aires, Roma, Cidade do México etc., mas: Vaduz, capital de Liechtenstein; Vilna, capital da Lituânia; Luanda, capital angolana.
Quando o fato ocorre numa grande metrópole brasileira, mencione a região e, se pertinente, o endereço: A exposição acontece no Masp (av. Paulista, 1.578, região central de São Paulo); o crime ocorreu na favela do Morumbi, zona sul de São Paulo. Veja capital.
logradouro - Veja vias e logradouros.
lorde - Comece com minúscula, exceto quando se tratar de apelido.
lua- - lua cheia, lua nova, lua-de-mel.
lua/Lua - Comece com maiúscula quando se referir ao satélite natural da Terra como corpo celeste, em especial quando o texto mencionar outros astros: Os norte-americanos já chegaram com suas astronaves à Lua, a Vênus, a Júpiter e a Marte. Quando se referir à luz do satélite, ao elemento da paisagem, use minúscula: Os namorados aproveitam a lua cheia para passear. Veja sol/Sol.
lugar-comum - Veja cacoete de linguagem.
lúmpen - Do alemão, farrapos. O termo é usado para designar os mais baixos estratos sociais, inclusive vagabundos e criminosos.
luso- - luso-africano, luso-brasileiro, lusofilia, lusofobia.
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