Eis aí uma discussão que confunde os alunos nas aulas de análise sintática, sobretudo quando chegar o momento em que se estuda o período composto. Como amoooo esse assunto, vou com cautela ajudar você. Primeiramente, vou mostrar o que cada elemento significa com sua devida aplicação; segundamente, mostrarei confrontos e constrastes. Vamos para a bronca!
1. PRONOME RELATIVO
- inicia orações subordinadas adjetivas;
- retoma um antecedente expresso;
- é uma ferramenta de coesão referencial por referir-se a um antecedente;
- introduz um adjetivo de forma oracional;
- pode ser substituído por seus equivalentes: o qual, a qual, os quais, as quais.
a) As bênçãos que me ajudarão já estão a caminho. (= As bênçãos as quais me ajudarão...)
b) Ontem fomos ao templo que estava lotadíssima. (= Ontem fomos ao templo o qual estava...)
c) Este é o milagre de que necessito. (= Este é o milagre do qual...)
d) Ainda não sei o que me atormenta.*
* O caso da letra "d" pode dificultar um pouco seu entendimento, pois esse "o" que antecede o pronome relativo "que" parece um artigo, mas não é, porque não acompanha nenhum substantivo.
É um pronome demonstrativo disfarçado e equivale a "aquilo". Construções assim são muito comuns quando o cara da banca quer ferrar você. Tenha cuidado!
É uma oração adjetiva 'enganação'.
2. CONJUNÇÃO INTEGRANTE
- inicia orações subordinadas substantivas;
- não retoma antecedente, apenas liga as orações;
- dá continuidade à estrutura sintática do período, isto é, traz a ele o que falta na oração principal;
- é uma ferramenta de coesão sequencial por justamente dar sequência a essa estrutura;
- se for possível, toda oração que ela encabeça pode ser substituída por isso ou esse.**
e) É possível que eu vá à escola hoje. (= É possível isso.)
f) Agora percebi que você é meu amigo. (= Agora percebi isso.)
g) Meu desejo é que você seja feliz. (= Meu desejo é esse.)
h) O povo necessita muito de que Deus nos abençoe. (= O povo necessita muito disso.)
i) Ainda temos dúvidas de que você fala a verdade. (= Ainda tenho dúvidas disso.)
Dentro de um texto dissertativo-argumentativo, o pleonasmo – que é uma repetição desnecessária (também conhecida como redundância ou tautologia) - visa emitir um conceito anteriormente emitido. Por conta disso, ele deve ser evitado. Talvez você, caro estudante, já esteja acostumado com alguns já consagrados que fazem parte do nosso dia a dia, como: descer para baixo, subir para cima, hemorragia de sangue, novos lançamentos, sair para fora, entrar para dentro, certeza absoluta, si mesmo, viver a vida; contudo, os pleonasmos que aparecem nos textos dissertativos são tão sutis às vezes, que sua presença quase não é notada.
1. Criar novos planos de políticas públicas, neste momento, é necessário.
2. Esse recurso será o principal elo de ligação para gerir tal investimento.
3. O mais correto é manter o mesmo sistema já adotado em outros contextos.
4. O país ainda continua caminhando devagar no que diz respeito à evolução.
5. Percebe-se que há muito tempo atrás a mulher não gozava de tantos direitos.
6. É necessário que todos os órgãos encarem essa delicada situação de frente, para que haja, de imediato, uma amenização desse fluxo corruptível.
VAMOS À EXPLICAÇÃO!
1. Se alguém vai "criar" um plano, certamente a criação revela um planejamento "novo".
2. No sentido figurado, "elo" já se trata de uma forma de "ligação", ou seja, uma relação, um laço. Não existe elo de separação.
3. O fato de "manter" um sistema revela que é o "mesmo" que já vinha sendo utilizado. Se for algo diferente, troca-se ou substitui-se.
4. A palavra "ainda" é um vocábulo que detona continuidade. Sendo empregada ao lado do verbo "continuar", transmite uma redundância que deve ser evitada.
5. O verbo "haver", como foi aplicado, já indica tempo decorrido, ou seja, passado. Diante disso, não há a necessidade de se empregar o vocábulo "atrás".
6. É lógico que, se alguém vai "encarar", só pode ser feito de forma frontal (= de frente), visto que "encarar" quer dizer "olhar de frente, enfrentar". Não se encara de lado ou de costas. Se houver necessidade de enfatizar, diga-se encarar firmemente, sem medo ou com determinação.
Há outros que devem ser evitados:
'consenso geral' - todo consenso é geral, não há consenso individual ou particular
'empréstimo temporário' - empréstimo e temporário são sinônimos, se for permanente será uma doação ou venda
'autocontrolar-se' - nossos dicionários registram o substantivo autocontrole e o verbo controlar. Se você quiser controlar a si mesmo, basta controlar-se
'resultado do laudo' - todo laudo é um resultado. Quem fala assim confunde laudo com exame. Se falarmos em 'analisar o resultado do exame', não há pleonasmo
'somar a mais' - somar já traz consigo a ideia de acréscimo, para menos o verbo é subtrair
'deferir favoravelmente' - todo deferimento é favorável. Se não for, será indeferido
'fato real' - se não for real, não será um fato. Uma história pode ser real ou inventada, mas um fato é sempre o que acontece
'conclusão final' - não existe conclusão semifinal ou conclusão quartas de final
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