sábado, 28 de janeiro de 2023

Siglas dos estados do Brasil

1) Um leitor envia sua dúvida, aduzindo os seguintes argumentos: I) as siglas dos estados brasileiros são escritas algumas só com a inicial maiúscula (Ba), enquanto outras com todas as letras maiúsculas (RJ, MG); II) acredita ele que a sigla toda maiúscula se deve ao fato de ser composto o nome de alguns estados; III) quanto aos demais, de nomes simples, apenas a primeira letra deve ser maiúscula.


2) Num primeiro aspecto, em termos genéricos, anota-se que, para o emprego de maiúsculas e minúsculas nas siglas, José de Nicola e Ernani Terra mandam observar uma primeira regra de que "as siglas formadas por até três letras são grafadas em maiúsculas: PT, CBF, ONU, OAB, STF, etc.".


3) Acrescentam uma segunda regra de que "as siglas com mais de três letras devem ser grafadas com inicial maiúscula e as demais, minúsculas: Incra, Unesco, Fiesp, Embratur, etc.".


4) E complementam: "Se, porém, as siglas formadas por mais de três letras não puderem ser pronunciadas como se fosse uma palavra normal, também se grafarão em maiúsculas: ABNT, INSS, BNDES, CNBB, CPOR, DNER, etc.".1


5) Após essas observações, anota-se que as siglas dos 26 estados e do distrito federal são, respectivamente, com sua capital e região à qual pertence: 

Acre - Rio Branco, Norte: AC; 

Alagoas - Maceió, Nordeste: AL; 

Amapá - Macapá, Norte: AP; 

Amazonas - Manaus, Norte: AM; 

Bahia - Salvador, Nordeste: BA; 

Ceará - Fortaleza, Nordeste: CE; 

Distrito Federal - Brasília, Centro-Oeste: DF; 

Espírito Santo - Vitória, Sudeste: ES; 

Goiás - Goiânia, Centro-Oeste: GO; 

Maranhão - São Luís, Nordeste: MA; 

Mato Grosso - Cuiabá, Centro-Oeste: MT; 

Mato Grosso do Sul - Campo Grande, Centro-Oeste: MS; 

Minas Gerais - Belo Horizonte, Sudeste: MG; 

Pará - Belém, Norte: PA; 

Paraíba - João Pessoa, Nordeste: PB; 

Paraná - Curitiba, Sul: PR; 

Pernambuco - Recife, Nordeste: PE; 

Piauí - Teresina, Nordeste: PI; 

Roraima - Boa Vista, Norte: RR; 

Rondônia - Porto Velho, Norte: RO; 

Rio de Janeiro - Rio de Janeiro, Sudeste: RJ; 

Rio Grande do Norte - Natal, Nordeste: RN; 

Rio Grande do Sul - Porto Alegre, Sul: RS; 

Santa Catarina - Florianópolis, Sul: SC; 

São Paulo - São Paulo, Sudeste: SP; 

Sergipe - Aracaju, Nordeste: SE; 

Tocantins - Palmas, Norte: TO.


6) Da observação das siglas acima, podem extrair-se as seguintes conclusões: I) Em estados com nome composto, a formação das abreviaturas aproveitou a inicial dos dois nomes: Distrito Federal - DF, Espírito Santo - ES, Minas Gerais - MG, Rio de Janeiro - RJ, Santa Catarina - SC, São Paulo - SP; II) Nessas circunstâncias, se já havia outro estado com a mesma sigla, então se fixou a diferença por algum outro modo: Mato Grosso - MT, Mato Grosso do Sul - MS; III) Quando houve, desde o início, um estado no norte e um no sul com a mesma sigla resultante, a diferença se fixou pela localização: Rio Grande do Norte - RN, Rio Grande do Sul - RS; IV) Nos estados com nome simples, buscou-se a feitura da sigla pelo aproveitamento das duas primeira letras: Acre - AC, Alagoas - AL, Amazonas - AM, Bahia - BA, Ceará - CE, Goiás - GO, Maranhão - MA, Pará - PA, Pernambuco - PE, Piauí - PI, Rondônia - RO, Sergipe - SE, Tocantins - TO; V) - Também nesse caso, se já havia uma sigla resultante por esse processo, a diferenciação se fez por algum outro artifício: Amapá - AP, Paraíba - PB, Paraná - PR, Roraima - RR.


7) Com base em todas as considerações feitas, podem-se extrair as seguintes conclusões concernentes ao caso da consulta: I) Todos os estados brasileiros e o distrito federal têm siglas com apenas duas letras, não importando a extensão de seus nomes: II) Ambas as letras de tais siglas são grafadas com maiúsculas, não importando tamanho do nome do estado nem o modo de formação da sigla; III) A sigla do estado da Bahia (BA) foi formulada pelo modo mais natural, a saber, pelo aproveitamento das duas primeiras letras; IV) A partir das considerações feitas, tal sigla, como as dos demais estados brasileiros, é grafada integralmente com maiúsculas; V) Também por conta das razões expostas, a sigla da Universidade Federal da Bahia - porque não se pronuncia como uma palavra autônoma - se escreve integralmente com maiúsculas (UFBA); VI) A escrita de toda a sigla em maiúscula independe do fato de que, eventualmente, para sua formação, haja contribuído uma palavra com mais letras do que outra (Bahia teria contribuído com duas letras, enquanto Universidade e Federal, cada qual delas com uma)


Epa! Vimos que você copiou o texto. Sem problemas, desde que cite o link: https://www.migalhas.com.br/coluna/gramatigalhas/127056/siglas-dos-estados-brasileiros

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Elementos estruturais da Oração Eucarística

 • Diálogo inicial

• Prefácio

• Santo

• Pós-sanctus

• Epiclese sobre os dons

• Narrativa da última ceia e consagração

• Anamnese - memória / aclamação

• Oblação - ofertório

• Epiclese sobre a comunidade

• Intercessões - orações pela Igreja

• Doxologia, com o “amém” final


Vamos usar como exemplo a Oração Eucarística II.


DIÁLOGO INICIAL

Pe: O Senhor esteja convosco.

T: Ele está no meio de nós.

Pe: Corações ao alto.

T: O nosso coração está em Deus.

Pe: Demos graças ao Senhor, nosso Deus.

T: É nosso dever e nossa salvação.


PREFÁCIO

Pe: Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Ele é a vossa palavra viva, pela qual tudo criastes. Ele é o nosso salvador e redentor, verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria. Ele, para cumprir a vossa vontade e reunir um povo santo em vosso louvor, estendeu os braços na hora da sua paixão a fim de vencer a morte e manifestar a ressurreição. Por essa razão os anjos celebram vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória. Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, cantando (dizendo) a uma só voz:


SANTO

T: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo! O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!


PÓS-SANCTUS

Pe: Na verdade, ó Pai, vós sois santo e fonte de toda santidade.


EPICLESE SOBRE OS DONS

Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito, a fim de que se tornem para nós o Corpo e † o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso.

T: Santificai nossa oferenda, ó Senhor.


NARRATIVA DA ÚLTIMA CEIA E CONSAGRAÇÃO

Pe: Estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão, ele tomou o pão, deu graças e o partiu e deu a seus discípulos, dizendo:


TOMAI, TODOS, E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS.


Do mesmo modo, ao fim da ceia, ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente o deu a seus discípulos, dizendo:


TOMAI, TODOS, E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS, PARA A REMISSÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM.


ANAMNESE

Eis o mistério da fé!

T: Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!

Ou

Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!

Ou

Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição.


OBLAÇÃO

Pe: Celebrando, pois, a memória da morte e ressurreição do vosso Filho, nós vos oferecemos, ó Pai, o pão da vida e o cálice da salvação; e vos agradecemos porque nos tornastes dignos de estar aqui na vossa presença e vos servir.

T: Recebei, ó Senhor, a nossa oferta!


EPICLESE SOBRE A COMUNIDADE

Pe: E nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num só corpo.

T: Fazei de nós um só corpo e um só espírito!


INTERCESSÕES

Súplica pela Igreja

Pe: Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na caridade com o papa N., com o nosso bispo N. e todos os ministros do vosso povo.

T: Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja!


Súplica pelos mortos

(Nas missas de sétimo dia, trigésimo dia, um ano de falecimento, missas de corpo presente e Dia de Finados, pode se acrescentar)

Pe: Lembrai-vos do vosso filho (da vossa filha) N., que (hoje) chamastes deste mundo à vossa presença. Concedei-lhe que, tendo participado da morte de Cristo pelo batismo, participe igualmente da sua ressurreição.

T: Concedei-lhe contemplar a vossa face!

_______________

Pe: Lembrai-vos também dos (outros) nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos os que partiram desta vida: acolhei-os junto a vós na luz da vossa face.

T: Lembrai-vos, ó Pai, dos vossos filhos!


Súplica pelos vivos e comemoração dos Santos

Pe: Enfim, nós vos pedimos, tende piedade de todos nós e dai-nos participar da vida eterna, com a Virgem Maria, mãe de Deus e da Igreja, São José, seu esposo com os santos Apóstolos e todos os que neste mundo vos serviram, a fim de vos louvarmos e glorificarmos por Jesus Cristo, vosso Filho.

T: Concedei-nos o convívio dos eleitos!


DOXOLOGIA, COM O “AMÉM” FINAL

Pe: Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai todo poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre.

T: Amém!

Segue o rito da comunhão

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Lista de palavras com formas variantes

 abdome e abdômen;

afeminado e efeminado; 

aluguel e aluguer; 

amídala e amígdala; 

aquarela e aguarela;    

arrebentar e rebentar; 

assobiar e assoviar; 

assoprar e soprar

azálea e azaleia; 

bêbado e bêbedo; 

bilhão e bilião;  

cãibra e câimbra;

caleidoscópio e calidoscópio; 

câmera - nos sentidos relacionados a vídeo e fotografia e câmara - nos outros sentidos;

caminhão e camião;

carroçaria e carroceria

catorze e quatorze; 

catucar e cutucar

chipanzé e chimpanzé

cobarde e covarde

coercitivo e coercivo;

cociente e quociente

contato e contacto;

cota e quota; 

cotidiano e quotidiano; 

convalescença e convalescência;

debulhar e desbulhar;

degelar e desgelar; 

delapidar e dilapidar;

demonstrar e demostrar;

descarrilhar ou descarrilar;

devaneio e desvaneio;

dezenove e dezanove;

dezesseis e dezasseis;

dezessete e dezassete;

diabete e diabetes;

destrinchar - variante brasileira e destrinçar;

dêixis e díxis;

dêitico e díctico;

diferenciar e diferençar;

dourado e doirado;

dignitário e dignatário;

embaralhar e baralhar;

endemoniado e endemoninhado;

enfarte, enfarto, infarte e infarto

entonação e entoação;  

entretenimento e entretimento;

esfomeado e esfaimado;

espargos e aspargos;

estalar e estralar;

este e leste;

gastroenterologia e gastrenterologia;

geringonça e gerigonça;

germe e gérmen; 

hem e hein;

hidrelétrica e hidroelétrica; 

homilia e homília;

imundícia, imundície e imundice;

indefeso e indefenso;

intrincado e intricado; 

intersecção e interseção;

interjectivo e interjetivo;

louça e loiça;

louro e loiro; 

lacrimejar e lagrimejar;

maquiagem, maquilagem e maquilhagem; 

marimbondo e maribondo;

mobiliar, mobilhar e mobilar;

neblina e nebrina; 

nenê e neném;

percentagem e porcentagem

pitoresco ou pinturesco;

projétil e projetil;

radioativo e radiativo;

rastro e rasto;

registro e registo;

relampear, relampejar e relampaguear;

remoinho, redemoinho e rodamoinho; 

ridicularizar e ridiculizar;

selvageria e selvajaria; 

sobressalente e sobresselente; 

súdito e súbdito;

supervisionar e supervisar;

surrupiar e surripiar; 

taberna e taverna; 

televisionar e televisar;

terremoto e terramoto;

terraplenagem e terraplanagem;

tesouro e tesoiro;

tireoide e tiroide;

translado e traslado;

tríade e tríada;

veredicto e veredito;

xérox e xerox.

Em negrito, as mais usadas. Todas são corretas e podem ser usadas sem hesitação.

Quando não há preferência, não estão destacadas.

Segunda Dama - encerramento primeiro capítulo: Globo Internacional

 autorização especial - SATED RJ

cenografia - Fábio Rangel, Mauro Vicente

cenógrafos assistentes - Larissa Anibolete, Daniel Cordeiro, Diana Domingues

figurino - Natália Duran

figurinistas assistentes - Ana Argolo Agapito, Ana Carolina Almeida, Silvia Cavalcanti

equipe de apoio ao figurino - José Luiz Melo, José Lima Ferreira, Thiago Carneiro da Silva, Maria Da Conceição dos Anjos, Neide Aparecida de Souza, Ana Lucia de Sá

direção de fotografia - Nonato Estrela

direção de iluminação - José Luis Fernandes

equipe de iluminação - Felipe Amaral, Raphael dos Santos Teixeira, Leonardo Alves dos Santos Franco, Robson Simoneti

produção de arte - Isabela Sá

produção de arte assistente - Juliana Levenhagen, Adriana Simões, Daniela Antunes, Carolina Gomes

equipe de apoio a arte - Jorge Cirilo, Aristides Paschoal, Paulo Reboredo, Gerson Peixoto, Ronaldo Ferreira

produção de elenco - Rosane Quintaes

coreografia - Sandra Regina

instrutora de dramaturgia - Vera Freitas

produção musical - Roger Henri

direção musical - Mariozinho Rocha

caracterização - Anna Van Steen

equipe de apoio a caracterização - Leonardo Almeida, Ancelmo Salomão Saffi, Deivid Bogo, Luciene Mello, Monique Diogo

edição - Flávio Zettel, Diogo Gonzales

colorista - Marcello Pereira

sonoplastia - Kesner Puschmann, Carlos Wagner, Cláudio Valdetaro

efeitos sonoros - Eduardo Silva, Adailton Bernardes, Ricardo Cadila, Nelson Seródio

mixagem - Marco Villa Nova

efeitos visuais - Jony Raw, Mauro Heitor, Mariana Rocha

videografismo - Alessandra Ovídio

efeitos especiais - Ricardo Menezes

abertura - Alexandre Pit Ribeiro, Rodrigo Gomes

direção de imagem - Osvaldo Rogério

câmeras - Reginaldo Roque, Anderson Accioly, Edilson Giachetto

equipe de apoio a operação de câmera - Alessandro dos Santos, Epitácio Alves do Nascimento, Alexandre Barreto, Rafael de Souza Lopes

equipe de vídeo - José Carlos Gonçalves, Miriam Pinto de Carvalho, Reginaldo Silveira Vieira

equipe de áudio - Jocimar Marques Cardoso, Juliana Marron Ribeiro, Ademar de Souza Rosa, Marco Paulo Damiano

supervisor e op. sistema - Adelto Martins, Dannyo Escobar, Felipe Feijó, Gabriel Eskenazi, Ricardo Balthazar, Luiz Cláudio da Rocha Santos

gerente de projetos - Marco Tavares

produção de cenografia - Eduardo Areal

equipe de cenotécnica - Thiago Nascimento Dos Santos, Ivanildo Luiz Da Silva, Igor Guerra, Nelson Pereira Iris, Sebastião Camilo Leite Junior, Diego Da Silva Ignácio, José Domingos Da Silva Filho, Marco Antonio Coelho De Souza, Flávio Da Silva Castilho, Fabiano De Jesus Correa, Fernando Silva Dos Santos, Osvaldo Neves, Genecy Francisco Leal, Valmir Da Conceição Procópio, Luiz Mário Salvador, Cátia Oliveira Eloy e Simone Oliveira Eloy

supervisão de produção de cenografia - Alexandre Santanna, Sérgio Rodrigues de Souza, Cláudio Santos, Norival Moreira, Marco Antônio de Vasconcellos

continuidade - Eliane Freitas, Juliana de Bonis

assistentes de direção - Diego Schliemann, Benjamin Hassan

produção de engenharia - Carlos Câmara

equipe internet - Juliana Saboya, Hellen Couto, Bruno Toledo, Nilo Maia

equipe de produção - Camila Morais, Leandro Naja, Renata Rossi, Claudio Nunes, Tamara Araújo, Fernanda Neves, Danillo Maciel, Daniel Dias, Lorrana Casesque, Ricardo Ferrarezi, Julio Dias

coordenação de produção - Rodrigo Leão

supervisão executiva de produção - Silvaldo Fernandes, Vladimir Carvalho, William Barreto, Alexia Galvão

supervisão executiva de produção de linha - Mário Jorge

produção executiva - Isabel Ribeiro

gerência de operações - Augusto Seixas

gerência de produção - Carla Mendonça

núcleo - Wolf Maya

Termos usados pelos deputados no impeachment de Dilma

 Todas as emissoras de televisão brasileiras (bem, exceto uma) passaram as últimas doze horas exibindo ao vivo a sessão em que cada um dos deputados federais brasileiros se manifestou acerca do prosseguimento do processo de impeachment de Dilma Rousseff. As mais de 500 justificativas de votos foram uma verdadeira amostra do que é o português brasileiro contemporâneo real.


Eis uma pequena amostra de termos usados hoje por nossos deputados:


“essa ladroeira toda“: parece errado, mas o deputado estava certíssimo: a palavra “ladroeira” de fato existe – e, como mostra o dicionário Priberam, é de fato um sinônimo de ladroagem e de ladroíce, que significam roubo, extorsão;

“é um sacripanta“: o deputado acertou; sacripanta (cujos significados são patife, indigno ou falso beato) não tem “s” no singular; a variante “um sacripantas“, que por vezes se ouve, está incorreta;

“em nome da indústria fumageira“: para a surpresa de muitos, o adjetivo fumageiro existe: como ensina o Michaelis, fumageiro e fumageira são de fato adjetivos referentes à produção do fumo;

“um dia paroxístico“:  podia parecer criação de deputado, mas não, a palavra está correta: paroxístico é o que apresenta paroxismos – que, por sua vez, são o ápice, o auge de algo, ou uma crise

“pelegagem“: condição, estado ou comportamento típico de quem é pelego – que, como ensina o Michaelis e outros, é como se chama no Brasil aos sindicalistas que disfarçadamente trabalham contra os interesses dos demais sindicalizados, em favor do patrão ou do governo – e, por extensão, é termo usado para se referir a todo aquele que é servil aos poderosos;

“presidenta” e “membra“: parece incrível, mas, em 2016, ainda tem quem nos pergunte se existe mesmo a palavra “presidenta” – correto feminino de presidente, como ensinam o Michaelis, o Aurélio, o Houaiss, o professor Pasquale, o Priberam, a FLiP, etc., e que está devidamente registrado em dicionários portugueses desde pelo menos o ano de 1812. Mais aceitável é que ainda nos perguntem se a forma “membra”, mais recente, usada hoje pelo presidente da Câmara dos Deputados, está correta – e a resposta é que também essa está, como se pode ver no Priberam ou no Dicionário Houaiss;

“os deputados indecisos têm sido tietados“: como ensina os dicionários, tietar é verbo que se usa só no Brasil, onde significa “ser puxa-saco”, “demonstrar ostensivamente admiração incondicional”;

“seria fácil tergiversar“: outrora um termo culto e de uso relativamente raro, o verbo “tergiversar” caiu nas graças dos políticos brasileiros, que agora a usam todo o tempo em substituição do popular “enrolar“: usar de desculpas para fugir de um assunto;

“é um processo inecsorável“: por soar chique, muita gente adora usar a palavra “inexorável”, que significa “rígido”, “implacável”, etc. O que muitos não sabem é que, na pronúncia padrão, o “x” de inexorável tem em português som de /z/, como em exame, e não som de /cs/, como em táxi. Escreve-se, sim, inexorável, mas a pronúncia recomendada pelos dicionários é inezorável, e não inecsorável;

“o que nós vimos onte“: há quem ache que “onte” é um erro de português, mas a verdade é que “onte” (assim mesmo, sem o “m”) está nos dicionários (vide o Houaiss, o dicionário Aulete, o dicionário Priberam, etc.) como forma histórica do advérbio ontem, usada e registrada desde o século XIII, ainda viva regionalmente;

“eu não vou conivir com isso“: o suposto verbo “conivir” foi o caso que mais me chamou a atenção, por ser a única das palavras aqui listadas que oficialmente não “existe” – isto é, não está nos dicionários. Ou melhor, está em um: o Dicionário inFormal, feito com contribuições diretas dos usuários. O interessante é notar que a lógica da deputada, e de todas as (aparentemente muitas) pessoas que usam a palavra, faz sentido: se existe o adjetivo “conivente“, o “lógico” seria existir um verbo do qual viesse a palavra. O raciocínio é perfeito – a língua portuguesa é que não o é; como toda língua natural e imperfeita, apenas o adjetivo do latim adaptou-se ao português; o verbo latino, do qual o adjetivo se originara, não entrou em nossa língua. Mas, a continuar o processo de sua “invenção” (ou “ressurreição” – ou, melhor ainda, “reencarnação”) forçada, é provável que num futuro tenhamos oficialmente um verbo para “ser conivente” na língua portuguesa.

A lógica é puramente a lógica da língua portuguesa: via de regra, os adjetivos portugueses em “nte” vêm-nos de verbos: crente, de crer, doente, de doer; ouvinte, de ouvir, pedinte, de pedir; presidente, de presidir; atuante, de atuar; agente, de agir; temente, de temer; existente, de existir; seguinte, de seguir; falante, de falar; dependente, de depender; consistente, de consistir.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Não é o que lhe disseram - uai, skol, cadáver, ok, SOS, larápio, fuck

 Aqui em Minas Gerais, a Rede Mineira de Viação (RMV) administrou boa parte das ferrovias, de 1931 a 1965. Nas viagens de trem, os mineiros brincavam “RMV: Ruim, Mas Vai”. Também em Minas, vi outros significados alternativos de siglas como a do departamento em que eu trabalho na UFV. DBG significa Departamento de Biologia Geral, mas alguns o chamam de Departamento dos Bichos-Grilos 🤷‍♂️.

Pelas ruas, eu via afixadas nos postes umas plaquinhas de propaganda duma empresa de Fisioterapia: “Conheça nossos serviços UAI-SO” (Unidade de Atendimento Integrado – Saúde Orientada). Numa cidade mineira, não haveria nome mais criativo. 

Essas releituras de RMV, DBG e ‘uai, sô’ são exemplos de retroacrônimos, isto é, significados criados a partir de siglas ou palavras pré-existentes. É a criatividade à serviço do entretenimento e da comunicação.

O problema é quando retroacrônimos aparecem como explicações etimológicas de algumas palavras. Infelizmente, essas pseudoetimologias aparecem aos montes espalhadas pelas redes sociais. Apresento algumas aqui:

👁‍🗨 Skol: O nome da marca de cerveja, de propriedade duma empresa dinamarquesa, vem do sueco ‘skål’, que significa copo. É um termo utilizado nos brindes dos países nórdicos equivalente ao nosso ‘saúde!’. A lenda é que o nome seria uma homenagem a Sarah Kubitschek de Oliveira, primeira-dama do Brasil de 1956 a 1961. Outra cerveja que já ouvi um retroacrônimo foi Brahma, que significaria “Bebam, Rapazes! Amanhã, Haverá Mais Ainda” além de outras versões impublicáveis, rsrs.

👁‍🗨 cadáver: Muitos já me mandaram publicações em que cadáver é explicado como vindo do latim ‘cadaver’, um acrônimo de ‘caro data vermibus’ (carne dada aos vermes). Cadáver vem mesmo de ‘cadaver’, mas significando ‘corpo caído, morto’, vindo do verbo ‘cadere’ (cair, perecer), que deu origem ao substantivo queda e ao adjetivo cadente. Essa é uma pseudoetimologia antiga, encontrada em livros da Idade Média (!) e em aulas de Anatomia.

👁‍🗨 larápio: Um larápio é um ladrão. Contam que na Antiga Roma, havia um juiz corrupto de nome Lucius Antonius Rufus Appius que assinava suas sentenças compradas como L.A.R.Appius. Essa pseudo-história ficou tão famosa que chega a aparecer em vários dicionários. O fato é que o termo larápio é um dos inúmeros vocábulos que os etimologistas não fazem a mínima ideia de onde e como surgiram. Só sabemos que o primeiro registro de ‘larápio’ é de 1812.

👁‍🗨 ‘fuck’: A famosa pseudoetimologia diz que o verbo inglês ‘to fuck’ viria de ‘Fornication Under Consent of King’ (Formicação Sob o Consentimento do Rei). Dizem que na Inglaterra, houve um tempo em que os ingleses só poderiam ter filhos se tivessem permissão do rei. Os casais autorizados, então, penduravam uma placa na frente da casa com a sigla F.U.C.K. Como tem gente que acredita nessa bobagem, não demorou a aparecer a versão portuguesa. Como em Portugal, a taxa de natalidade estaria baixa, o rei teria baixado uma lei em que as pessoas eram obrigadas a copular. Eita! Por isso, foda teria vindo de ‘Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo’. Quem fosse solteiro ou viúvo, precisava ter na porta as palavras: 'Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Autoinduzida', que deu origem à palavra punheta. Essas palavras são primitivas, não vieram de siglas. 😲

👁‍🗨 uai: Muito ouvi dizer que a expressão ‘uai’ foi passada aos mineiros pelos ingleses que vieram trabalhar nas ferrovias do Brasil. Eles diziam ‘why, sir?’ e os mineiros transformaram em ‘uai, sô’. Balela! Outra explicação fantasiosa afirma que uai era um código secreto dos participantes da Inconfidência Mineira, que significaria União, Amor e Independência. Conversa fiada! Uai vem de Unidade de Atendimento Integrado. Ela também foi parar em nomes científicos. Os pesquisadores já usaram para nomear novas espécies.

Seguindo a lógica, o Subway é Sub-uai, o iFood é uai-fude, o iPhone é uai-fone, a internet sem fio é uai fai.

👁‍🗨 ‘S.O.S.’: O mundo todo conhece o sinal S.O.S. para pedir socorro em navios. O significado ‘save our souls’ (salvem nossas almas, em inglês) só apareceu depois do código SOS ter sido criado no código Morse. É que SOS corresponde aos sinais ▪▪▪ ▬ ▬ ▬ ▪▪▪, que são mais fáceis de transmitir e memorizar na Telegrafia. Em outros lugares, cunharam a expressão ‘save our sailors’ (marinheiros) ou ‘ship’ (navio), mostrando como a história disseminada é confusa.

👁‍🗨 ‘OK’: em 2010, o professor Allan Metcalf lançou um livro inteiro só para explicar a etimologia de ‘OK’, que, segundo ele, é a palavra mais falada e digitada no mundo. Em 1839, o ‘OK’ surgiu num artigo humorístico do jornal ‘Boston Morning Post’, como uma abreviatura de ‘oll korrect’. Era uma contradição lógica, pois a expressão estava escrito errada, mas significava ‘tudo certo’. O candidato Martin van Burien, que concorreu às eleições de 1840, empregou o OK, ajudando a espalhar a sigla. No Brasil, porém, popularizou-se uma história de que, na Guerra da Secessão (1861–1865), as tropas que voltavam sem baixas colocavam na porta do alojamento um aviso escrito ‘0K’, uma abreviação de ‘0 killed’ (zero mortos). Então, com zero virando O, ‘OK’ seria uma maneira de dizer ‘está tudo bem’. Essa história curiosa é só mais uma das 18 versões (!) etimológicas para ‘OK’ que o Metcalf apresentou no livro.

É claro que as pseudoetimologias são mais instigantes que a verdade etimológica de muitas palavras. É por isso são tão disseminadas. O ideal é termos sempre cuidado com as fontes para não cair numa lorota (Lenda Ordinária Retardada Oposta à Teoria Aceita).

Pluralia tantum - o que raios é isso?

 Parabéns por suas núpcias! Que essas bodas entrem para os anais da sociedade brasileira!



A despeito do exemplo tolo, o que se pode observar em comum nas palavras destacadas?


São todas substantivos que só se empregam no plural.


Essa particularidade da flexão numérica dos substantivos é chamada de pluralia tantum, expressão tradicional da gramática latina que significa “somente no plural”.


O substantivo pluralia tantum, portanto, não tem uma forma singular e aparece apenas no plural. Veja outros exemplos: pazes, afazeres, trevas, núpcias, bodas, arredores e condolências).


Não dá para fazer “a paz” com alguém. Fazemos “as pazes” com ele.



Da mesma forma, temos: férias e efemérides - no sentido de agenda, livro, caderno ou diário em que se registram os acontecimentos de cada dia. No singular, efeméride é um fato importante ocorrido em uma data específica, féria significa salário, remuneração.


Forma acidental

Por que esses termos só são admitidos no plural? O linguista italiano Paolo Acquaviva afirma, em “Plurais Lexicais: Uma Abordagem Morfossemântica” (2008), que o substantivo pluralia tantum não tem relação direta com sua classe morfológica. Segundo ele, essa propriedade é superficial e às vezes acidental. Em muitas vezes, justifica ele, seria praticamente impossível encontrar a origem da transformação.



Os especialistas também admitem que a mudança renega a antiga forma singular, que aparecia em alguns textos, como “Sermões”, do Padre Antônio Vieira (séc. XVII).


Pluralia tantum em certo sentido é um substantivo “regular irregular”, ou seja, não é o resultado da pluralização de um singular, da sua forma plural completa.


Acidentes geográficos

É muito comum ver substantivos próprios de lugares que têm forma singular e valor plural. Algumas delas são: Andes, Pirineus, Alpes, Maldivas, Malvinas, Pampas, entre outras. Vale destacar que Estados Unidos tem forma e valor plural, devendo flexionar o verbo no plural: “Os Estados Unidos fazem, constituem, vão…”.



Há ainda substantivos que só ocorrem no plural por implicarem ideia de mais de uma parte. O caso mais óbvio é da palavra “óculos”. Mas temos ainda: luvas, algemas, ventas.


Vale lembrar que esses substantivos podem ter o valor de substantivos contáveis ​​comuns, bastando usar as expressões “um par de” ou “pares de”. Exemplos:


Quantos pares de calças você tem?

Marcelo esqueceu seu par de óculos na mesa da cozinha.

Mas, note, o contrário também é possível: há substantivos que aparecem apenas na forma singular por, em vez de designarem indivíduos, dizerem respeito à massa. Estes são chamados singulare tantum.



Bons exemplos disso são: ouro, prata, ferro, oxigênio, feijão, arroz, café, açúcar, mel, leite. Estas palavras só são admitidas no plural se estiverem indicando suas qualidades ou no caso de seu sentido ser figurado, ou seja, quando se prestam a designar partes, divisões ou espécies. Assim:


Acabaram-se os fósforos.

Os vinhos portugueses são excelentes.

Quero dois cafés. (duas porções/xícaras)

Isso acontece ainda quando o substantivo exprime noções abstratas, virtudes e vícios, no sentido próprio da palavra, como em: preguiça, sensatez, caridade ou ociosidade. Vale só ressaltar que essa circunstância de ter o termo em seu sentido próprio (principal) é importante, visto que, quando se emprega outra significação, o plural é admitido, como em:



o bem (o que é bom)      os bens (propriedade)

a honra (estima)              as honras (cargos, dignidade)

Os substantivos parabéns e pêsames, que antes se usavam no singular, hoje só se usam no plural. Os dicionários registram parabém e pêsame como corretas, mas ultrapassadas.

Não é só na língua portuguesa

Essa particularidade não é exclusiva da língua portuguesa. Muitas outras línguas têm pluralia tantum. Em inglês, temos clothes (roupa), scissors (tesoura) e pants (calça). O mesmo acontece com a palavra russa den’gi [деньги] (dinheiro), com a sueca inälvor (intestinos) e com a holandesa hersenen (cérebro).

Dia de São João - o dia que deu origem à festa junina

 O Dia de São João é uma das comemorações que fazem parte do calendário da Igreja Católica no mês de junho. Além da data, comemorada em 24 de junho, também são comemorados os dias de Santo Antônio (dia 13) e o dia de São Pedro (dia 29), o que torna junho um mês cheio de festividades.


A festa é uma tradição de norte a sul do Brasil no mês de junho, chegando a ser feriado em alguns estados e municípios. Ela é caracterizada por danças, comidas, decorações e muitos outros costumes, e é comemorada em escolas e organizações locais, além das igrejas católicas.


No texto de hoje, você conhece um pouco mais sobre a história e as tradições que envolvem a celebração, além de conferir dicas de como não deixar de celebrar, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. Boa leitura!


A origem da festa

A Festa de São João tem origem na Idade Média, quando a Igreja Católica começou a substituir os rituais realizados para deuses pagãos por festas dedicadas aos santos.


O dia 24 de junho era celebrado em comemoração ao solstício de verão no hemisfério norte e à renovação da natureza. A data foi assimilada pelo cristianismo e passou a representar o Dia de São João, cujas festividades costumam ocorrer na noite anterior. 


Na tradição cristã, o santo foi responsável por anunciar a vinda de Cristo para salvar a humanidade e renovar todas as coisas. Foi ele quem batizou Jesus no rio Jordão. Vários símbolos de sua história compõem a Festa Junina, juntamente com os ritos de colheita anteriores à cristianização da festa.


As festas juninas no Brasil

Inicialmente, a festa era chamada de joanina, em referência a São João, mas passou a ser chamada de “junina” no Brasil, por acontecer em junho. A tradição veio de Portugal e de imigrantes de outros países cristianizados. Aqui, a festa incorporou os costumes indígenas e afro-brasileiros.


Típica da região Nordeste, a festa representa a gratidão aos santos pelas chuvas nas lavouras e impulsiona a economia local. As duas maiores festas juninas do Brasil duram 30 dias e são realizadas em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). 


Nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, o dia de São João é feriado. Este também é um feriado municipal nas cidades onde o santo é padroeiro e em outras que homenageiam o santo. A festa também é uma tradição no interior de São Paulo, com quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. 


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Tradições juninas

Comidas

Doces e salgados que levam milho na receita são tradicionais da festa: canjica, pamonha, curau, pipoca e bolo de milho. Arroz doce, pé de moleque, cocada, doce de abóbora e de batata doce, paçoca, cuscuz e bebidas como vinho quente e quentão também compõem a culinária típica da festa.


Arraial 

Arraial é o local onde os festejos juninos acontecem, também chamado de 'arraiá'. Normalmente, é decorado com bandeirinhas, balões e palha. Barracas com os quitutes juninos também compõem a decoração. Se for realizado na internet, é chamado de 'arraiá virtuá'.


Fogueira

Um dos símbolos mais importantes da tradição tem origem na celebração do solstício de verão. A prática é associada a outras tradições populares, como a quadrilha caipira e o forró. A origem dessa tradição é religiosa: Santa Isabel, mãe de São João, teria acendido uma fogueira como uma forma de anunciar o nascimento de seu filho para Maria, a mãe de Jesus. Nossa Senhora e Santa Isabel eram muito amigas e a última prometeu que acenderia uma grande fogueira quando o filho nascesse para que Maria soubesse do ocorrido mesmo à distância. Cumprindo sua promessa, como naquela época não existia telefone, Santa Isabel acendeu a fogueira no dia em que seu filho nasceu e logo recebeu a visita de Maria. São João Batista se tornaria um dos principais santos da Igreja Católica.

Cada santo tem uma fogueira, sendo a quadrada de Santo Antônio, a redonda de São João e a triangular de São Pedro.


Balões e fogos de artifício

Esses itens estão relacionados ao uso da fogueira junina. Espetáculos pirotécnicos são uma parte essencial da festa junina nordestina e servem para despertar São João, de acordo com a tradição popular.


Mastro de São João

O mastro é erguido durante a festa para celebrar os três santos juninos. Essa tradição também tem origens pagãs, embora seja bastante enraizada pelo cristianismo.


Quadrilha

A origem da quadrilha é francesa e era muito popular entre os aristocratas do século XVIII, espalhando-se por toda a Europa. As elites portuguesas e brasileiras trouxeram essa tradição no século XIX, quando se popularizou no Brasil e se misturou com outras danças nacionais. Muitas das palavras usadas são adaptações do francês.


Como celebrar as festas juninas durante a pandemia por COVID-19?

Em tempos em que é necessário manter o distanciamento social, uma das festas mais populares do Brasil também foi afetada. Mas, isso não significa que ela foi cancelada. 


Quem quer festejar em casa pode fazer comidas típicas, decoração com bandeirinhas e estampas xadrez, sem esquecer da playlist com músicas tradicionais. Também é possível usar ainda mais a criatividade para fazer decorações com o que você possui em casa, como fogueiras de papel e mesa posta com tema junino.


Além disso, não faltam opções de brincadeiras. É possível reunir os amigos por vídeo chamada para brincar de bingo ou improvisar uma pescaria para as crianças. Envolver os pequenos é uma ótima atividade, já que muitas escolas que normalmente promovem esse tipo de comemoração estão impossibilitadas devido à pandemia.


Os festejos de São João são a fonte de lucro de muitas famílias. Quem quer comemorar e ainda aproveitar para contribuir com essas pessoas, ainda pode adquirir kits juninos, que podem vir apenas com pratos típicos ou incluir decorações e bebidas.


Conclusão

A festa junina é uma das comemorações mais tradicionais do Brasil, e tem sua origem em tradições cristãs. Muitos dos elementos tradicionais têm origem em rituais pagãos e foram assimilados ou substituídos. 


Por aqui, há celebrações em todos os estados, mas com a pandemia do coronavírus, a festa também sofreu restrições. Contudo, ainda é possível celebrar em sua própria casa usando muita criatividade e alegria.


Se você está entre as pessoas que têm os festejos juninos como fonte de lucro e está passando por dificuldades com o cancelamento das grandes festas, então, você precisa conhecer nosso serviço de empréstimo online com juros reduzidos para te ajudar a passar por essa dificuldade.

Conheça a santíssima trindade das festas juninas

Mesmo quem não é católico já ouviu falar de Santo Antônio. Afinal, além de ser o santo que abre as comemorações das festas juninas, Santo Antônio carrega a fama de ser o "santo casamenteiro".

Mas Santo Antônio é muito mais do que isso. Conhecido como Doutor da Igreja e teólogo renomado, o religioso é "disputado" por duas cidades de países diferentes. Mais: até os dias atuais, detém o recorde de santo com a canonização mais rápida da história da Igreja Católica.

Santo Antônio de Lisboa é o mesmo do de Pádua?

A data de nascimento de Santo Antônio é incerta. Tradicionalmente, costuma-se dizer que o religioso veio ao mundo em 15 de agosto de 1195. O local de nascimento, contudo, é certeiro: Lisboa, em Portugal. Seu nome de batismo não era "Antônio", mas sim Fernando, pertencia a uma família de posses chamada Bulhões.

A troca de nome aconteceria apenas mais tarde, quando Fernando ingressou na Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho. Ali, ele adotou o nome de Antônio, pelo qual seria conhecido até o fim da vida.

Santo Antônio de Lisboa também é "disputado" pela cidade de Pádua, na Itália. Isso porque, próximo ao fim da vida, o religioso foi para a Itália, onde morreu em 13 de junho de 1231.

Os restos mortais de Santo Antônio estão desde 1263 em uma basílica de Pádua, daí ser também conhecido como Santo Antônio de Pádua.

Canonização recorde

Se a morte de Santo Antônio aconteceu em 1231, a canonização foi logo no ano seguinte, em 30 de maio de 1232, pelo papa Gregório 9º. Os 11 meses passados entre a morte e a canonização do santo são, até hoje, recorde na Igreja Católica.

"Existem relatos de que já em vida ele teria realizado algum milagre, mas o que fez com que ele fosse canonizado em tempo recorde foi a fama de santidade. Era um místico por excelência, uma pessoa com experiência radical de Deus e a pregação dele chamava muito a atenção das pessoas,", explica Dayvid da Silva, professor e coordenador do curso de teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Santo Antônio compartilha algo em comum com Santa Rita de Cássia: o corpo incorrupto, isto é, que sobrevive praticamente intacto à decomposição pós-morte. Enquanto a santa teve todo o corpo imune às ações do tempo, o santo português teve a língua conservada.

"Após a morte, quando exumaram o corpo para canonização, descobriram que a língua se encontrava incorrupta. São Boaventura, que estava presente no ato de exumação, disse que o milagre era prova de que a pregação de Santo Antônio era inspirada por Deus", aponta Silva.

Santo Antônio, o doutor

A fama de Santo Antônio como pregador transcende a vida do religioso português.

"Ele foi reconhecido por São Francisco de Assis. Os dois têm uma carta trocada, entre 1223 e 1224, em que São Francisco pede para Santo Antônio para que ele fosse professor da ordem, na formação de novos religiosos. Santo Antônio era teólogo, tinha formação avançada em teologia", diz o historiador Leandro Faria de Souza, doutor em ciência da religião pela PUC-SP.

Vale lembrar, aqui, que São Francisco de Assis é reconhecido como um dos grandes teólogos da história da Igreja Católica e fundador da Ordem dos Franciscanos. A ordem, inclusive, acolheu Santo Antônio.

A fama era tamanha que Santo Antônio recebeu o título de Doutor da Igreja em 1946, pelo papa Pio 12.

Santo Antônio: por que casamenteiro?

Se Santo Antônio era um pregador e teólogo renomado, de onde, então, vem a fama de casamenteiro do religioso? A resposta está em alguns fragmentos de fatos com ares de lenda.

"Dizem que um dos primeiros milagres dele foi na vida de uma jovem que estava sem dinheiro para se casar. E a jovem rezou para Santo Antônio e uma estátua dele teria dado à mulher um bilhete. No bilhete, estava escrito que era para levar o recado ao comerciante da cidade e era para o comerciante dar a ela, em moedas de prata, o peso do papel", conta Souza.

"O comerciante, então, pesou o papel e teve de colocar 400 moedas para equilibrar. Ele se lembrou de que havia feito uma promessa para Santo Antônio dessas 400 moedas e não tinha pago. Então, segundo a tradição, Santo Antônio cobrou", completa.

Também se fala que Santo Antônio, em vida, gostava de "juntar pessoas" que ele sentia que tinham algo em comum. E, também, que ele ajudava pessoas sem dinheiro a conseguir recursos para o casamento.

"Isso é muito forte no Brasil, mas em outros lugares ele é padroeiro de outras coisas: de idosos, marinheiros, grávidas", cita Silva.

Nas festas juninas, é comum ter um "bolo de Santo Antônio". A lenda popular diz que comer um pedaço do bolo aumenta as chances de a pessoa achar alguém para se relacionar no restante do ano. Em alguns lugares, é colocada uma medalhinha de Santo Antônio no bolo e quem encontrar a medalhinha arranjará um "par".

Quem foi São João?

São João é João Batista, o homem que, de acordo com a Bíblia, batizou Jesus Cristo. Ambos teriam sido parentes, já que suas mães, Maria (de Jesus) e Isabel (de João Batista) seriam primas.    

Batista não era o sobrenome de João, mas uma referência derivada de batizar.

João Batista era só seis meses mais velho do que Jesus, mas pavimentou o caminho pelo qual percorreria a grande figura católica.

"Ele se tornou um profeta que anunciou Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus. Ele tinha influência como pregador. Tanto que ele é conhecido nas tradições bíblicas como a voz que grita no deserto e é testemunha da luz, que é Jesus", explica Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor na faculdade de teologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

Seria, então, João Batista uma espécie de concorrente de Jesus? Muito pelo contrário, dizem especialistas.

"Ele não tinha a pretensão de ocupar o lugar de Jesus. Tanto que, quando surge a pregação de Jesus, ele se retira de cena. Ele se destaca por ser um profeta, mas ele precede Jesus. Há uma diferença básica, talvez, no conteúdo porque toda a pregação dele é sobre conversão, que o Messias está para chegar. E, quando o Messias chega, ele diz que o tempo acabou", aponta Fábio Enrique de Souto, padre e professor da Universidade Católica de Brasília.

O fim da vida de João Batista foi trágico. Ele foi preso a mando de Herodes Antipas, espécie de administrador da região. Salomé, filha de Herodes, posteriormente pediu que João Batista fosse decapitado. A morte do futuro São João teria acontecido em 29 de agosto do ano 29.

Data é atrelada ao Natal

Se a morte de João Batista teria sido em 29 de agosto, por que se comemora o dia de São João em 24 de junho, e não no dia de sua morte como para tantos outros santos? A resposta está em dois fatos peculiares.

O primeiro é que São João é um dos poucos santos venerados na Igreja Católica que possuem duas datas litúrgicas: a de nascimento (24 de junho) e a de morte (29 de agosto). O mais comum é que a data "oficial" da festa seja a da morte do santo.

Como São João é conhecido como "anunciador", o nascimento do santo também é motivo de festejos litúrgicos pela igreja.

"É justamente porque ele é o personagem que anuncia imediatamente Cristo na Sagrada Escritura. Ele é o precursor de Jesus, no nascimento, na missão e também na morte", diz Sobrinho.

O segundo fato é que, de acordo com a tradição, João Batista seria seis meses mais velho do que Jesus. Como o Natal ficou convencionado para o dia 25 de dezembro, o nascimento de São João ficou "acordado" para 24 de junho.

"Não dá para dizer que João Batista nasceu, mesmo, em 24 de junho. A data foi firmada em torno do século 4º", completa o professor da PUC-SP.

A origem das festas

Como a data do nascimento de São João Batista foi convencionada, é possível supor que, a exemplo da Páscoa, o dia de São João foi ressignificado. Historicamente, o 24 de junho cai dias após o solstício de verão no hemisfério Norte.

"As festas, na Europa, estão ligadas à colheita. São festas pagãs, mas não há como precisar, historicamente, como isso começou. Posteriormente, por volta do século 12 ou 13, o catolicismo se apropria e insere o tempo litúrgico nessas festas", afirma Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP, mestre em história pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professora da Unipinhal (Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal), todas em São Paulo.

As festas juninas são bem emblemáticas porque trazem essa alegria da devoção. A colheita é vida, então, a festa junina traz isso.

A festa de São João, então, ganhou corpo dentro da Igreja Católica. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, a partir de 1500, trouxeram, além das tradições católicas, as festividades religiosas.

"Os portugueses tinham as chamadas festas joaninas. No Brasil, fomos secularizando e transformamos em festa junina, de mês de junho. Há grandes influências da cultura indígena nos alimentos à base de milho, mas se conserva a tradição portuguesa e europeia das quadrilhas", acrescenta Enrique de Souto.

A força de São João, sobretudo na região Nordeste do Brasil, tem ligação com a colonização do Brasil. Lá houve um enraizamento da cultura portuguesa, com São João sendo forte principalmente no interior com o catolicismo popular na vida do sertanejo.

Fogueira de São João

No imaginário popular e religioso, muitos santos são atribuídos a símbolos e a capacidades. São Jorge é o santo guerreiro; Santo Antônio é o santo casamenteiro. E São João? Além de João Batista ser associado com a imagem do cordeiro —pelo fato de anunciar a vinda do Cordeiro de Deus, isto é, Jesus—, o santo tem ligação com a fogueira.

"A fogueira é acesa no dia 23 para o dia 24 como o sinal da luz. João Batista é o homem que pregará a luz do homem. É por isso que se tem as fogueiras nas festas juninas", explica o padre Felipe Sobrinho.

Além disso, há uma outra razão, segundo Souto: a mãe de João Batista, Isabel, teria feito uma fogueira para avisar Maria que estava prestes a nascer e precisava de ajuda, porque naquela época não havia telefone.

São Pedro é um santo tão popular que mesmo quem não é católico já deve ter ouvido falar que as chuvas são responsabilidade dele. É o santo que dá continuidade aos festejos juninos com o Dia de São Pedro comemorado neste 29 de junho — dando sequência às festas ocorridas nos dias 13, com Santo Antônio, e, com São João —, em festa compartilhada com São Paulo, apesar de a cidade e o time serem mais lembrados que o santo.


Atribuir a São Pedro o poder das chuvas, no entanto, é limitar a importância do religioso para a história da Igreja Católica. O peso de Pedro é tal a ponto de ele ser considerado o primeiro papa da história. Para se ter uma ideia da antiguidade do fato, Francisco, o atual pontífice, é o papa de número 266.

São Pedro tinha outro nome

Uma leitura aos primeiros livros do Novo Testamento da Bíblia vai encontrar Pedro relacionado a outro nome: Simão, o primeiro nome do futuro santo.

Antes de virar Pedro, Simão trabalhava como pescador na região do mar da Galileia — área que hoje faz parte de Israel. Ao lado do irmão André, foi um dos primeiros discípulos de Jesus. Ambos faziam parte do grupo dos 12 apóstolos, junto de outros pescadores como Tiago e João. Com o tempo, outros oito homens foram chamados para completar o grupo dos 12.

"O registro que se tem é que, quando Jesus vai lhe dar a missão de ser coordenador dos apóstolos, ele o chama de Pedro, que significa 'rocha'", explica Fábio Enrique de Souto, padre e professor da Universidade Católica de Brasília.

O episódio é relatado no capítulo 16 do Evangelho de Mateus em passagem bastante famosa que menciona :"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". A partir de então, Simão foi conhecido como Pedro.

Líder dos apóstolos e primeiro papa

Pedro acabou se tornando o líder do grupo dos 12 apóstolos. Por isso, nada mais natural que, após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, ele assumisse a coordenação dos trabalhos. É por isso que Pedro é considerado o primeiro bispo de Roma, isto é, o primeiro papa da história.

"Historicamente, a Igreja Católica Apostólica Romana se assenta sobre a pedra de Pedro. A pedra fundamental é Pedro", diz Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP, mestre em história pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professora da Unipinhal (Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal).

"Ele adota um lugar central no cristianismo primitivo. Chamamos os papas como sucessores do apóstolo Pedro por tradição. Ele recebeu de Cristo o 'primado da fé'", acrescenta Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor na faculdade de teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Vale lembrar que os papas, assim como aconteceu com Pedro no relato bíblico, têm o nome alterado assim que são eleitos para o cargo. O nome real do papa Francisco, por exemplo, é Jorge Mario Bergoglio.

Pedro teria sido crucificado de ponta-cabeça

A missão de Pedro, de fato, era grande: dar continuidade ao trabalho de Jesus. E, ao lado de outros, como Paulo, ele seguiu pregando a palavra pelos terrenos do Império Romano.

"Pedro funda as comunidades cristãs sob as tradições de Israel, dentro da Palestina. Paulo anuncia a boa nova de Jesus fora da Palestina. Os dois são fundamentais para o cristianismo", conta Damião Sobrinho.

O trabalho de Pedro durou até aproximadamente o ano 67. Nesta época, ele teria sido crucificado a mando do Império Romano. E um detalhe: diferentemente de Jesus, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.

"Ele disse que não era digno de morrer da mesma forma que Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo", afirma de Souto.

Embora a festa de São Pedro no dia 29 de junho seja em memória do martírio do santo, não há confirmação de que a morte teria ocorrido, de fato, nesta data.

O local da morte de Pedro teria sido Roma, na atual Itália. O corpo teria sido sepultado no local onde, hoje, encontra-se a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Os ossos se encontram lá até hoje.

São Pedro e as chuvas

No imaginário popular, a passagem bíblica relatada no Evangelho de Mateus conferiu a São Pedro poderes sobrenaturais. Entre eles, o de controlar as chuvas.

"É interpretado que, se ele tem a chave do céu, ele controla o que vem do céu. Não tem fundamento teológico, é algo mais da tradição popular", afirma o padre e professor da Universidade Católica de Brasília Fábio Enrique de Souto.

As chaves, mais do que as chuvas, são relacionadas a São Pedro. Imagens e pinturas do santo incluem uma grande chave em uma das mãos. O brasão do Vaticano — cuja principal igreja é a Basílica de São Pedro — conta com duas chaves cruzadas, presentes também no emblema dos papas.

Em tempos de seca e riscos de apagão energético no Brasil, é ao santo que muitos recorrem para desejar por chuvas.

Muitos ainda brincam dizendo que quando chove muito é porque São Pedro decidiu arrumar o céu e, por isso, está lavando o chão. Em relação ao barulho dos trovões, alguns costumam dizer que é porque o santo está ‘arrastando os móveis’.

Todavia, isso não está na Bíblia, é apenas crendice popular sem base científica.


Músicas de festa junina

 CAPELINHA DE MELÃO




autor: João de Barros e Adalberto Ribeiro


 


Capelinha de melão


é de São João.


É de cravo, é de rosa, é de manjericão.


 


São João está dormindo,


não me ouve não.


Acordai, acordai, acordai, João.


 


Atirei rosas pelo caminho.


A ventania veio e levou.


Tu me fizeste com seus espinhos uma coroa de flor.


 


 


 


 


PEDRO, ANTÔNIO E JOÃO


 


autor: Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago


 


Com a filha de João


Antônio ia se casar,


mas Pedro fugiu com a noiva


na hora de ir pro altar.


 


A fogueira está queimando,


o balão está subindo,


Antônio estava chorando


e Pedro estava fugindo.


 


E no fim dessa história,


ao apagar-se a fogueira,


João consolava Antônio,


que caiu na bebedeira.


 


 


 


BALÃOZINHO 


 


Venha cá, meu balãozinho.


Diga aonde você vai.


Vou subindo, vou pra longe, vou pra casa dos meus pais.


 


Ah, ah, ah, mas que bobagem.


Nunca vi balão ter pai.


Fique quieto neste canto, e daí você não sai.


 


Toda mata pega fogo.


Passarinhos vão morrer.


Se cair em nossas matas, o que pode acontecer.


Já estou arrependido.


Quanto mal faz um balão.


Ficarei bem quietinho, amarrado num cordão.


 





SONHO DE PAPEL


 


autor: Carlos Braga e Alberto Ribeiro


 


O balão vai subindo, vem caindo a garoa.


O céu é tão lindo e a noite é tão boa.


São João, São João!


Acende a fogueira no meu coração.


 


Sonho de papel a girar na escuridão


soltei em seu louvor no sonho multicor.


Oh! Meu São João.


 


Meu balão azul foi subindo devagar


O vento que soprou meu sonho carregou.


Nem vai mais voltar. 


 


 


PULA A FOGUEIRA




autor: João B. Filho


 


Pula a fogueira Iaiá, 


pula a fogueira Ioiô.


Cuidado para não se queimar.


Olha que a fogueira já queimou o meu amor.


 


Nesta noite de festança


todos caem na dança


alegrando o coração.


Foguetes, cantos e troca na cidade e na roça


em louvor a São João.


 


Nesta noite de folguedo


todos brincam sem medo


a soltar seu pistolão.


Morena flor do sertão, quero saber se tu és


dona do meu coração.


 


 


CAI, CAI, BALÃO


 


Cai, cai, balão.


Cai, cai, balão.


Aqui na minha mão.


Não vou lá, não vou lá, não vou lá.


Tenho medo de apanhar.


 





Isto é Lá Com Santo Antônio


 


Autor: Lamartine Babo


 


Eu pedi numa oração


Ao querido São João


Que me desse um matrimônio


São João disse que não!


São João disse que não!


Isto é lá com Santo Antônio!


Eu pedi numa oração


Ao querido São João


Que me desse um matrimônio


Matrimônio! Matrimônio!


Isto é lá com Santo Antônio!


Implorei a São João


Desse ao menos um cartão


Que eu levava a Santo Antônio


 


São João ficou zangado


São João só dá cartão


Com direito a batizado


Implorei a São João


Desse ao menos um cartão


Que eu levava a Santo Antônio


Matrimônio! Matrimônio!


Isso é lá com Santo Antônio!


São João não me atendendo


A São Pedro fui correndo


Nos portões do paraíso


Disse o velho num sorriso:


Minha gente, eu sou chaveiro!


Nunca fui casamenteiro!


São João não me atendendo


A São Pedro fui correndo


Nos portões do paraíso


Matrimônio! Matrimônio!


Isso é lá com Santo Antônio


 


 


Noites de junho


 


Autor: João de Barro e Alberto Ribeiro


 


Noite fria, tão fria de junho


Os balões para o céu vão subindo


Entre as nuvens aos poucos sumindo


Envoltos num tênue véu


Os balões devem ser com certeza


As estrelas aqui desse mundo


As estrelas do espaço profundo


São os balões lá do céu


Balão do meu sonho dourado


Subiste enfeitado, cheinho de luz


Depois as crianças tascaram


Rasgaram teu bojo de listas azuis


E tu que invejando as estrelas


Sonhavas ao vê-las ser astro no céu


Hoje, balão apagado, acabas rasgado


Em trapos ao léu.


 


 





Olha Pro Céu Meu Amor


 


Autores: José Fernandes e Luiz Gonzaga


 


Olha pro céu meu amor


Veja como ele está lindo


Olha pra'quele balão multicor


Que lá no céu vai sumindo


 


Foi numa noite


Igual a esta 


Que tu me deste


O teu coração


O céu estava


Todinho em festa


Pois era noite de São João


Havia balões no ar


Xote e baião no salão


E no terreiro o seu olhar


Que incendiou meu coração


 





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O melhor da Festa Junina


Intérprete: vários


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Animando a Festa Junina


Grupo musical: São João Paidégua


Gravadora: Atração



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Português com Silvio - pronome relativo ou conjunção integrante; pleonasmos sutis

 Eis aí uma discussão que confunde os alunos nas aulas de análise sintática, sobretudo quando chegar o momento em que se estuda o período composto. Como amoooo esse assunto, vou com cautela ajudar você. Primeiramente, vou mostrar o que cada elemento significa com sua devida aplicação; segundamente, mostrarei confrontos e constrastes. Vamos para a bronca!


1. PRONOME RELATIVO


- inicia orações subordinadas adjetivas;


- retoma um antecedente expresso;


- é uma ferramenta de coesão referencial por referir-se a um antecedente;


- introduz um adjetivo de forma oracional;


- pode ser substituído por seus equivalentes: o qual, a qual, os quais, as quais.


   a) As bênçãos que me ajudarão já estão a caminho. (= As bênçãos as quais me ajudarão...)


   b) Ontem fomos ao templo que estava lotadíssima. (= Ontem fomos ao templo o qual estava...)


   c) Este é o milagre de que necessito. (= Este é o milagre do qual...)


   d) Ainda não sei o que me atormenta.*


* O caso da letra "d" pode dificultar um pouco seu entendimento, pois esse "o" que antecede o pronome relativo "que" parece um artigo, mas não é, porque não acompanha nenhum substantivo. 

É um pronome demonstrativo disfarçado e equivale a "aquilo". Construções assim são muito comuns quando o cara da banca quer ferrar você. Tenha cuidado!

É uma oração adjetiva 'enganação'.


2. CONJUNÇÃO INTEGRANTE


- inicia orações subordinadas substantivas;


- não retoma antecedente, apenas liga as orações;


- dá continuidade à estrutura sintática do período, isto é, traz a ele o que falta na oração principal;


- é uma ferramenta de coesão sequencial por justamente dar sequência a essa estrutura;


- se for possível, toda oração que ela encabeça pode ser substituída por isso ou esse.**


  e) É possível que eu vá à escola hoje. (= É possível isso.)


  f) Agora percebi que você é meu amigo. (= Agora percebi isso.)


  g) Meu desejo é que você seja feliz. (= Meu desejo é esse.)


  h) O povo necessita muito de que Deus nos abençoe. (= O povo necessita muito disso.)


  i) Ainda temos dúvidas de que você fala a verdade. (= Ainda tenho dúvidas disso.)


Dentro de um texto dissertativo-argumentativo, o pleonasmo – que é uma repetição desnecessária (também conhecida como redundância ou tautologia) - visa emitir um conceito anteriormente emitido. Por conta disso, ele deve ser evitado. Talvez você, caro estudante, já esteja acostumado com alguns já consagrados que fazem parte do nosso dia a dia, como: descer para baixo, subir para cima, hemorragia de sangue, novos lançamentos, sair para fora, entrar para dentro, certeza absoluta, si mesmo, viver a vida; contudo, os pleonasmos que aparecem nos textos dissertativos são tão sutis às vezes, que sua presença quase não é notada.


1. Criar novos planos de políticas públicas, neste momento, é necessário.


2. Esse recurso será o principal elo de ligação para gerir tal investimento.


3. O mais correto é manter o mesmo sistema já adotado em outros contextos.


4. O país ainda continua caminhando devagar no que diz respeito à evolução.


5. Percebe-se que há muito tempo atrás a mulher não gozava de tantos direitos.


6. É necessário que todos os órgãos encarem essa delicada situação de frente, para que haja, de imediato, uma amenização desse fluxo corruptível.


 


VAMOS À EXPLICAÇÃO! 


 


1. Se alguém vai "criar" um plano, certamente a criação revela um planejamento "novo".


2. No sentido figurado, "elo" já se trata de uma forma de "ligação", ou seja, uma relação, um laço. Não existe elo de separação.


3. O fato de "manter" um sistema revela que é o "mesmo" que já vinha sendo utilizado. Se for algo diferente, troca-se ou substitui-se.


4. A palavra "ainda" é um vocábulo que detona continuidade. Sendo empregada ao lado do verbo "continuar", transmite uma redundância que deve ser evitada.


5. O verbo "haver", como foi aplicado, já indica tempo decorrido, ou seja, passado. Diante disso, não há a necessidade de se empregar o vocábulo "atrás".


6. É lógico que, se alguém vai "encarar", só pode ser feito de forma frontal (= de frente), visto que "encarar" quer dizer "olhar de frente, enfrentar". Não se encara de lado ou de costas. Se houver necessidade de enfatizar, diga-se encarar firmemente, sem medo ou com determinação.


Há outros que devem ser evitados:

'consenso geral' - todo consenso é geral, não há consenso individual ou particular

'empréstimo temporário' - empréstimo e temporário são sinônimos, se for permanente será uma doação ou venda

'autocontrolar-se' - nossos dicionários registram o substantivo autocontrole e o verbo controlar. Se você quiser controlar a si mesmo, basta controlar-se

'resultado do laudo' - todo laudo é um resultado. Quem fala assim confunde laudo com exame. Se falarmos em 'analisar o resultado do exame', não há pleonasmo

'somar a mais' - somar já traz consigo a ideia de acréscimo, para menos o verbo é subtrair

'deferir favoravelmente' - todo deferimento é favorável. Se não for, será indeferido

'fato real' - se não for real, não será um fato. Uma história pode ser real ou inventada, mas um fato é sempre o que acontece

'conclusão final' - não existe conclusão semifinal ou conclusão quartas de final

Português com Silvio - predicativo do sujeito; porque - causa ou explicação

 O QUE É O PREDICATIVO DO SUJEITO?


 


É o termo qualificador do sujeito, ou seja, indica um estado, uma qualidade, um defeito e até uma condição própria do sujeito. Observe:


- Juquinha permanece quieto.


- Juquinha está estressado.


- Juquinha continua tristonho.


- Juquinha é agoniado.


- Juquinha parece alegre.


- As meninas estão emocionadas.


- Meus alunos andam preocupados.


- Juquinha virou professor.


- Ele tornou-se sério.


- Nosso vizinho vive bem.


(mas “Nosso vizinho fala bem.”, pois nesse caso o vocábulo “bem” não caracteriza o “vizinho”, e sim modifica o verbo “falar”, funcionando como adjunto adverbial de modo)


- Você é assim.


- Sua chácara é longe?


- É primavera. *


- Está frio. *


- São quatro horas. **


 * Nessas orações, embora os verbos “ser” e “estar” sejam impessoais, ou seja, não apresentem sujeito, eles são verbos de ligação. Por conta disso, temos “primavera” e “frio” como predicativos do sujeito.


** Temos aí um caso em que o verbo “ser” também é impessoal (embora esteja no plural), não possui sujeito, mas é VL. E, por conta disso, apresenta PS. No entanto, Luiz Antônio Sacconi, em “Nossa Gramática Completa”, chama-o de “predicativo neutro”, já que – como não há sujeito – por que deveria haver predicativo?


 


COMENTÁRIO DIDÁTICO 1


Há profissionais que enfatizam que o predicativo do sujeito (abreviado como “PS”) vem somente após verbos de ligação como nos exemplos acima. Esse ensino, no entanto, é equivocado, uma vez que o PS possui relação sintática com o seu sujeito, e não com nenhum verbo. Por conta disso, o nosso amável PS pode vir próximo a qualquer verbo. Veja logo abaixo.


- O pai recebeu os filhos ansioso. (“receber” é VTD e “os filhos” é OD)


- A vizinha chega cansada. (“chegar” é VI)


- Os moradores distribuíram extasiados alimentos aos venezuelanos.


   (“distribuir” é VTDI, “alimentos” é OD, “aos venezuelanos” é OI)


- Juquinha sempre conversa eufórico com seus pais.


   (“conversar” é VTI, “com seus pais” é OI)


- Minha amiga nasceu rica. (“nascer” é VI)


 


COMENTÁRIO DIDÁTICO 2


Outro ensino equivocado é dizer que o PS é sempre adjetivo. Na verdade, ele tem “valor” de adjetivo, mas pode assumir diferentes estruturas com as diversas contribuições de outras classes gramaticais. Observe:


- Meu amor é um vício. (PS em forma de substantivo)


- Esse aluno novo banca o machão. (PS em forma de substantivo)


- Todo momento é um viver eterno. (PS em forma de palavra substantivada = “viver”)


- Aquele copo parece de vidro. (PS em forma de locução adjetiva)


- Isso será tudo. (PS em forma de pronome indefinido)


- Eu não sou eu. (PS em forma de pronome pessoal)


- Nós éramos seis. (PS em forma de numeral)


- A verdade é que Deus é fofo. (PS em forma de oração substantiva predicativa - desenvolvida)


- Meu desejo é preservar minha índole. (PS em forma de oração subordinada predicativa - reduzida de infinitivo)


- Eu não sou mentiroso, mas Juquinha o é. (ou seja, “Juquinha é isso.” PS em forma de pronome demonstrativo. Em boas gramáticas, chamam o “o” de predicativo do sujeito pleonástico, uma vez que há uma redundância sintática; o pronome demonstrativo retoma o predicativo “mentiroso”)


 


COMENTÁRIO DIDÁTICO 3


Ainda sobre a estrutura do predicativo do sujeito, vale dizer que ele é muito confundido com o adjunto adverbial de modo, todavia - para sanar essa “treta” - basta que você compreenda que aquela palavra ou expressão estão diretamente ligadas ao sujeito, funcionando como caracterizador. Nesse caso, ele pode inclusive vir preposicionado. Veja:


- Juquinha está com saúde. (= saudável)


- Os policiais estavam sem munição.     


- O aluno continua sem fala. (= mudo)


- Ainda estou com sono. (= sonolento)


- Minha família está de luto.


- Finalmente Juquinha está de pé.


- O meliante ficou sem punição. (= impune)


- Os dias maus em Cristo são de pouca duração. (= pouco duradouros)


- Nosso avô caiu de cama. (= doente)


- Sua falsidade não é de estranhar. (= estranhável)


- O percurso é de cinco quilômetros.

Afinal, como saber se a conjunção PORQUE é coordenada explicativa ou subordinativa adverbial causal? 


Não quero entrar no mérito de explicar a diferença entre coordenação e subordinação, pois - mesmo explicando -  não seria suficiente para resolver de uma vez por todas essa treta gramatical. Então, dito isso, o melhor é entender o sentido do conectivo, da conjunção.


1. Como conjunção subordinada causal


- na linha do tempo, a causa sempre vem antes da consequência, ou seja, em toda sentença que houver uma causalidade, haverá também um fato consecutivo, que indica o efeito, o impacto da causa apontada na sentença;


- a causa é sinônimo de razão, motivo.


Juquinha não se inscreveu no vestibular, porque estava sem dinheiro.


Observe que a oração iniciada pela conjunção revela a causa, o motivo, a razão para para Juquinha não ter feito sua inscrição no vestibular. Já a oração desprovida da conjunção revela a consequência, isto é, o efeito (não se inscrever no vestibular) que veio a partir do fato de Juquinha não ter dinheiro. Moleza, né?



2. Como conjunção coordenada explicativa


- a conjunção inicia uma oração que revela a justificativa de ordem ou sugestão dada na oração anterior; digo isso, pois, na oração anterior, há com frequência um verbo no modo imperativo.


- ela também pode ser explicativa quando indica dedução.


a) Estude muito, porque o concurso virá em breve. (justificativa para uma sugestão dada; a ordem é transmitida pelo verbo "Estude")


b) Cale a boca, porque eu preciso de silêncio. (justificativa para uma ordem dada)


c) Esse cachorro tem pulgas, porque está se coçando. (O cachorro só se coça, porque tem pulgas? Não! Na opinião de quem observa o pobre do animal se coçando, deduz que isso ocorre por causa das pulgas. Trata-se de uma dedução.)


d) Juquinha deve estar doente, porque acabou de entrar na drogaria. (dedução, pois os que entram na drogaria também podem estar com saúde, né? Hehehe...)

Português com Silvio - predicação verbal / transitividade; predicativo do objeto e adjunto adnominal

 Também conhecido como “transitividade verbal”, a predicação é o processo gramatical que classifica, sintaticamente, o verbo e sua relação com outros termos oracionais. Eles são classificados, segundo a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), da seguinte maneira:


- verbo transitivo direto


- verbo transitivo indireto


- verbo transitivo direto e indireto ou bitransitivo


- verbo intransitivo


- verbo de ligação ou copulativo


 


Vamos aos conceitos? :D


- Verbo transitivo direto: por não ter sentido completo, pede complemento não preposicionado. A esse complemento verbal se chama “objeto direto”. São exceções os casos de objeto direto preposicionado, que não é um critério sintático, mas estilístico (ênfase, expressividade).


 


Maria ama seus cachorros. (quem ama ...ama alguma coisa ou alguém)


Pela manhã os pássaros cantam uma bela canção. (quem canta ...canta alguma coisa)


Flamengo perdeu domingo uma grande partida. (quem perde ...perde alguma coisa ou alguém)


Finalmente o aniversariante partirá o bolo. (quem parte ...parte alguma coisa ou alguém)


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COMENTÁRIO DIDÁTICO 1


Observe que ao lado de cada frase e entre parênteses, eu coloquei uma forma simples e clara de você checar a predicação do verbo.


Por exemplo: quem bebe... bebe algo, logo o verbo “beber” é VTD. Farei o mesmo mais à frente. Fique ligado!


____________________________   


 


- Verbo transitivo indireto: assim como o VTD, ele também não tem sentido completo, por isso exige complemento verbal, só que preposicionado, que é chamado de “objeto indireto”.


 


Juquinha conversa sempre com seus colegas. (quem conversa... conversa com alguém)


 

   

Confio todos os dias em Deus. (quem confia... confia em alguma coisa ou em alguém)


Esses meninos zombam muito de Juquinha. (quem zomba...zomba de alguma coisa ou de alguém)


Muitos jovens resistem durante a maratona de provas às fraquezas do corpo. (quem resiste... resiste a alguma coisa ou a alguém) 


Minotouro lutou na noite de sábado contra Ronaldo Jacaré.  (quem luta... luta contra algo ou contra alguém)


 


- Verbo transitivo direto e indireto ou bitransitivo: é o verbo que apresenta dois complementos: um direto (sem preposição) e outro indireto (com preposição)


 


Ofereci alimentação aos venezuelanos. (quem oferece...oferece alguma coisa a alguém) 


O professor explica ao aluno todo o conteúdo.  (quem explica... explica a alguém alguma coisa)


 


- Verbo intransitivo: por terem sentido completo, não exigem complemento. Podem vir acompanhados de adjuntos adverbiais. Em alguns casos, é acessório, ou seja, pode ser retirado sem nenhum prejuízo ao sentido, em outros, é necessário.


 


A criança ri em todo tempo. ("em todo tempo" é adjunto adverbial de tempo)


No final de semana, nosso cachorrinho morreu. ("no final de semana" é adjunto adverbial de tempo)


Essas crianças choram todos os dias. ("todos os dias" é adjunto adverbial de tempo)


Silvio vive em Manaus. ("em Manaus" é adjunto adverbial de lugar)


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COMENTÁRIO DIDÁTICO 2


Verbos intransitivos podem, dependendo do contexto, ser transitivos e apresentar objeto direto ou indireto.


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A criança ri um riso gostoso. ("um riso gostoso" é objeto direto, também chamado de 'objeto direto interno ou intrínseco'. Esse nome especial se deve ao teor semântico do objeto ser similar ao verbo que o precede)


O cachorro morreu uma morte dolorosa. ("uma morte dolorosa" é objeto direto interno/intrínseco)


Chorei um choro de tristeza.


Sempre vivi uma vida de bonança.


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COMENTÁRIO DIDÁTICO 3


Há uma classificação de verbo não registrada pela NGB, mas existe. Tais verbos são chamados de verbos birrelativos. Na prática, eles apresentam dois objetos indiretos.  Observe:


Silvio reclamou da comida ao gerente. ("da comida" e "ao gerente" são objetos indiretos)


Silvio se queixou do salário ao patrão. ("do salário" e "ao patrão" são objetos indiretos do verbo "queixar-se")


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Preciso falar a você que a predicação do verbo depende do contexto em que ele foi inserido. Sabe o que quero dizer com isso? Muitos verbos podem apresentar variadas tipologias. Ocorre dessa maneira, porque o falante é quem determina como tal verbo será aplicado. Observe as acepções do verbo “acabar” logo abaixo.


 


Silvio acabou o trabalho. (VTD)


Nosso namoro acaba hoje! (VI)


Juquinha acabou com as rugas. (VTI)


O bandido acabou cristão. (VL)


 


Outros verbos também podem assumir diferentes acepções. Veja abaixo:


 


O livro sai neste mês. (VI)


Corinthians saiu vitorioso. (VL)


O brinde saiu para um vizinho. (VTI)


Juquinha sempre finge a assinatura do pai. (VTD)


Aquele menino finge de rico. (VL)


O feitiço virou contra o feiticeiro. (VTI)


A canoa virou. (VI)


O motorista virou o carro à direita. (VTD)

Nesse caso, o verbo não é VTDI, porque 'à direita' é um adjunto adverbial de lugar


Minha vida virou uma bagunça. (VL)


O policial virou a arma contra o bandido. (VTDI)


O professor dá aulas de português. (VTD)


Aquele jovem dará um excelente médico. (VL)


Darei aos meus amigos meu convite de casamento. (VTDI)


Joana bancou a realização da festa. (VTD)


Aquela menina sempre banca a humilde. (VL)


A criança caiu da cama. (VI)


Juquinha caiu doente. (VL)

Primeiro, vamos conceituar cada termo para que, quando os exemplos vierem, você possa entender. Segundo, vamos chamar de PO o predicativo do objeto, e de ADN o adjunto adnominal. 


PO = é o termo que atribui uma característica ao objeto, seja ele direto, seja indireto. Outro ponto importante do PO é que ele atribui uma característica que o objeto não tinha, mas passou a ter, dando a entender que houve no objeto uma mudança, uma transformação. 


ADN = é o termo que se vincula ao núcleo (geralmente substantivo ou palavra substantivada) ao qual se refere. Vale salientar que, para não confundi-lo com o PO, é importante dizer que o ADN traz uma característica estática e fixa do termo ao qual ele faz parte. 


Observe as frases a seguir: 

 


(A) O homem nervoso procurou um médico. 

(B) A enfermeira atendeu o homem nervoso.  

 

Na oração (A), perceba que o adjetivo “nervoso” está dentro do termo do qual ele faz parte, ou seja, do “sujeito”, logo ele é ADN. Na (B), ele está dentro do OD e também é ADN, pois o adjetivo “nervoso” é uma qualificação fixa e estática do substantivo “homem”. Vale dizer que o ADN sempre estará muuuuito próximo ao seu núcleo e nunca distante, por isso o “ad-” de “adnominal” é um prefixo de origem estrangeira que quer dizer “ao lado”.  

 

(C) O juiz considerou o réu inocente. 

(D) Declarei aquele homem culpado. 

 

Em (C), temos uma característica momentânea atribuída ao objeto “o réu”. Ele não era inocente, porém – a partir de uma avaliação do juiz e mediante sua análise – ele foi considerado “inocente”. Em (D), também é possível notar que o “homem” passou a ser “culpado” mediante declaração do sujeito desinencial “eu”. Dito isso, imagina-se que o homem não era culpado, mas tornou-se. Em ambos os casos temos predicativo do objeto indireto. 

 

 

COMENTÁRIO DIDÁTICO 1 

 

Em muitas gramáticas, é possível ver que o único caso em que ocorre predicativo do objeto indireto é com o verbo “chamar”. Veja a seguir: 

 

(E) Chamam ao jovem de professor. ("de professor" é PO)

(F) Chamei-lhe de tolo. ("de tolo" é PO)

(G) Chamaram-lhe de ladrão. ("de ladrão" é PO)

(H) Chamo sempre ao vizinho de barulhento. ("de barulhento" é PO)

                     

Contudo, é válido dizer que essa afirmação é equivocada, pois o predicativo do objeto indireto também se manifesta com outros verbos transitivos indiretos. Observe: 

 

(I) Os colegas gostam de você calminha. 

(J) Seus amigos necessitam de ti normal. 

(K) As esposas só conversam com os esposos atentos. 

                    

 

COMENTÁRIO DIDÁTICO 2 

 

A depender do contexto, certos termos podem ser considerados predicativos ou adjuntos adnominais. O que vai definir a classificação exata do termo em uma coisa ou outra é o esclarecimento contextual. Observe: 

 

Encontramos o livro velho. (Não se sabe se o livro já era velho ou se ele - no momento em que foi achado - estava envelhecido pelo tempo.)


Achei a bola furada. (Não se sabe se a bola já era furada ou se, no momento em que ela foi encontrada, já estava furada.)


Ao substituir por um pronome, o adjunto adnominal desaparece e o predicativo permanece.

A prova difícil foi corrigida. - Ela foi corrigida.

Os alunos fizeram uma prova difícil. - Os alunos fizeram-na.

Os alunos acharam a prova difícil. - Os alunos acharam-na difícil.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Rito para celebração dos sacramentos

 1 - Celebração da Confissão

Ritos Iniciais - acolhimento do penitente

Liturgia da Palavra - leitura da Palavra de Deus

Liturgia específica do sacramento:

O penitente confessa os seus pecados.

Após essa confissão, o padre, com a prudência do Evangelho, orienta o penitente para a vida em Cristo com as mudanças que ela pode acarretar.

O padre dá-lhe a penitência (reparação) à qual o penitente aceita para sinalizar a reparação do pecado e emendar sua vida.

O penitente expressa sua contrição e sua confiança na misericórdia de Deus (ato de contrição).

O sacerdote, com as mãos estendidas sobre a cabeça do penitente (que pode estar ajoelhado), diz a absolvição (com a fórmula própria e essencial): “Deus, Pai de misericórdia, que pela morte e ressurreição de seu Filho reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E EU TE ABSOLVO DOS TEUS PECADOS, EM NOME DO PAI, DO FILHO, E DO ESPÍRITO SANTO. 

Ritos Finais - louvor a Deus / despedida

2 - Celebração da Unção dos Enfermos / Extrema-Unção

Ritos Iniciais - saudação inicial / convite à oração / ato penitencial

Liturgia da Palavra - leitura bíblica / breve comentário / profissão de fé / oração dos fiéis

Liturgia Específica da Unção - imposição das mãos / ação de graças sobre o óleo / sagrada unção

Fórmula Sacramental - “Por esta santa unção e por sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo. Para que, livre dos teus pecados, ele te salve, e na sua bondade, alivie os teus sofrimentos”.

Ritos Finais - oração pela cura do enfermo / Pai Nosso / comunhão / bênção e despedida

3 - Celebração do Matrimônio: fora da Missa

Ritos Iniciais - procissão / saudação inicial / oração

Liturgia da Palavra - leitura bíblica / Evangelho / salmo / homilia

Liturgia Específica do Matrimônio - interrogatório aos noivos / consentimento / aceitação

Fórmula Sacramental - “EU, (N), TE RECEBO (N), COMO MEU ESPOSO(A), E TE PROMETO SER FIEL, AMAR-TE E RESPEITAR-TE, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA, NA SAÚDE E NA DOENÇA, TODOS OS DIAS DA NOSSA VIDA.”

Ritos Complementares - bênção e entrega das alianças / oração dos fiéis / bênção nupcial

Ritos Finais - Pai Nosso / comunhão / bênção e despedida / assinatura da ata

4 - Celebração do Matrimônio: na Missa

Os ritos iniciais são feitos como de costume, omitindo-se o ato penitencial, depois do sinal da cruz, o sacerdote faz um convite aos noivos e a todos os presentes

Liturgia Eucarística - ofertório / Oração Eucarística / Pai Nosso, omitem-se o 'Livrai-nos de todos os males' e a oração da paz 'Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos', segue-se para o abraço da paz; comunhão / oração depois da comunhão

Ritos Finais - bênção e despedida / assinatura da ata

5 - Celebração do Batismo: fora da Missa

Ritos Iniciais - acolhida / pedido do sacramento / recepção das crianças / compromisso dos pais e padrinhos / procissão com o Círio Pascal

Liturgia da Palavra - leituras / salmo / Evangelho / homilia / oração dos fiéis 

Exorcismo e Unção Pré-Batismal - ladainha de todos os santos / imposição das mãos / exorcismo / unção pré-batismal

Liturgia Específica do Batismo - bênção da água / renúncia / profissão de fé / batismo

Fórmula Sacramental - “(N) EU TE BATIZO EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO”

Ritos Complementares - unção com o Santo Crisma / imposição com a veste batismal / entrega da luz / Éfeta

Ritos Finais - Pai Nosso / consagração a Nossa Senhora / bênção e despedida

6 - Celebração do Batismo: na Missa

Ritos Iniciais - comentário inicial / canto de entrada / sinal da cruz e saudação inicial / pedido do batismo / hino de louvor (exceto no Advento e na Quaresma) / oração do dia

Omite-se o ato penitencial

Liturgia da Palavra - leituras / salmo / Evangelho / homilia / oração dos fiéis 

Exorcismo e Unção Pré-Batismal - ladainha de todos os santos / imposição das mãos / exorcismo / unção pré-batismal

Liturgia Específica do Batismo - bênção da água / renúncia / profissão de fé / batismo

Fórmula Sacramental - “(N) EU TE BATIZO EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO”

Ritos Complementares - unção com o Santo Crisma / imposição com a veste batismal / entrega da luz / Éfeta

Liturgia Eucarística - ofertório / Oração Eucarística / Pai Nosso / oração pela paz / abraço da paz - opcional / comunhão / momento de reflexão - muito importante / oração depois da comunhão

Ritos Finais - vivência / consagração a Nossa Senhora / bênção e despedida 

7 - Celebração do Crisma

Celebra-se a Missa como de costume, com as seguintes inserções: apresentação dos crismandos, renovação das promessas batismais, imposição das mãos, unção com o Santo Crisma, sinal de paz, sinal de fortaleza

Fórmula Sacramental - “(N) RECEBE POR ESTE SINAL O ESPÍRITO SANTO, DOM DE DEUS”

Terminada a unção, a missa segue como de costume.

8 - Celebração da Ordem

Celebra-se a missa como de costume, com as seguintes inserções: apresentação dos candidatos, promessas, ladainha de todos os santos, imposição das mãos, oração de consagração, unção com o Santo Crisma, imposição das vestes, entrega dos objetos: diáconos (evangeliário), presbíteros (cálice e patena), bispos (evangeliário, anel, mitra, báculo pastoral e pálio), recepção no grau da ordem, alocução, bênção, bênção ao povo - somente no caso de ordenação episcopal

Fórmula Sacramental 

(para diáconos) “Envia sobre ele, Senhor, o Espírito Santo, para que, fortalecido com tua graça dos sete dons desempenhe com fidelidade seu ministério.”

• (para presbíteros) “ Nós te pedimos, Pai Todo-poderoso, confiras a este teu servo a dignidade do presbiterado; renova no coração dele o Espírito de santidade. Receba de ti o sacerdócio de segundo grau e seja, com sua conduta, exemplo de vida.”

• (para bispos) “Infundi agora sobre este teu servo que escolheste, a força que de ti procede: o Espírito de Soberania que deste ao teu amado Filho, Jesus Cristo, e que ele, por sua vez, comunicou aos santos apóstolos, que estabeleceram a Igreja em diversos lugares como teu santuário para glória e louvor incessante de teu nome.”

Mudanças na terceira edição do Missal

 Já dedicamos duas postagens aqui em nosso blog a analisar algumas mudanças que serão trazidas pela terceira edição do Missal Romano, cujo processo de tradução pela CETEL (Comissão Episcopal de Textos Litúrgicos) encontra-se em suas etapas finais.  Lembrando que atualmente no Brasil usamos a segunda edição do Missal Romano, publicada em latim em 1975 e traduzida em 1991.


A primeira postagem foi dedicada ao Próprio do Tempo, isto é, aos diversos períodos do Ano Litúrgico, e a segunda trouxe as Missas dos santos. Nesta terceira e última parte vamos analisar as Missas rituais, para diversas necessidades e votivas.



Missal Romano, tradução da 3ª edição: Material de estudo (CNBB)


Missas rituais


As Missas rituais são aquelas utilizadas para alguns sacramentos e sacramentais quando estes são celebrados na Missa, conforme as normas dos respectivos Rituais.


1.  Iniciação Cristã:


Começamos pela Iniciação Cristã de adultos, que antes dos sacramentos possui uma série de ritos preparatórios, durante o período do catecumenato.


O primeiro deles é o Rito da Eleição ou da Inscrição do nome, o qual possui uma Missa própria (cf. Missal Romano, 2ª edição, p. 777). Sobre esta se esclarece no novo Missal que deve ser celebrada quando se realiza o Rito fora do tempo próprio, isto é, o I Domingo da Quaresma (quando então se reza a Missa do dia).


Passamos então aos Escrutínios, que possuem três formulários próprios de orações (pp. 788-791). Na nova edição do Missal se esclarece que nestas Missas sempre se usam os prefácios próprios dos Domingos III, IV e V da Quaresma (pp. 197.204.212), mesmo em outro tempo litúrgico [1].


Há também, atualmente, uma intercessão própria pelos padrinhos dos catecúmenos a ser dita nas três celebrações quando se usa a Oração Eucarística I (Missal, p. 789; Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, p. 200). Na terceira edição do Missal, porém, são acrescentadas intercessões pelos padrinhos também nas Orações Eucarísticas II e III.


Para o Batismo a nova edição traz apenas um esclarecimento: nesta Missa omite-se o Ato Penitencial (substituído pelos ritos de acolhida do Batismo) e o Creio (substituído pela renovação das promessas batismais), mas reza-se ou canta-se o Glória.


Praticamente o mesmo é dito para o sacramento da Crisma: omite-se o Creio (substituído pela renovação das promessas batismais), mas reza-se ou canta-se Glória.


Porém, aqui também há uma mudança similar à Missa dos escrutínios: além da intercessão própria pelos crismandos na Oração Eucarística I (Missal, p. 795; Pontifical Romano, p. 45), são acrescentadas intercessões próprias também nas Orações Eucarísticas II e III.



2. Demais sacramentos:


Passando aos demais sacramentos, começamos pela Unção dos Enfermos, sobre a qual não há menção no atual Missal. Na nova edição, porém, orienta-se que quando se celebra este sacramento na Missa tomam-se as orações do formulário “Pelos doentes” (Missal, pp. 924-925). Além disso, para a Unção o novo Missal traz duas fórmulas de bênção, tomadas do respectivo Ritual (p. 45)


Para o sacramento da Ordem, temos na atual edição do Missal apenas a intercessão pelos ordenados na Oração Eucarística I, remetendo, para as orações, às Missas para diversas necessidades “Pelo Bispo” (pp. 883-885), “Pelo sacerdote” (pp. 887-888) e “Pelos ministros da Igreja” (p. 892).


Esta referência aos formulários para as diversas necessidades trata-se de um erro, pois embora algumas orações dessas Missas sejam iguais aos do ritual das ordenações, presentes no Pontifical Romano, sobretudo as coletas são diferentes (e mesmo algumas orações iguais têm partes próprias no caso das ordenações).


A terceira edição típica do Missal (em latim) traz todas as orações das Missas rituais das ordenações, como estão no Pontifical Romano, além das intercessões pelos ordenandos nas Orações Eucarísticas I, II, III e IV (já presentes no atual Pontifical) e as bênçãos próprias para estas celebrações.



Papa Francisco preside uma Ordenação de presbíteros - 2019

(Na imagem usa-se a edição italiana do Ritual de Ordenações)


Não sabemos como a tradução brasileira tratará esta questão. Seria interessante (e aqui é a opinião do autor deste blog) reproduzir no Missal ao menos as intercessões das Orações Eucarísticas, para evitar uma “troca de livros” durante este momento. Para as demais orações, poderia remeter-se ao Pontifical.


Por fim, na ordem em que estão impressos os sacramentos no Missal, temos o Matrimônio, sobre o qual há três pequenos acréscimos:

A orientação de omitir o Ato Penitencial (substituído pelos ritos iniciais do sacramento), mas rezar ou cantar o Glória;

O acréscimo de intercessões próprias pelos noivos nas Orações Eucarísticas II e III, já presentes no Ritual (p. 118), enquanto que o atual Missal traz apenas a intercessão da Oração Eucarística I (p. 803);

O acréscimo de duas coletas alternativas.


3. Sacramentais:


Para os sacramentais, o novo Missal também traz alguns pequenos acréscimos e esclarecimentos. Primeiramente, para a Bênção de abade ou abadessa a terceira edição traz intercessões próprias pelo novo abade ou nova abadessa nas Orações Eucarísticas I, II, III e IV e as bênçãos próprias no fim da Missa. Cumpre dizer que, por alguma razão, nenhuma destas orações está presente no Pontifical, nem mesmo a eucologia menor (presente, porém, no Missal, às pp. 815-816) [2].


Na Missa para a Consagração de virgens o novo Missal acrescenta apenas outra opção de bênção, tomada do Pontifical Romano (p. 326).


Em relação à Instituição de leitores e acólitos, sobre a qual o atual Missal se cala, a terceira edição orienta celebrar a Missa “Pelos ministros da Igreja” (pp. 891-892).


Por fim, cumpre dizer que na edição típica as Missas em aniversário de matrimônio e aniversário de profissão religiosa foram deslocadas das Missas rituais para as Missas para diversas necessidades, sobre as quais falaremos a seguir.


Missas para diversas necessidades:


As Missas para diversas necessidades ou para diversas circunstâncias são formulários de orações por intenções específicas, tanto pela Igreja quanto por situações da vida pública.


Na terceira edição do Missal destaca-se, primeiramente, a mudança na ordem dos formulários, de modo a dar mais destaque a algumas celebrações. Por exemplo, a Missa “Pela família”, atualmente o formulário n. 43, tornou-se o formulário n. 12.



Papa Francisco abençoa com o Evangeliário durante o "Sínodo da Família" (2015)


A maior mudança, porém, é a inserção de um formulário novo: a Missa “Para pedir a castidade” (“Ad postulandam continentiam”), com a eucologia menor completa. Com a inserção deste formulário e das Missas em aniversário de matrimônio e de profissão religiosa, as Missas para diversas necessidades na terceira edição sobem de 46 para 49.


Além do novo formulário, três Missas já existentes na atual edição do Missal recebem alterações:


A Missa “Para promover a concórdia” foi enriquecida de uma nova coleta alternativa e a orientação a usar o prefácio da Missa pela unidade dos cristãos;


À Missa “Pelo perdão dos pecados” foi acrescentado um novo formulário alternativo completo (orações do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão);


Também para a Missa “Em qualquer necessidade” foi acrescentado um novo formulário alternativo completo, somando-se aos dois já existentes no atual Missal.


Ainda sobre as Missas para diversas necessidades, temos na terceira edição um esclarecimento sobre quando usar as duas Orações Eucarísticas (OE) sobre a reconciliação (no atual Missal para o Brasil numeradas como VII e VIII).


Sobre as OE para diversas circunstâncias (VI-A, VI-B, VI-C e VI-D) o atual Missal já esclarece (p. 839), porém cala-se sobre as outras duas. Na terceira edição do Missal especifica-se quando usar as OE VII e VIII:

- nas Missas para diversas necessidades “Para promover a concórdia”, “Pela reconciliação”, “Pela conservação da paz e da justiça”, “Pelo perdão dos pecados” e “Para pedir a caridade”;

- nas Missas votivas da Santa Cruz, da Santíssima Eucaristia e do Preciosíssimo Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo;

- nas Missas do Tempo da Quaresma, particularmente nos dias de semana.



Papa Francisco preside uma Liturgia Penitencial no Vaticano


Nos dois últimos casos (Missas votivas e da Quaresma), embora as duas OE sobre a reconciliação possuam prefácios próprios, é permitido rezá-las com outros prefácios, especialmente os da Quaresma. Isto as difere das OE VI-A até VI-D, as quais possuem prefácios próprios que não podem ser substituídos, razão pela qual não devem ser usadas nas Missas durante o Ano Litúrgico (no futuro podemos fazer uma postagem indicando quando usar cada OE).


Por fim, ainda sobre o tema das Orações Eucarísticas, na edição típica revisada do Missal Romano (2008), as OE para Missas com crianças (no atual Missal numeradas como IX, X e XI) foram omitidas. Embora seu uso continue permitido, deu-se a entender que, devido a seu uso extraordinário, poderiam ser impressas em um encarte à parte do Missal. Não sabemos, porém, como a CETEL vai proceder neste assunto.


Missas votivas:


Os últimos textos do Missal sobre os quais analisaremos as mudanças da terceira edição são as Missas votivas, celebrações em honra dos mistérios do Senhor, ou em honra da Virgem Maria ou dos santos que podem ser rezados para favorecer a devoção dos fiéis. Em relação a estas Missas temos pequenos esclarecimentos e acréscimos:


Primeiramente, em relação à Missa votiva à Divina Misericórdia (cf. Missal, p. 941) é reforçado que não pode ser celebrada no II Domingo da Páscoa, também chamada “da Divina Misericórdia”, o qual possui textos próprios.


A Missa votiva de Cristo, sumo e eterno sacerdote (p. 943), que no atual Missal é indicada como formulário B da Missa da Santíssima Eucaristia, recebeu título próprio, destacando assim sua importância, reforçada sobretudo após o Ano Sacerdotal celebrado pelo Papa Bento XVI entre 2009 e 2010.


À Missa votiva do Santíssimo Nome de Maria (p. 954), até então contando apenas com uma oração do dia, foram acrescentadas uma nova coleta alternativa e orações sobre as oferendas e após a Comunhão próprias, as duas ultimas tomadas da Coletânea de Missas de Nossa Senhora (pp. 124-125). As orações da Missa votiva são distintas da Memória do Santíssimo Nome de Maria, no dia 12 de setembro, sobre o qual falamos na segunda parte deste estudo.


Ainda para promover a piedade mariana foi acrescentada na terceira edição a Missa votiva de Maria, Rainha dos Apóstolos, com toda a eucologia menor própria, tomada da Coletânea de Missas de Nossa Senhora (pp. 108-109). A oração do dia desta Missa, porém, já está presente no atual Missal como coleta alternativa para o Comum de Nossa Senhora no Tempo Pascal (p. 738).



Maria, Rainha dos Apóstolos


Por fim, foi acrescentada a Missa votiva de São João Batista, na qual se tomam as orações da Missa da Vigília da Solenidade da sua Natividade (pp. 599-600). Esta, porém, não é uma novidade total, uma vez que o atual Missal já indica que a citada Missa da Vigília pode também ser celebrada como votiva (p. 600).


* * *


Concluímos assim nosso percurso pela terceira edição típica do Missal Romano, indicando algumas das mudanças em relação à segunda edição, atualmente usada no Brasil. Aguardemos agora que a CETEL conclua o processo de revisão do texto e o encaminhe para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.


Dada a relativa liberdade das Conferências Episcopais na tradução dos textos litúrgicos, sobretudo a partir do Motu proprio Magnum Principium, podemos esperar algumas adaptações, como já existem na tradução da segunda edição.


Até termos em mãos o novo Missal, peçamos ao Senhor: “Concedei, ó Deus, ao povo cristão conhecer a fé que professa e amar a Liturgia que celebra. Por Cristo, nosso Senhor. Amém” (Missal Romano, Oração sobre o povo n. 3, p. 531).


Notas:

[1] Na atual edição do Missal a orientação é usar o prefácio do tempo quando se celebram as Missas dos escrutínios fora dos domingos da Quaresma. É uma escolha bastante acertada da nova edição, uma vez que os referidos prefácios não estão atrelados necessariamente à espiritualidade quaresmal, mas aos Evangelhos proclamados: a samaritana, o cego de nascença e a ressurreição de Lázaro.


[2] Como vimos nas partes anteriores do nosso estudo, as três orações - oração do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão - formam a eucologia “menor” em comparação à eucologia “maior”, que é a Oração Eucarística. A palavra “eucologia” significa “conjunto de orações”.

Na primeira postagem desta série começamos a analisar algumas mudanças que serão trazidas pela terceira edição do Missal Romano em relação à atual (no Brasil usamos a segunda edição do Missal Romano, publicada em latim em 1975 e traduzida em 1991).

Após percorrer as mudanças no “Próprio do Tempo”, isto é, nas celebrações dos diversos períodos do Ano Litúrgico, agora analisaremos as Missas dos santos, deixando para a próxima postagem as Missas rituais, para diversas necessidades e votivas.


Missal Romano, tradução da 3ª edição: Material de estudo (CNBB)

Próprio dos Santos

1. Novos santos inseridos na III edição:

O Próprio dos Santos contém as orações específicas para os santos celebrados em datas fixas do calendário. Desde a publicação da segunda edição do Missal, que usamos atualmente, diversos santos foram inscritos no Calendário Romano Geral e devem ter suas orações publicadas na nova edição, que está sendo traduzida pela CETEL (Comissão Episcopal de Textos Litúrgicos).

É importante dizer que nem todo santo canonizado é inserido no Calendário Geral: comumente é inscrito apenas no calendário próprio de seu país de origem ou atuação (ou de sua congregação, no caso de religiosos). Um santo só é inscrito no Calendário Geral, tendo sua devoção proposta a toda a Igreja, por Decreto da Congregação para o Culto Divino. Geralmente são escolhidos santos de maior importância, cuja devoção transcende apenas uma região.

Os novos santos inscritos no Calendário Geral já podem ser celebrados, sendo inclusive citados no Diretório Litúrgico publicado anualmente pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Porém, estes não possuem ainda orações próprias no Missal. São estas orações, como veremos abaixo, que encontraremos na sua nova edição.

a) Celebrações cristológicas:

Seguindo a ordem de precedência das celebrações, começamos com uma festa do Senhor: a Memória facultativa do Santíssimo Nome de Jesus, no dia 03 de janeiro.

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II celebrava-se no dia 01 de janeiro, oito dias após o Natal, a Festa da Circuncisão do Senhor, na qual se recordava a imposição do seu nome (Lc 2,21). Com a reforma litúrgica, a data foi ocupada pela Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

Considerando o fundamento bíblico, o rico simbolismo do “nome” e a devoção a ele cultivada por algumas famílias religiosas, a celebração foi reproposta de maneira facultativa no primeiro dia litúrgico livre após 01 de janeiro. Como no dia 02 já há uma memória obrigatória, como veremos adiante, a data definida foi 03 de janeiro.


Esta memória possui toda a eucologia menor própria: oração do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão [1]. Há também a Missa votiva do Santíssimo Nome de Jesus, com outras orações, que continua presente na terceira edição (cf. Missal Romano, 2ª edição, pp. 944-945).

b) Celebrações marianas:

Passando às celebrações da Virgem Maria, temos três acréscimos: primeiramente, a Memória facultativa de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio, que possui apenas a oração do dia própria.



Em seguida, retornando ao simbolismo do “nome”, temos a inserção da Memória facultativa do Santíssimo Nome de Maria, inscrita no dia 12 de setembro [2]. Assim como a memória do Nome de Jesus, esta celebração possui toda a eucologia menor própria. O nome de Maria possui também sua Missa votiva, sobre a qual falaremos na terceira parte do nosso estudo.

Há também uma celebração mariana que não consta na terceira edição típica do Missal, uma vez que foi inserida no Calendário após sua impressão, mas que com certeza virá na tradução brasileira. Trata-se da Memória facultativa de Nossa Senhora de Loreto, no dia 10 de dezembro, inserida no Calendário Romano Geral pelo Decreto divulgado em outubro de 2019.

Por fim, na edição revista do Missal Romano (2008) a celebração de Nossa Senhora de Guadalupe (12 de dezembro) foi proposta a toda a Igreja como memória facultativa. Porém, sendo padroeira da América Latina, esta advocação mariana já consta no calendário próprio do Brasil com o grau de Festa.

c) Celebrações hagiológicas:

A terceira categoria no Próprio são as celebrações hagiológicas, isto é, dos santos e santas. Na terceira edição típica do Missal temos a inserção de dez santos, sendo uma memória obrigatória (que deve ser celebrada) e nove memórias facultativas (que podem ser celebradas ou não, à critério da comunidade e do sacerdote).

Todas as dez celebrações indicadas abaixo possuem apenas a oração do dia própria (devendo as demais orações ser tomadas dos Comuns dos Santos). Os dois santos indicados com um asterisco (*) foram inseridos na versão revisada do Missal em 2008.

Memória obrigatória:
23 de setembro: São Pio de Pietrelcina, Presbítero (*) - Canonizado por João Paulo II em 2002, mesmo ano da publicação da edição típica.



Memórias facultativas:
08 de fevereiro: Santa Josefina Bakhita, Virgem;
21 de maio: São Cristóvão Magallanes, Presbítero, e seus companheiros, Mártires;
22 de maio: Santa Rita de Cássia, Religiosa;
08 de julho: Santo Agostinho Zhao Rong, Presbítero, e seus companheiros, Mártires [3];
20 de julho: Santo Apolinário, Bispo e Mártir;
24 de julho: São Charbel Makhluf, Presbítero;
09 de agosto: Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), Virgem e Mártir;
25 de novembro: Santa Catarina de Alexandria, Virgem e Mártir;
09 de dezembro: São Juan Diego Cuauhtlatoatzin (*).

Temos ainda outras quatro memórias facultativas que foram inseridas no Calendário mais recentemente, durante o pontificado do Papa Francisco. São elas, em ordem de inserção no calendário:

11 de outubro: São João XXIII, Papa (Decreto divulgado em setembro de 2014);
22 de outubro: São João Paulo II, Papa (Decreto divulgado em setembro de 2014);
29 de maio: São Paulo VI, Papa (Decreto divulgado em fevereiro de 2019);
05 de outubro: Santa Faustina Kowalska, Virgem (Decreto divulgado em maio de 2020).

2. Calendário próprio do Brasil:

Além do Calendário Romano Geral, comum a toda a Igreja, sobre o qual já falamos acima, existem os calendários próprios de um determinado país, região, diocese ou família religiosa. No caso do Brasil, além da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira nacional, celebrada no dia 12 de outubro com o grau de Solenidade, temos como celebrações próprias as memórias dos santos brasileiros.

Primeiramente há o caso de São José de Anchieta, Presbítero, cuja memória já consta no atual Missal (p. 591), no dia 09 de junho, porém ainda indicado como beato. Esta informação será atualizada, dado que ele foi canonizado pelo Papa Francisco em 2014.

Além de Anchieta temos três outros santos canonizados após a atual tradução do Missal, em 1991, que já devem ser celebrados, pois os três são indicados no Diretório Litúrgico como Memórias obrigatórias, mas que ainda não possuem orações próprias no Missal (em suas celebrações atualmente tomam-se todas as orações do Comum dos Santos). É razoável supor que a CETEL proporá orações próprias (ao menos a oração do dia) para estas três memórias:

09 de julho: Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Virgem, canonizada pelo Papa João Paulo II em 2002;
03 de outubro: Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Presbíteros, e seus companheiros, Mártires, canonizados pelo Papa Francisco em 2017;
25 de outubro: Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Religioso, canonizado pelo Papa Bento XVI em 2007.

Há ainda o caso mais recente de Santa Dulce dos Pobres, Religiosa, canonizada pelo Papa Francisco em 2019, cuja memória não consta no Diretório Litúrgico deste ano de 2020, mas cuja celebração provavelmente será inserida no dia 13 de agosto.


Canonização de Santa Dulce (13 de outubro de 2019)

3. Alterações em celebrações já existentes:

Além das celebrações novas inseridas na terceira edição do Missal, temos uma série de celebrações de santos já existentes na atual edição que sofrerão alguma alteração, seja com a inserção de novos textos ou com a substituição dos atuais.

a) Acrescentadas orações sobre as oferendas e após a Comunhão próprias:

Primeiramente temos quatro memórias obrigatórias que atualmente contam apenas com a oração do dia própria e que na terceira edição recebem também as orações sobre as oferendas e após a Comunhão:

02 de janeiro: São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno, Bispos e Doutores da Igreja (cf. Missal Romano, 2ª edição, p. 538);
26 de janeiro: São Timóteo e São Tito, Bispos (p. 545);
14 de fevereiro: São Cirilo, Monge, e São Metódio, Bispo (p. 555);
07 de março: Santas Perpétua e Felicidade, Mártires (p. 558);

b) Acrescentada uma coleta alternativa:

A Memória facultativa de São Luís Maria Grignion de Montfort, Presbítero (p. 574), no dia 28 de abril, recebe uma oração do dia alternativa, que se soma à atual, podendo ser proferida à escolha.

c) Elaborada uma nova coleta:

Temos outras duas celebrações que recebem uma nova coleta que substitui a atual. Nos dois casos a oração do dia presente na segunda edição do Missal é bastante “genérica”. Portanto, as novas orações trazem aspectos mais específicos da vida dos santos.

14 de outubro: Memória facultativa de São Calisto I, Papa e Mártir (p. 679) - A nova oração destaca sua piedade para com os fiéis defuntos (“pietatem erga christifideles defunctos”), tendo cuidado das catacumbas que levam seu nome em Roma;

22 de novembro: Memória obrigatória de Santa Cecília, Virgem e Mártir (p. 706) - A padroeira dos músicos recebe uma nova oração que recorda-nos como ela cantou as maravilhas do Senhor (“praedicent mirabilia”).

d) Elaborado um novo prefácio:

Por fim, temos uma celebração alterada durante o pontificado do Papa Francisco. Trata-se da Memória obrigatória de Santa Maria Madalena (pp. 618-619), no dia 22 de julho, que a partir do Decreto divulgado em junho de 2016 é elevada à categoria de Festa e recebe um prefácio próprio, “De apostolorum apostola” (“A apóstola dos apóstolos”). É este novo prefácio que devemos aguardar na nova edição brasileira do Missal.


Aparição do Ressuscitado a Maria Madalena - Alexander Ivanov (séc. XIX)

Comuns dos Santos

Passamos agora aos Comuns dos Santos, formulários de orações usados nas Missas dos santos que não possuem textos próprios, conforme as diversas categorias (Mártires, Pastores, Virgens...).

1. Comum de Nossa Senhora:

O primeiro Comum a receber alterações é o de Nossa Senhora. Atualmente há no Missal três formulários completos de orações “ordinários”, isto é, que podem ser usados em qualquer tempo (especialmente no Tempo Comum) e três para tempos específicos (Advento, Natal e Páscoa).

Os formulários “ordinários” na nova edição passam a ser oito: aproveitando as coletas alternativas já existentes (pp. 733-735.739), além da coleta n. I da Missa de “Maria, filha eleita de Israel” (Coletânea de Missas de Nossa Senhora, p. 34), o Comum é enriquecido especialmente com orações sobre as oferendas e após a Comunhão tomadas (literalmente ou com pequenas alterações) da Coletânea de Missas de Nossa Senhora.

Também as Missas de Nossa Senhora no Advento e no Natal recebem novas orações alternativas, algumas tomadas da Coletânea, outras de nova composição.

2. Comum dos Mártires:

O Comum dos Mártires, por sua vez, é enriquecido primeiramente de um novo prefácio, “De mirabilibus Dei in martyrum victoria” (“Das maravilhas de Deus na vitória dos mártires”), podendo ser usado à escolha ao lado do atual prefácio desta insigne categoria de santos.

Além disso, este Comum ganha um novo formulário completo de Missa, com as três orações da eucologia menor: “Por um missionário mártir” (“Pro uno missionario martyre”). Já há no Missal um formulário “Para vários missionários mártires”, com orações no plural, enriquecido agora por esse no singular.

3. Comum dos Pastores:

No Comum dos Pastores temos o acréscimo de três coletas alternativas, uma na Missa “Para um Papa” (“Pro Papa”) e duas na Missa “Para um Bispo” (“Pro episcopo”).

4. Comum dos Santos:

Por fim, para o Comum dos Santos, a nova edição do Missal traz três novos formulários completos de Missas (com as três orações da eucologia menor), englobando as seguintes subcategorias de santos: “Para um abade” (“Pro abbate”) [4], “Para um monge” (“Pro monacho”) e “Para uma monja” (“Pro moniali”)


Um santo monge retratado no Menológio de Basílio II (séc. X-XI)

* * *

Chegamos assim ao fim desta segunda parte da nossa análise de algumas mudanças na terceira edição do Missal Romano. Na terceira e última parte traremos as Missas rituais, para diversas necessidades e votivas.

Notas:
[1] Como vimos na primeira parte do nosso estudo, as três orações - oração do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão - formam a eucologia “menor” em comparação à eucologia “maior”, que é a Oração Eucarística. A palavra “eucologia” significa “conjunto de orações”.

[2] A Natividade de Maria é celebrada (com grau de Festa) no dia 08 de setembro. Portanto, a data para a celebração do seu nome deveria ser 15 de setembro, oito dias depois. Porém, como no dia 15 se celebra a Memória obrigatória de Nossa Senhora das Dores, o Nome de Maria foi deslocado para o dia litúrgico livre mais próximo, 12 de setembro (dia 14 é a Festa da Exaltação da Santa Cruz e dia 13 a Memória obrigatória de São João Crisóstomo).

[3] No Calendário Romano geral a memória de Santo Agostinho Zhao Rong e seus companheiros está inscrita no dia 09 de julho. Mas, como no calendário próprio do Brasil celebra-se neste dia a Memória obrigatória de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a memória dos mártires chineses foi antecipada.

[4] No Missal atual (2ª edição) há uma coleta para um santo abade dentro da subcategoria “Para religiosos” (p. 777), a qual integra o novo formulário completo.

A tradução da terceira edição típica do Missal Romano encontra-se em suas etapas finais. A CETEL (Comissão Episcopal de Textos Litúrgicos) está em processo de revisão do material antes de enviá-lo à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos para sua aprovação.

Vale lembrar que usamos no Brasil a segunda edição do Missal Romano, publicada em sua forma típica (em latim) em 1975 e traduzida para o português do Brasil em 1991. A terceira edição foi publicada em latim em 2002 e revisada em 2008, sendo esta a tradução que aguardamos.

À luz deste processo, gostaríamos de apresentar algumas das mudanças que serão trazidas por esta terceira edição. Não vamos entrar aqui em questões de tradução, nos limitando a apresentar as mudanças que dizem respeito a toda a Igreja.


Missal Romano, tradução da 3ª edição: Material de estudo (CNBB)

Nesta postagem analisaremos o chamado “Próprio do Tempo”, isto é, as celebrações dos diversos períodos do Ano Litúrgico, enquanto que dedicaremos outras duas postagens às Missas dos santos, rituais, para diversas necessidades e votivas.

Próprio do Tempo

1. Missa da Vigília nas Solenidades da Epifania e da Ascensão

O Calendário Romano Geral possui dez solenidades do Senhor. Cinco delas, porém, são particularmente importantes, elencadas nos números 1 e 2 da Tabela de precedência dos dias litúrgicos: Páscoa, Natal, Epifania, Ascensão e Pentecostes.

Três destas celebrações já possuem vigílias: em primeiro lugar, naturalmente, a Vigília Pascal, “mãe de todas as vigílias” e coração do Ano Litúrgico; depois a Vigília de Pentecostes, que pode ser celebrada de forma simples ou de forma solene (com várias leituras); e por fim a Vigília do Natal, que raramente é celebrada, sendo “obscurecida” pela Missa da Noite.

Com a inserção das Missas da Vigília da Epifania e da Vigília da Ascensão, as cinco grandes solenidades do Senhor passam a contar com formulários próprios de orações a serem rezadas na tarde do dia anterior [1]. As duas novas vigílias são compostas de oração do dia (também chamada de “coleta”), oração sobre as oferendas e oração após a Comunhão próprias (a chamada “eucologia menor”) [2].

A coleta da nova Vigília da Epifania é a atual oração da segunda-feira após a Epifania (Missal Romano, 2ª edição, p. 168). Portanto, foi proposta uma nova oração para este dia. Para a Solenidade da Ascensão, por sua vez, foi acrescentada também uma nova coleta alternativa para a Missa do dia.


2. As estações quaresmais:

Antes de entrar no Tempo da Quaresma, a terceira edição do Missal aprofunda o tema das “estações quaresmais”, que são mencionadas vagamente na atual versão (p. 174). Recolhendo a contribuição do Cerimonial dos Bispos, se especifica como celebrar as estações.

3. As flores e instrumentos musicais na Quaresma:

Na mesma página é especificado que durante a Quaresma proíbe-se ornar o altar com flores e os instrumentos musicais devem apenas sustentar o canto - exceto no IV Domingo (Laetare), nas solenidades e festas. Estas informações estão ausentes na atual edição do Missal, embora sejam descritas no Diretório Litúrgico.

4. Orações sobre o povo para todos os dias da Quaresma:

Seguindo uma antiga tradição, que remete mais uma vez às antigas “estações quaresmais romanas”, a terceira edição do Missal traz uma oração sobre o povo para cada dia da Quaresma, desde a Quarta-feira de Cinzas até a quarta-feira da Semana Santa, as quais podem ser proferidas à escolha (ad libitum).

A oração sobre o povo é uma breve oração recitada antes da bênção final da Missa, logo após a invocação “O Senhor esteja convosco”. Atualmente é prevista uma oração sobre o povo para a Celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa (sem a bênção em seguida), bem como uma série de 26 orações sobre o povo que podem ser usadas de maneira facultativa em qualquer Missa (pp. 531-534).

Inclusive algumas das orações próprias para os dias da Quaresma na terceira edição são tomadas desta série do atual Missal, a qual permanecerá na nova edição, sendo enriquecida de alguns formulários, substituindo os que foram transladados à Quaresma.

Apesar da inserção da série de orações sobre o povo para a Quaresma, esperamos (e aqui é a opinião do autor deste blog) que a tradução do novo Missal conserve a bênção solene própria para este tempo (cf. Missal Romano, 2ª edição, p. 521), dada a riqueza do seu texto.


Papa Francisco abençoa na Missa da Quarta-feira de Cinzas (2020)

5. Coleta alternativa para a sexta-feira da V semana da Quaresma:

Para a sexta-feira da V semana da Quaresma, a última sexta-feira deste tempo, é proposta uma segunda opção de oração do dia ou “coleta”, que pode ser proferida à escolha, a qual recorda a participação da Virgem Maria no Mistério Pascal do seu Filho.

Na edição de 1962 do Missale Romanum já havia neste dia uma Missa votiva às “Sete Dores de Nossa Senhora” (“Septem Dolorum Beatae Mariae Virginis”). Tal tradição é conservada na Terra Santa, onde se celebra a Missa na última sexta-feira da Quaresma no pequeno altar de Nossa Senhora das Dores junto ao Calvário na Basílica do Santo Sepulcro.

6. O sinal da cruz no Domingo de Ramos, na Vigília Pascal e na Festa da Apresentação do Senhor:

Embora seja uma questão menor, esta ainda gera dúvidas, sobretudo em relação aos dois primeiros casos a seguir. Na atual edição do Missal Romano, no início da Missa do Domingo de Ramos, da Vigília Pascal e da Festa da Apresentação do Senhor é dito somente: “o sacerdote saúda o povo como de costume” (pp. 220.271.547).

No novo Missal é esclarecido que nessas três celebrações, antes da saudação inicial, faz-se o sinal da cruz normalmente, como o Cerimonial dos Bispos já havia indicado.

7. A Missa Crismal:

Esta também é uma questão menor, mas a apresentamos aqui como curiosidade. Provavelmente na nova edição do Missal não serão mais impressas as orações para a Bênção dos Óleos dos Enfermos e dos Catecúmenos e para a Consagração do Crisma na Missa Crismal, celebrada na manhã da quinta-feira da Semana Santa (atualmente estas orações encontram-se às pp. 237-244).

A escolha segue um critério prático: de um lado economiza-se espaço (pois, como veremos na próxima postagem, o novo Missal será enriquecido por várias celebrações dos santos) e evita-se uma duplicação dos textos, uma vez que estes já se encontram no Pontifical Romano (pp. 525-533)

8. Tríduo Pascal:

Nas celebrações do Tríduo Pascal, as mais importantes do Ano Litúrgico, não há grandes novidades. Apenas alguns esclarecimentos sobre questões obscuras na segunda edição do Missal, que depois foram resolvidas pelo Cerimonial dos Bispos e pela Carta Circular Paschalis Sollemnitatis.

a) Missa da Ceia do Senhor:

Recorda-se que o altar deve ser ornado com flores “moderadamente” (de modo a não antecipar o júbilo da Vigília Pascal).

Sobre o Lava-pés, embora a terceira edição do Missal determine que dela participem apenas homens (“viri selecti”), a partir do Decreto de janeiro de 2016 é permitida também a participação de mulheres, mudando-se o texto para “Qui selecti sunt ex populo Dei” (“Aqueles que são escolhidos entre o povo de Deus”).

b) Celebração da Paixão do Senhor:

Antes das orientações da celebração propriamente dita, à frase “Hoje e amanhã, segundo antiquíssima tradição, a Igreja não celebra os sacramentos” (p. 254), o novo Missal acrescenta, esclarecendo: “exceto a Penitência e a Unção dos Enfermos”.

Sobre a Oração Universal a nova edição esclarece que, na ausência de diácono, as intenções são proferidas por um ministro leigo, do ambão. Embora na prática isto já venha sendo feito, a informação está ausente no atual Missal.

Na segunda forma da adoração da cruz, na qual se entoa a aclamação “Eis o lenho da cruz...” junto à porta, no meio da igreja e junto ao altar [3], permite-se que a cruz seja conduzida, na ausência do diácono, por um ministro leigo. Na atual versão do Missal apenas o sacerdote ou o diácono são autorizados a conduzir a cruz nesta segunda forma.


Papa Francisco venera a cruz apresentada pelo diácono (2019)

c) Vigília Pascal:

Sobre o sinal da cruz no início da Vigília já nos referimos acima. Além disso, o novo Missal reforça que na procissão com o círio não se levam nem a cruz nem os castiçais processionais, apenas o turíbulo com naveta do incenso que precedem o círio pascal.

Ainda sobre a procissão, na nova edição do Missal está claro que o círio pascal, na ausência do diácono, é conduzido por um ministro leigo e não pelo sacerdote, que caminha atrás com a sua vela.

Sobre a Liturgia da Palavra, ao recordar a possibilidade de omitir algumas leituras, é dito que devem ser proferidas ao menos três, tiradas “da Lei e dos Profetas”. Daqui pode se deduzir que deve ser escolhida ao menos uma leitura dentre as três primeiras, do Pentateuco (sendo que a leitura do Êxodo nunca pode ser omitida), e ao menos uma dentre as quatro últimas, dos Profetas.

9. Novas orações para o Tempo Pascal:

O Tempo Pascal é enriquecido por várias novas orações na terceira edição do Missal Romano, uma vez que muitas das orações deste tempo, particularmente as coletas (oração do dia), são repetidas em outras ocasiões.

Por exemplo, a oração do dia do V Domingo da Páscoa (p. 308) é a mesma do XXIII Domingo do Tempo Comum (p. 367). Assim, mantendo a oração no Tempo Comum, é proposto um novo texto para a Páscoa.

Os outros dias que recebem novos textos são:

Segunda-feira da II semana da Páscoa (p. 321): mesma oração do XIX Domingo do Tempo Comum (p. 363);

Quinta-feira da II semana da Páscoa (p. 325): mesma oração da segunda-feira da VI semana da Páscoa (p. 321);

Sexta-feira da II semana (p. 327): praticamente a mesma oração da quarta-feira da Semana Santa (p. 234), apenas invertida a ordem das frases;

Sábado da II semana (p. 328): praticamente a mesma oração do V Domingo da Páscoa, sobre a qual já falamos acima. Para este dia o novo Missal apresenta duas opções de oração do dia;

Segunda-feira da III semana (p. 331): mesma oração do XV Domingo do Tempo Comum (p. 359);

Segunda-feira da IV semana (p. 321): mesma oração do XIV Domingo do Tempo Comum (p. 358);

Sábado da IV semana (p. 329): a coleta deste dia se torna a nova oração do V Domingo da Páscoa. Portanto, é proposta outra oração para este sábado;

Segunda-feira da V semana (p. 331): mesma oração do XXI Domingo do Tempo Comum (p. 365);

Terça-feira da VI semana (p. 323): praticamente a mesma oração do III Domingo da Páscoa (p. 305).

10. Memória de “Maria, Mãe da Igreja” na segunda-feira depois de Pentecostes

Por fim, esta última mudança não se encontra na terceira edição do Missal, uma vez que foi realizada após sua impressão. Trata-se da inserção da memória de “Maria, Mãe da Igreja” na segunda-feira após o Pentecostes pelo Decreto divulgado em março de 2018.

As orações desta celebração, porém, já se encontram no Missal, como Missa votiva (p. 952), assim como na Coletânea de Missas de Nossa Senhora (p. 139).


Maria, Mãe da Igreja

* * *

Concluímos assim a primeira parte da nossa análise de algumas mudanças na terceira edição do Missal Romano. Na segunda parte traremos as Missas dos santos, enquanto que na última postagem desta série analisaremos as Missas rituais, para diversas necessidades e votivas.


Notas:
[1] Também possuem uma Missa da Vigília as solenidades da Assunção de Maria (15 de agosto), da Natividade de São João Batista (24 de junho) e de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (29 de junho).

[2] As três orações - oração do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão - formam a eucologia “menor” em comparação à eucologia “maior”, que é a Oração Eucarística. A palavra “eucologia” significa “conjunto de orações”.

[3] Na primeira forma as três invocações são feitas junto ao altar pelo sacerdote.

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