José Sarney lançou a moda. “Brasileiras e brasileiros”, saudava ele. As mulheres acharam a novidade simpática. O SBT aproveitou a onda. Pôs no ar a novela com o mesmo bordão. A partir daí, distinguir o gênero deixou de ser gesto de simpatia. Virou obrigação. “Meus amigos e minhas amigas”, dizia FHC. “Senhoras deputadas e senhores deputados”, cumprimentam Suas Excelências.
De obrigação, passou a obsessão. “Convidamos os presentes e as presentes para o coquetel”, dizem os mestres de cerimônia. “Os estudantes e as estudantes devem usar uniforme”, avisa a escola. “Senhor Paulo da Silva e senhora Maria Silva”, substituiu nos convites a consagrada fórmula “Senhor e senhora Paulo Silva”.
Inovações correm soltas. “Car@s amig@s” escrevem enlouquecidos que decretaram o fim do gênero na língua. “Pessoas e pessoos”, escreveu o Millôr. “Povo e pova”, conclamou o Verissimo. “Humanidade e mulheridade”, ironizou um gaiato. “Seres humano e mulherano”, completou outro. “Mulher sapiens”, lançou Dilma.
Vamos combinar? Nesta alegre Pindorama, distinguir o feminino e o masculino não é questão de correção gramatical. Brasileiros, por exemplo, engloba homens e mulheres. Meus filhos, filhas e filhos. Os funcionários, funcionárias e funcionários. Gramaticalmente recebem nota 10. Mas, segundo as feministas, tornam a mulher invisível. Com o feminino explícito, marca-se a igualdade dos dois gêneros. É questão de poder. Quem pode… aparece. Mas o exagero cansa. Ou não?
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