sexta-feira, 28 de maio de 2021

Concordância verbal - regras básicas

 Regra básica: verbo concorda com o sujeito

Governo decide manter redução de IPI para veículos

Cornetas insuportáveis serão mantidas na Copa das Confederações.


5  Sujeito composto anteposto ao verbo

Pai e filho conversaram longamente.

Pais e filhos devem conversar com frequência.


6  Já aceita por grande parte dos gramáticos como legítima.

Devido ao uso limitado das formas verbais de segunda pessoa do plural (vós) no português atual, exceto nas formas de tratamento e no contexto religioso, tem surgido com bastante frequência a concordância:

Tu e teus colegas formarão um belo time de futebol.

Já aceita por grande parte dos gramáticos como legítima.


7  Sujeito composto posposto ao verbo

Duas possibilidades de concordância

Faltaram coragem e competência.

Faltou coragem e competência.

Pouco falaram o presidente e os ministros.

Pouco falou o presidente e os ministros.

O presidente e os ministros falaram pouco.


8  Quando há reciprocidade, no entanto, a concordância deve ser feita no plural.

Agrediram-se o deputado e o senador. (isto é, agrediram um ao outro)

Ofenderam-se o jogador e o árbitro. (isto é, ofenderam um ao outro)


9  Casos de concordância com sujeito simples 

10  Expressões partitivas

Parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de...

Duas possibilidades de concordância

A maioria dos jornalistas aprovou a idéia.

A maioria dos jornalistas aprovaram a idéia.


11  Expressões que indicam quantidade aproximada

Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (cerca de..., mais de..., menos de..., perto de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo concorda com o substantivo.

Cerca de vinte corpos foram resgatados dos escombros.

Perto de quinhentas pessoas compareceram à cerimônia.

Mais de um atleta estabeleceu novo recordo nas últimas Olimpíadas.


12  Quando a expressão mais de um se associar a verbos que exprimem reciprocidade ou for repetida, o plural é obrigatório:

Mais de um parlamentar se ofenderam na tumultuada sessão de ontem. (=ofenderam um ao outro).

Mais de um casal, mais de uma família já perderam qualquer esperança num futuro melhor.


13  Quais de nós / quais de vós

Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguém, ninguém, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido de de (ou dentre) nós (ou vós), o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.

Quais de nós são / somos capazes?

Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.


14  Observe que a opção por uma ou por outra forma indica a exclusão ou inclusão de quem fala ou escreve.

Quando alguém estabelece a concordância “Muitos de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, está-se incluindo num grupo de omissos, o que não ocorre com a concordância:

“Muitos de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, que soa como uma denúncia.


15  Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular:

Qual de nós sabia de tudo?

Algum de vós fez isso.


16  Plural aparente

Quando o sujeito é um plural aparente, ou seja, é uma palavra ou expressão com forma de plural, mas sentido de singular, o verbo concorda no singular.

Flores não recebe mais acento.

Nós é um pronome pessoal do caso reto.


17  Nomes próprios Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

A concordância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo.

Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

As Minas Gerais são inesquecíveis.


18  Porcentagens

Quando o sujeito for indicação de uma porcentagem seguida de substantivo, o verbo pode concordar com o numeral ou com o substantivo.

25% do orçamento do país deve destinar-se/devem destinar-se à educação.

85% dos entrevistados declararam sua insatisfação com o prefeito.

1% da classe recusou-se a colaborar.

1% dos alunos recusou-se/recusaram-se a colaborar.


19  Pronome relativo QUE

Quando o sujeito é o pronome relativo que, a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente desse pronome.

Fui eu que paguei a conta.

Fomos nós que pintamos o muro.


20  Expressão “um dos que” Plural

Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.

(Há muitos gramáticos que consideram aceitável também a concordância no singular)


21  Pronome relativo quem

Duas opções: verbo na terceira pessoa ou em concordância com o antecedente do pronome, por razões de ênfase.

Fui eu quem pagou a conta.

Fui eu quem paguei a conta.

Fomos nós quem pintou o muro.

Fomos nós quem pintamos o muro.


22  Casos de concordância com sujeito composto 

23  Núcleos sinônimos

Quando os núcleos do sujeito composto são sinônimos ou quase sinônimos ou estabelecem uma gradação, o verbo pode concordar no singular:

O desalento e a tristeza minou-lhe/minaram-lhe as forças.

Um aceno, um gesto, uma palavra, um estímulo faria/ fariam muito por ele.


24  Núcleos unidos por ou ou nem

Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por ou ou nem, o verbo no plural indica que a declaração contida no predicado pode ser atribuída conjuntamente a todos os núcleos:

Um sorriso ou uma lágrima o tirariam daquela incerteza.

Nem poder, nem dinheiro o corrompiam.


25  O verbo no singular com esse tipo de sujeito indica alternância ou mútua exclusão.

Milão ou Berlim sediará a próxima Olimpíada.

Nem você nem ele será o novo representante da classe.

Com a expressão um outro e nem um outro, a concordância costuma ser feita no singular, embora plural também seja praticado. Com a locução um e outro, o plural é mais frequente, embora também se use o singular. Não há uniformidade no tratamento dado a essas expressões por gramáticos e escritores. Em todos esses caos, parece razoável adotar o mesmo procedimento usado com outros sujeitos unidos por e, ou e nem.


26  Núcleos unidos por com

Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, a forma plural do verbo indica que esses núcleos recebem o mesmo grau de importância. Com, nesses casos, tem sentido muito próximo ao de e:

O professor com o aluno montaram o equipamento.

O presidente com seus ministros reuniram-se hoje à tarde.

O verbo no singular dá destaque ao primeiro elemento:

O velho patriarca, com sua mulher e filhos, fazia-se notar pela elegância do porte.

Nesse caso, não se tem propriamente o sujeito composto, e sim um sujeito simples acompanhado de um adjunto adverbial de companhia.


27  Expressões correlativas

Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como não só... mas/como também..., não só/somente)... mas ainda..., não apenas... mas também..., tanto... quanto... o verbo concorda de preferência no plural:

Não só a seca mas também o descaso assolam o Nordeste.

Tanto o pai quanto o filho costumavam passar por ali.


28  Aposto recapitulativo

Quando os elementos de um sujeito composto são seguidos de um aposto recapitulativo, a concordância é feita com esse termo resumidor:

Carros, casa, prédios, viadutos, pontes, tudo foi destruído pelo terremoto.

Luxo, riqueza, dinheiro, nada o tentava.


29  Concordância de alguns verbos e estruturas verbais 

30  O verbo e a palavra se

Quando atua como índice de indeterminação do sujeito, se acompanha verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação que devem obrigatoriamente estar na 3ª pessoa do singular:

Aos domingos, ia-se sempre à praça.

Aos domingos, costumava-se ir à praça.

Assistiu-se a cenas deprimentes naquele dia.

Era-se mais feliz no passado.

Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar social.


31  O verbo e a palavra se

Quando atua como pronome apassivador, se acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sindética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração:

Construiu-se uma nova praça no bairro.

Construíram-se novas praças no bairro.

Entregaram-se novas bibliotecas à população.

Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.


33  Haver e fazer

HAVER: quando indica existência ou acontecimento, é IMPESSOAL. Permanece sempre na 3ª pessoa do singular, mesmo com o objeto direto no plural.

Há graves problemas sociais no país.

Havia graves problemas...

Parece haver graves problemas...

Deve ter havido graves problemas...


34  Haver e fazer

Haver e fazer são IMPESSOAIS quando indicam idéia de tempo.

Há anos não o procuro.

Faz anos que não o procuro.

Fazem 3 meses que estudo na Unioeste.


35  Ser

A concordância do verbo ser é muito rica em detalhes. Em muitas situações, esse verbo deixa de concordar com o sujeito para concordar com o predicativo. Em outras, pode concordar com um ou com outro, de acordo com o termo que se quer enfatizar.


36  quando colocado em um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo ser tende a ir para o plural. Poderá ficar no singular por motivo de ênfase:

A sua paixão eram os filmes de terror.

Aquele amor é apenas cacos de um passado.


37  quando colocado entre um nome próprio e um substantivo comum, o verbo tende a concordar com um nome próprio. Entre um pronome pessoal e um substantivo comum ou próprio, o verbo concorda com o pronome:

Garrincha foi as maravilhas do drible.

O responsável pela expedição sou eu.

Eu sou José da Silva.

José da Silva sou eu.


38  quando colocado entre um pronome não pessoal e um substantivo, o verbo ser tende a concordar com o substantivo:

Tudo eram alegrias naquela noite.

Isso são manias de um ocioso.

Quem são os vencedores?

Que são idéias?

Nos dois primeiros casos, há gramáticos que consideram possível também a concordância com o pronome.


39  nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, tempo, valor), o verbo ser é invariável:

Dois quilos é pouco.

Vinte mil reais é demais.

Dez minutos é mais do que eu preciso para ir daqui até lá.

Um milhão de reais já foi muito, hoje é pouco, é bem menos do que eu estou precisando.


40  nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a expressão numérica que o acompanha:

É uma hora.

São duas horas.

São três e vinte.

Já é mais deu ma hora.

Já são mais de duas horas.

São cinco para uma.

Hoje são vinte de setembro.

Hoje é dia vinte de setembro.


41  Uso do infinitivo 

42  O infinitivo exprime o processo verbal sem indicação de tempo

O infinitivo exprime o processo verbal sem indicação de tempo. Em português, apresenta duas modalidades:

a impessoal, em que se considera apenas o processo verbal;

e a pessoal, em que se atribui a esse processo verbal um agente.

É proibido fumar. (impessoal)

É bom fazermos algo. (pessoal, sujeito/agente nós).


43  Nem sempre a modalidade pessoal do infinitivo vem flexionada: há casos em que se deve determinar o sujeito pelo contexto.

Fiquemos quietos para surpreendermos quem entrar.

Fiquemos quietos para surpreender quem entrar.

Em ambas as frases, o sujeito de surpreender é nós. As duas frases estão de acordo com a norma culta; a primeira é mais enfática. (Opção estilística, em muitos casos).


44  Infinitivo: forma não-flexionada

Usa-se a forma não-flexionada:

Quando o verbo é empregado indeterminadamente, assumindo valor substantivo:

Agir é tudo.

Atacar é a melhor defesa.

Quando o infinitivo tem valor imperativo:

Direita, volver!

Apressar o passo! Apressar o passo!


45  Infinitivo: forma não-flexionada

Usa-se a forma não-flexionada:

Quanto o infinitivo, regido de preposição de, assume sentido passivo como complemento de um adjetivo. Neste caso, o pronome se só deve ser usado se o verbo for reflexivo ou pronominal:

Seus constantes desaforos eram ossos duros de roer. (=de serem roídos)

Passei por momentos difíceis de esquecer. (=de serem esquecidos)

Quando o infinitivo vem como verbo principal de uma locução verbal:

Não podíamos prever o que os outros iriam fazer.

Eles acabam de confirmar sua participação nos jogos.

Estão a brincar comigo?


46  Infinitivo: forma não-flexionada

Usa-se a forma não-flexionada:

Quanto o infinitivo ocorre numa oração substantiva reduzida que complementa um auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ou sensitivo (ver, sentir, ouvir, perceber) e tem como sujeito um pronome oblíquo:

Deixe-os falar.

Mandaram-se sair dali.

Viram-te passar na rua.


47  Infinitivo: forma flexionada

A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente quando tem sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal. Isso ocorre também quando o sujeito do infinitivo é indeterminado, e o da oração principal não é.

Existe muita gente que diz sermos nós um tanto sonhadores.

Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol todas as manhãs.

É hora de vocês passarem à ação.

Senti apalparem-me o braço.


48  Infinitivo: outros casos

Podemos usar a forma flexionada ou não-flexionada quando o infinitivo da oração reduzida que complementa um auxiliar causativo ou sensitivo apresentar como sujeito um substantivo ou quando quisermos enfatizar o agente do processo verbal nas orações subordinadas cujo sujeito é igual ao das orações principais.

Deixe os meninos falarem/falar.

Ouvi os pássaros cantarem/cantar.

Trouxemos nossos produtos para vendermos/vender.

Os manifestantes se dirigiram ao palanque para protestarem/protestar contra os oradores.


49  O verbo parecer e o infinitivo

O verbo parecer pode relacionar-se de duas maneiras com o infinitivo.

Os dias parecem voar.

Os dias parece voarem.

Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de voar. Na segunda, temos na realidade uma inversão da ordem dos termos, que seria “Parece voarem os dias”. Parece é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo “voarem os dias”. Se desenvolvermos essa oração, obteremos “Parece que os dias voam”.


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