Regra básica: verbo concorda com o sujeito
Governo decide manter redução de IPI para veículos
Cornetas insuportáveis serão mantidas na Copa das Confederações.
5 Sujeito composto anteposto ao verbo
Pai e filho conversaram longamente.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
6 Já aceita por grande parte dos gramáticos como legítima.
Devido ao uso limitado das formas verbais de segunda pessoa do plural (vós) no português atual, exceto nas formas de tratamento e no contexto religioso, tem surgido com bastante frequência a concordância:
Tu e teus colegas formarão um belo time de futebol.
Já aceita por grande parte dos gramáticos como legítima.
7 Sujeito composto posposto ao verbo
Duas possibilidades de concordância
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
Pouco falaram o presidente e os ministros.
Pouco falou o presidente e os ministros.
O presidente e os ministros falaram pouco.
8 Quando há reciprocidade, no entanto, a concordância deve ser feita no plural.
Agrediram-se o deputado e o senador. (isto é, agrediram um ao outro)
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. (isto é, ofenderam um ao outro)
9 Casos de concordância com sujeito simples
10 Expressões partitivas
Parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de...
Duas possibilidades de concordância
A maioria dos jornalistas aprovou a idéia.
A maioria dos jornalistas aprovaram a idéia.
11 Expressões que indicam quantidade aproximada
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (cerca de..., mais de..., menos de..., perto de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de vinte corpos foram resgatados dos escombros.
Perto de quinhentas pessoas compareceram à cerimônia.
Mais de um atleta estabeleceu novo recordo nas últimas Olimpíadas.
12 Quando a expressão mais de um se associar a verbos que exprimem reciprocidade ou for repetida, o plural é obrigatório:
Mais de um parlamentar se ofenderam na tumultuada sessão de ontem. (=ofenderam um ao outro).
Mais de um casal, mais de uma família já perderam qualquer esperança num futuro melhor.
13 Quais de nós / quais de vós
Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguém, ninguém, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido de de (ou dentre) nós (ou vós), o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.
14 Observe que a opção por uma ou por outra forma indica a exclusão ou inclusão de quem fala ou escreve.
Quando alguém estabelece a concordância “Muitos de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”, está-se incluindo num grupo de omissos, o que não ocorre com a concordância:
“Muitos de nós sabiam de tudo e nada fizeram”, que soa como uma denúncia.
15 Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular:
Qual de nós sabia de tudo?
Algum de vós fez isso.
16 Plural aparente
Quando o sujeito é um plural aparente, ou seja, é uma palavra ou expressão com forma de plural, mas sentido de singular, o verbo concorda no singular.
Flores não recebe mais acento.
Nós é um pronome pessoal do caso reto.
17 Nomes próprios Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
A concordância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
18 Porcentagens
Quando o sujeito for indicação de uma porcentagem seguida de substantivo, o verbo pode concordar com o numeral ou com o substantivo.
25% do orçamento do país deve destinar-se/devem destinar-se à educação.
85% dos entrevistados declararam sua insatisfação com o prefeito.
1% da classe recusou-se a colaborar.
1% dos alunos recusou-se/recusaram-se a colaborar.
19 Pronome relativo QUE
Quando o sujeito é o pronome relativo que, a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente desse pronome.
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
20 Expressão “um dos que” Plural
Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.
(Há muitos gramáticos que consideram aceitável também a concordância no singular)
21 Pronome relativo quem
Duas opções: verbo na terceira pessoa ou em concordância com o antecedente do pronome, por razões de ênfase.
Fui eu quem pagou a conta.
Fui eu quem paguei a conta.
Fomos nós quem pintou o muro.
Fomos nós quem pintamos o muro.
22 Casos de concordância com sujeito composto
23 Núcleos sinônimos
Quando os núcleos do sujeito composto são sinônimos ou quase sinônimos ou estabelecem uma gradação, o verbo pode concordar no singular:
O desalento e a tristeza minou-lhe/minaram-lhe as forças.
Um aceno, um gesto, uma palavra, um estímulo faria/ fariam muito por ele.
24 Núcleos unidos por ou ou nem
Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por ou ou nem, o verbo no plural indica que a declaração contida no predicado pode ser atribuída conjuntamente a todos os núcleos:
Um sorriso ou uma lágrima o tirariam daquela incerteza.
Nem poder, nem dinheiro o corrompiam.
25 O verbo no singular com esse tipo de sujeito indica alternância ou mútua exclusão.
Milão ou Berlim sediará a próxima Olimpíada.
Nem você nem ele será o novo representante da classe.
Com a expressão um outro e nem um outro, a concordância costuma ser feita no singular, embora plural também seja praticado. Com a locução um e outro, o plural é mais frequente, embora também se use o singular. Não há uniformidade no tratamento dado a essas expressões por gramáticos e escritores. Em todos esses caos, parece razoável adotar o mesmo procedimento usado com outros sujeitos unidos por e, ou e nem.
26 Núcleos unidos por com
Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, a forma plural do verbo indica que esses núcleos recebem o mesmo grau de importância. Com, nesses casos, tem sentido muito próximo ao de e:
O professor com o aluno montaram o equipamento.
O presidente com seus ministros reuniram-se hoje à tarde.
O verbo no singular dá destaque ao primeiro elemento:
O velho patriarca, com sua mulher e filhos, fazia-se notar pela elegância do porte.
Nesse caso, não se tem propriamente o sujeito composto, e sim um sujeito simples acompanhado de um adjunto adverbial de companhia.
27 Expressões correlativas
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como não só... mas/como também..., não só/somente)... mas ainda..., não apenas... mas também..., tanto... quanto... o verbo concorda de preferência no plural:
Não só a seca mas também o descaso assolam o Nordeste.
Tanto o pai quanto o filho costumavam passar por ali.
28 Aposto recapitulativo
Quando os elementos de um sujeito composto são seguidos de um aposto recapitulativo, a concordância é feita com esse termo resumidor:
Carros, casa, prédios, viadutos, pontes, tudo foi destruído pelo terremoto.
Luxo, riqueza, dinheiro, nada o tentava.
29 Concordância de alguns verbos e estruturas verbais
30 O verbo e a palavra se
Quando atua como índice de indeterminação do sujeito, se acompanha verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação que devem obrigatoriamente estar na 3ª pessoa do singular:
Aos domingos, ia-se sempre à praça.
Aos domingos, costumava-se ir à praça.
Assistiu-se a cenas deprimentes naquele dia.
Era-se mais feliz no passado.
Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar social.
31 O verbo e a palavra se
Quando atua como pronome apassivador, se acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sindética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração:
Construiu-se uma nova praça no bairro.
Construíram-se novas praças no bairro.
Entregaram-se novas bibliotecas à população.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.
33 Haver e fazer
HAVER: quando indica existência ou acontecimento, é IMPESSOAL. Permanece sempre na 3ª pessoa do singular, mesmo com o objeto direto no plural.
Há graves problemas sociais no país.
Havia graves problemas...
Parece haver graves problemas...
Deve ter havido graves problemas...
34 Haver e fazer
Haver e fazer são IMPESSOAIS quando indicam idéia de tempo.
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Fazem 3 meses que estudo na Unioeste.
35 Ser
A concordância do verbo ser é muito rica em detalhes. Em muitas situações, esse verbo deixa de concordar com o sujeito para concordar com o predicativo. Em outras, pode concordar com um ou com outro, de acordo com o termo que se quer enfatizar.
36 quando colocado em um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo ser tende a ir para o plural. Poderá ficar no singular por motivo de ênfase:
A sua paixão eram os filmes de terror.
Aquele amor é apenas cacos de um passado.
37 quando colocado entre um nome próprio e um substantivo comum, o verbo tende a concordar com um nome próprio. Entre um pronome pessoal e um substantivo comum ou próprio, o verbo concorda com o pronome:
Garrincha foi as maravilhas do drible.
O responsável pela expedição sou eu.
Eu sou José da Silva.
José da Silva sou eu.
38 quando colocado entre um pronome não pessoal e um substantivo, o verbo ser tende a concordar com o substantivo:
Tudo eram alegrias naquela noite.
Isso são manias de um ocioso.
Quem são os vencedores?
Que são idéias?
Nos dois primeiros casos, há gramáticos que consideram possível também a concordância com o pronome.
39 nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, tempo, valor), o verbo ser é invariável:
Dois quilos é pouco.
Vinte mil reais é demais.
Dez minutos é mais do que eu preciso para ir daqui até lá.
Um milhão de reais já foi muito, hoje é pouco, é bem menos do que eu estou precisando.
40 nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a expressão numérica que o acompanha:
É uma hora.
São duas horas.
São três e vinte.
Já é mais deu ma hora.
Já são mais de duas horas.
São cinco para uma.
Hoje são vinte de setembro.
Hoje é dia vinte de setembro.
41 Uso do infinitivo
42 O infinitivo exprime o processo verbal sem indicação de tempo
O infinitivo exprime o processo verbal sem indicação de tempo. Em português, apresenta duas modalidades:
a impessoal, em que se considera apenas o processo verbal;
e a pessoal, em que se atribui a esse processo verbal um agente.
É proibido fumar. (impessoal)
É bom fazermos algo. (pessoal, sujeito/agente nós).
43 Nem sempre a modalidade pessoal do infinitivo vem flexionada: há casos em que se deve determinar o sujeito pelo contexto.
Fiquemos quietos para surpreendermos quem entrar.
Fiquemos quietos para surpreender quem entrar.
Em ambas as frases, o sujeito de surpreender é nós. As duas frases estão de acordo com a norma culta; a primeira é mais enfática. (Opção estilística, em muitos casos).
44 Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quando o verbo é empregado indeterminadamente, assumindo valor substantivo:
Agir é tudo.
Atacar é a melhor defesa.
Quando o infinitivo tem valor imperativo:
Direita, volver!
Apressar o passo! Apressar o passo!
45 Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quanto o infinitivo, regido de preposição de, assume sentido passivo como complemento de um adjetivo. Neste caso, o pronome se só deve ser usado se o verbo for reflexivo ou pronominal:
Seus constantes desaforos eram ossos duros de roer. (=de serem roídos)
Passei por momentos difíceis de esquecer. (=de serem esquecidos)
Quando o infinitivo vem como verbo principal de uma locução verbal:
Não podíamos prever o que os outros iriam fazer.
Eles acabam de confirmar sua participação nos jogos.
Estão a brincar comigo?
46 Infinitivo: forma não-flexionada
Usa-se a forma não-flexionada:
Quanto o infinitivo ocorre numa oração substantiva reduzida que complementa um auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ou sensitivo (ver, sentir, ouvir, perceber) e tem como sujeito um pronome oblíquo:
Deixe-os falar.
Mandaram-se sair dali.
Viram-te passar na rua.
47 Infinitivo: forma flexionada
A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente quando tem sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal. Isso ocorre também quando o sujeito do infinitivo é indeterminado, e o da oração principal não é.
Existe muita gente que diz sermos nós um tanto sonhadores.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol todas as manhãs.
É hora de vocês passarem à ação.
Senti apalparem-me o braço.
48 Infinitivo: outros casos
Podemos usar a forma flexionada ou não-flexionada quando o infinitivo da oração reduzida que complementa um auxiliar causativo ou sensitivo apresentar como sujeito um substantivo ou quando quisermos enfatizar o agente do processo verbal nas orações subordinadas cujo sujeito é igual ao das orações principais.
Deixe os meninos falarem/falar.
Ouvi os pássaros cantarem/cantar.
Trouxemos nossos produtos para vendermos/vender.
Os manifestantes se dirigiram ao palanque para protestarem/protestar contra os oradores.
49 O verbo parecer e o infinitivo
O verbo parecer pode relacionar-se de duas maneiras com o infinitivo.
Os dias parecem voar.
Os dias parece voarem.
Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de voar. Na segunda, temos na realidade uma inversão da ordem dos termos, que seria “Parece voarem os dias”. Parece é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo “voarem os dias”. Se desenvolvermos essa oração, obteremos “Parece que os dias voam”.
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