sábado, 29 de maio de 2021

Pontuação - regras principais

 Pontuação: indica, na escrita, as várias possibilidades de entonação da fala, além de ajudar na expressão de pensamentos, sentidos e emoções, tornando mais clara e precisa a compreensão do texto.  Os sinais de pontuação apontam para a questão do ritmo da escrita. 

3  Tipos de pontuação Três tipos básicos:  Sinais que indicam que a frase não foi concluída: a vírgula (,) o travessão (_) os parênteses ( ( ) ) o ponto-e-vírgula (;) os dois pontos (:) 

4   Sinais que indicam o término do discurso ou parte dele: o ponto simples (.) o ponto parágrafo (.) o ponto final (.) 

5   Sinais que indicam uma intenção ou estado emocional: o ponto-de-interrogação (?) o ponto-de-exclamação (!) as reticências (…) 

6  O valor da vírgula Uma vírgula muda tudo… Vírgula pode ser uma pausa… ou não. NÃO, ESPERE. NÃO ESPERE. Ela pode sumir com seu dinheiro… 23,4 2,34 Pode ser autoritária! ACEITO, OBRIGADO. ACEITO OBRIGADO. 

7  Pode criar heróis… ISSO SÓ, ELE RESOLVE. ISSO SÓ ELE RESOLVE. … e vilões. ESSE, JUIZ, É CORRUPTO. ESSE JUIZ É CORRUPTO. 

8  Ela pode ser a solução! VAMOS PERDER, NADA FOI RESOLVIDO. VAMOS PERDER NADA, FOI RESOLVIDO. Pode também mudar uma opinião. NÃO QUEREMOS SABER. NÃO, QUEREMOS SABER. (Fonte: ABI – Associação Brasileira de imprensa http://recantodasletras.uol.com.br/visualizar.php?idt=1662189 ) 

9  Principais regras para utilização da vírgula:  O emprego da vírgula no período simples: (01)Sua observação foi inconveniente, agressiva, irônica, antipática. Sua observação foi inconveniente, agressiva, irônica e antipática. REGRA 01: Usa-se vírgula para separar, numa enumeração, os termos com a mesma função sintática. 

10  (02)Fernanda Montenegro, atriz talentosa, recebeu homenagens da imprensa mundial. REGRA 02: Usa-se vírgula para separar aposto. 

11  (03)Bom dia, Sr. Hagar. Maria, chame seu pai. REGRA 03: Usa-se vírgula para separar vocativo, inclusive o vocativo de ofícios e cartas comerciais. 

12  (04)Durante o carnaval, na Bahia, não choveu. REGRA 04: Usa-se vírgula para separar adjuntos adverbiais ou locuções adverbiais deslocados. Mariana sorria satisfeita. Satisfeita, Mariana sorria. / Mariana, satisfeita, sorria. OBS: Predicativos do sujeito deslocados também são separados por vírgula. 

13  (05)Brasília, 10 de julho de 2015. Rua do Ouro, 229. Decreto 286, artigo 7. REGRA 05: Usa-se vírgula entre nomes de lugar e data / número do endereço / dispositivos de lei.

14  (06)O diretor titubeou, isto é, não concordou de pronto com a decisão. REGRA 06: Usa-se a vírgula para separar palavras ou expressões explicativas. ______________________________________________ (07)Nós preferimos café, e eles, chá. REGRA 07: Usa-se vírgula quando se omite um termo da oração. (elipse / zeugma) 

15   O emprego da vírgula no período composto: (08) Viajou no fim de semana, foi visitar os pais. Era um homem valente, mas tinha horror a baratas. REGRA 08: Usa-se a vírgula para separar orações coordenadas assindéticas e sindéticas (com exceção das aditivas que só serão intercaladas por vírgula quando tiverem sujeitos diferentes, quando a conjunção e tem valor adversativo ou é repetida enfaticamente). Desfiz as malas, e saímos juntos. A casa pegou fogo, e ninguém se feriu. Riu, e cantou, e dançou, e rezou, e chorou.

16  (09) Suas opiniões, que eram brilhantes, interessavam a todos. REGRA 09: Usa-se a vírgula para separar orações subordinadas adjetivas explicativas. 

17  (10) REGRA 10: Usa-se vírgula para separar orações subordinadas adverbiais, sobretudo quando antepostas à oração principal. 

18  (11) As ofensas, disse ela, foram graves! REGRA 11: Usa-se vírgulas para separar orações intercaladas. 

19  Nunca se emprega a vírgula 1) Entre termos essenciais da oração. (a) Sujeito e predicado: A subida até o mirante Ø deixou a criança cansada. (b) Verbo e objeto direto ou indireto, verbo de ligação e predicativo, locução verbal de voz passiva e agente da passiva: Os cientistas preocupam-se Ø com o efeito estufa. (c) Nome e complemento nominal e adjunto adnominal: A visão Ø do mar deixava-o absorto. O fiscal foi gentil Ø com o turista. 

20  2) Entre a oração principal e a oração subordinada substantiva, com exceção da apositiva, entre a oração adjetiva restritiva e a oração principal e antes de oração adverbial consecutiva: A família decidiu que mudaria para o sul. 

21  O ponto-e-vírgula Indica uma pausa mais longa que a vírgula. Algumas funções: (a) Separa as partes que tenham orações já separadas por vírgulas. Já tive muitas capas e infinitos guarda- chuvas, mas acabei me cansando de tê-los e perdê-los; há anos vivo sem nenhum desses abrigos e também, como toda a gente, sem chapéu. (BRAGA, 1996) 

22  (b) Separa itens em uma enumeração: A prova constará de (a) um estudo do texto; (b) cinco questões gramaticais contextualizadas; (c) uma redação sobre o tema abordado no texto. 

23  Os dois pontos Funções: (a) Introduzem fala / discurso direto. A aeromoça disse: - Os passageiros devem permanecer sentados até o pouso da aeronave. (b) Introduzem citação, enumeração, exemplo, observação, nota, aposto ou oração apositiva. Diz Mônica Rector em Manual de Semântica: A aceleração do mundo moderno impõe o repensar da ciência. 

24  (c) Introduzem uma explicação, resumo, causa ou consequência do que se disse antes. 

25  As reticências Empregam-se as reticências: (a) Para permitir que o leitor prossiga imaginando o texto. Roberta imaginou-se com Paulo: os dois em uma ilha, comendo uvas, dando risada… (b) Para indicar hesitação ou dúvida, continuidade de uma ação ou fato, suspensão ou interrupção do pensamento e supressão de partes do texto. E a prova, filho? Bem… a prova… não fui muito bem. 

26  Os parênteses Funções: (a) Fazer comentários, considerações, explicações e reflexões acessórias. 

27  (b) No nome do autor e no ano de publicação da obra, no ano de nascimento e morte de uma pessoa e nas possibilidades alternativas de leitura. Mas quando olhar a mancha viva em minha camisa, talvez faça uma careta e me deixe passar. (Chico Buarque de Holanda) (c) Nas indicações cênicas das peças de teatro. Tomás – É meu, tenho dito. Sampaio – Pois não é, não senhor… (Agarraram ambos no leitão e puxam cada um para seu lado.) 

28  As aspas Empregam-se as aspas: (a) Para indicar início e final de uma citação e destacar livros, obras de arte, filmes e músicas. 

29  (b) Para destacar alguma palavra do corpo do texto, seja por ironia ou ênfase, seja por tratar-se de um neologismo, estrangeirismo, gíria, arcaísmo, vulgarísmo ou expressão popular. Os “anjinhos” já estão prontos? O “coffee break” será às quinze horas. (c) Para marcar diálogo, em substituição ao travessão. “Aquela moça é da rua Larga?”, perguntou Mariana. 

30  Travessão Empregado para: (a) Indicar a fala (começo ou fim) e a mudança de interlocutor. - Você não precisa de pílulas? - Que pílulas? - Essas para acalmar. - Eu sou calma – disse Luciana com meio sorriso. (FAGUNDES TELLES, Lygia. Ciranda de Pedra. RJ: Nova Fronteira, 2000.) 

31  (b) Para enfatizar expressões ou frases: Foi poeta – sonhou – e amou na vida. (AZEVEDO, Álvares. Poesias Completas. RJ: Ediouro, 1996.) Impossível escrever o poema – uma linha que seja – de verdadeira poesia. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa e Prosa. RJ: Aguilar, 1973.) 

32  Ponto de Interrogação Empregado em frases interrogativas diretas. 

33  Ponto de Exclamação Usado após interjeição, vocativo, frase exclamativa, imperativa ou optativa para expressar admiração, desejo, alegria, espanto, ironia, raiva, dor, alívio, indignação, desejo, piedade, súplica etc.

34  Ponto Final Indicador de pausa máxima. É empregado no final do período simples (oração absoluta) ou de um período composto. Também é usado nas frases imperativas e nas abreviaturas. É muito utilizado em textos publicitários como recurso estilístico. 

O novo a nível de - por conta de

Se “a nível de” é uma praga que, de tão ridicularizada, entrou em declínio, “por conta de” está em alta. Se você folhear com atenção revistas e jornais, navegar na internet e ouvir TV e rádio – sobretudo este – encontrará uma impressionante variedade de frases sintaticamente mancas, construções que causam estranheza e outras bobagens com “por conta de” no meio. Não se trata de exagero. Veja: Corintianos fazem piada POR CONTA DA derrota do Santos. (Deveria usar a preposição COM). Atriz Y. está deprimida POR CONTA DA separação. (COM) Moradores protestam POR CONTA DA situação da estrada. (CONTRA) Escritor X. é processado POR CONTA DE plágio. (POR) Morreu POR CONTA DE câncer.  (DE) O craque analisou a equipe adversária, mas POR CONTA DA queda do treinador, preferiu não fazer comentários.  (SOBRE) Mesmo  POR CONTA DA epidemia de dengue, as pessoas continuam deixando recipientes de água no quintal. (APESAR) Portanto, cuidado: “o uso exagerado de uma locução que serve para qualquer situação mais do que empobrecer o vocabulário, instaura um vale-tudo em que a muleta linguística faz o papel de curinga chamado a remendar às pressas raciocínios esfarrapados. É o momento em que a inteligência coletiva paga a conta.”

Reparar a ou na?

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Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare A desorganização.


O verbo reparar assume dois significados. O que irá determiná-los é a presença ou não da preposição em. Veja, a seguir: Com a preposição em significa notar, observar: Repare nos exemplos que damos nesta lição de gramática. Entre, mas não repare na bagunça. Sem a preposição em, significa consertar, indenizar: O técnico reparou o computador que estava avariado. A empresa reparou os danos causados. Então escreve-se corretamente a frase original da seguinte maneira: Vou mostrar-lhe meu caderno, mas não repare na desorganização. Residente NA ou residente À Residente à Rua Joana Sartóri. As palavras residente, morador (que aceita a preposição de), situado e sua forma reduzida sito (típico da linguagem jurídica) não admitem a preposição a para ligar-se ao respectivo logradouro, mas, sim, a preposição locativa em. Não se diz, por exemplo, que um imóvel está situado a Campinas, porém em Campinas. Veja os exemplos que seguem: O escritório, sito na Rua Filisbina, recebe seus clientes de segunda a sexta-feira. O prédio está situado na Avenida Duque de Caxias. A frase do topo escrita corretamente fica assim: Residente na Rua Joana Sartóri.

Sujeito a GUINCHO ou sujeito a GUINCHAMENTO 


Não estacione! Sujeito a GUINCHO. Nada pode estar sujeito a um objeto que, neste caso, é o guincho, mas sim a uma ação, que seria a de guinchamento. Em outras hipóteses, os que transgridem a lei penal estão sujeitos a prisão, mas não a preso; se a transgressão for grave, podem até estar sujeitos a banimento, mas não a banido; como também, uma latinha de cerveja, no freezer, está sujeita a congelamento, mas não a gelo. A frase inicial, corretamente grafada, ficaria assim: Não estacione! Sujeito a GUINCHAMENTO. 

Implicando com o verbo implicar

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O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida. Na acepção de ter implicância, pede a preposição com: O diretor implicou com ele. Na de comprometer, envolver, é vez do em: A secretária implicou o chefe no escândalo.


A dúvida surge no significado de produzir como consequência. Aí, implicar implica e complica. No sentido de acarretar consequências, o verbo é transitivo direto (não suporta a preposição em, embora seja semelhante ao verbo resultar): Autonomia também implica responsabilidade. Deflação implica recessão. Portanto, não escreva nem diga: Autonomia também implica EM responsabilidade. Deflação implica EM recessão.  Nobel, ibero Hermano Hening apresentava o jornal do SBT. De repente, um  susto deste tamanho. O apresentador golpeou duplamente a pronúncia. Tropeçou, primeiro, no Nobel. Depois, no ibero. Nobel é oxítona. A sílaba tônica cai no EL. Pronuncia-se como papel ou Mabel. Ibero entrou no ar com o encontro ibero-americano. Esse adjetivo é paroxítono. A sílaba BE fala mais alto que as outras.  Fim de ano: confraternizações, presentes, amigo-oculto (com hífen?). Sim, a brincadeira de presentear amigos se escreve com hífen, pois amigo oculto (sem hífen) é um amigo que está escondido em algum lugar. 

Para reescrever sua carreira

 Problema de pontuação, principalmente da vírgula. É comum encontrar o sujeito separado do verbo, ou o verbo separado do complemento, pelo uso de vírgula. Duas normas são essenciais: 1 – Jamais se separa o sujeito do predicado (verbo), mesmo que ambos estejam distantes. “Todos os empregados que precisem viajar para fora do país, devem comparecer ao serviço de medicina...” A vírgula depois de “país” separa o sujeito (empregados) de seu verbo (devem comparecer). 2 – Jamais se separa o verbo de seus complementos. Mesmo que o verbo esteja longe deles. “A Bolsa do Rio garantia, a bancos e corretoras, o pagamento da compra de ações feita...” “A bancos e corretoras” é objeto indireto; não pode aparecer entre vírgulas. Separam-se por vírgulas orações intercaladas ou adjuntos adverbiais deslocados, no começo da frase (deslocados porque a ordem natural dos adjuntos é no fim da frase). O presidente, enquanto viajou, foi informado de tudo. Enquanto viajou, o presidente foi informado de tudo. Falta de revisão do que escreve A leitura e releitura do texto são fundamentais para evitar a divulgação de impropriedades, incoerências e repetições. A revisão contribui para obter a concisão, essencial no texto preciso e enxuto, expurgado de palavras desnecessárias, principalmente adjetivos, advérbios, pronomes, conjunções, aumentativos, diminutivos e superlativos, e com mais verbos e substantivos. A revisão é sobretudo um recurso para adequar o texto à norma culta, sempre com cuidado para preservar as informações fundamentais. Se as pessoas fizerem uma rápida leitura do que escrevem, eliminariam vários dos problemas detectados. Muitas pessoas têm bom português, mas fazem tudo com um senso de urgência que nem sempre se justifica. Acabam enviando mensagens com erros de digitação e de gramática.

Escrito por Joyce | Publicado: Segunda, 09 Setembro 2013 10:58 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 978 Infinitivo flexionado: Convém limitar a flexão do infinitivo aos casos em que for importante identificar o sujeito a que se refere. Mas não se flexiona o infinitivo quando: 1.Forma locução verbal (dois verbos funcionando como um; o verbo auxiliar – grifado – já indica o plural): Estavam impedidos de estender a ajuda a todos. (Não: “estenderem”.) 2.  O sujeito é o mesmo da oração principal: Alguns políticos acham que têm direito de enganar. (Não: “enganarem”). 3.  A oração infinitiva completa o sentido de substantivo e adjetivo – grifados – (o sujeito também é o mesmo): Não tiveram tempo de terminar a prova. (Não: “terminarem.”) 4.  O infinitivo depender dos verbos causativos e sensitivos: deixar, fazer, mandar, ouvir, sentir e ver – e tiver por sujeito um pronome oblíquo (o, a, os, as): Deixei-os esperar. Sentiu-as puxar-lhe a perna. Flexiona-se o infinitivo quando ele tiver sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal, ou quando for preciso deixar claro tal sujeito:            Era comum deitarem-se na mesma cama três pessoas.          Lula disse existirem grandes problemas no país. 

Má colocação de pronomes:             Uma das falhas mais comuns no texto é a má colocação dos pronomes oblíquos (o, a, os, as, lhe, lhes, me, te, se, nos, vos, se,...). Nos exemplos seguintes, a boa colocação aparece entre parênteses. “Não ficarão órfãs porque deixei-as já adultas ...” (porque as deixei) “... quando transferiu-se para ...” (quando se transferiu) “ ... havia formado-se ...” (havia-se formado ou havia se formado) “... há os que acham que deve-se implantar...” . (que se deve) “... chamarei-a de a descoberta da ...” (chamá-la-ei ou a chamarei) “... como manda-o...” (como o manda) “... assim é que nós colocamos-lhe...” (que nós lhe colocamos) Nesses casos, os pronomes oblíquos átonos são atraídos na oração para antes do verbo por palavras negativas e advérbios (não, nem, ainda, bastante, talvez, tanto, aqui, já, lá, muito, sempre, realmente, nada, nunca, ninguém, jamais...); conjunções (quando, enquanto, se...); pronomes relativos, indefinidos, demonstrativos e interrogativos (que, quem, qual, cujo, onde, quanto, como, quando, alguém, ninguém, tudo, outros, muitos, alguns, este, esse, aquele, isto, isso, aquilo, quem, qual, que, quanto, quando, como, onde, por que...); pronomes pessoais e de tratamento (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, você, senhor, senhora, senhorita, Vossa Senhoria, Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Alteza, Vossa Santidade...). Jamais o pronome vem depois de verbos no particípio passado (formado, partido), no futuro do presente (caberá) ou do futuro do pretérito, o velho condicional (caberia). Nos casos em que não houver atração, será “havia-se formado”, “caber-lhe-ia”.   Escrever como fala: Comunicação escrita e oral são muito diferentes. A linguagem escrita tem de ser mais elaborada, mais clara, mais definida, mais contida do que a oral. Ela não conta com os recursos do gesto, do tom, da mímica, das pausas, das repetições comuns à linguagem oral, é claro. Claro também que quem fala tem o ouvinte à frente e se dirige a um público definido num contexto determinado. Por tudo isso não se deve escrever como se fala, com as repetições e as ênfases naturais à expressão oral. Pelo menos do ponto de vista da norma culta. O fato é que escrever e falar bem e agradar ao público ou destinatário certo constituem quase sempre um trabalho difícil, que exige empenho permanente

 7- Problemas de regência: Não: O Senador entrou e saiu do Congresso rapidamente. Entrar em, sair de. Sim: O senador entrou no Congresso e saiu rapidamente. Não: Olhei e simpatizei com Raimunda. “Olhar” é verbo transitivo direto, rejeita preposição. “Simpatizar” é transitivo indireto, exige preposição (com) Sim: Olhei Raimunda e simpatizei com ela. Não: Assisti e gostei do jogo. Assistir ao jogo. Gostar do jogo. Sim: Assisti ao jogo e gostei dele. Melhor: Gostei do jogo. (Se gostou é porque viu.). Há quem defenda a mistura de regências porque o resultado é sintético. Mas o texto informativo deve evitar usos polêmicos. 8 – Dificuldade com “haver”: Costuma-se confundir a concordância de “existir” com a de “haver”. “Haver” é impessoal e fica na 3ª pessoa quando significa “existir”: há seguros, há bons motivos. “Haver” impessoal: Com sentido de existir, acontecer, realizar-se, decorrer, fazer (tempo), haver é usado como impessoal e na 3ª pessoa do singular. Também fica na 3ª pessoa do singular o auxiliar do haver impessoal. Há bons redatores na editora. Com a queda das bolsas, houve pessoas que se mataram. É preciso que haja roupas para todos. Se o ponto de referência é uma data passada, e não hoje, deve-se usar o pretérito imperfeito (havia) e não o presente (há). A troca por “fazer” torna clara a necessidade de correspondência de tempos passados: Lenise estava naquela escola fazia (não “faz”) dez meses. 9 – Mau uso do “fazer” para indicar tempo: “Fazer” é pessoal em seu sentido próprio, com sujeito e complementos. Ela fez tudo. Eles fazem anos no mesmo dia. É impessoal quando: a)    Expressa tempo decorrido (forma correta entre parênteses): “Fazem dez anos que a conheci”. (Faz dez anos) “Vão fazer três anos que o governo ...” (Vai fazer) Quando se expressa tempo decorrido, usa-se “fazer” sem sujeito, na 3ª pessoa do singular. O auxiliar de “fazer” também fica no singular.   b)    Expressa fenômeno climático:Faz calor. Fazia muito frio. 10 – Dúvidas de ortografia: Quando se fala em norma culta a que o texto deve ser subordinado, fala-se em concordância, regência, colocação pronominal, pontuação, acentuação, crase e ortografia. Estará desqualificado um texto em que aparecem coisas como “A minha família é vocês”; A porta está meia aberta”; “Jamais farei-lhe mal.” “Duas miligramas de solução...“ mussarela, maizena e outras barbaridades.

5 – Gerundismo: É um estranho encadeamento de verbos: “Vamos estar mandando isso na semana que vem” e algo que deveria ser traduzido como “mandaremos ou vamos mandar ...” . Há quem diga que, pela imprecisão da fórmula, representa um modo talvez inconsciente do falante de não se comprometer. Por enquanto, concentra-se na fala. Nestes exemplos, a forma conveniente aparece entre parênteses: “Vou estar transferindo o senhor para o vendedor. “ (Vou transferir.) “Ninguém sabe quando ele vai estar voltando.” (Vai voltar, voltará.) “Vamos estar marcando aquela reunião...” (Vamos marcar.) “Vou poder estar passando...” (Vou passar, posso passar.)   6 – Tropeços ao usar a crase: O “à” acentuado consiste na fusão ou contração de um “a” com outro. O primeiro “a” é uma preposição, palavra que serve para relacionar duas outras. O segundo “a” pode ser o artigo definido feminino “a” ou o pronome feminino “a” ou o “a” inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo.

Exemplos de palavras que exigem a preposição “a”: Obedecer a: obedece à mulher. Dedicação a: dedicação à mulher. Útil a: útil à mulher. Contrariamente a: contrariamente à mulher.

Ele foi a redação. Ou Ele foi à redação? Na duvida, troca-se a palavra feminina diante do “a” por equivalente masculino. Ele foi ao escritório. Portanto: Ele foi à redação.

Com horas determinadas: Morreu às duas horas.

À moda de: Gosta de buchada à FHC

Em locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas com palavras femininas: às vezes, à moda de, à noite, à tarde, à vontade, à beça, às pressas, à francesa, à esquerda, à direita, à deriva, à toa, à espera de, à medida que, à proporção que, à custa de, à procura de etc. 

Em nomes de lugares que admitem o artigo a. Nestes casos, deve-se substituir o verbo por outro que exija a preposição de:

Eu fui à Paraíba. / Eu voltei da Paraíba. (com crase)

Eu fui a Alagoas. / Eu voltei de Alagoas. (sem crase)

Com as palavras casa, terra e distância, quando devidamente especificadas: Retornaram à casa de João. / Os aventureiros chegaram à terra dos leões. / O cinema fica à distância de 300 m.

Acento jamais:

Antes de palavras masculinas: Falou a respeito de tudo.

Em “a” seguido de plural: Ela não vai a missas. Se o a vier seguido de s, haverá crase.

Antes de verbos: Começou a acelerar sua aposentadoria.

Antes de pronomes de tratamento: Disse a Vossa Senhoria. 

Antes de pronomes pessoais, indefinidos, interrogativos e demonstrativos: Recorri a ela. Não devo dinheiro a ninguém. A quem você fará homenagem? Dei nota zero a esta aluna.

Antes de pronomes relativos: Este é o pintor a cuja obra fiz referência.

Entre palavras repetidas: Ficou cara a cara com a verdade.

Antes da expressão Nossa Senhora e de nomes de santas: Fez uma promessa a Santa Luzia.

Quando, antes do a, houver uma preposição: A reunião foi marcada para as 18h.

A partir desta semana, abordaremos as 15 maiores dificuldades com a língua portuguesa que incomodam alguns profissionais. Embora algumas atuações exijam uma produção oral ou escrita mais frequente, como docência e advocacia, muitos profissionais precisam escrever relatórios, dissertação, tese, artigo, comunicado. Falta de clareza, prolixidade, queísmo, gerundismo, tropeços ao usar a crase, problemas de regências estão entre os assuntos que discutiremos durante algumas semanas. Nesta semana, veremos: 1 – Falta de clareza: Clareza é a qualidade essencial do texto, principalmente o informativo, seja comunicado, relatório, carta, e-mail. Obtém-se em geral a clareza por meio da disposição das orações em ordem direta, sempre que possível: sujeito, verbo e complementos, nessa ordem. Devem-se evitar orações intercaladas, mais ainda se longas, e palavras técnicas, a não ser as essenciais. 2 - Prolixidade: No texto profissional a linguagem não pode ser obstáculo para a fluência da mensagem; tem de ser veículo. Mas não pode ser cheias de orações intercaladas e ordens inversas. Deve ser correta, clara, fluente, precisa, objetiva, concisa, sem repetição de palavras e, se possível, elegante, harmoniosa, sem ecos (qualidade da poesia, mas defeito na prosa), cacófatos e asperezas. 3 – Queísmo: “Que” tem muitas funções morfológicas e sintáticas, mas mesmo autores cuidadosos evitam usá-lo na mesma frase, pois o excesso de “quês” tende a tornar o texto duro e desarmonioso. 4 – Falta de concordância de verbo antes do sujeito: A forma adequada está entre parênteses: “Chama-me a atenção os desdobramentos...” (Chamam-me...os) “Falta dez minutos para terminar a sessão.” (Faltam dez) “Basta alguns votos para concluir a contagem.” (Bastam alguns votos) “Existe, que se sabia, bons motivos...” (Existem ... bons motivos) O verbo concorda com o sujeito, mesmo posposto.

Palavras que causam dúvidas

 - Quando usar APRENDER e APREENDER? As duas formas são válidas, porém têm sentidos diferentes. Aprender (com um E) significa saber, entender Por exemplo: O aluno aprendeu a lição. Apreender (com E duplo) significa prender, fixar, aprisionar. O delegado apreendeu o contrabando. - Como devemos dizer: ASTERISCO ou ASTERÍSTICO? Eis aí uma dúvida fácil de resolver. ASTERISCO (sinal gráfico em forma de estrelinha) é o diminutivo de astro. Ora, assim como se diz, por exemplo, ‘CHUVISCO’ (diminutivo de chuva) e não  CHUVÍSTICO, também se deve dizer ASTERISCO. - Uma dúvida muito comum é com relação à palavra CABELEIREIRO. Afinal qual é a pronúncia correta? CABELEREIRO ou CABELEIREIRO? O certo é CABELEIREIRO. Há quem estranhe o uso do sufixo “EI” duas vezes, alegando que o termo primitivo (cabelo) não possui tal prefixo. Ocorre que a palavra primitiva , neste caso, não é o termo CABELO e, sim, a palavra CABELEIRA. Portanto, diga CABELEIREIRO. - Deve-se dizer DISTRATAR ou DESTRATAR? Como existem as duas palavras, depende do contexto em que forem usadas. “DISTRATAR” é descumprir um trato, desfazer, rescindir ou anular um contrato, vem de DISTRATO, que é o antônimo de CONTRATO. Já “DESTRATAR é insultar, ofender, maltratar. - EMPECILHO ou IMPECILHO? Muitas pessoas dizem “IMPECILHO”, certamente por associarem essa palavra com o verbo “IMPEDIR” O correto, entretanto, é “EMPECILHO”, que é da mesma família de “EMPECER”, que significa  estorvar, embaraçar. 

A ou o herpes?

 Questão de gênero: a herpes ou o herpes? Muitos dizem "a herpes". O correto, porém, é "o herpes". Trata-se, portanto, de palavra do gênero masculino. Por que as pessoas dizem "a herpes"? Talvez contaminadas pela ideia de doença. Pizza de mussarela ou muçarela? O duplo "z" de palavras italianas vira, em português, "ç": carrozza - carroça piazza - praça razza - raça Na Itália, escreve-se "mozzarella", com dois "z". É por isso que os principais dicionários (Aurélio, Michaelis e Houaiss) e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) prescrevem a grafia "muçarela", com "ç". De baixo ou debaixo? Grafa-se “de baixo”, separado, nos seguintes casos: a) quando “baixo” é adjetivo ou faz parte de uma locução adjetiva: “Disse várias palavras de baixo calão”; “Estava sem a roupa de baixo”; b) em correlações com “cima” ou “alto”: “Olhou a moça de baixo a cima”; “Observou o quadro de baixo a alto”; “A cortina rasgou-se de baixo a cima”; c) ou quando pode ser substituído por “de cima”: “Saiu de baixo (de cima) da árvore”.

Nos demais casos, escreve-se “debaixo”, junto: “O menino está debaixo da mesa”; “Vivem debaixo do mesmo teto”; “Debaixo de um sol forte, centenas de pessoas disputaram um espaço na fila”; “Sport joga com o regulamento debaixo do braço”.


Como reforço, perceba que em “de baixo” está presente, normalmente, a ideia de “lugar de onde” (Saiu de baixo da mesa = saiu de onde) enquanto em “debaixo” a ideia é de “lugar onde” (O menino está debaixo da mesa = o menino está onde).


Observe também que “debaixo”, na maioria das vezes, é seguido da preposição “de” (“O menino está debaixo da mesa”; “Vivem debaixo do mesmo teto”; “Timbu com o regulamento debaixo do braço”) e que o mesmo não ocorre com “de baixo” (“Disse várias palavras de baixo calão”; “Olhou a moça de baixo a cima”; “Sai de baixo, que lá vem pedra!”).

Risco de vida e correr atrás do prejuízo

 Qual a expressão certa: risco de morte ou de vida? Com frequência, ouvem-se essas duas perguntas. E a resposta é... as duas! "Risco de morte" (ou "de morrer") é mais recente e, à primeira vista, mais lógica, pois em geral "risco de..." se associa a algo ruim: corre-se risco de morrer afogado, de ser sequestrado, de eleger um demagogo, etc. No entanto, temos de reconhecer que "risco de vida" tem forte e tradicional uso e este uso torna-a legítima. Além disso, há os que veem nesta expressão a ocorrência de uma elipse, ou seja, um trecho dela está subentendido: "risco de [perder a] vida". Ou seja, sem a elipse, a expressão seria "risco de perder a vida" e, desse modo, ela também teria sua lógica. Em resumo, pode-se dizer que hoje essa questão é muito mais um caso de preferência. Use, pois, a expressão que melhor lhe convier. Quanto a “correr atrás do prejuízo”, não há o que se discutir: é uma expressão consagrada e muito lógica. Quando digo que o “A seleção brasileira está perdendo por 1x0 e tem que correr atrás do prejuízo”, o sentido é de “diminuir o prejuízo, acabar com o prejuízo”. Não embarque, portanto, nesta história de que o certo é “correr atrás do lucro, e não do prejuízo”. Isso é bobagem. Na língua portuguesa, não existe a expressão “correr atrás do lucro”. O que há é “correr atrás do prejuízo”, que, como foi mencionado anteriormente, quer dizer “correr atrás para diminuir ou acabar com o prejuízo”.


Recursos e recurso?

 Recurso x recursos

A palavra "recurso" não tem o mesmo significado da palavra "recursos". Ou seja, são duas palavras. "Recurso", sem "s" no fim, significa invocação de ajuda, de socorro, meios para vencer dificuldades: Ele está estudando muito para passar e seu único recurso são os livros. "Recurso", sem "s" no fim, ainda significa "meio para provocar a revisão de uma decisão judicial desfavorável": O advogado entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo. A outra palavra, "recursos", com "s" no fim, significa "aptidões naturais, dons, talentos; meios pecuniários, bens materiais, posses, riquezas, meios de que se pode dispor". Ou seja, quando houver ideia de dons, de dinheiro, de riqueza, de posses, usa-se sempre "recursos", com "s" no fim: Ela é linda e tem maravilhosos recursos estéticos. O bom escritor é possuidor de recursos estilísticos. O Brasil é um país rico em recursos naturais.


Aprenda a não confundir dá, está, lê e vê com dar, estar, ler e ver


Muita gente, quando vai escrever, usa “dá”, “está”, “lê” e “vê” no lugar de “dar”, “estar”, “ler” e “ver”. Essa confusão tem dois motivos: quando pronunciam o infinitivo desses verbos, normalmente as pessoas o fazem sem enfatizar o “r”. O apagamento do “r” na fala é, portanto, o primeiro motivo. O segundo é o fato de esses verbos terem, na terceira pessoa do indicativo, formas oxítonas acentuadas  – dá, está, lê, e vê –, cuja pronúncia muito se assemelha à da fala relaxada em que ocorre o apagamento do “r”. Nos verbos em que a terceira pessoa do presente do indicativo é paroxítona, esse problema não ocorre. Ninguém confunde, por exemplo, “ama” com “amar”, nem “pode” com “poder”. A boa notícia, para os que têm dificuldade de saber quando é dá/dar, está/estar, lê/ler, vê/ver, é que é muito simples desfazer essa dúvida. Basta saber que o infinitivo (dar, estar, ler e ver) pode ser substituído por outro infinitivo; a forma flexionada (dá, está, lê e vê) não pode. Vejamos isso na prática. Surgiu a dúvida: é “Ele pode está ou estar certo”? Vamos tentar a substituição por um infinitivo: “Ele pode andar certo”. A substituição por um infinitivo é possível, logo: “Ele pode estar certo”. Mais um teste: “Governador dá ou dar nova função a secretário”? Neste caso o certo é “dá”, pois a substituição por outro infinitivo é impossível. Não pode ser “Governador oferecer nova função a secretário”. Basta substituir dá por oferece e dar por oferecer, está por permanece e estar por permanecer, lê por entende e ler por entender, vê por observa e vê por observar.


Questão de sentido: anteontem x antes de ontem


Muitos usam "antes de ontem" no lugar de "anteontem". No entanto, essas expressões não têm exatamente o mesmo sentido. "Antes de ontem" é mais genérica. De modo prático: se hoje é quinta-feira e eu digo que um fato ocorreu antes de ontem, esse fato pode ter ocorrido terça-feira, segunda-feira, domingo, sábado, ou seja, qualquer dia antes de ontem. "Anteontem" é específica, refere-se apenas a um determinado dia. Por exemplo: se hoje é quinta e eu digo que um fato ocorreu anteontem, esse fato ocorreu exatamente terça-feira. Em resumo: antes de ontem - qualquer dia antes de ontem. anteontem - o dia anterior a ontem.

Risco ou chance?

Partes do corpo e atributos da pessoa permanecem no singular É pergunta frequente se devemos usar o singular ou o plural para nos referirmos a partes do corpo de pessoas quando nos referimos a duas ou mais delas simultaneamente. Afinal, dizemos que “todos ergueram as cabeças” ou que “todos ergueram a cabeça”? Em português, emprega-se o singular nesse tipo de situação, a menos que se esteja fazendo referência a determinadas partes do corpo, como mãos, olhos, dedos etc., que cada pessoa tem mais de uma. Assim: “Todos ergueram a cabeça” (cada pessoa tem uma cabeça) “levantaram as mãos para o céu” (cada pessoa levantou as suas duas mãos). Para fazer referência a uma só das mãos, vale o singular: “Quando o professor perguntou quem sabia a resposta da questão, todos os alunos levantaram a mão” (ergueram uma só das mãos). O mesmo princípio vale para os atributos da pessoa: “Todos tinham consciência do problema”, “Eles mantinham a mente aberta a novas descobertas” etc. Na língua portuguesa, esses substantivos permanecem no singular. Chance e risco “Fumantes têm mais chance de ter bronquite e câncer no pulmão.” A palavra chance é um empréstimo do francês, sendo um estrangeirismo na língua portuguesa, cujo significado é algo como “possibilidade ou probabilidade de que alguma coisa (sobretudo um acontecimento feliz) se produza, sorte favorável. Como se vê, a palavra é mais bem usada quando seu complemento exprime situações favoráveis: chance de sucesso, chance de conseguir um bom emprego, casar, passar em um concurso, chegar na faculdade, namorar, acertar os números da Mega-Sena, passar no Enem, se recuperar de uma doença... Se a situação for desfavorável é melhor evitar esse termo. É possível, nessas situações, empregar termos como “risco”, “perigo” ou mesmo “possibilidade” e “probabilidade”, estes de teor neutro. Dizemos, então, que alguém corre risco de perder o emprego, ser reprovado no concurso, ficar solteiro, não ganhar na loteria, corre perigo de sofrer um acidente ou tem probabilidade de ter alguma doença ou epidemia.

Obrigada ou obrigado

 Obrigado ou obrigada Segundo a gramática tradicional, a palavra obrigado é um adjetivo que, num contexto de agradecimento, significa que alguém se sente agradecido por alguma coisa, por algum favor que lhe tenha sido feito, sentindo-se obrigado a retribuir esse favor a quem o fez. Por ser adjetivo, deve concordar com o elemento ao qual se refere em gênero e número, podendo ser masculino ou feminino, singular ou plural, dependendo da pessoa que se sentir obrigada a retribuir um determinado favor. Assim:

O homem ao agradecer deve dizer obrigado.

A mulher ao agradecer deve dizer obrigada.

O homem ao agradecer em nome de outras pessoas deve dizer obrigados.

A mulher ao agradecer em nome de outras pessoas, incluindo homens e mulheres, deve dizer obrigados.

A mulher ao agradecer em nome de outras pessoas, incluindo apenas mulheres, deve dizer obrigadas.

Cessão, sessão e seção Cessão significa o ato de ceder, de dar, de transferir um direito ou um bem, sendo sinônima de cedência, entrega e concessão. Pode significar também uma renúncia ou desistência, bem como um empréstimo. Exemplos:

Ele confirmou a cessão de suas roupas para uma igreja.

A cessão das instalações para a formação será confirmada amanhã.

Sessão significa o intervalo de tempo que dura alguma coisa, como um programa, um filme, uma reunião, uma assembleia, uma consulta, um espetáculo, uma apresentação ou qualquer outra atividade. Exemplos:

Vamos assistir à próxima sessão desse filme?

A Câmara dos Deputados convocou uma sessão para amanhã de manhã.

Seção significa uma parte de um todo, ou seja, uma fração, um segmento, uma subdivisão. Pode significar ainda uma repartição de um serviço público ou privado. Exemplos:

Os sabonetes se encontram na seção de limpeza.

A seção do jornal que fala sobre economia não veio.

Assistir televisão ou assistir à televisão?

 Escrito por Joyce | Publicado: Segunda, 28 Julho 2014 14:00 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 1043 1. Gostaria de saber se o verbo assistir, quando se refere à televisão, é transitivo direto ou indireto. Devo dizer: assistir televisão ou assistir à televisão? Esta é uma dúvida que tenho, e até agora não encontrei esse exemplo nas gramáticas que consultei 2. Gostaria de esclarecimento quanto à regência do verbo assistir, em seus dois sentidos, com uso ou não de crase. Respostas No sentido de “ajudar, prestar assistência ou socorro, tratar”, o verbo assistir é transitivo direto, isto é, seu complemento não é precedido por preposição: Assistiu a doente assim como assiste muitas pessoas necessitadas. Recordo-me que o padre assistia o bispo no desempenho de seu cargo. Com o significado de “ver, presenciar, estar presente, observar, acompanhar com atenção”, ele é transitivo indireto, com complemento preposicionado: Vamos assistir aos jogos de tênis. Assistimos a uma conferência de nível internacional. V. Exa. vai assistir à ópera? No entanto, na linguagem coloquial brasileira, ouve-se (e também se lê, até em bons autores) habitualmente o verbo sem a preposição: assistir o filme/ a minissérie/ os jogos. No caso da televisão, valem as duas regências, já consagradas pelo uso (e anotadas por Celso Luft): assistir à TV ou assistir TV: Aqui em casa todos gostam de assistir (à) televisão. Sempre assistimos a (à) TV Futura. Nesta segunda acepção, usa-se a ele/a ela (e não “lhe”, porque o objeto indireto não é pessoa, mas sim coisa) quando o complemento é um pronome pessoal: Não posso dizer como andam as corridas de touros, pois não assisto a elas há muito tempo.

Verbos comunicar e informar

 Questionamentos habituais sobre COMUNICADO e INFORMADO:   “--- Costumo assistir ao Jornal da Record e, no final de uma reportagem sobre o problema do gerundismo, Boris Casoy comentou dois ou três erros que as pessoas costumam fazer, tipo “vai estar recebendo” e “fulano foi comunicado”. Não entendi o que há de errado em foi comunicado, qual o problema em usar essa expressão?”   Boris Casoy falou assim porque na linguagem culta se diz que “um fato é comunicado”, e não “uma pessoa é comunicada”. Já explico:   Tomemos a seguinte frase “errada” como exemplo: “O inquilino foi comunicado pelo síndico que as taxas seriam aumentadas”. Essa é uma construção passiva que teria como correspondente “O síndico comunicou o inquilino...”. Grifei o artigo o para chamar a atenção da ingramaticalidade da oração, que, de acordo com o português padrão, é dita assim: “O síndico comunicou ao inquilino”. A regência normal do verbo comunicar, que todo mundo sabe, é igual à do verbo dizer: NÓS - comunicamos -  alguma coisa -  A ALGUÉM. [voz ativa] Ex.: O repórter comunicou a morte de Getúlio Vargas à nação. O gerente comunicou ao servidor que seu horário fora alterado.   Então, ao passar esse tipo de frase para a voz passiva, ou seja, quando se usa o particípio “comunicado”, o objeto direto [de coisa] vem a ser o sujeito da oração: ALGUMA COISA  -  é comunicada  -  A ALGUÉM.  [voz passiva] E não o contrário, não a pessoa como sujeito: “alguém é comunicado de algo”, como já é hábito falar (esta construção já está tão arraigada que pouquíssimas pessoas se dão conta da sua ingramaticalidade). De qualquer modo, a construção passiva recomendada com o verbo comunicar é a seguinte: Ex: O resultado das eleições será comunicado em rede nacional. O aumento das tarifas foi comunicado aos inquilinos.   Qual a alternativa para quem quer ser “gramaticalmente correto” mas ao mesmo tempo não deseja usar esse último tipo de frase? É se valer do verbo informar, que é como Bombril, tem 1001 utilidades e admite tanto pessoa/instituição quanto coisa/fato como sujeito passivo. Assim, em vez de “Fulano foi comunicado”, podemos dizer: Ex: Josué foi informado de sua demissão. O inquilino será informado de que as tarifas devem aumentar. O povo brasileiro foi informado da morte de Vargas pelo Repórter Esso.

Crase e nomes próprios de mulheres

 O acento indicativo de crase antes de nomes próprios de mulheres é tido como facultativo, pois se escreve “à” diante de alguns nomes femininos, mas não diante de outros. O que demarca nossa opção é a possibilidade de esse nome, principalmente o de batismo, ser anteposto por um artigo definido, o que lhe dá um tom de afetividade ou de familiaridade, indicando a pessoa como conhecida ou “de casa”. No Brasil, além disso, esse uso tem caráter regionalista - em algumas regiões, como Sul e Sudeste, é habitual: o Marcos, a Lea, a Joana. Isso quer dizer que, se você costuma empregar o artigo definido diante de um nome de mulher, pode usar o “a craseado” quando a situação pedir (ou seja, quando a expressão ou verbo diante do nome exigir a preposição a).   Assim, no caso de mulheres a quem se chama pelo nome de batismo, vale o uso regional. Se você diz: “Gosto de Beatriz. Penso em Rita”, não usará crase: Contei a Beatriz o que relatei a Rita. Mas se você diz: “Gosto da Beatriz. Penso na Rita”, escreverá: Contei à Beatriz o que relatei à Rita.   Já quando se faz referência a nome e sobrenome, tão somente a familiaridade é que vai determinar o uso do acento indicativo de crase:   1) a crase não ocorrerá se o nome da pessoa for mencionado formalmente, envolto em distinção, ou se tratar de personalidade pública, pois nessas circunstâncias o nome da pessoa, seja homem ou mulher, nunca é precedido de artigo definido:   Referiu-se a Rachel de Queiroz.  [cp. Gosta de Rachel de Queiroz]   Fizemos uma homenagem a Euclides da Cunha. [nunca “ao Euclides da Cunha”, pois gostamos de Euclides da Cunha]   2) a crase ocorrerá se, apesar do nome completo, a pessoa for referida com amizade, numa atmosfera afetiva. É muito comum este tipo de uso nos agradecimentos que se fazem em livros, teses e dissertações, situação que por sua formalidade e tipo de divulgação comporta o nome completo das pessoas homenageadas, embora possam ser da intimidade do autor. É importante que se mantenha a coerência: se o nome do homem é articulado [o, ao], também o da mulher deverá ser precedido de artigo [a, à]. Vejamos um exemplo real:   Desejo externar os meus agradecimentos ao Dr. Alceu Lima, por sua contribuição nesta pesquisa; ao Prof. Nilo Lima, pela dedicada orientação; à Profa. Maria Lima e Silva, por sua amizade; ao Renato Cruz e Sousa, pelo companheirismo; à Rejane Silva e Silva, pela revisão. 

Numerais e crase

 Embora o fenômeno da crase tenha a ver basicamente com a classe dos substantivos, muitas pessoas perguntam se ocorre crase diante dos numerais cardinais. Respondo que normalmente não, porque eles são usados sem artigo definido e não têm gênero (exceto um, dois e ambos e os terminados em - entos : uma, duas, ambas, duzentas, trezentas etc.). Observe:   Contemos de 1 a 20: um, dois, três, quatro... Li 10 páginas apenas. Há 100 cavalos em exposição. Compramos cinco mesas e 30 cadeiras.   Outras vezes se poderá encontrar na frente do numeral um a , que não será acentuado por se tratar de mera preposição: Lombada a 100 metros. Posto de emergência a três quadras daqui. Dirigiu-se a duas crianças. Chegou-se a 12 propostas.   Vale lembrar que à/às só tem cabimento diante de substantivos femininos que admitem a anteposição do artigo definido. No entanto, poderemos visualizar uma crase – correta – antes do numeral em duas circunstâncias:   1) quando houver, subentendido diante do numeral, um substantivo feminino definido, que não se repete por questão de estilo: Li da página 1 à 10. [da página 1 à página 10] Caminhou da rua Augusta à 7 de Setembro. [da rua Augusta à rua 7]     2) quando houver explicitamente junto ao numeral um substantivo feminino determinado (do qual o numeral é apenas um dos determinativos): Dirigiu-se às duas crianças abandonadas . Servem café da manhã grátis às dez primeiras pessoas que aparecem no hotel. Chegou-se, dessa forma, às 12 propostas descritas no memorial.   Como se vê, a crase aí está relacionada não ao numeral mas ao substantivo determinado: as crianças abandonadas, as primeiras pessoas que aparecem, as propostas descritas . Mudando-se esse substantivo para um equivalente masculino, temos aos em vez de às : Dirigiu-se aos dois meninos abandonados. Servem café da manhã grátis aos dez primeiros indivíduos que aparecem. Chegou-se, dessa forma, aos 12 projetos descritos no memorial. 

Do ou de o?

 Escrito por Joyce | Publicado: Segunda, 18 Mai 2015 10:51 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 1055 Outra dúvida e que está caindo direto em concursos é quanto à contração da preposição com o artigo antes de um substantivo: Corrente de peso tem defendido a possibilidade de a União conceder isenções de quaisquer tributos no âmbito do Direito Internacional.   Há um erro que volta e meia encontro em jornais e revistas: Apesar dos políticos serem corruptos, o Brasil progride. Como “os políticos” é o sujeito do verbo ser, não pode contrair-se com a preposição “de”. E a frase correta é: Apesar de os políticos serem corruptos...   O Acordo Ortográfico que entrou em vigor no mês de janeiro/2009 reforça o uso gramatical: “Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou pronominais o, a, os, as , ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato de o conhecer.   O bom redator deve conhecer a matéria e ter critério no seu uso. Convém perceber que a maior parte dessas construções acontece com as expressões o/pelo fato de, apesar de, antes ou depois de, a possibilidade ou o direito de . A confirmar:   A participação dos alunos é obrigatória, apesar de eles poderem escolher a atividade.   Apesar de a Sars se mostrar altamente contagiosa, não se sabe ainda a velocidade de expansão da epidemia.   Outro ponto delicado é o fato de a droga ser injetável, gerando discussão sobre o manuseio e descarte das seringas infectadas.   Há rumores sobre a possibilidade de o grupo negociar sua rendição.   Mágoas, ele tem algumas, especialmente depois de a Justiça não ter levado em conta sua vida antes do crime. Por questão de eufonia, alguns gramáticos admitem essa contração, exceto se o sujeito for o pronome eu, quando não se faz a contração.

Meia, meio e uso do hífen

 icado: Quarta, 21 Outubro 2015 14:00 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 812 Algumas perguntas que me foram recentemente:

Gostaria de saber em que casos utilizo o meia e em que casos utilizo o meio?

Meio numeral A palavra meio (= metade) varia no feminino e plural quando precede um substantivo: Cem mil toneladas de carne representam o consumo nacional de meio mês . Ganhou meia gleba de terra. Por favor, deixe de meias palavras . Em tais casos, faz-se a concordância em gênero e número mesmo que o substantivo esteja subentendido, como se verifica em “meia hora”: À meia-noite e meia (hora) apagavam-se as luzes do povoado. O almoço deve ser servido ao meio-dia e meia . Meio advérbio Com o significado de "mais ou menos", acompanha um adjetivo e fica invariável: As portas ficaram meio abertas. Ela está meio tonta . São meio tolos .  

Quando uso hífen nas expressões que têm MEIO?

Meio em substantivo composto A formação composta leva hífen; e sendo um adjetivo, meio flexiona conforme o substantivo: A maior parte da sua pintura é feita em meios-tons. Outros exemplos: à meia-luz , de meia-tigela , roupa de meia-estação , é um meio-termo , pessoa de meia-idade , nesse meio-tempo,  os meios-fios , são meios-irmãos. Só se configura um substantivo composto quando os dois elementos realmente formam um conjunto indissociável, o que não me parece ser o caso de “meia entrada”, que no entanto se encontra hifenizada no VOLP 2009 [comprar/pagar meia-entrada]. Já em “meio período” não se constata o hífen – aqui “meio” é um adjetivo usado no seu sentido literal [a metade] e independente: Só tenho disponibilidade para trabalhar meio período, e não o período integral. 

Independentemente ou independente?

 É comum ouvir frases do tipo: Independente de qualquer coisa eu confio em você. Independente é um adjetivo relacionado com o pronome eu. Sendo assim, a pessoa parece dizer: eu, que sou independente de tudo, confio em você. Melhor é utilizar o advérbio independentemente, relacionando-o com confiança, com o verbo confiar. Independentemente de qualquer coisa, confio em você. MATARAM O PRESENTE DO SUBJUNTIVO Você quer que eu vou ao banco? Você quer que eu tiro xerox?, perguntou o rapaz ao seu chefe. Não é difícil ouvir pessoas que, com a maior naturalidade, matam o presente do subjuntivo. Confundem o presente do indicativo com o presente que expressa uma hipótese, uma possibilidade. Você quer que eu vá ao banco? Você quer que eu tire xerox? É o correto. A GRATIDÃO FEMININA Há mulheres que dizem, depois de receberem um favor, muito obrigado, assim, no masculino. Estranho, porque a concordância é necessária. Eu me sinto grata, estou muito agradecida seriam outras formas de uma mulher manifestar sua gratidão. Gratidão também tem gênero. As mulheres devem dizer muito obrigada, do mesmo modo que dizem muito arrependida ou muito irritada. FATO CONSUMADO Em cardápios ou convites é comum ler a expressão consumação mínima. A ideia é que a pessoa tem de consumir um valor mínimo em bebidas e petiscos. Mas o substantivo que corresponde ao verbo consumir é consumo. Consumação, por sua vez, corresponde ao verbo consumar, que significa chegar ao fim, como Jesus, antes de morrer na cruz, disse: Tudo está consumado. Embora a inadequação esteja muito arraigada, o certo mesmo, no caso de restaurantes e bares, é falar em consumo mínimo. COLISÕES VERBAIS Às vezes falamos o contrário do que pensamos. É comum ouvir pessoas usarem a expressão de encontro a no lugar da ao encontro de. Quando afirmo que sua ideia vem de encontro à minha, quero dizer que nossas ideias se opõem. Quando afirmo que sua ideia vem ao encontro da minha, quero dizer que nossas ideias coincidem. Nada de confusões. Ir ao encontro de é unir-se. Ir de encontro a é entrar em conflito.

É preciso / é necessário / é bom / é proibido - concordância

 Os adjetivos bom, necessário, preciso e proibido, entre outros, em função predicativa e antepostos ao sujeito, ficam invariáveis (ou seja, no masculino singular) quando o sujeito da oração constitui-se de substantivo usado de forma indeterminada, de modo vago ou geral, portanto sem artigo definido, mesmo se referindo a palavras femininas. Temos abaixo alguns exemplos: 1) Água pura é bom para tudo. 2) Cerveja é gostoso no verão. 3) É necessário muita fé, antes de mais nada. 4) É proibido entrada de pessoas estranhas. 5) É preciso qualidades de modelo para ser elegante? 6) É preciso consciência.   Desde que haja a determinação (com o artigo definido ou pronome), a concordância é exigida, dizem os manuais de gramática.   1) A água que bebemos é boa. 2) É gostosa essa cerveja. 3) É necessária toda a fé possível para se chegar ao céu. 4) É proibida a entrada de pessoas estranhas. 5) São precisas as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais. 6) É precisa a consciência de uma criança para ser feliz.   Até o número 4 temos frases usuais, de uso corrente. Mas as construções 5 e 6 soam completamente artificiais, porém corretas. O que se pode concluir, então, é que no português brasileiro não se costuma flexionar o adjetivo “preciso” quando anteposto ao sujeito. Nós até flexionamos seu similar “necessário”, mas não o adjetivo “preciso”, que sempre tem uma implicação de neutralidade. Comprove-se o fato:   É preciso as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais. É preciso a consciência de uma criança para ser feliz.   Ou se usa o adjetivo assim no neutro, ou se faz a substituição:   São necessárias as seguintes qualidades para figurar na lista das 10 mais. É necessária a consciência de uma criança para ser feliz. 

Desapercebido ou despercebido?

 DESPERCEBIDO OU DESAPERCEBIDO   É fácil confundir. Uma pessoa que passou despercebida numa festa não foi notada, vista ou sentida, ninguém a viu entrar ou sair. Uma pessoa desapercebida é aquela que está desprevenida ou despreparada. Os desapercebidos, por exemplo, não conseguem perceber a diferença agora explicada. Entendeu?   QUEM SE DESTACA NÃO SE SOBRESSAI   O verbo sobressair não é pronominal, apesar de um dicionário registrá-lo assim. O equivalente a: ele se destacou no concurso ou ela se destaca por suas boas notas, e, por incrível que pareça, ele sobressaiu no concurso, ela sobressai por suas boas notas.   QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?   É comum confundirmos o mau com o mal. É tudo ruim, mas em categorias diferentes. O mau é adjetivo, e se opõe a bom: homem mau, lobo mau, mau cheiro, mau uso, mau humor, mau contato. O mal pode ser um substantivo: ele tem mal de Alzheimer, ou um advérbio: essa carta está mal escrita; tudo aqui vai de mal a pior. Tudo bem?   TANTO FAZ   O certo é estar em pé ou estar de pé? O certo é acostumado com o barulho ou acostumado ao barulho? Tanto faz. O certo é não me compare a você ou não me compare com você? Tanto faz. Sim, é isso mesmo, nesses casos, tanto faz.   LIMPO OU LIMPADO?   A regra é clara. Usa-se limpo com os verbos ser e estar: estava limpo, será limpo. Usa-se limpado com os verbos ter e haver: havia limpado, terei limpado.   CONTAGIANTE OU CONTAGIOSO?   Contagiante é não é exatamente a mesma coisa que contagioso. Um entusiasmo contagiante é aquele que se transmite a todos. Uma doença contagiosa é aquela que muitos podem pegar. Em ambos os casos, trata-se de algo que se espalha com facilidade. Contudo, convencionou-se assim: contagiante para as coisas boas e contagioso para as coisas ruins.  

Números em eventos e nomes de meses

 É correto usar os números 1º, 2º, 3º ou 1ª, 2ª, 3ª... para feiras, exposições, congressos, etc.? Ex: 1ª Feira Cultural. Muitos usam em algarismo romano.


Existem as duas possibilidades. Só que nos algarismos romanos não se usa a letrinha elevada indicadora de ordinal:


1ª Feira Cultural do Nordeste XI Congresso de Estatística


Como ficaria a flexão do artigo com o uso dos numerais ordinais? Abertura do XX (vigésimo) Jogos Escolares ou dos XX (vigésimos) Jogos Escolares?


 Deve-se fazer a concordância dos numerais ordinais com o substantivo, seja o numeral escrito com algarismos arábicos (com ª ou º elevados) ou romanos (sem essa indicação); o artigo também acompanha o substantivo – portanto, vai para o plural a partir do número dois:


Convidamos para os 10os Jogos Abertos de Santa Catarina


Abertura dos 20os Jogos Escolares


Encerramento dos XX Jogos Estudantis


O fato de o número romano não trazer graficamente o s de plural não quer dizer que ele seja dito ou falado como se fosse singular. A leitura é a mesma do arábico: os X Jogos = os décimos Jogos; as V Olimpíadas = as quintas Olimpíadas.


--- Gostaria de saber sobre o uso correto da grafia dos meses do ano. Devemos utilizá-los com as iniciais maiúsculas ou não? E suas abreviações?


Em português brasileiro se convencionou, diferentemente do inglês e mesmo do português de Portugal, que a inicial é minúscula: “Estamos em janeiro. Mais inflação nos meses de fevereiro e março. Curitiba, 3 de maio de 2004. Sempre dessa forma.


As abreviaturas dos meses são feitas com três letras (maio, por ter apenas 4 letras, não precisa ser abreviado) e pode-se usar o ponto abreviativo ou não:


janeiro – jan. ou jan


fevereiro – fev. ou fev


maio – mai. ou mai (ou maio mesmo)


junho – jun. ou jun


julho – jul. ou jul


dezembro – dez. ou dez

Na medida em que ou à medida que

 MEDIDAS URGENTES Na medida em que e à medida que são usadas em momentos diferentes. Na medida em que vocês concordam, nós também concordamos (a locução exprime relação de causa). A expressão  pode ser substituída por: porque, visto que, já que, porquanto, uma vez que etc. À medida que vocês iam chegando, nós ficávamos mais confiantes (a locução exprime desenvolvimento gradual). A expressão pode  ser  substituída por: à proporção  que, ao passo que, enquanto. TUDO EM FAMÍLIA Quantos irmãos você tem?. E ele respondeu:  Lá em casa somos em dois filhos. E o meu ouvido doeu, pois o certo é: lá em casa somos dois. Nós somos três no mesmo quarto, nós seremos quatro dentro de casa, eles eram cinco no elevador. O verbo ser não precisa da preposição em para dizer quantos somos, Éramos ou seremos. Basta, aqui, lembrar o título de um famoso romance brasileiro que foi adaptado para uma novela na TV: Éramos Seis. A MATANÇA GRAMATICAL Tudo é matança, mas há algumas diferenças: o filho que mata o pai comete um parricídio. O filho que mata a mãe comete um matricídio. Os pais que matam o filho cometem um filicídio. A mulher que mata o marido comete um mariticídio. E o marido que mata a esposa comete (que horrível) um uxoricídio. ASSIM EU VOU MORRER DO CORAÇÃO! Doutor, o certo é infarto, enfarto, enfarte ou infarte? Meu caro paciente, as quatro formas são igualmente certas para designar a suspensão do fluxo sanguíneo em alguma região do corpo, causada pela oclusão de uma artéria. UM PLURAL DE FAZER GOSTO As palavras terminadas em il podem ter dois tipos de plural. Se oxítonas, o plural se faz com o acréscimo do s: sutil, barril, funil e canil ficam sutis, barris, funis, canis. Se paroxítonas, o plural se faz com a substituição de il por eis: fóssil, útil, míssil e réptil ficam fósseis, úteis, mísseis e répteis. 

Computar e explodir são defectivos?

 Em vista de duas consultas específicas feitas esta semana, comentarei hoje sobre os verbos defectivos ou defeituosos, aqueles que apresentam lacunas em algumas pessoas verbais.


EXPLODIR não é verbo defectivo em si. Ele é conjugado conforme o verbo dormir, segundo dicionários especializados; portanto, pode-se dizer “ele explode, eu expludo; ele que expluda o balão”. O dicionário Houaiss registra as conjugações brasileiras explodo, exploda, observando que também existem expludo e expluda. Se as formas 'eu explodo' e 'que ela exploda' são inaceitáveis, podemos substituí-las pelas correspondentes de estourar. 


COMPUTAR não é tampouco verbo defectivo. Existem e são usadas formas como “eu computo, ele computa os dados diariamente; computa isso para mim?” Não falar “computa” seria talvez uma opção pessoal por causa da sonoridade indigesta ou erótica para alguns. O dicionário Aurélio não traz o presente “computo, computas, computa”, como faz o Houaiss, que registra todas as formas. Se a forma 'ele computa' é inaceitável, podemos substituir por um sinônimo: ele calcula ou ele programa computadores.


De qualquer modo, um alerta: quem está se submetendo a um concurso público, vestibular, Enem, prova de faculdade ou escola deve evitá-las, pois nunca se sabe o grau de tolerância da comissão que vai corrigir as provas, a qual pode aceitar ou rejeitar o Houaiss, dicionário que se propôs a registrar um uso efetivo, encontrado mesmo entre falantes cultos, assim considerados, na ciência linguística, os brasileiros da zona urbana que têm curso superior completo. Aliás, formas em discussão jamais deveriam ser objeto de provas de língua portuguesa.

Grafia correta de siglas

 Escrito por Joyce | Publicado: Segunda, 13 Junho 2016 13:04 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 1226 Sigla é o nome dado ao conjunto de letras iniciais dos vocábulos (normalmente os principais) que compõem o nome de uma organização, uma instituição, um programa, um tratado, entre outros. Na utilização de siglas, observam-se os seguintes critérios: a) Deve-se citar apenas siglas já existentes ou consagradas; a sigla e o nome que a originou são escritos de maneira precisa e completa, de acordo com a convenção ou designação oficial.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT (e não EBCT) b) Quando mencionadas pela primeira vez no texto, deve-se escrever primeiramente a forma por extenso, seguida da sigla entre parênteses, ou separada por hífen.: A Universidade Federal do Paraná (UFPR) é a universidade mais antiga do Brasil. A Universidade Federal do Paraná – UFPR é a universidade mais antiga do Brasil. c) Não são colocados pontos intermediários e ponto final nas siglas.: Associação Paranaense de Reabilitação – APR (e não A.P.R.) d) Siglas com até três letras são escritas com todas as letras maiúsculas. Ex.: ONU – Organização das Nações Unidas IML – Instituto Médico Legal e) Siglas com quatro letras ou mais devem ser escritas com todas as letras maiúsculas quando cada uma de suas letras ou parte delas é pronunciada separadamente, ou somente com a inicial maiúscula, quando formam uma palavra pronunciável. Ex.: BNDE – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Masp – Museu de Arte de São Paulo (Masp é palavra pronunciável) Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (idem) f) Deve-se manter com maiúsculas e minúsculas as siglas que originalmente foram criadas com essa estrutura para se diferenciarem de outras, independentemente de seu tamanho. Ex.: CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa (para diferenciá-lo de CNP – Conselho Nacional do Petróleo). g) No caso de siglas de origem estrangeira, deve-se adotar a sigla e seu nome em português quando houver forma traduzida, ou adotar a forma original da sigla estrangeira quando essa não tiver correspondente em português, mesmo que o seu nome por extenso em português não corresponda perfeitamente à sigla. Ex.: ONU – Organização das Nações Unidas FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. h) Deve-se adicionar a letra "s" (sempre minúscula) para indicar o plural das siglas somente quando a concordância gramatical assim o exigir. Ex.: O trabalho das ONGs vem repercutindo cada vez mais na sociedade. Não se usa o apóstrofo, porque este só indica supressão de letras.

Nenhum e nem um

Esta semana fizeram a seguinte pergunta: Há diferença entre "nenhum" e "nem um" Vejamos: "Se os dois países se unissem, nem um dos dois resistiria à pressão conjunta." "Nenhum" e "nem um", embora sejam formas parecidas, empregam-se em diferentes situações. Cumpre lembrar, em primeiro lugar, que "nenhum" é um pronome indefinido e, nessa condição, opõe-se a "algum". Na sequência "nem um", "um" não é um pronome indefinido, mas um numeral (opõe-se, portanto, a "dois", "três" etc.). Talvez a melhor forma de perceber a distinção na prática seja criar pares opositivos. Assim: "Não havia nenhum documento na gaveta" ou "Havia algum documento na gaveta"; "Nenhum de nós conseguiria fazer aquilo" ou "Algum de nós conseguiria fazer aquilo"; "Esta moeda não tem nenhum valor" ou "esta moeda não tem valor algum". A construção "nem um" equivale a "nem mesmo um" ou a "nem sequer um" e refere-se necessariamente a grandezas contáveis. Assim: "Não tinha nem [sequer] uma hora do dia para dedicar aos filhos", "Não lhe deram nem [sequer] um centavo a mais". No caso, seria adequado o uso do pronome indefinido, que indica que nenhum (totalidade exclusiva) dos países em questão resistiria à pressão ou, dito de outra forma, nem um nem outro resistiriam à pressão conjunta. 

Uso correto do verbo confidenciar.

O verbo confidenciar significa dizer em segredo, em confiança, na intimidade, e está sendo muito usado erradamente no lugar de revelar ou informar. Veja como empregá-lo corretamente: O diretor da organização confidenciou a amigos que não vai tomar a iniciativa de deixar o cargo./ O deputado confidenciou à família que não será candidato à reeleição. Ou seja, disseram em segredo, em confiança , na intimidade. Nos casos seguintes, no entanto, CONFIDENCIAR não tem sentido: "Realmente,  a negociação está adiantada". confidenciou (disse, garantiu, informou, adiantou) o diretor do time no vestiário./ A atriz confidenciou  (revelou) à revista Notícias que está esperando um filho./ O líder confidenciou (comunicou, revelou, informou) aos 400 convencionais qual a posição do partido na questão.   Conquistar o seu espaço: lugar-comum. Evite. Consenso geral: Redundância. Não existe consenso individual ou particular.

Concordância com os pronomes que e quem

 --- Como é correto dizer: Fui eu que fiz o jantar ou Fui eu quem fez o jantar? --- Gostaria de esclarecer uma dúvida quanto ao emprego do "que" e do "quem" em concordância com os verbos ser e fazer. Exemplo: Foi ela que fez ou Foi ela quem fez. Fui eu quem fiz ou Fui eu quem fez. Foi eu que fiz ou Foi eu quem fiz. Há duas boas maneiras de construir esse tipo de frase:

Usa-se QUE e o verbo concorda com o sujeito antecedente:

Fui eu que fiz e paguei a aposta. Foi ela que me acusou. Foi José que se matriculou, e não seu irmão. Foi você que prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal? Fomos nós que aguentamos a onda.  

Usa-se QUEM e o verbo fica na terceira pessoa do singular, apesar de haver gramáticos que admitirem a concordância com o antecedente, por razões de ênfase:

Fui eu quem fez e pagou a aposta. Foi ela quem me acusou. Foi José quem se matriculou, e não seu irmão. Foi você quem prometeu e não cumpriu. Ou foi o governo federal? Fomos nós quem aguentou a onda. Foram eles quem atrasou a obra. Foram apenas as meninas quem se machucou.   Considero as primeiras frases melhores, mais agradáveis ao ouvido. Talvez por isso sejam mais comuns do que as segundas, principalmente quando o sujeito está no plural. Isto é, “foram elas que se machucaram” soa melhor do que “foram elas quem se machucou”.   Existem alguns livros dedicados a ensinar português que afirmam ser correta também uma terceira forma, qual seja, a frase com “quem” e o verbo concordando com o sujeito antecedente, por exemplo: “Fui eu quem fiz, fomos nós quem fizemos”. Discordo. E acredito que deva ter havido algum lapso por aí, pois nunca ouvi brasileiros falarem assim.   Nesse ponto, prefiro ficar com Napoleão Mendes de Almeida, que diz textualmente: “Quando tem por antecedente um pronome pessoal reto, o ‘que’ pode vir substituído por ‘quem’, o que nos obriga [grifo meu] a levar o verbo para a terceira pessoa do singular: Somos nós quem paga – Sou eu quem vai – Fui eu quem abriu esta polêmica – Eu e V. Exa. somosquem vende – És tu quem favorece a minha resolução” (Dicionário de Questões Vernáculas, 1981, p. 256).   Por fim, é bom observar que em qualquer dos casos o verbo ser que inicia a oração faz a concordância com o sujeito a quem ele se refere. É por isso que às vezes se usa FUI [concorda com eu] e às vezes FOI [concorda com ele/ela/você], assim como se usa FOMOS e FORAM respectivamente para a primeira e a terceira pessoa do plural.   Naturalmente, o mesmo tipo de frase pode ser empregado no tempo presente ou no futuro, como vemos abaixo:   Hoje sou eu que pago. Hoje sou eu quem paga. É ela que sempre me aborrece. É José quem se diz bem-sucedido, e não o irmão. Somos nós quem aguenta a onda. Somos nós dois que temos de resolver o impasse.  A terceira concordância, que muitos defendem como correta, é absurda no meu ponto de vista, por que, se invertermos a frase, teremos: Quem fez o trabalho fui eu, e não 'Quem fiz o trabalho fui eu', Quem paga a conta somos nós, e não 'Quem pagamos a conta somos nós'.

Ambiguidade e clareza textual

 A ambiguidade interfere na clareza textual, por isso deve ser evitada. Redigir um texto não parece tarefa descomplicada para uma boa parte dos usuários da língua, dadas as habilidades que a modalidade escrita da linguagem requer e que muitas vezes não se encontram assim tão aprimoradas. Outro aspecto, que também deve ser levado em conta, diz respeito ao fato de que toda comunicação estabelece uma finalidade, uma intenção para com o interlocutor, e assim, para que isso ocorra, a mensagem tem de estar clara, precisa e coerente.   Diante dessa realidade inquestionável, propusemo-nos a levar até você algumas considerações acerca de um fator que, quando materializado, acaba se tornando um desvio, consequentemente interferindo de forma negativa na precisão desse discurso, qualidade essa tão importante quanto necessária. Tal falha, digamos assim, diz respeito à ambiguidade, que, como todos nós sabemos, resulta na má interpretação da mensagem, ocasionando múltiplos sentidos.  Dessa forma, pautemo-nos em observar acerca de alguns exemplos: * Uso indevido de pronomes possessivos. A mãe de Pedro entrou com seu carro na garagem. De quem era o carro, de Pedro, da mãe ou da pessoa com quem se fala? A mãe de Pedro entrou na garagem com o carro dele (ou dela, de você, do senhor ou da senhora). * Colocação inadequada das palavras: Os alunos insatisfeitos reclamaram da nota no trabalho. Os alunos ficaram insatisfeitos naquele momento ou eram insatisfeitos sempre? Insatisfeitos, os alunos reclamaram da nota no trabalho. *Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante: O aluno disse ao professor que era carioca. Quem era carioca, o professor ou o aluno? O aluno disse que era carioca, ao professor. (vírgula opcional) *Uso indevido de formas nominais A mãe pegou o filho correndo na rua. Quem corria? A mãe ou o filho? A mãe pegou o filho que corria na rua.

Hífen e a preposição / Adjetivo em vez de substantivo

 Escrito por Joyce | Publicado: Segunda, 01 Agosto 2016 12:16 | Última Atualização: Quarta, 04 Outubro 2017 18:44 | Acessos: 1161 Pode parecer paranoia ortográfica, mas é impossível não notar a falta de atenção do governo às leis ortográficas oficiais no momento em que lançou o Bolsa-Família, “a evolução dos programas de complementação de renda no Brasil”. Só que na sua grafia houve uma pequena involução quando a hifenização foi esquecida. Nas duas páginas de propaganda veiculadas em algumas revistas  encontravam-se seis substantivos compostos sem o hífen: *Auxílio Gás, *Vale Gás, *Bolsa Escola, *Bolsa Alimentação, *Cartão Alimentação e * Bolsa Família.   Pôde-se observar que, mesmo assim, muitos órgãos de imprensa levaram em conta as convenções ortográficas, escrevendo:   Auxílio-Gás Vale-Gás Bolsa-Escola Bolsa-Alimentação Cartão-Alimentação Bolsa-Família   Convém, neste caso, rever a regra que nos leva ao uso do hífen nesse tipo de palavra composta. Sabemos, mesmo que intuitivamente, que em português os substantivos, como regra, não são usados lado a lado sem alguma forma de conexão. Não se diz “Aquela bolsa couro é bonita”, mas “Aquela bolsa de couro é bonita”.   Então: os substantivos se associam ou por meio de preposição ou de hífen. Bolsa é substantivo, Família também. Como não se fala em Bolsa da Família, Bolsa para Família, deve-se empregar o hífen no lugar da preposição: Bolsa-Família. Esse raciocínio pode ser estendido a vários outros casos de uso frequente hoje em dia:   vale para gás    =    vale-gás vale para transporte    =    vale-transporte auxílio para maternidade    =    auxílio-maternidade auxílio para funeral    =    auxílio-funeral auxílio para refeição    =    auxílio-refeição auxílio pelo desemprego    =    auxílio-desemprego auxílio por doença    =    auxílio-doença licença por/como prêmio    =    licença-prêmio licença pela paternidade    =    licença-paternidade cartão para alimentação    =    cartão-alimentação tíquete para alimentação   =    tíquete-alimentação bolsa para alimentação    =    bolsa-alimentação bolsa para escola    =    bolsa-escola seguro por desemprego    =    seguro-desemprego salário por/para a família    =    salário-família salário por hora    =    salário-hora custo por hora    =    custo-hora hora de aula    =    hora-aula.   Entretanto, por que hora extra não leva hífen? Porque extra, que, em condições normais de temperatura e pressão, é um prefixo, neste caso, é um adjetivo, redução de extraordinário, e não substantivo como hora. No plural:horas extras.   São raros os casos de dois substantivos intimamente associados sem a intervenção do hífen, o que constitui uma exceção à regra. Isso só acontece quando o segundo substantivo faz as vezes de adjetivo. Por exemplo: efeito cascata = efeito cascateante; carro esporte = carro esportivo (não se trata de carro e esporte ao mesmo tempo, nem de carro para esporte).  

Verbos com duplo particípio

 Ao dar resposta a essa dúvida que me chegou via e-mail, aproveito para abordar a utilização dos particípios passados de verbos que possuem duas formas. O verbo matar possui dois particípios passados, um regular (matado) e um irregular (morto). Resta saber quando se deve usar um ou outro Pois bem, a forma regular usa-se com os verbos TER e HAVER  (ter matado, haver matado) e a forma irregular, aplica-se com os verbos SER e ESTAR (ser morto; estar morto). Esta regra aplica-se aos outros verbos com dois particípios.

Na verdade, originalmente morto é o particípio de morrer, mas se estendeu também ao verbo matar.

Incidente e acidente / Tachar e taxar / Requisito e quesito

 Os dois substantivos têm o significado de acontecimento, ocorrência ou evento de caráter casual, inesperado. A palavra acidente tem outros significados, mas no seu sentido abstrato de processo ela traz a ideia negativa de sofrimento, dano, lesão:   O ônibus escolar sofreu um acidente a caminho do colégio, por isso deixou de apanhar as crianças.   Já a palavra incidente está relacionada a uma ocorrência de que não resulta ferimento, dano, estrago ou outros fatos graves. Ou seja, quando a circunstância é apenas imprevista mas não apresenta consequência de gravidade, deixa de ser acidente para ser incidente, passando pois a significar “circunstância acidental, episódio, questão acessória”:   O ônibus escolar esqueceu de apanhar uma criança no colégio, mas a diretora achou que o incidente não merecia sua interferência.   Quesito, requisito   Quesito = ponto, questão, pergunta a ser respondida, item. Requisito = exigência, condição necessária, formalidade a ser atendida.   Os quesitos mais difíceis da prova foram elaborados por renomado professor francês. Informação correta é requisito para se ter opinião.   Houve um tempo em que quesito valia por requisito no sentido de “condição”. Por exemplo, “preencher certos requisitos para obter emprego” podia também ser dito “preencher certos quesitos”, mas atualmente se faz a distinção entre os dois termos como acima explanado.   Tachar, taxar   Tachar deriva de tacha, substantivo que vem do francês tache e significa mancha, nódoa ou, figurativamente, defeito moral (mancha espiritual). Daí que o verbo tachar tem o sentido de “pôr mancha ou defeito em; censurar, acusar de”. É um verbo que só se emprega em sentido negativo, para indicar as más qualidades de alguém ou de alguma coisa:   O deputado criticou também a oposição, tachando-a de indecisa quanto à emenda proposta pelo presidente da República.   O verbo taxar significa “cobrar tributos, fixar o preço, lançar um imposto sobre; impor limites, fixar uma quantia”. Está ligado a taxa (imposto, tributo).   O governo não pretende taxar o preço do álcool combustível. A movimentação financeira será taxada novamente, dizem. No sentido de qualificar, pode ser empregado tanto em sentido negativo quanto em sentido positivo.

6 palavras que muitos pronunciam errado

 Existem termos com os quais até mesmo os falantes cultos nativos de língua portuguesa se confundem e cometem deslizes ao se expressarem. Confira as cinco palavras a seguir e veja se você sabe pronunciá-las corretamente:


1. INEXORÁVEL (implacável, inflexível, austero, rígido)  Pronúncia frequente: “ineczorável”  Pronúncia correta: “inezorável”


2. RUBRICA (assinatura abreviada de alguém)  Pronúncia frequente: “rúbrica”  Pronúncia correta: “rubríca”


3. RUIM (algo que não faz bem, nocivo) Pronúncia frequente: “rúim”  Pronúncia correta: “ruím”


4. SINTAXE (estudo da estrutura gramatical das frases) Pronúncia frequente: “sintácse” Pronúncia correta: “sintásse”  

O dicionário Aurélio registra ambas as pronúncias.


5. SUBSÍDIO (apoio, recurso financeiro, quantia de dinheiro, vencimento)  Pronúncia frequente: “subzídio” Pronúncia correta: “subcídio”


6. NOBEL (prêmio) Pronúncia frequente: “nóbel”  Pronúncia correta: “nobél”

Dúvidas frequentes de português

 À medida X Na medida "À medida que" significa "à proporção que", "ao passo que", "conforme". "Na medida em que" corresponde a "tendo em vista que". Escreva: À medida que o tempo passava, sentia-se melhor. Na medida em que não havia provas, saímos da escola.   Não escreva: À medida que o trabalho terminou, ele foi passear Jamais escreva "à medida em que" (esta locução não existe)   Em função de Não confunda "em função de" com "em razão de", "por causa de". "Em função de" só deve ser usada com a ideia de finalidade ou de dependência ou quando o texto se refere à relação matemática de função.  Escreva: Vivia em função da família. Preparei o relatório em função das características do mercado Não escreva: As inundações ocorreram em função do entupimento do bueiro. Em função das chuvas de ontem, o trânsito ficou caótico. ...   Qualquer É pronome de sentido afirmativo, por isso é impróprio o uso de "qualquer" em frases negativas, no lugar de "nenhum". -  Escreva: O time não tem nenhuma possibilidade de vitória. O time não tem possibilidade alguma de vitória. - Não escreva: O time não tinha qualquer possibilidade de vitória   Ao invés de X Em vez de "Ao invés de" significa "ao contrário de"; e só é usado para eventos ou situações opostas. "Em vez de" significa "em lugar de"; e é usado para indicar substituição.  Escreva: Ao invés de virar à direita, virou à esquerda Em vez de seguir a carreira do pai, preferiu estudar astrologia Não escreva:  Ao invés de terminar a pesquisa, ela foi dormir   Junto a Use a locução "junto a" apenas quando equivaler a "perto de" ou a "adido a". Nos demais casos, use a preposição que o verbo exige. Escreva:  Minha mãe sentou-se junto ao irmão e chorou. O programa atualiza os arquivos no servidor -Não escreva: O programa atualiza os arquivos junto ao servidor. Ele fez uma pesquisa junto aos representantes sindicais 

"Acerca de", "A cerca de" ou "Há cerca de"?

1 - "Acerca de" é uma locução prepositiva e equivale a "sobre", "a respeito de". Por exemplo: Estávamos conversando acerca de educação. Eles falavam acerca de política. 2 - "A cerca de" indica aproximação. Por exemplo: Minha família mora a cerca de 2 Km daqui. 3 - "Há cerca de" indica tempo decorrido. Por exemplo: Compraram aquela casa há cerca de três anos. Não nos falamos há cerca de dois meses.

"Afro-brasileiro" ou "Afrobrasileiro"?

Elementos como afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, quando compõem adjetivos pátrios (também chamados de gentílicos), apresentam hífen. Exemplos: Afro-americano, afro-brasileiro, anglo-saxão, euro-asiático, franco-canadense, etc. Se, no entanto esses elementos não estiverem somando duas identidades para a formação de adjetivos pátrios, não haverá o uso do hífen. Exemplos: Afrodescendente, anglofalante, etc.

"Ao encontro de" ou "De encontro a"?

1 - "Ao encontro de" significa "ser favorável a", "aproximar-se de". Por exemplo: A opinião dos estudantes ia ao encontro das nossas. Logo que a vi fui ao seu encontro para recepcioná-la. Ele foi ao encontro dos amigos. 2 - "De encontro a" indica oposição, colisão: Não concordo com suas atitudes. Sua maneira de agir sempre veio de encontro a minha. O caminhão foi de encontro ao carro que estava parado. O que ele fez foi de encontro ao que eu tinha dito.

"Aterrizar" ou "Aterrissar"?

As duas formas são consideradas corretas. Esta palavra deriva-se do vocábulo francês "aterrissage". Veja os exemplos: O avião aterrizou ontem à noite. O piloto fez uma aterrissagem muito brusca.

"Auto" e o hífen

O falso prefixo auto é um elemento de composição na formação de palavras. Pela nova ortografia, somente é separado do segundo elemento por hífen nos casos em que este inicia por "o" ou "h". Caso o segundo elemento inicie com a consoante "s" ou "r", é necessário dobrá-la, sem usar hífen. Nos demais casos, quando o segundo elemento inicia por outras consoantes ou vogais, não há hífen. Exemplos com hífen: auto-observação auto-oxidante auto-ônibus auto-hipnose auto-hemoterapia Exemplos sem hífen (dobrando as consoantes "r" ou "s") autorretrato autorreflexão autossugestão autosserviço autossuficiente autossustentável Demais casos, sempre sem hífen: autoajuda autoatendimento autoavaliação autoanálise autobiografia autobomba autocontrole autoconfiança autocrítica autodidata autodisciplina automóvel automedicação autopeça autoescola autoestima autoestímulo autoestrada autoimagem

Através de e por meio de

 Por mais que a tecnologia esteja bem evoluída, ainda é impossível literalmente atravessar as telas. A diferença entre as duas expressões é, originalmente, bem clara: a locução "através de" possui significado ligado a movimento físico, indicando a ideia de atravessar. É sinônimo de "pelo interior de", "por dentro de". Exemplos: "O namorado passou uma flor através da janela" “Olhava através da vidraça o que acontecia na rua” Já "por meio de" se relaciona à ideia de instrumento, utilizado na execução de determinada ação. Exemplo: "Eu enviei o pacote por meio do correio" “Farei uma explicação mais precisa por meio de um exemplo” O que ocorre é que, num processo metafórico, as duas expressões acabaram se confundindo. Os elementos linguísticos que denotam movimento físico foram sendo progressivamente empregados para referências ao movimento não físico e, em seguida, para outras referências. Assim, a expressão "através de" passou a ser empregada em um leque maior de situações, como em: "Eu conheci meu namorado através da internet", em vez de "Eu conheci meu namorado por meio da internet". No entanto, enquanto não for possível de fato atravessar literalmente um computador ou um celular para ir ao encontro do seu par, é recomendado o uso da locução "por meio de". Vale lembrar que as construções linguísticas que fogem às regras da variedade padrão, embora inteligíveis, não devem ser usadas em contextos formais, como a escola. 

Risco de vida ou de morte?

 “Vejo (inclusive na revista VEJA) e ouço falar muito na seguinte expressão: ‘Ele corre risco de vida’. O certo não seria ‘Ele corre risco de morte’? Qual é o correto?”    Entende-se a angústia do leitor. A pressão social pelo uso de “risco de morte”, expressão emergente, como se houvesse algo errado no consagrado “risco de vida” que herdamos de nossos pais, é uma questão com que se defronta qualquer pessoa menos distraída no Brasil de hoje. É também o maior exemplo de vitória do besteirol sabichão que temos na língua. A questão tem cerca de dez anos, talvez quinze. O certo é que quando Cazuza cantou, em 1988, “o meu prazer agora é risco de vida” (na canção Ideologia), ainda não passava pela cabeça de ninguém corrigi-lo. Mais tarde, professores de português que exerciam o cargo de consultores em redações conseguiram convencer os chefes de determinados jornais e TVs de sua tese: “Como alguém pode correr o risco de viver?”, riam eles. Era um equívoco. Julgavam ter descoberto uma agressão à lógica embutida no idioma, mas ficaram na superfície do problema, incapazes de fazer uma análise linguística mais sofisticada e compreender que risco de vida é risco para a vida, ou seja, risco de (perder a) vida. O que, convenhamos, nem teria sido tão difícil. Muita gente engoliu desde então o risco de morte. De tanto ser martelada em certos meios de comunicação, inclusive na TV Globo, a nova forma vai sendo adotada por multidões de falantes desavisados. O que era previsível, mas não deixa de ser meio constrangedor. Não se trata de dizer que risco de morte seja, como alegam seus defensores a respeito de risco de vida, uma expressão “errada”. Não é.  Concordo com quem diz que chance é para coisas positivas e risco é para coisas negativas.

Melhoria ou melhora / Café expresso ou espresso?

 Melhora/Melhoria - Estas palavras confundem e devem ser usadas em situações diferentes. Use "melhora" apenas quando você estiver referindo-se à saúde de alguém. Assim: "O paciente já apresenta melhora". Nas demais situações, use sempre "melhoria". Assim: "Houve uma melhoria no setor habitacional do país". Café Expresso ou Café Espresso, qual a grafia correta? De tempos para cá, quando se refere ao café, alguns têm adotado a palavra espresso no lugar de expresso. Erro de ortografia? Não. A palavra espresso, usada na Europa, vem do italiano e sua raiz guarda relação com o verbo latino que, em português, deu origem a espremer e também a expressar. Não há registro de espresso nos dicionários de língua portuguesa. Então, fica a dúvida sobre a forma correta de escrever: café expresso ou espresso? Expresso significa rápido e um café “espresso” (de espremido em português), feito sob pressão. Espresso deve ser aceito, segundo especialistas, porque o vocabulário corrente admite palavras estrangeiras, como shopping, que é do inglês. E está errado dizer expresso? Não, porque de fato o café espremido (ou espresso) na máquina fica pronto entre 15 e 20 segundos, rápido e, portanto, expresso. 

Números por extenso ou em algarismos?

 A maioria das pessoas acha que os números de um texto formal sempre devem ser escritos por extenso. Na realidade, existem algumas diretrizes que determinam se há necessidade de se escrever o número por extenso ou se é possível escrever o algarismo. Seguem, como material de consulta, as principais diretrizes de uso dos números em textos de Redação Empresarial. Escreva todo número abaixo de dez por extenso As nove máquinas compradas pela empresa apresentaram problemas. O diretor assinou os oito contratos sem ler as cláusulas com cuidado. Exceções: unidades de medida como latitude e longitude, comprimentos, pesos, capacidades, áreas e volumes, idade, tempo, horas, datas, números de páginas, porcentagens, valores, proporções, resultados esportivos, resultados de votação, seriação, sequência, endereços, telefones, documentos e placas de automóveis. Exemplos: 2 metros     32 anos     8h00     16 de novembro     Página 4     51%     R$ 50,00 Escreva números sempre que dois ou mais estiverem em um mesmo período No 4º dia do evento, 42% dos convidados não compareceram nas 50 mesas redondas agendadas. Nunca misture número com numerais (por extenso) Em vez de: No sexto dia do lançamento, 20% do novo produto ainda não estavam distribuídos. Escreva: No 6º dia do lançamento, 20% do novo produto ainda não estavam distribuídos. Escreva os grandes números na forma mais familiar ao leitor Pondere qual é mais familiar: 185.000.000       1,85 x 108           185 milhões         185 x 106 Use números seguidos de palavras quando os últimos cinco ou seis dígitos forem zero 3 milhões (em vez de 3.000.000) 160 milhões (em vez de 160.000.000) Escreva decimais e frações em números 0,39 (e não zero vírgula trinta e nove) ¾ (e não três quartos) Se o número é uma aproximação, mencione Aproximadamente 13 milhões… Cerca de 30 metros distante… Perto de 15 litros se perderam… Não comece uma frase com números Quatro quintos do território de vendas e não 4/5 do território de vendas ou 4 quintos do território de vendas. Três mil e quatrocentos reais foi o custo do treinamento e não R$3.400,00 foi o custo do treinamento. Só se usa a forma 02, 03, 09 em documentos de natureza legal, fiscal, jurídica ou cartorial 

Comunicamo-lhe ou comunicamos-lhe?

A construção gramaticalmente correta é a segunda, ainda que pareça mal sonora.  Essa história de cortar o "s" final do verbo, ao pospor-lhe um pronome oblíquo, só é válida para os pronomes "o" (e variações) e "nos" e não para os pronomes "lhe", "lhes". Escrevamos, portanto, "consideramo-nos", "esperamo-la", , mas "comunicamos-lhes", "oferecemos-lhe".  

Bifê ou bufê? A língua francesa forneceu um grande número de palavras à língua portuguesa, muitas das quais já foram aportuguesadas. Assim, a palavra francesa buffet foi aportuguesada para bufê (com o "u" sendo pronunciado como "u" mesmo). Entre outras palavras, muito comuns em nosso dia a dia, que vieram do francês e que já foram aportuguesadas, podemos citar alguns já consolidados, como: batom, chique, boate, chassi, marrom e alguns pouco usados, como avalancha, guidão, garção, vitrina, no qual a forma original é mais usada (guidom, garçom, vitrine)

Abreviatura leva acento? Leva. Se houver acento gráfico na parte restante da palavra que foi abreviada, esse sempre se manterá: núm. (número) gên. (gênero) pág. (página) Álg. (Àlgebra) Acúst. (acústica)  

Mas porém É muito comum, na linguagem popular, o uso da expressão "mas porém". Ex.: Quero um carro desse tipo, mas porém usado. Tal fato resulta da completa alienação relativamente ao significado dessas duas palavras. "mas" e "porém" são sinônimos, de modo que dizer "mas porém" equivale a dizer "mas mas".  É um pleonasmo vicioso.

Como usar corretamente os verbos pronominais

 Verbos pronominais são aqueles acompanhados por pronomes me, te, se, nos, vos e se (pronomes oblíquos átonos). Esse tipo de verbo é usado para indicar ações relativas ao sujeito que as pratica. Sendo assim, o verbo deverá ser conjugado sempre acompanhado do pronome oblíquo correspondente à pessoa gramatical do sujeito. Exs.: Eu me queixo/ Tu te queixas / Ele se queixa / Nós nos queixamos/ Vós vos queixais/  Eles se queixam “Queixar-se”, gramaticalmente, é classificado como um verbo essencialmente pronominal, isto é, que invariavelmente é conjugado acompanhado do pronome oblíquo. Outros exemplos são os verbos: arrepender-se, sentar-se, zangar-se, pentear-se, enganar-se, suicidar-se. Há verbos classificados como eventualmente pronominais, isto é, que podem ou não ser conjugados acompanhados do pronome oblíquo. Exs.: O analista debateu os assuntos do relatório com os gerentes. Como não sabia qual era a melhor opção, o colaborador se debateu dias e dias até chegar a uma decisão. Apenas no segundo exemplo o verbo “debater” está na versão pronominal. A diferença de sentido nos dois exemplos é visível: no primeiro, “debater”, sem ser pronominal, significa “discutir”; no segundo, sendo pronominal, o sentido é de “passar por dificuldades”. Entretanto, cabe ressaltar que a mudança de sentido não é quesito para diferenciar um verbo essencialmente pronominal de um eventualmente pronominal. Não há diferença de sentido, por exemplo, no uso dos verbos “envolver” ou “lembrar”: Exs.: Lembrou-se de enviar os documentos / Lembrou meu nome. Envolveu-se na discussão. / Envolveu todos os colaboradores na decisão. A alteração, neste caso, é da regência do verbo. O verbo “lembrar”, quando pronominal, requer a preposição “de”; sem ser pronominal não. O verbo “envolver”, quando pronominal requer a preposição “em”, sem ser pronominal, não necessariamente. Mas, tem-se percebido que os falantes, ao usar o idioma rotineiramente, às vezes, usam um verbo não pronominal como se ele o fosse, Por exemplo, o sentido do verbo “interagir” já contempla a ideia de ação mútua ou compartilhar algo com o outro, por isso, é redundante utilizá-lo acompanhado de um pronome oblíquo átono. É incorreto (e redundante) escrever ou dizer: “eles se interagem”, “eu me interagi”. O pronome é perfeitamente dispensável. Por isso, atenção aos verbos pronominais (os essencialmente ou eventualmente pronominais) e evite usar “me” e “se” acompanhado de verbos que não requerem esses pronomes. 

Concordância verbal - principais regras

 Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com o seu sujeito.


Exemplos: 

Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser./ Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.


Alguns Casos de concordância verbal:


Casos especiais:


a) O sujeito é um coletivo - o verbo fica no singular.


Ex.: A multidão gritou pelo rádio.


Atenção: 

Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.


Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram.


b) Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria, etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural.


Ex.: A maioria dos alunos foi à excursão./ A maioria dos alunos foram à excursão.


c) O sujeito é um pronome de tratamento - embora se refiram à 2ª pessoa, o verbo fica sempre na 3ª pessoa (do singular ou do plural).


Ex.: Vossa Alteza pediu silêncio./ Vossas Altezas pediram silêncio.


d) O sujeito é o pronome relativo "que" – o verbo concorda com o antecedente do pronome.


Ex.: Fui eu que derramei o café./ Fomos nós que derramamos o café.


e) O sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome, por razões de ênfase.


Ex.: Fui eu quem derramou o café./ Fui eu quem derramei o café.


h) O sujeito é formado pelas expressões: mais de um, menos de dois, perto de, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o numeral. Se a expressão mais de um vier repetida ou indicar reciprocidade, o verbo deve ser usado no plural.


Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de cinco alunos não compareceram à aula.


i) O sujeito é constituído pelas expressões: a maioria, a maior parte, grande parte, etc. - o verbo poderá ser usado no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa).


Ex.: A maioria dos candidatos desistiu./ A maioria dos candidatos desistiram.


j) O sujeito tiver por núcleo a palavra gente (sentido coletivo) - o verbo poderá ser usado no singular ou plural, se este vier afastado do substantivo.


Ex.: A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanece em casa./ A gente da cidade, temendo a violência da rua, permanecem em casa.

2) Sujeito composto


Regra geral

O verbo vai para o plural.


Ex.: João e Maria foram passear no bosque.


Casos especiais:


a) Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes - o verbo ficará no plural seguindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.


Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos.



O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª. 

Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos.


O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.


Atenção: No caso acima, também é comum a concordância do verbo com a terceira pessoa.



Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural)


Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.


Ex.: Irei eu e minhas amigas.


b) Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeticamente ou ligados por “e” - o verbo concordará com os dois núcleos.


Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé.


Atenção: Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo. Se houver ideia de reciprocidade, a concordância no plural é obrigatória.

Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga.


c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular - o verbo poderá ficar no plural (concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa). 

Ex.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar./ A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.


d) Quando há gradação entre os núcleos - o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o núcleo mais próximo. 

Ex.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam./ Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.


e) Quando os sujeitos forem resumidos por pronomes indefinidos como todos, nada, tudo, ninguém... - o verbo concordará com o aposto resumidor. 

Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.


f) Quando o sujeito for constituído pelas expressões: um e outro, nem um nem outro... - o verbo poderá ficar no singular ou no plural. 

Ex.: Um e outro já veio./ Um e outro já vieram.


g) Quando os núcleos do sujeito estiverem ligados por ou - o verbo irá para o singular quando a ideia for de exclusão ou sinonímia, para o plural quando for de inclusão e concorda com o mais próximo quando for de retificação.

Exemplos: 

Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (exclusão) 

O complemento verbal ou o objeto é um termo integrante da oração. (sinonímia)

A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem. (adição)

Os ladrões ou o ladrão assaltou o banco. (retificação)


h) Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries correlativas (tanto... como/ assim... como/ não só... mas também, etc.) - o que comumente ocorre é o verbo ir para o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular. 

Exemplos: 

Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo.


Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições municipais em São Paulo.  

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