Alguns investidores podem se assustar nos próximos meses ao receber cartas de seus bancos anunciando o encerramento de suas contas-investimento. Mas não há motivo. Quase um ano após a extinção oficial dela, os bancos começam a encerrar de fato esses veículos. São milhões de investidores que deixarão de realizar suas aplicações por meio de uma conta que, na prática, funcionava apenas como uma passagem na hora de realizar os investimentos, sem nenhuma função prática, mas que ainda constava nos extratos.
A conta-investimento entrou em vigor em outubro de 2004 e tinha como objetivo possibilitar ao aplicador mudar de investimentos sem ter de arcar com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Isso porque toda vez que o investidor sacava de uma aplicação para colocar o dinheiro em outra, ele tinha de pagar imposto equivalente a 0,38% sobre o valor. Com a conta-investimento, o investidor pôde movimentar seus recursos de uma aplicação a outra sem o tributo. E como a CPMF não foi renovada em 2007, a conta perdeu sua função, levando o Banco Central a extingui-la pela Circular 3.494.
criação dessa conta trouxe também ao investidor a possibilidade de manter aplicações numa instituição sem necessariamente ter ser correntista dela. E a dúvida é o que acontecerá com esses aplicadores.
Os bancos têm até outubro deste ano para fazer alterações em seus sistemas e acabar com a conta-investimento. E algumas instituições se mostram bastante adiantadas nesse processo. Muitas já enviaram aos investidores comunicados anunciando a extinção. É o caso de Banco do Brasil, Bradesco e Santander, que pretendem encerrar formalmente a conta-investimento no fim deste mês.
O Bradesco encaminhou carta aos clientes informando sobre a mudança. Segundo Marcos Daré, diretor de investimentos, são 2 milhões de contas-investimento de clientes que também mantêm conta corrente na instituição. Aqueles que são investidores do banco, mas não correntistas, serão orientados a sacar os recursos ou abrir conta corrente. “Mas esses casos são minoria”, diz. Embora possa parecer uma mudança simples encerrar um veículo que já não tinha função prática, Daré conta que a modificação de softwares é complicada. “O trabalho de desconstrução é mais complexo do que o de construção.”
No caso do Santander, a instituição ressalta que a extinção da conta será feita até o fim deste mês, mas “as consultas, operações e transações continuarão sendo realizadas normalmente”.
Já o Itaú Unibanco espera concluir o processo de extinção até o fim do primeiro semestre do ano. E o investidor que não é correntista do banco vai poder continuar mantendo apenas aplicações na instituição, ressalta Osvaldo do Nascimento, diretor de investimentos e previdência do Itaú Unibanco. Esse é o caso dos clientes do site Investshop. De acordo com o executivo, são cerca de 80 mil aplicadores. “Quando o investidor resolver sacar, os recursos serão creditados no banco em que ele mantém conta ou serão pagos em forma de ordem de pagamento.”
No caso do Banco do Brasil, a única mudança que o investidor perceberá é na nomenclatura da conta, ressalta Sérgio Nazaré, diretor de varejo. O banco trabalha com contas-espelho, mesmo para quem só mantém investimentos lá. “Portanto, o cliente não correntista poderá manter normalmente as aplicações sem a necessidade de abertura de conta corrente.”
A Caixa Econômica Federal começou o processo de extinção da conta-investimento logo após a circular do BC, movimento que vem ocorrendo gradualmente. “Todas as operações já estão adequadas para ser contratadas e resgatadas a partir da conta corrente”, diz um comunicado do banco. “Os clientes que hoje possuem apenas conta-investimento serão contatados para, se assim desejarem, efetuar abertura de conta corrente.”
Em carta, o BTG Pactual também comunicou aos aplicadores que vai extinguir a conta no dia 3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário