domingo, 11 de junho de 2023

11 gírias gaúchas

 Quem é do Rio Grande do Sul tem um jeito único, inclusive para se comunicar usando gírias gaúchas, e ninguém discorda. 


Quem nasce aqui ou chega para ficar nas terras do sul, logo adere ao gauchês como língua oficial. 


Ok, pode não ser tão oficial assim, mas que o Bah!, Tchê! e os pilas são gírias gaúchas que fazem parte do nosso dia a dia e são repletas de curiosidades não dá pra negar.


Para homenagear as tradições, separamos algumas dessas palavras que fazem parte do nosso vocabulário gaúcho. Algumas dessas gírias gaúchas saem de forma tão espontânea, que caso alguém não entenda, ficamos tentando lembrar qual expressão substitui. Vamos a elas:


Atucanar: Aborrecer, irritar, preocupar

Pessoa atucanada é aquela estressada, que se preocupa com tudo. A etimologia da palavra está relacionada com o tucano (animal). 


“Tu tá muito atucanado. Bora tomar um chimas pra espairecer.”


Bah: Interjeição que exprime surpresa, admiração, reprovação

Quem já falou com um gaúcho, provavelmente já ouviu essa expressão. “Bah!” é umas das gírias gaúchas que é usada para quase tudo: dependendo da entonação, vai de reprovação a surpresa, de rejeição a alegria extrema. É a versão gaúcha do uai mineiro e do oxe baiano. É uma abreviação de barbaridade.


“Bah!, perdi o ônibus!”


ou


“Bah! Sabia que tu ia te sair bem naquela prova!”


Baita: Muito grande, enorme

“Baita” susto, “baita” pessoa ou somente “baita”! Para que dizer grande se temos um termo próprio para isso? Normalmente é usado antes do substantivo. Pode ser relacionado também com coragem e bravura.


“Desculpa a demora, tinha uma baita fila no caixa do super.”


Bomba: Projétil, doce, canudo

Os significados acima podem não parecer estar relacionados ao mesmo termo. Mas a palavra bomba, que naturalmente pode ser um artefato explosivo ou um doce coberto com chocolate ou glacê, em terras gaúchas é também o canudo utilizado para apreciar o famoso chimarrão.


 “Tchê!, já te falei pra não mexer na bomba quando pegas o mate“


Cacetinho: Pão francês

Alguns acham que é palavrão, outros que é xingamento. Mas é uma coisa inofensiva, e o significado é simples: pão francês, comum, vendido na padaria.



“Me vê 10 cacetinhos e 200g de mortadela.”


Chiar: Reclamar, emitir chiado

O termo pode significar a emissão de um som agudo e também o ato de se queixar. No Rio Grande do Sul, é comum ouvir essa palavra relacionada com chimarrão, seja para o som da chaleira, quando a água para servir a bebida está pronta, ou quando alguém terminou de apreciar um mate  – e a “bomba” está “chiando”.


“A água já tá chiando, coloca na térmica!” ou “Mas esse guri só sabe chiar”


Chinelagem: Baixaria

Expressão do regionalismo do Rio Grande do Sul que indica estética ou ideologia baseadas no descompromisso e na rebeldia em relação às normas culturais. Também define algo de gosto duvidoso, sem noção e baixo nível. Tem o mesmo sentido da expressão nordestina fuleragem.


“Tu não me vem com chinelagem aqui, não!”


Cusco: Cachorro sem raça definida

Resume cão pequeno, vira-lata. Sinônimo de guaipeca. A palavra é usada sozinha ou em expressões populares como “frio de renguear cusco” (frio insuportável) ou “mais perdido que cusco em tiroteio”.


“Amiga, adotei um cusquinho tão lindo.”


Esgualepado: Sem movimento, cansado, exausto

Define uma pessoa, animal ou objeto que está em condições precárias, cansado, mal cuidado ou danificado. São sinônimos: arrebentado, esfarrapado, esgotado, etc.


 “Tô toda esgualepada, ainda bem que hoje é sexta-feira!”


Lagartear: Deitar, sentar

Mais do que o significado formal, no Sul “lagartear” de verdade é curtir a preguiça no sol, especialmente em dias de inverno. Depois do almoço, é uma ótima pedida. Se tiver uma bergamota junto, melhor ainda.



“Esse friozinho tá tri bom pra lagartear no sol”


Mate: Chimarrão

Bebida típica do Rio Grande do Sul. Feita com erva-mate e servida com água quente (no inverno e no verão). Tem gosto amargo e tradicionalmente não leva açúcar. Não dá para conhecer o Sul e não provar.


“Eu só começo meu dia depois de um mate.”


Peleia: Briga, luta, combate

Gaúcho não briga, peleia. A palavra faz parte de uma expressão muito conhecida no Rio Grande do Sul: “Não tá morto quem peleia!”, que exprime bravura e coragem.


“Os guris entraram numa peleia feia, tiveram até que chamar a Brigada (Polícia)”


Pila: Dinheiro

No Rio Grande do Sul, “1 real” é o mesmo que “1 pila”. Dizem que a palavra pila vem do nome do político gaúcho Raul Pilla, secretário da Agricultura do RS em 1936, que nas eleições distribuía meia nota de dinheiro para os eleitores antes do voto e a outra metade se fosse eleito.


“Deu 10 pila.”


Prenda: Mulher gaúcha

Em terras gaúchas, a mulher é a prenda e o homem é o peão. Os tradicionais “vestidos de prenda” são a roupa característica e ainda hoje usados nas comemorações do Dia do Gaúcho, celebrado em 20 de setembro. Nesse dia, é bom estar preparado para dançar no ritmo do sul.


“A prenda me chamou pra dançar uma vanera”


Sinaleira: Semáforo

Sinal luminoso utilizado para controlar o tráfego de veículos e de pedestres nas grandes cidades em quase todo o mundo. Só que no Rio Grande do Sul, bom mesmo é dizer sinaleira, embora o nome oficial seja semáforo.



“Instalaram uma sinaleira nova lá perto de casa.”


Tchê: Companheiro, amigo, interjeição

Expressão coloquial utilizada no Rio Grande do Sul, além de países vizinhos como Uruguai e Argentina. Pode se referir a alguém e ter o mesmo sentido que “cara”, “companheiro”, “moço” e “amigo”. Também representa várias situações e emoções. Não existe consenso sobre a real origem.


“Bah! Tchê, mas tu é uma guria tri legal.” 


Torrada: Misto quente

Se no dicionário torrada é pão tostado, na terra dos pampas o sentido é diferente. No vocabulário gaúcho, torrada é o mesmo que misto quente.


“Que vontade de comer uma torrada.”


Tri: Legal, muito - advérbio de intensidade

Enquanto no dicionário é três vezes, no gauchês é uma expressão que, sozinha, significa legal. Já se for acompanhada de um adjetivo, quer dizer muito. Quem nunca ouviu a expressão “Tri legal” no Rio Grande do Sul?

“A festa tava tri legal!”


Trovar: Paquerar, conversar

No dicionário, trovar é entoar um canto ou compor uma trova. Mas o gaúcho vai além e usa a palavra trova no sentido de xaveco. No Rio Grande do Sul não se paquera, se trova. A palavra pode ser usada também para definir uma conversa ou prosa.


“Eles ficaram trovando a noite toda”


Xis: Bauru prensado

Xis é um lanche que só tem no Rio Grande do Sul. É uma espécie de bauru, sanduíche com pão, carne moída (ou variações), queijo, maionese e o que mais a criatividade mandar. É servido prensado. Vem da variação da palavra inglesa “cheese”.   


“Tchê, bora comer um xis tudo depois do trabalho?”

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