Dialeto é a forma como uma língua é falada em uma determinada região. Em outras palavras, trata-se de uma variedade linguística. Um exemplo disso é o dialeto caipira, que faz referência ao modo que as pessoas se expressam no interior de São Paulo.
Para você entender melhor, no artigo de hoje, vamos falar detalhadamente sobre a origem e as características dos dialetos. Acompanhe!
Sobre a origem do dialeto
O termo dialeto teve origem na Grécia antiga. A língua grega compunha-se de diferenças nítidas de uma região para a outra. No início, o dialeto era simplesmente um rótulo descritivo, aplicado somente à variação linguística regional.
Algum tempo depois, um desses dialetos foi selecionado para se tornar a base da língua grega, com a finalidade de ser ensinado e propagado. No entanto, o termo passou a ser depreciado como um modo errado de se expressar, fazendo surgir então uma oposição entre língua e dialeto.
Mais tarde ainda, durante o período colonial, as línguas dos povos americanos e africanos foi designada como dialetos, pois eram consideradas deficientes quando comparadas às línguas dos povos europeus e brancos.
Contudo, no processo de formação das nações europeias, a diferença que até então era pregada entre língua e dialeto serviu como instrumento para impor uma variedade linguística sobre as outras.
Essa variedade linguística é o modo como cada região se comunica e ainda se aplica às características de diferentes classes sociais, etnias, faixas etárias, categorias profissionais e assim por diante. Quanto mais conhecermos as variáveis sociais, mais entenderemos a variedade linguística.
Quais são as características do dialeto?
Por se tratar de algo próprio a cada comunidade, o dialeto possui algumas características, Vamos conhecê-las?
1. Dialeto caipira
O dialeto caipira do interior de São Paulo e de lugares como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. A fonética caipira é marcada especialmente pelo uso do R e a troca do LH por IÉ. Alguns exemplos são: enxoval (enxoval), futebor (futebol), rumá (tomar um rumo).
2. Dialeto cearense
Falado no Ceará, Piauí e parte do Maranhão e Rio Grande do Norte, o dialeto cearense usa expressões como: chamego (carinho), aperrear (encher o saco), racha (futebol), estrambólico (estranho), estribado (rico), ispilicute (engraçadinha), peba (ruim ou falsificado), rebolar no mato (jogar fora), visage (fantasma), arengar (brigar), baixa da égua (ir para o inferno), coisar (verbo universal usado quando a pessoa não lembra a palavra que quer falar ou quando não quer), pariceiro (parceiro, normalmente usado pelos pais ao falar com os filhos que eles não devem ser tratados do mesmo modo como seus amigos), valha (expressão de espanto), diabeisso (expressão de estranhamento), zoada (barulho ou falatório). Essas são usadas em quase todos os estados do Nordeste.
3. Dialeto baiano
O dialeto baiano foi um dos primeiros dialetos do Brasil, cujos falantes estão na região geográfica, nos estados da Bahia e Sergipe e no extremo norte de Minas Gerais e leste de Goiás e Tocantins. Tem como principal característica a abreviação de palavras, como por exemplo: mainha (mãe), painho (pai), retado (bravo ou muito bom, dependendo do contexto), comer água (beber), buzu (ônibus), aonde (advérbio de negação), aipim (mandioca). Essas são são usadas em quase todos os estados do Nordeste.
4. Dialeto gaúcho
Predominantemente do Rio Grande do Sul, mas também falado em Santa Catarina, o dialeto gaúcho é fortemente influenciado pelo espanhol e línguas indígenas. Algumas palavras são: capaz (de jeito nenhum), guri (menino), guria (menina), abichornado (triste ou desanimado), bah (usado para enfatizar uma reação ou sentimento, como o uai do mineiro e o oxe do baiano), bergamota (tangerina), brigadiano (policial), cacetinho (pão francês), chinelagem (algo ruim, tem o mesmo sentido de 'fuleragem'), entrevero (confusão), faixa (BR), negrinho (brigadeiro), pandorga (pipa), piá (criança), querência (terra natal), sinaleira (semáforo), tchê (variante do bah), tri (advérbio de intensidade), vivente (pessoa), fandango (festa).
5. Dialeto mineiro
O dialeto mineiro é usado especialmente nas regiões central e leste de Minas Gerais. Dentre as expressões mais comuns, estão: arreda (dar licença), trem (qualquer coisa), bobiça (bobagem), custoso (difícil), nó (abreviação de Nossa Senhora, usada para expressar surpresa ou indignação), peleja (luta ou trabalho), sô (usado para chamar alguém), sá (feminino de sô), acudir (socorrer), barango (feio), manota (vergonha), tem base (faz sentido), uai (coringa, para expressar dúvida, espanto, surpresa, raiva, susto, impaciência), uai fai (internet sem fio), trenheira (várias coisas), varado de fome (com muita fome), sem doce (sem açúcar), troço (trem - meio de transporte), nú (superlativo de nó)
6. Dialeto paulista
Muito utilizado na metrópole de São Paulo, com exceção dos municípios que usam o dialeto caipira, as principais expressões são: da hora (legal), se pá (talvez), truta (amigo), balada (festa), BO (problema), cerva (cerveja), cota (tempo), de lei (que acontece sempre), fechou (combinado), foi mal (desculpa), meu, mano, véi, tio (vocativo), migué (mentira), padoca (padaria), passar batido (passar despercebido ou se livrar de uma situação), partiu (vamos lá), quebrada (bairro), rolê (festa ou situação difícil), suave (tranquilo), osso (difícil).
6. Dialeto carioca
Do Rio de Janeiro e com semelhanças do português de Portugal, o dialeto carioca utiliza vogais abertas. Os exemplos são: coé (qual é), 0800 (gratuito), bolado (preocupado), caô (mentira), dar moral (ajudar), trocar ideia (conversar), dar ruim (não ser como se esperava), irado, maneiro (legal), mec (tranquilo), meter o pé (ir embora), papo reto (ir direto ao assunto), parada (versão carioca do trem mineiro), sinistro (elogio ou dificuldade, dependendo da situação), vacilar (marcar bobeira).
Qual é a diferença entre dialeto e sotaque?
Embora sejam semelhantes, dialeto e sotaque não são a mesma coisa. O dialeto é caracterizado pela estrutura da linguagem de determinado grupo, isto é, um conjunto de palavras e frases construídas de forma única. Já o sotaque é a forma como essas palavras e frases são faladas, ou seja, os diferentes ritmos e sons.
Um bom exemplo disso são os mineiros que falam cortando as palavras:
Esse é um lugarzim bonito. (lugarzinho)
Comi interim. (inteirinho)
Outro exemplo comum é o sotaque dos cariocas que é marcado pelo chiado:
Meu primo é muito ishperto. (esperto)
Vamos para a feishta? (festa)
Esses sons são as marcas do sotaque e não podem ser confundidos com os dialetos.
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